Como faço com comentários que se destacam, guardei este da Cândido no post Feio é o seu racismo. Já faz um tempinho que ela o escreveu, mas gostaria de compartilhá-lo com vocês. Ele vem a calhar numa semana marcada pela decisão unânime do Supremo Tribunal Federal de que as cotas raciais adotadas por 42% das universidades federais no Brasil (só 42%?!) são, sim, constitucionais. Talvez este relato pessoal da Cândido ajude o pessoal que não acredita na existência do racismo (ou que pensa que, se racismo existe, ele não influencia diretamente a vida das pessoas) a refletir um pouco.
Leio seu blog já faz muitos meses, gosto muito dos seus textos, nunca havia comentado nada, mas hoje vim falar um pouquinho porque essa questão do racismo sempre foi algo muito presente na minha vida.
Bem, sou filha de pai negro (por mais que todo mundo adore dizer que ele é "só um poquinho mais escuro") e mãe branca.
Nasci super branquinha, com sardas e um cabelão MARAVILHOSO, bem cacheadão, crespo, que quando criancinha era loiro e com o tempo foi escurecendo, chegando na adolescência a ter todas as cores e tamanhos possíveis dada a minha "rebeldia" de não me render aos alisamentos constantes a que era pressionada por minha família de pai (pasmem, a negra) a fazer. Não tenho traços tão afilados como os da minha mãe; na verdade sou a cara do meu pai. Tenho uma irmã mais escura e um irmão da minha cor. Todos de cabelos crespos.
Quando era criança não conseguia entender muito bem como a família do meu pai que era negra odiava tanto o fato de eu e minha irmã termos "cabelos de negros". No meu caso esse comentário sempre vinha junto com o "não sei como tu tão branca nasceu com esse cabelo ruim de nêgo". Tipo, pra minha irmã era de se esperar pela cor, MAS EU... um absurdo, que deveria ser corrigido com um alisamento assim que eu crescesse um pouco. E pro meu irmão, ah! era só raspar, né?
Sempre me sentia mal quando ia passar os fins de semana na casa dessa minha família. Fui crescendo, estudando e aprendendo sobre a história da escravidão negra no Brasil e então fui entendendo que esses tipos de visões, comportamentos, atitudes da minha família eram herança da nossa sociedade escravocrata. Eles nem sonham que são racistas, eles perseguiram um ideal de beleza branco a vida inteira, e eles não vão mudar. O que tento fazer hoje é educar meus priminhos mais novos a não repetirem esse tipo de comportamento.
Era muito ruim escutar das pessoas quando saía com meu pai: "Nossa, essa menina é tua filha? Tem certeza?" Era pela cor? Era duvidando da minha mãe? Horrível. Meu pai deve ter sofrido muito por isso.
Um tempo desses fui na casa de uma amiga e ao me apresentar ao seu pai ele me perguntou de quem eu era filha (coisa de cidade pequena). Quando eu disse de quem eu era filha, ele falou: "Mentira! Tu é filha daquele nêgo feio? Pode não..."
Péssimo, né? Sempre fico sem jeito, mas algo que sempre me surpreende é que quando as pessoas descobrem que meu pai é auditor fiscal da Fazenda ele fica "moreninho"!
Essa questão da "morenidade" é bem complexa, mas explica muitas situações de racismo velado. Ler Gilberto Freyre com um olhar bem crítico sobre sua "democracia racial" e o "mito da morenidade" é bom pra entender algumas situações. Jessé Souza também consegue explicar a partir de uma leitura bem particular de Freyre como se deu a "modernização" do Brasil. É interessante a explicação dele pra porque a gente tenha absorvido somente alguns aspectos do que vem a ser modernidade ocidental (racionalidade, estado, etc) e como a questão racial, principalmente do negro, ficou nisso tudo.
Leio seu blog já faz muitos meses, gosto muito dos seus textos, nunca havia comentado nada, mas hoje vim falar um pouquinho porque essa questão do racismo sempre foi algo muito presente na minha vida.
Bem, sou filha de pai negro (por mais que todo mundo adore dizer que ele é "só um poquinho mais escuro") e mãe branca.
Nasci super branquinha, com sardas e um cabelão MARAVILHOSO, bem cacheadão, crespo, que quando criancinha era loiro e com o tempo foi escurecendo, chegando na adolescência a ter todas as cores e tamanhos possíveis dada a minha "rebeldia" de não me render aos alisamentos constantes a que era pressionada por minha família de pai (pasmem, a negra) a fazer. Não tenho traços tão afilados como os da minha mãe; na verdade sou a cara do meu pai. Tenho uma irmã mais escura e um irmão da minha cor. Todos de cabelos crespos.
Quando era criança não conseguia entender muito bem como a família do meu pai que era negra odiava tanto o fato de eu e minha irmã termos "cabelos de negros". No meu caso esse comentário sempre vinha junto com o "não sei como tu tão branca nasceu com esse cabelo ruim de nêgo". Tipo, pra minha irmã era de se esperar pela cor, MAS EU... um absurdo, que deveria ser corrigido com um alisamento assim que eu crescesse um pouco. E pro meu irmão, ah! era só raspar, né?
Sempre me sentia mal quando ia passar os fins de semana na casa dessa minha família. Fui crescendo, estudando e aprendendo sobre a história da escravidão negra no Brasil e então fui entendendo que esses tipos de visões, comportamentos, atitudes da minha família eram herança da nossa sociedade escravocrata. Eles nem sonham que são racistas, eles perseguiram um ideal de beleza branco a vida inteira, e eles não vão mudar. O que tento fazer hoje é educar meus priminhos mais novos a não repetirem esse tipo de comportamento.
Era muito ruim escutar das pessoas quando saía com meu pai: "Nossa, essa menina é tua filha? Tem certeza?" Era pela cor? Era duvidando da minha mãe? Horrível. Meu pai deve ter sofrido muito por isso.
Um tempo desses fui na casa de uma amiga e ao me apresentar ao seu pai ele me perguntou de quem eu era filha (coisa de cidade pequena). Quando eu disse de quem eu era filha, ele falou: "Mentira! Tu é filha daquele nêgo feio? Pode não..."
Péssimo, né? Sempre fico sem jeito, mas algo que sempre me surpreende é que quando as pessoas descobrem que meu pai é auditor fiscal da Fazenda ele fica "moreninho"!
Essa questão da "morenidade" é bem complexa, mas explica muitas situações de racismo velado. Ler Gilberto Freyre com um olhar bem crítico sobre sua "democracia racial" e o "mito da morenidade" é bom pra entender algumas situações. Jessé Souza também consegue explicar a partir de uma leitura bem particular de Freyre como se deu a "modernização" do Brasil. É interessante a explicação dele pra porque a gente tenha absorvido somente alguns aspectos do que vem a ser modernidade ocidental (racionalidade, estado, etc) e como a questão racial, principalmente do negro, ficou nisso tudo.
Eu sou rockeira desde que me entendo por gente, e apesar disso, sou fã "entre aspas" da Rihanna. Meus amigos rockeiros ficavam abismados, até que eu tomei coragem e expliquei: quando eu era adolescente, se existisse uma diva pop com o rosto estampado pra todo lado e que fosse negra pra fazer um contraponto com a Madonna, que não tem nada a ver com o meu biótipo de mistura maluca de judeus alemães com holandeses, índios e negros, que eu adoro e a gente só vê no Brasil, eu teria me odiado bem menos por um tempo bem mais curto, simplesmente porque eu veria alguém parecido comigo, com traços e cor da pele parecidos com os meus por ai. Eu sempre comento com as minhas amigas que são como eu a necessidade de, independente de toda a mistura de etnias, nos afirmarmos sim enquanto mulheres negras, universitárias, que ralam, amam, odeiam, vivem e são lindas cada uma do seu jeito, para tentar ajudar as garotas mais jovens que estão vindo a se aceitar melhor e verem que é possível e sim, nós podemos fazer qualquer coisa, e que feio é o racismo alheio.
ResponderExcluirLindo post.
ResponderExcluirInfelizmente o racismo continua presente em nossa sociedade, sempre disfarçado de gosto pessoal e de beleza.
É um padrão cruel que exclui a maioria da população e por isso, esses movimentos de valorização e de elevação da autoestima dos jovens são tão importantes.
Lembro desse comentário, gostei dele assim que foi publicado e continua sendo pertinente nesse momento. Queria aproveitar para incentivar todos a ler Casa Grande & Senzala. Eu só havia lido alguns textos do livro, quando estava na faculdade, e "comprei" essa ideia de que Gilberto Freyre exaltava a "democracia racial" e blablabla. Em nenhum momento do livro ele fala disso. O livro é um tapa na cara dos brancos privilegiados que formaram e formam a elite desse país. Leiam, por favor. Não é difícil, apesar de grande, o texto é delicioso. Muito cruel, as vezes, mas a verdade do regime patriarcal e escravocrata que nos fundou como nação é mesmo cruel.
ResponderExcluirTem ainda esse texto do Alex Castro sobre o livro que vale muito mais do que esses meus apelos:
http://www.interney.net/blogs/lll/2008/10/06/gilberto_freyre/
Eu li uma versão em quadrinhos de Casa Grande e Senzala quando estava na quarta serie rs.
ResponderExcluirMas ele é bem mais leve, e apesar de faalr sim da situação dos escravos, ele tb passa a ideia de convivencia pacifica e "contribuições equivalentes" de cada povo.
Um bom texto contra as cotas escrito por um "negro".
ResponderExcluirCotas validam teses racistas.
por José Roberto Ferreira Militão. Membro da comissão antidiscriminação da OAB
O desafio enfrentado pelo Supremo Tribunal Federal é mais filosófico do que jurídico: se a segregação de direitos raciais pelo Estado viola o significado da igualdade humana e se isso está conforme o espírito e a letra da Constituição. Com o devido respeito a quem pensa diferente, essa segregação de direitos, apelidada de cotas raciais, encontra-se vedada pela consciência nacional, anunciada na cabeça do art.5º e expresso na letra do art. 19 da Carta: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios: III – criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. São cláusulas imperativas, que asseguram a igualdade de direitos, base fundamental da dignidade humana.
Os defensores da segregação de direitos raciais desprezam a igualdade humana trazida pelo iluminismo – Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos, deferida por Immanuel Kant – e sustentam a tese da desigualdade natural de Aristóteles: Se os homens não são iguais, não devem receber coisas iguais.
Vivemos, enquanto colônia de Portugal, com leis que faziam discriminações pela cor, origem, religião e cultura. Porém, sob a influência iluminista do século 18, desde a primeira Constituição do Brasil, de 1824, a igualdade tem sido declarada e reiterada nas cartas. A de 1988 reafirma o primado da igualdade humana sem a hipótese da classificação racial para o exercício de direitos. É a expressão de nossa índole.
Em Raízes do Brasil (1936), Sérgio Buarque de Holanda saudava a mistura de genes de três povos fundadores da nação: o nativo, o europeu e o africano, edificando no Brasil um ser miscigenado com caráter de ser nacional. Era a negação do decantado encontro de raças e do ser racial. O ser nacional, dizia Sérgio, é mutável, conforme suas circunstâncias. O ser racial fica submetido a uma prisão.
Em 1953, após a tragédia do nazismo, o sociólogo Oracy Nogueira, da USP, publicava tese de doutorado, um clássico da sociologia, Tanto Preto, Quanto Branco, com pesquisas que revelavam que para o norteamericano o que importava era a raça (origem), enquanto para o brasileiro era a cor (marca), razão pela qual não tivemos ódios raciais, embora tenhamos as discriminações de cor. Em 2009, a pesquisadora Francisca Cordélia, da UnB, chegava à mesma conclusão, lamentando: “Os brasileiros não reconhecem sua identidade racial”.
Pesquisa divulgada no Rio de Janeiro, em 2008, atestava: 63% dos afrobrasileiros são contra a segregação de direitos raciais. Política racial, mesmo de boa-fé, é terapia estatal para uma doença inexistente: não temos identidade racial.
A questão em julgamento não são as políticas públicas de inclusão de afrobrasileiros nas universidades públicas, o que poderá ser contemplado pelo critério de cotas sociais ampliando as oportunidades aos mais pobres, dos quais 70% são pretos e pardos. O que se disputa é a possibilidade da segregação de direitos raciais pelo Estado. Os defensores falam em diversidade racial. Nós contrapomos o império do pensamento da diversidade humana. A diversidade racial significa o Estado conferindo validade à tese racista da classificação racial, que nós repudiamos.
O que está sob julgamento é se a Carta Cidadã permite a discriminação estatal com base em direitos raciais segregados. É disso que tratamos nesse julgamento histórico e cuja deliberação influenciará a harmonia social de futuras gerações. Ortega y Gasset, o filósofo espanhol, nos diz da responsabilidade da atual geração entregar à futura um ambiente social melhor do que a recebido. A nossa geração recebeu uma sociedade sem direitos e sem ódios raciais. Como vamos entregá-la?
Acho super desagradável essas insinuações de quem é contra as cotas é racista, como se essa oposição não pudesse ser por uma opinião racional. É uma tentativa extremamente infantil de suplantar a opinião de quem discorda.
ResponderExcluirEu não sou escravocrata como as ilustrações do post mostram, da mesma forma como não vejo negros me carregando nas ruas.
Sobre a questão das cotas, eu sempre achei uma medida meio "tampar o Sol com a peneira". É uma ação afirmativa, que busca remediar a situação ao invés de combater o problema real do racismo e da desigualdade no país. Entretando, não acho que elas não deveriam existir, apenas que deveriam vir acompanhadas de uma série de outras medidas para conscientizar a população, sabe?
ResponderExcluirEu prestei vestibular para 2009, quando saí do terceiro ano. Foi na época em que as cotas começaram a ter mais força aqui para Minas (acho que em alguns outros estados a política já era constante, como na Bahia). As minhas melhores amigas estavam prestando também, e todas queríamos universidades públicas e concorridas. No nosso grupo tinha, além de mim, duas garotas negras e duas brancas. Na época, nenhuma de nós concordava com a ação das cotas. A gente achava que era uma forma preeconceito, e que não ia resolver nada. Só que a gente estudava em um dos melhores colégios da cidade, particular, e éramos todas alunas muito boas: tínhamos notas altas, os professores, coordenadores e o diretor nos adoravam, participávamos de atividades extras (grêmio, grupo de teatro, etc). Eu me comparava com as minhas amigas negras e não via diferença entre as oportundiades. Elas mesmas também não viam. Demorei um pouco a ver que isso era exceção. Demorei a perceber, também, que muitas pessoas não viam as minhas amigas da mesma forma que eu.
Bem, sou de uma cidade de médio porte em Minas, e "o melhor colégio da cidade" nem se compara com os da capital, muito menos com os de São Paulo, por exemplo. Não tinha aquela pressão louca para se passar no vestibular, as escolas definitivamente não estavam numa competição de quem aprova mais. Quando mudei para BH para fazer faculdade, em 2009, eu abri bastante meus olhos (ainda mais). Continuo achando que as cotas estão aí para "tampar o sol com a peneira", dar a impressão de que o governo está fazendo alguma coisa para resolver o problema. Mas entendo a sua validade e, principalmente, a sua necessidade.
Num tópico relacionado, eu nunca me senti muito à vontade para falar do assunto. Quer dizer, como uma garota branca de classe média alta, que estudou em colégio bom, fez aula de idiomas, passou numa federal sem dificuldade, o que eu poderia saber sobre racismo ou falta de oportunidade? Para mim é fácil dizer que não concordo com as cotas! A verdade é que elas fizeram pouca diferença na minha vida, pois não "atrapalharam" meu vestibular. Uma das minhas melhores amigas, que não passou na UFES por causa disso, ficou realmente irritada, fez um escândalo e disse coisas horríveis e muito preconceituosas. Fácil para mim falar que concordo, também, né? Não me afetou (diretamente), mas para ela, "afetou-a" (muitas aspas por aqui).
Ah, falei demais (para variar) e esse nem era o assunto do post, né? Então, agora vou ficar aqui lendo os comentários, porque esse é um assunto sobre o qual eu adoro ouvir pessoas falando. Geralmente elas tem muito mais experiência e conhecimento de causa a respeito do que eu, e eu sempre aprendo um bocado. Reconheço certos privilégios que eu tive e que essa questão de preconceito raramente me atinge, portanto, sei quando é hora de ficar quieta e escutar! Certo?
:D
*entretanto = corrigindo.
ResponderExcluirAh, Lola, eu vi a sua resposta no post anterior. Obrigada! Ficarei mais livre para comentar coisas fora do assunto, então, rs. E até para pedir o email de algumas pessoas aqui, hahah!
Beijo grande!
Acabei de sair de um debate muito extenso sobre cotas, mas vou me esforçar. Esse argumento de "vai contra a carta magna", "vai gerar ódio" é muito, muito vago! Gente, a carta magna é DESCUMPRIDA TODOS OS DIAS!!! E não ficamos berrando por aí que isso é um absurdo. Então pensemos: É inconstitucional que um negro tenha direito à cota porque fere a carta magna. Mas não é insconstitucional que ele passe fome, que tenha subemprego e etc.
ResponderExcluirQue visão é essa, gente? É visão de quem não precisa de cota, não é um negro pobre, claro!!! Porque quem vive em subemprego e vive em favelas não contesta cotas porque sabe na prática que vai ser muito beneficiado pelo sistema. Acaba com o problema? Claro que não. Vai ter furo? Claro que sim. Mas o que fazemos? Deixemos que os negros continuem assumindo as funções que ninguém quer? Empregada, serviços gerais, pedreiros e etc. por falta de escolaridade! Porra, que egoísmo do cacete!
Morena
Olá...tenho uma filha casada com um negro uma de minhas princesas é minha netinha Ana Clara, marrom bombom, linda...sabe o que percebi, muitos negros são mais fechados e preconceituosos que qualquer um...meu genro , por exemplo... quanto as cotas, isso não discrimina, não cloca divisão ? o que importa é a capacidade, desempenho, esforço, pois não?cor de pele não muda quem a pessoa é.. Penélope
ResponderExcluirmaniasdapenelope.blogspot.com.br
Sobre essa questão de perder vaga... Então a sua colega que estudou numa ótima escola, teve tudo, conforto e tudo o mais. Ela é uma pessoa ruim? Talvez não. Mas ela foi muito egoísta? Foi.
ResponderExcluirHá uma dívida histórica com os negros, qualquer criança de quarta série sabe. Essas pessoas foram muito desprivilegiadas em condições durante gerações. Meu bisavô era filho de escravos, nasceu na lei do ventre livre. Ele não estudou, meu avô era mecânico e não estudou, meu pai foi autônomo e tb não estudou. Eu estudei. Na família da minha mãe a coisa se repete de maneira parecida. Já minha melhor amiga, de mesma idade estudou no mesmo colégio, era branca. Bisneta de uma italiana, sua avó, seu avô, seu pai, sua mãe, sua irmã, todos em sua família tem no mínimo nível universitário. Nem preciso estabelecer paralelos, não é? É muito clara a diferença, gente. Eu não comecei a estudar por cota, comecei a estudar porque meus pais tem uma condição boa. Logo, se não tivessem eu, provavelmente, também não estudaria.
Isso tudo é simples. Basta olhar pelo lado de quem é beneficiado pelo sistema. Quem não concorda é porque simplesmente pensa no próprio umbigo. Ou usa o argumento que "não resolve", "tem branco pobre", "tem preto rico" e etc. Qualquer pesquisa minimamente séria te diz que a maioria esmagadora dos pobres é negra.
Morena
Sou contra a cota para negros, sou a favor de cota para pobres,porque quem entra nessas universidades geralmente são as pessoas que estudaram nos melhores colégios.
ResponderExcluirQue nojo de gente assim! E não acredito que cota racial foi aprovada. Esse Brasil é um país muito hipócrita mesmo. Quando é para fazer propaganda, o Brasil é "lindo" pela sua "diversidade". Diversidade encarada com muito preconceito, né?
ResponderExcluirEu digo que sou morena porque sou morena mesmo, não chego a ser negra não, infelizmente, porque acho muito lindo. Vivo indo na praia tentando pegar uma cor mais bonita... Graças a Deus nunca me educaram desse jeito de olhar o negro como o pobre, o feio.
Mas já parei pra pensar muito no termo "cabelo pichain". Racismo puro disfarçado. Tenho um professor da UFC que usa esse termo, toda vida que ele fala dá vontade de protestar...
"Qualquer pesquisa minimamente séria te diz que a maioria esmagadora dos pobres é negra."
ResponderExcluirPor isso mesmo que as cotas deveriam ser para pobres, o que abrangeria a esmagadora maioria de negros.
Morena, então, eu concordo com você. Minha amiga é uma pessoa maravilhosa, mas ela foi muito egoísta. Ela estava frustrada e triste, e acabou falando "o que não queria". Infelizmente, mesmo nas coisas que a gente fala com raiva, existe um fundinho de verdade, né? Ela pode até ter se arrependido do que disse, mas, naquele momento, foi o que passou na cabeça dela. E eu, que na hora estava do lado, fiquei assustada e chateada de verdade.
ResponderExcluirMesmo assim, a meu problema com as cotas não é me prejudicar. É que eu acho, realmente, que não é o suficiente. Claro que fazer pouco ainda é melhor que não fazer nada, mas SÓ isso não vai resolver o problema, né?
Lola,
ResponderExcluirgostaria que você assistisse essa propaganda estúpida. sem comentários....
http://vimeo.com/40952443
abraço
Sou filha de médicos, pai e familia do pai brancos, irmão mais velho branco e mãe morena de olhos verdes. Nasci bem mais escura do que minha mãe com cabelos cacheados. E por toda a minha infancia sofri por carregar essa cor. Inumeros eram os apelidos e ate mesmo agressões. Sofri bullying quando ainda não tinha uma denominação para isso. Duas coisas bem comuns na minha infancia eram as pessoas perguntarem se eu era adotada - houve uma fase em que meu irmao espalhava isso na escola por um motivo que ate hj eu n compreendo - e se eu realmente era filha do meu pai, por ele ser mais velho que minha mãe. E por todos esses 17 anos de escola de classe média-alta, a minha mãe só foi me defender em uma das ocasiões, quando um dos garotos me chamava de macaca quase que diariamente. Todas as vezes que tentava falar para meus pais sobre o que acontecia na escola, eles agiam como se fosse algo sem importancia, coisa de criança. Quando comecei a fazer natação, os piores anos da minha vida, as comparações com meu irmão aumentaram, não somente pelo fisico mas também pelo desempenho. Cheguei ao ponto de piorar uma gripe e prolongar uma bronquite para deixar de ir aos treinos. Enquanto outras crianças iam a festinhas de aniversário e adolescentes saiam com os amigos da turma para o cinema, eu permaneci em casa, sozinha, por todos esses anos. Meu pai tem acessos de raiva e em um deles, quando eu era pequena, me disse: você já é preta mesmo, não falta muito para virar limpadora de chão. Hoje em dia, além de ser negra, tb sou professora, o que aumenta ainda mais os olhares de "pena" em relação a minha pessoa, pela minha familia, já que o irmão perfeito se tornou juiz. Coisas como integridade e carater se tornam insignificantes diante da cor que você carrega e do salario em seus bolsos e os preconceitos continuam, em um ciclo que não beneficia ninguem. Eu tento não dar atenção a esses comentários, mas permanece o sentimento de injustiça, do pq essa perseguição gratuita e o motivo de tantas pessoas serem julgadas por não estarem dentro de padrões estupidos que alguém inventou.
ResponderExcluirCamila, posso postar teu comentário no meu perfil do Facebook? Achei-o muitíssimo interessante!
ResponderExcluirColegas, mais calma ao repetir o que sempre escutamos.
ResponderExcluirVejo tanta repetição de frases que tenho duas hipóteses para frases repetidas ad eternum (como “cotas é preconceito as avessas” ,“deveria ter cota para os pobres apenas”, “cotas não vai resolver” e etc)
1) As pessoas não estão informadas sobre o debate, não leram as propostas de quem é a favor. (porque acreditem, tem muitas pessoas competentes que tem posições contrárias a estas frases como melhor solução. )
2) As pessoas leram as propostas de pessoas pró-cotas mas mesmo assim são “contra” (o que é estranho porque a proposta pró-cota consegue responder estas frases, e se tivessem lido estas propostas não sei se repetiriam as mesmas frases.Frases estas que são repetidas pelos grandes meios de comunicação, que são contra e isso é feito com ar de ciência, de preocupados com a questão)
Tudo isso para dizer que não sou especialista no assunto, e pelo debate que sei de cabeça, credito e concordo que:
- Ninguém disse que vai resolver o mundo com cotas, mas sim, vai resolver a vida de negros que não tem chance de entrar na faculdade, e por consequência possivelmente sua futura família e filhos, por que isso não é suficiente? Se houvesse uma medida que resolvesse tudo já haveriam proposto, porque claro que se quer uma educação boa desde cedo, mas adianta pedir isso para o governo e querer que eles cumpram “agora”? e até esse “agora” chegar?
- Cotas para negro não tem a mesma proposta com a dos pobres..Porque negro pobre não é descriminado por ser apenas pobre,ele é descriminado por ser pobre E negro. Havendo aqui uma descriminação de “COR que é subjetiva e objetiva, que está arraigada ,ou seja, uma dupla descriminação com esta população.
-Cotas para negro, visa uma reparação histórica por centenas de anos de escravatura. Reparação esta que nunca foi feita, pois, por que será que negro, mesmo livre da escravidão anda é o mais pobre? Pois ele tem sua história de povo, enquanto etnia, já DESFAVORECIDA há séculos. Como ele vai conseguir igualdade com o branco sem uma reparação da exploração sofrida? Apesar de já ter passado mais de 100 anos da abolição, seus efeitos ainda tem resquícios até hoje, ou alguém acha que o negro ainda continua pobre por algum fator genético? Por isso a necessidade, ainda que parcial, de uma “reparação” histórica enquanto povo oprimido. Sendo assim nada mais justo esta reparação que tem outro viés que a do pobre branco.
Dá para entender que são cotas de natureza diferentes?
- Cotas vai gerar mais racismo? Para quem? Baseado em que se diz isso? Como prova-se isso? Se a cota é uma medida que visa melhorar a vida do negro, admitindo a responsabilidade histórica pela escravidão e tentando reparar isso, como pode gerar mais racismo? Em toda minha experiência, só soube de gente que já era racista ficar mais irritada com a cota para justificar ainda mais seu racismo. Nunca vi um não racista virar racista por causa da cota. E se ficar? Isso justifica a não ter cotas e melhorar a qualidade de vida destes só para que a pessoa racista fique quieta? Mesmo que verdade (e não é) isso justifica?
Bom, chega, acho que ia falar mais mas já escrevi demais. De né...
Desculpa Lola, mas é que fico impressionada com as mesmas frases de sempre....
Concordo com todas as ressalvas. Com certeza deveria ser necessário comprovar pobreza para "merecer", já que a mudança necessária é de caráter social.
ResponderExcluirDiscordo firmemente dessa tese de que a cota da forma como é hoje privilegia gente de colégio particular. Eu nunca topei com um negro na universidade federal que estudo que entrou por cota que tenha vindo de escola particular. A maioria esmagadora é de gente vinda de colégio público. Esse argumento é furado, gente! Basta abrir os olhos.
e agora que vi que saiu dEscriminação..e não dIscriminação.
ResponderExcluirEscrevi no word e ele corrigiu para isso...desculpe.
O último post foi meu!!!
ResponderExcluirMorena
Concordo com a Vivi. A questão da negritude é mais uma fonte de falta de oportunidade e de preconceito.
ResponderExcluirMorena
Anônimo que postou antes de mim, sua história é confusa, heim?
ResponderExcluirOlha, você deveria procurar um psicólogo e conversar com sua família.
Mas ainda acho a história muito confusa.
Anonyma das 7:49
Lilian, claro que pode, sem problemas.
ResponderExcluirVivi, concordo com quase tudo o que você disse. Você esclareceu muitos pontos necessários ao debate.
O problema que eu ainda vejo é o fato de ser uma medida que combate apenas as consequências, sem cuidar da raiz do problema que está, como você mesma disse e todo mundo sabe, na educação básica e na nossa cultura. Sobre pedir uma educação de qualidade para o governo e não dar para exigir que eles cumpram agora, bem, seria ótimo se algum dia fosse possível, mesmo que não "agora". Isso não inviabiliza as cotas, mas não deixa de ser necessário que mais coisa seja feita!
Eu acho que a faculdade é realmente o estágio definitivo que faz do jovem adulto. Muitos assuntos que não eram comentados na mesa do jantar nas nossas casas passaram a fazer parte do meu cotidiano. Venho de uma família de portugueses e espanhóis, com alguns negros "infiltrados" na minha formação genética, na verdade, apenas um, meu bisavô Sebastião, um negro alto, forte, que foi casado com a bisavó da minha mãe. Coisa da época dos escravos MESMO. Acho que herdei dele a facilidade em ficar morena com qq solzinho que eu pego e essa minha bunda gigante. Mas desde pequena tive contato com negros. Do outro lado da rua onde eu cresci, tinha uma família enorme de negros, eram umas 15 pessoas e eu ficava muito feliz indo lá, pois todo mundo sempre sorria. Aos 8 anos, consegui minha primeira melhor amiga: Ana Lúcia, tb negra. Somos amigas até hj, ela inclusive está no meu facebook, só q como Nany, o apelido dela. Daí eu cresci, fiquei mocinha, mais uma outra melhor amiga: Edna, tb negra. Namorei um irmão dela, Josiédson, mas ele era bem mais preconceituoso do que eu. Escrevendo esse comentário, me lembrei qdo. fiz 15 anos. Não quis festa, nem meus pais insistiram, pq não éramos ricos. Me fizeram uma festa normal. Só fiz uma exigência, que eu pudesse levar meus grandes amigos no Colégio Avelino da Paz Vieira, todos homens, todos negros. Não, eu não namorava, nem ficava com nenhum, era somente amizade. Um deles ainda vejo regularmente, o Rildo, que é PM aqui em Santos (não é o sargentão). Nunca vou esquecer o comentário que meu pai fez ao ver os 4 "negão" entrando comigo em casa: Tú fala que vai trazer teus amigos e me aparece com o ataque da seleção de Camarões? Todo mundo riu, inclusive os 4. Na época, essas coisas não me incomodavam, eu achava q racismo era coisa de fanático, que eram histórias inventadas. Entrei na faculdade. Como eu havia estudado em colégios públicos minha vida inteira me incomodou demais não ver nenhum aluno negro entre os bixos. Aquilo ficou dias na minha cabeça. Descobri que em toda a faculdade de Direito da Unisantos existiam 3 alunos negros entre 800 não negros (brancos e japoneses) índio então, nenhum. Professor? Imagina, gente, que bobagem a minha. Perguntei ao diretor o pq disso e ele me disse que eu estava querendo tumultuar o ambiente democrático da Casa Amarela, nome pelo qual essa Fac. de Direito é conhecida. (isso nada tem a ver com etnia, era a cor da casa onde funcionou a faculdade qdo. de sua inauguração). Comecei a sair com um negro lindo, que trabalhava no Detran, que funciona em frente à faculdade. Fomos namorar no carro, numa rua deserta. Nem percebi de onde veio, só vejo 2 pm's com arma em punho, apontando pra cabeça dele, gritando pro macaco sair do carro. Eles achavam que eu estava sendo estuprada. Reclamei, fiz denúncia na corregedoria, mas ninguém fez nada. O que mais me aborreceu nessa história, é que um dos pm's era negro. Sou a favor das cotas, sim. É o pedido de desculpas mais adequado que o governo pode fazer ao povo negro. Não vai acabar com o racismo, mas vai fazer mais justa a convivência.
ResponderExcluir"(...)Esse Brasil é um país muito hipócrita mesmo. Quando é para fazer propaganda, o Brasil é "lindo" pela sua "diversidade".Diversidade encarada com muito preconceito, né? "
ResponderExcluirA Rayara disse tudo!
Acho que os comentários da anônima das 19:17 (dia 28) e da Dri Caldeira merecem muito ser lidos. Bom, à anômina desejo muita coragem e força pra que você se liberte de tudo que aconteceu e acontece. Dri Caldeira também sou à favor das cotas. Eu me formei mês passado e recebi minha carteira da OAB semana passada...estou desempregada, cheia de conflitos, insegurança e medo de exercer minha profissão, tenho 22 anos e hoje uma criança negra, muito pobre, perguntou pra mim "quem é esse homem?" que estava ao meu lado (e que era meu pai) o tom de "esse homem" era pejorativo mesmo, a menininha não acreditava que aquele homem negro poderia ser pai da garota que ela "admirava" (ela olhava pra mim com uma carinha)...
ResponderExcluir*
Me senti estranha quando me disseram (faz tempo) que "morena" não era cor de pele e sim de cabelo e que não era correto se definir como morena, a partir daí eu passei a não saber como me definir...o termo pardo é relativamente novo pra mim e não podia me definir como negra por que eu não era negra, e também não era branca pra me chamar de branca...o morena quebrava o galho e era um nome bonitinho até....hoje eu tento me acostumar com o "parda" rs.
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Quando eu era criança tinha o maior orgulho que soubessem que a branca de olhos verdes era minha mãe...As amigas da minha mãe se decepcionam até hoje quando me vêm é tipo "essa é sua filha?"...
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Ai.....quero tanto ver mais negros nos altos cargos, talvez isso deixe de ser estranho...talvez a menininha pense que não é ruim ser negro e talvez se aceite...sei lá
Primeiramente acho que é preciso que se saiba de quem os argumentos que vou postar estão vindo. Sou branca, da classe média alta e estudei em um dos melhores colégios de São Paulo. Entrei na USP em um curso pequeno e extremamente politizado. E tudo começou aí. Pra resumir, a intolerância e a prepotência encontram espaço em todo tipo de manifestação nesse mundo. Pessoas se odeiam porque pensam diferente. É normal que haja atritos, claro. Mas as coisas não precisam chegar a esse ponto. O problema é que todo mundo se acha dono da verdade, esquerda e direita. E se alguém discorda do discurso padrão e homogêneo de um dos membros de um desses dois grupos, é colocado na caixa do inimigo irracional e ruim por essência. Como essa imagem do senhor de escravos se dizendo contra as cotas, que sugere que a única explicação para que se discorde dessa política é o racismo. Completamente improdutivo.
ResponderExcluirEu detestei a forma como as coisas eram encaradas pelos meus colegas de faculdade. Passei a adotar como filosofia política a honestidade. Não sou um gênio, não sei de tudo, não tenho mais experiências que todo mundo. Tenho minhas opiniões, claro, mas antes de jogá-las pra cima de quem quer que seja eu abaixo minha bola, escuto a opinião divergente com humildade e honestidade, reformulo ou não minha própria opinião de acordo com a relevância e pertinência do que ouvi, daí me posiciono e vivo de acordo com a minha posição.
Racismo é uma questão muito complicada. Pra mim é cego ou hipócrita demais quem realmente acha que o Brasil, por ter um miscigenação maior do que, por exemplo, os EUA, não é um país racista. O excelente relato da moça dos cabelos cacheados aí em cima ilustra isso, o racismo está muito vivo. E quando se aceita esse diagnóstico é hora de olhar pra si mesmo e à sua volta. A sociedade coloca racismos sutis na nossa cabeça que a gente sequer percebe, como essa do cabelo pichain. Pessoalmente, entretanto, não acho que todo o mal humano vem da sociedade. Vem de dentro da gente também, e muito. O ser humano resiste à diferença muitas vezes sem ser ensinado. Mas a grande sacada é que ele pode ser ensinado. E quando ele deixa o lado bom que também tem falar mais alto, ele vê que precisa ser ensinado. E daí, se a pessoa é ética, mesmo que ela tenha algo de preconceito dentro dela, de qualquer tipo que seja, a única resposta aceitável é que ela se esforce até o fim para se condicionar a se livrar dessas sementes podres. Falo por experiência, em tudo que faço me avalio, auto-critico, e procuro melhorar. Não sou perfeita, jamais teria essa pretensão, mas no quesito ética vou morrer tentando. Se podem me chamar de idealista em alguma coisa, é só nisso. E isso é fundamental pra como eu abordo essa questão discutida aqui, por isso senti a necessidade de explicar meu background, desculpe por me alongar.
Então, as cotas raciais. No ambiente em que vivo, e nesse meu exercício constante, essa questão complica tudo. Primeiramente, acho que esses argumentos baseados só em uma definição de igualdade que concluem que as cotas não são constitucionais já receberam sua resposta do STF. As cotas raciais são legais e a sociedade brasileira precisa inegavelmente de muito mais igualdade racial. Minha preocupação que ainda me torna resitente a cotas é de outra natureza.
(...)
(...)
ResponderExcluirA moça que trabalha lá em casa há anos é uma linda nordestina com uma filha jovem. Infelizmente vive com muito pouco e nunca teve condição de manter a filha em colégios particulares, o que quer dizer que não existia igualdade entre eu e ela quando prestamos vestibular, e por isso uma ação afirmativa seria necessária. Conceito perfeito. Só que a moça é branca. Ao mesmo tempo, um dos meus melhores amigos no colegial (particular e muito bom) era um gênio da matématica que passou em primeiro lugar no curso da USP que escolheu. E negro.
É claro que o ponto aqui não é superioridade intelectual de nenhum tipo de pessoa, esse é o argumento mais ridículo que se usa contra ou a favor de cotas. Eu falo é de oportunidades. É lógico que grande parte das classes mais desprovilegiadas é negra, mas esse é justamente o ponto. As atrocidades cometidas contra os negros na história do Brasil deram origem a uma desigualdade social terrível, e é essa a sociedade que não queremos. Pra mim não é uma questão de uma dívida transcendente com os negros. Tivessem eles sido bem inclusos na sociedade brasileira e não fossem hoje em grande parte da classe mais baixa, não se falaria em dívida.
Precisamos olhar para a nossa sociedade e tentar consertá-la, porque não podemos mudar o passado. Para isso servem ações afirmativas, não para tentar apagar um passado que não conseguiremos jamais, mas para construirmos um futuro mais justo. E eu não vejo como facilitar a entrada do meu amigo que teve as mesmas oportunidades que todos os brancos do meu colégio, mas não ajudar a filha da moça que trabalha comigo que nunca teve a chance de aprender o que eu tive e explorar todo o seu potencial, vá criar uma sociedade tão mais justa.
A injustiça histórica se traduziu em injustiça social, e pra essas podemos criar ações afirmativas que beneficiem todo mundo que já sofreu esse tipo de injustiça, independente de qual a cor da pele dessas pessoas (o que, vamos combinar, é uma classificação extremamente difícil de se fazer às vezes). Com cotas sociais e bônus em notas de vestibular para alunos de escolas públicas se ajuda todos os negros ainda marginalizados pelo sistema, e ainda os não negros que precisam viver exatamente com as mesmas condições. Da dívida moral com os negros a gente cuida de outra forma, exaltando cultura, beleza e jamais esquecendo o que foi feito pra que a lição aprendida esteja sempre conosco. Mas não sendo injusto com que também sofre injustiça social, mesmo não sendo negro.
Quanto aos socialmente privilegiados que ficarem um ano pra trás no vestibular, não vou negar que incomoda. Eu fiz vestibular e sofri muito na época. Tenho certeza que se deixasse da passar porque as cotas colocaram alguém na minha frente ficaria brava. Não acho certo que se menospreze o sofrimento de ninguém, por mais que não haja comparação no que se trata de justiça social. Isso vai acontecer com algumas pessoas sim, e é uma droga. É por isso que devemos sempre lutar por ensino público de qualidade pra que todo mundo tenha a mesma base. Mas enquanto isso não acontece, entra a história da honestidade e do esforço pra ser um ser humano melhor. Eu poderia fazer um ano de cursinho como qualquer um no meu colégio. Seria uma droga, mas eu poderia. Minhas chances não acabariam naquele vestibular (e nem as do meu amigo negro, por sinal). Mas pra alguém mais desprivilegiado provavelmente acabariam sim. Então não tem muito jeito.
Bom, me alonguei muito, desculpe. Peço simplesmente que, assim como eu sempre procuro fazer, julguem meus argumentos com honestidade e sem me colocar em nenhuma caixa em que eu não mereço estar. E, se possível, adoraria ouvir sua opinião, Lola, que valorizo muito, sobre essas questões que me intrigam, porque eu sou um bichinho eternamente em formação.
Então, Aline querida, acho que vc está mal informada. Vc está apenas repetindo os “argumentos” de quem é contra as cotas sem procurar saber mais a respeito, e isso é um erro. Em primeiro lugar, as cotas são antes de tudo SOCIAIS. Elas são para quem estudou em escola pública (ou em escola particular com bolsa, desde que a pessoa possa provar que é de classe D ou E), independente da raça. Nada mais justo. Afinal, menos de 20% dos estudantes brasileiros estudam em escolas particulares. E, no entanto, eles são maioria nas universidades públicas. E não é preciso ser muito observador para ver que a imensa maioria dos alunos nas escolas particulares e nas universidades públicas (ou seja, nos dois casos, nas instituições que oferecem o melhor ensino) são brancos. O que as cotas fazem? Elas aceitam a argumentação, provada por inúmeros estudos, que, mesmo quando brancos e negros vêm da mesma classe social, brancos ainda estão em posição de vantagem (o que chamamos de privilégio) em relação aos negros. E que, num país racista como o nosso, o último país na face da Terra a abolir a escravidão negra, temos uma dívida histórica com os negros. Achar que brancos e negros estão na mesma situação, que têm as mesmas oportunidades, que o importante é o mérito, é tentar apagar todo um passado de exploração.
ResponderExcluirEntão, o que fazem as cotas? Elas reservam parte das vagas numa universidade federal a alunos que venham de escolas públicas. Dentro dessas vagas reservadas, uma pequena porcentagem será reservada para negros e índios (quanto? depende de cada universidade, de cada estado. Até mesmo na Bahia, estado com 80% de negros, só 36% das vagas dedicadas a alunos oriundos de escolas públicas vão pra negros). Isso não quer dizer, ao contrário do que muita gente pensa, que basta um negro passar em frente à universidade para conseguir sua vaga. Ele também passará por um processo seletivo rigoroso.
Isso quer dizer que a filha da sua empregada, branca, nordestina, que estudou em escola pública, também se “beneficiará” (este é um termo hipócrita pra falar de todo um sistema que só beneficia mesmo os brancos de classe média pra cima) das cotas para entrar numa faculdade. Isso quer dizer que seu amigo negro que passou em primeiro lugar no curso da USP não precisa das cotas. Ele não será beneficiado por elas. Além do mais, mesmo que ele não fosse um gênio, se ele estudou em escolas particulares, não poderia se favorecer das cotas.
Ou seja... Os dois exemplos que vc oferece não são afetados em nada pelas cotas. Ou melhor, o primeiro caso é. Mas pelas cotas sociais, não pelas cotas raciais.
Pense assim: a maior parte dos concursos reserva uma quantidade minúscula de vagas para pessoas com deficiência. Vc é contra isso? Porque acho que a maior parte das pessoas não é. É até a favor: considera que pessoas com deficiência realmente levam uma vida mais sacrificada e, por isso, merecem algum tipo de compensação. Mas essa mesma gente que tolera vagas para deficientes nega que o racismo existe. Isso é ignorância. É ignorar todos os estudos que provam que o racismo no Brasil é gigantesco. É querer manter um universo paralelo que privilegia sempre as mesmas pessoas. Não caia nessa, Aline.
Colocado nesse contexto realmente faz muito mais sentido, não estava ciente dessa primeira diferenciação. Procurarei me informar melhor sobre pormenores que parecem fazer toda a diferença. Obrigada pelos esclarecimentos, Lola, legal da sua parte. Gosto muito do seu blog.
ResponderExcluirah, entao as cotas raciais sao obrigatoriamente sociais tambem? agora vejo-as com melhor olhos.
ResponderExcluirComo primeiramente sociais elas fazem sentido... Alguém tem sugestão de algum lugar confiável para se informar a respeito? De preferência o menos parcial possível.
ResponderExcluirJ.
Acho um tanto quanto de má-fé, para dizer o mínimo, essa estratégia de pôr a pecha de racista em qualquer pessoa que se manifeste contra as cotas raciais. Rotular de modo tão caricato aqueles que discordam de nossos posicionamentos é uma das formas mais desonestas de se tentar vencer um debate. Nesse caso, é também contraditória, porque parte, geralmente, de pessoas que também são feministas e que sentem na pele o que é, por exemplo, serem tachadas de "assassinas de criancinhas" ou "pró-morte" por declararem-se a favor da descriminalização do aborto. Seria bom, muito bom, que a realidade pudesse ser compreendida pela ótica simplista dos dois pólos extremos que sempre vem à tona em qualquer debate político, mas pessoas, ideias e fatos não se encaixam tão bem nessas dicotomias forçadas. Eu, por exemplo, me considero à esquerda do espectro político, feminista, defensora de um estado que prime pela concretização dos direitos sociais e onde haja a efetivação da igualdade material, seja entre mulheres e homens, seja entre negros e brancos etc. Mas sou contra as cotas raciais e acho que as cotas sociais seriam muito mais justas. Se uma criança nasce na pobreza, terá chances mínimas de chegar a uma universidade pública de ponta no Brasil, sobretudo em certos cursos, não importa por que ela nasceu na pobreza, se porque seus pais são negros ou porque eram loiros de olhos azuis que perderam todo o dinheiro jogando baralho. É a pobreza e a falta de investimentos na rede pública que bloqueiam o acesso de uma pessoa ao ensino superior e nenhum ser humano, seja loiro, negro, de cabelos verdes ou roxos, tem culpa de nascer pobre (repito, não importa quais foram as causas históricas de sua pobreza, ninguém tem culpa de nascer pobre!!!). Se os negros são parcela considerável da população pobre, o que todos nós sãos de consciência sabemos ser verdadeiro, seriam tbm beneficiados pelo sistema de cotas sociais. A diferença é que, nesse sistema, os brancos que também não tiveram culpa de ter nascido pobres em um país como o Brasil (ainda que, por uma suposição esdrúxula, todos os seus antepassados remotos tenham sido senhores de engenho) também iriam ser beneficiados e salvos desse monstro antissocial que é a privação de recursos econômicos indispensáveis ao desenvolvimento pleno das potencialidades humanas. Costuma-se dizer que é mais fácil ser branco e pobre que negro nessa mesma condição social. Do ponto de vista que considera apenas alguns aspectos de nossa realidade, como a violência policial e aquela psicológica que deriva dos padrões de beleza, isso parece razoável. Mas, do ponto de vista das oportunidades de emancipação e de ascensão social via educação, não parece ser a pobreza do negro "mais pobre" que a do branco miserável . Gostaria que alguém me explicasse mais claramente por qual motivo uma criança pobre e branca que trabalha 12 horas por dia em uma plantação de cana tem mais chances de chegar a uma universidade pública que uma negra que more em uma favela (nem vou usar aqueles exemplos maldosos de negros milionários). Estudaram ou estudarão em escolas diferentes? A criança branca pobre tem acesso à educação básica de qualidade?! As cotas puramente sociais iriam excluir os negros? De que modo?
ResponderExcluirA argumentação dos favoráveis às cotas é tão somente esta: vamos fazer justiça com o pires alheio. Nem uma vaga nova foi criada para abrigar os cotistas. Nenhuma melhora no ensino público obrigatório. Este não deixará de ser uma palhaçada, mas ainda assim a classe média pagará por ela e pela educação particular fundamental e colegial, duas vezes, portanto.
ResponderExcluirAto contínuo, ao terminar o colegial ÀS SUAS CUSTAS, o não-negro, não-índio, não-classe D é discriminado (SISTEMA DE COTAS É DISCRIMINATÓRIO) ao perder sua vaga para aquele que o Estado NÃO QUER INDEXAR, pois não interessa que estes brasileiros alcancem a cidadania plena sem restrições.
Pelo sistema de cotas, uma minoria da minoria dessa classe racial e social relegada vai competir ombro a ombro com o branco da classe média e alta e para alívio do Tesouro, sem despender um centavo a mais. O branco discriminado que se vire e vá para uma faculdade particular ou perca mais um ano PAGANDO curso vestibular para nova tentativa.
Esta é a justiça social pra francês ver do país não-sério chamado Brasil.
vou adorar quando a população brasileira de São Paulo pra cima em peso alegar ascendência negra e ou índígena se for preciso apresentando teste de DNA e pleitear direito à cota na universidade pública.
ResponderExcluirConcordo com a Lúcia Ana, os comentários postados pela anônina das 19:17 e pela Dri Caldeira devem ser lidos com atenção - especialmente por aqueles que insistem em repetir a cantilena que o sistema de cotas é injusto, que viola o artigo quinto da CF e que o critério deveria ser exclusivamente socioeconômico. Em primeiro lugar, essas duas coisas não são excludentes: ao beneficiar-se negros e pardos, já se está beneficiando os mais pobres, dado que pobreza e negritude se confundem no país. Em segundo lugar, ignorar que negr@s pobres são duplamente discriminados e têm muito menos chances no mercado de trabalho não somente é falacioso mas chega a ser cruel.
ResponderExcluirPenélope, com todo o respeito, mas você realmente acredita 100% nesse lance de meritocracia? Você acha que se uma criança favelada for esforçada o suficiente as suas chances de ser bem sucedida são equivalentes às da criança de classe média ou alta?
E não é preciso ser muito observador para ver que a imensa maioria dos alunos nas escolas particulares e nas universidades públicas (ou seja, nos dois casos, nas instituições que oferecem o melhor ensino) são brancos.
ResponderExcluirE não é preciso ser muito observadorjpara ver que a imensa maioria das escolas estaduais e municipais são depósito de afro descendentes que nada aprendem porque não interessa ao Estado que aprendam. Estão lá gastando o dinheiro pago pelos impostos seu e meu e depois têm que apelar para a caridade com o pires alheio (da sociedade que paga pelo ensino duas vezes) que as universidades públicas (Estado) oferecem.
Na hora em que os brancos da classe média e alta baterem à porta da escola pública em massa (mesmo direito à educação que tem o índio e o negro e a classe D-Z têm) vamos ver o que acontece?
Não nos esqueçamos que as universidades públicas TAMBÉM são pagas com recursos do Tesouro, isto é, DOS NOSSOS IMPOSTOS.
ResponderExcluirAlém disso ainda a classe média e alta financiam o prouni, que paga para que analfabetos funcionais adquiram seus títulos universitários.
Mas o ensino fundamental e colegial públicos decentes nem tchan.
Como se afere classe social para fins de reserva de cotas? Quem sobrevive com bolsa família? nível de instrução dos pais até o colegial? renda familiar de um salário mínimo para 4 pessoas?
ResponderExcluirFamílias desfavorecidas podem se dar ao luxo de sustentar filho sem trabalhar numa universidade pública em tempo integral ou os cotistas só vão para cursos noturnos?
Eu ainda não entendo. O vestibular me parece muito simples: entra quem tiver maior nota, ponto. Dá pra saber se o aluno é negro ou branco? Um professor pode saber a cor de um aluno e corrigir de qualquer jeito, agindo de má-fé? Existem cotas para negros em concursos públicos?
ResponderExcluirOs pró-cota dizem que os negros não tiveram oportunidade, estudaram em escolas públicas {que são de qualidade mais baixa, não podemos negar (apesar do quê, as particulares também não são muito melhores...)}. Mas então, o melhor não seria lutar por uma educação pública de qualidade?
E lutar pela melhora da educação brasileira não se resume em pedir investimento de 10% do dinheiro público. Acho os últimos protestos muito superficiais.
O que se deve fazer com aqueles alunos em séries avançadas, mas que mal sabem ler, por exemplo?
E os mais rebeldes? Muitos vão e voltam do Conselho Tutelar e nada melhora! Como é a estrutura desse lugar? O que há de errado?
Por que o Estado só libera dinheiro para reforma das escolas durante o ano letivo/no fim das férias, já que atrapalha o desempenho de alunos e professores em sala de aula?
Por que o número de funcionários por escola é mal distribuído?
Por que o PCN muda anualmente se a "validade" do livro não-consumível é de três anos? (aliás, por que "blog" se inclui como matéria se os jovens já migraram pro Tumblr?)
Por que a hora-atividade está cada vez mais sobrecarregada com outras atividades além do planejamento de aula? (Não sei em outros estados, mas no Rio os professores devem colocar as notas num sistema da internet E usar o diário! Tudo isso durante a hora-atividade!)
Por que o número de escolas vêm caindo cada vez mais? As salas de aula estão superlotadas! Algumas têm mais de 60 alunos! http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/tds/td_1267.pdf
Se os professores já receberam um notebooks, para quê distribuir PCs nas salas de aula, ocupando a mesa do professor e responsabilizando-o por qualquer dano ao objeto? (de novo, não sei o que ocorreu em outros estados).
Por que as faculdades públicas estão sendo pressionadas a adotar o ENEM, mesmo depois de tantas fraudes e erros de impressão?
Por que o ensino noturno será cancelado?
". . . Bem, sou filha de pai negro (por mais que todo mundo adore dizer que ele é "só um poquinho mais escuro") e mãe branca. Nasci super branquinha . . ." --Guest Post
ResponderExcluirJá li redação de outras pessoas que abordam o assunto similar ao do Guest Post, mulher filha de casal interracial dizendo-se "branquinha" ou "super branquinha" e isso chama-me a atenção a cada vez que leio o "branquinha, super branquinha", pois as pessoas brancas, naturalmente brancas, de origem branca sem mistura, não se dizem "branquinhas" e nem "super branquinhas"... parece-me que a pessoa que assim se autodescreve, mesmo condenando o preconceito alheio, tb traz consigo o preconceito e então carrega no adjetivo para se autodescrever.
Alguém diz que Vera Fischer é branquinha ou super branquinha? Que Gisele Bündchen é branquinha ou super branquinha? Não. A gente diz que Vera Ficher é branca, loira. Gisele Bündchen é branca, loira. A pessoa pode ser branca e não ser loira. Lucélia Santos é branca e não é loira; Catherine Zeta-Jones é branca e não é loira. E por aí para ambos os casos. Branquinha? Superbranquinha? Desculpe-me, mas parece que tá falando da cor de um filhotinho de um animal de estimação... ou da cor da neve... ou da nuvem... nem "branquinha" nem "super branquinha" me soam como que cor de gente que se sabe branca ou que não tem preconceito.
No mais, tenho a lamentar a grosseria de gente como a que a Guest Post enfrentou diante da reação e resposta que ouviu qdo lhe perguntaram (na cidadezinha do interior) quem é o pai dela. Realmente é de lascar a falta de simancol de certas pessoas. Também gostei da citação literária... sobre o trabalho de Freyre eu sei, mas não sobre Jessé Souza... vou aprender.
Opa, a cota é social. Não sabia (ok, sabia mas não lembrava). Por um lado, parece bom: é mais inclusivo... mas por outro... isso é horrível! Me lembra os tempos de aprovação automática! Colegas meus na 3ª série passaram para a quarta tirando zero!
ResponderExcluirNão é questão de discriminação, e sim de empurrar o problema do sucateamento de nossas escolas com a barriga!
Aí mais profissionais desqualificados entram para o mercado de trabalho. Parem o mundo que eu quero descer.
Passei por exatamente essas mesmas experiências quando era mais nova, apesar de meu pai parecer mais indigena que negro (ele tem cabelo escorrido. Eu, claro, não tenho! hahahah). Como ele pra completar não parece ter a idade dele, hoje em dia eu ainda preciso ouvir graças de cunho de "porque ele está com essa novinha". É uma merda mesmo. (mas na minha familia ninguém ligava muito a não ser pra invejá-lo, que foi o UNICO que não nasceu branquelo)
ResponderExcluirEste depoimento sobre o racismo velado é bem o retrato de como a nossa sociedade se comporta. Eu nasci negra, mulher e pobre, três preditores para ser vitimada por um racismo muitas vezes até nada velado. Mas por ter nascido de pais que sempre souberam estimular a auto estima dos filhos e priorizar a educação como trampolim para qualquer sonho, me tornei médica e isso me lançou à tal "morenidade" designada àqueles que são negros demais para alcançar certo status. Todo este aprendizado me faz o que sou hoje, e apesar de me saber parte de uma elite, que não utilizou cotas para entrar na universidade, acredito que é preciso reparação sim, como se tenta com as cotas para negros, mas também é preciso coerência, como resolvi ter após mais de trinta anos lutando com os cabelos, deixá-los ao natural para dar o exemplo às minhas filhas que são frutos da miscigenação.
ResponderExcluirLola Aranovich
ResponderExcluirHa um tempo venho acompanhando seu blog e fiquei muito desapontado com esse guest post
Cotas são uma discriminação contra os proprios negros e o politicamente correto deixa poucas pessoas perceberem isso
São um discriminação total,eh como se negro não CONSEGUISSE entrar em faculdade sem uma maozinha do governo,ele precisa de uma forcinha,AFINAL ELE EH NEGRO!!!!!
Voces não entende o quanto de racismo velado existe nas cotas,eh o atestado de inferioridade,de incapacidade de obter as coisas sozinho
Pra mim deve ter cotas para deficiente fisico(esses sim sofrem muito mais com preconceito e falta de acessibilidade)e para gente de baixa renda com bolsas de estudo para aluno que obtesse a nota necessaria para passar no vestibular(estimularia os estudos,não passou na prova,não estuda) seja ele NEGRO,BRANCO,AZUL VERMELHO,AMARELO OU ROXO
EXTREMAMENTE INFELIZ a primeira imagem mostrando um escravocrata se dizendo contra cotas,eh como se eu por ser contra as cotas fosse a favor da escrevidão,claro que não foi direito,mas mesmo assim se configura como propaganda subliminar
Tambem sou filho de negro com mulher branca,eu também me beneficiaria no sistema de cotas por ser pardo,mas jamais vou aceitar que eu tenha privilegios de qualquer especie,num pais tão MISCEGENADO como o nosso
Tem que se apoiar os pobres que desejam cursar uma faculdade e acabar com a miseria,seja ela de qual cor seja
Estou lendo alguns comentarios e passando mal com a hipocrisia de alguns
ResponderExcluirSo pq a maioria dos pobres são negros tem que ter cota pra negro,mas pq não faz cota PARA TODOS OS POBRES???
Claro,o negro pobre ganha cota,o branco pobre QUE SE FODA ele eh branco E TODO BRANCO nasce em berço de ouro,SOMENTE NEGROS SOFREM,branco nasce com "sistema natural anti pobreza"
Quanta hipocrisia e preconceito desse pessoal cotista,meu Deus do ceu,TODO pobre eh que tem que ter cota e auxilio em seu estudo universitario,SEJA ELE BRANCO,NEGRO,AZUL,AMARELO,nossa eh tão dificil entender que se tem que ajudar a todos e não somente pq fulaninho eh preto,ou eh tudo ma vontade mesmo e revanchismo historico,afinal os negros foram escravos no passado e agora eles tem que ganhar o mundo de mao beijada com a cara e quem achar ruim eh racista que sente saudades da escravidão
Ajudem os pobres em geral e não somente os NEGROS POBRES,ja que voces são tão IGUALITARIOS ASSIM
Desigualdade não eh apenas OPRIMIR UM E O OUTRO NAO,desigualdade eh tambem FAVORECER,DAR PRIVILEGIOS para um e para o outro nao
Se estamos num pais onde todo mundo merece o mesmo tratamento de igualdade então NADA justifica o sistema de cotas
O Supremo so aprovou pq bem provavelmente iriam chover criticas e mimimis das comunidades negras afros,iriam chamar os caras no Supremo de racistas,escravocratas e senhores de Engenho,afinal de contas o negro hoje em dia esta sempre certo e não pode ser contrariado nunca MESMO que esteja criando uma PUTA DESIGUALDADE para vantagens exclusivas
Tem que resolver os problemas da nação de todos e não somente de um grupinho etnico especifico,aprendam "IGUALITARIOS"
Eu sei bem o que é isso, alisava o cabelo desde q me entendo por gente- com 6 anos fiz meu primeiro relaxamento- depois de um tempo só saía de casa se tivesse com o cabelo escovado e tinha vergonha dele sem chapinha. Cresci vendo as pessoas se lamentando pelo meu cabelo... De uns meses pra cá depois de entender de onde vem essa pressão pra alisar os cabelos, resolvi parar de fazer chapinha, cortei meu cabelo na metade pra tirar as partes mais alisadas... A parte mais negra da minha família é justamente a que me diz q eu fico bonita QUANDO "faço" o cabelo... Acho uma pena que eles se sintam inferiores, principalmente minha vó, mas tenho orgulho dos meu cabelos independete do que dizem e mesmo tento sofrido racismo só depois disso - minha pele é morena clara e meu traços são mestiços, então antes de deixar encrespar não via ngm me olhando estranho na rua como vejo hj em dia- me sinto linda e unica com meus cachos, mais feliz... Incrível como uma coisa boba como o cabelo influencie tanto na nossa auto-estima.
ResponderExcluirOutra coisa interessante que esse post me fez pensar
ResponderExcluirSe um negro sai na rua com a camisa escrita 100% negro,ou 100% afro,ou ainda orgulho negro,esta tudo certo,ele eh incentivado,ele sente orgulho de sua raça e faz muito bem,ok,isso esta certo
Mas se um descendente de alemão,polones ou austriaco,ou qualquer um que se considere "branco" saia na rua com uma camisa 100% branco ou orgulho branco,torna o cara AUTOMATICAMENTE um racista,um nazista,um branco sentir orgulho de sua cor parece errado para muita gente justamente por causa desse negocinho de "divida historica"
Os brancos foram(exatamente no PASSADO foram)escravocatas e colonizadores,ai então se o cara sente orgulho de ser branco ele eh racista,despreza o negro,mas o negro quando exalta a sua cor não esta fazendo o mesmo?????
Pq o negro pode sentir orgulho de sua cor e a exalta-la ao maximo e o branco não???Vira preconceito,racismo???
Coisas como eu essas eu gostaria de entender sabe
Aquela musica da Alcione,"voce eh um negão de tirar o chapeu"(não sei o nome dessa musica)as vezes acho que teria protestos dos movimentos negros se fosse a musica exaltando as caracteristicas de um branco
Pq essa eh a impressão que passa ,o negro pode exaltar sua cor e sua origem,sua cultura,pq foi escravo,o branco não,os brancos são DONOS do mundo,os brancos ferram com a vida dos negros todos os dias e gostam disso,TODOS os brancos ja tem tudo,uma exaltação do branco seria RACISMO nos dias de hoje
Não somos todos iguais,TRATAMENTO IGUAL para todos SEM OPRESSÃO PARA NINGUÉM SEM PRIVILEGIO PARA NINGUÉM
Pra vc ae que reclamou da camisa 100% Branco.
ResponderExcluirUma camisa "100% Branco" comprova um mau-gosto sem precedente, pois soh mostra quem estah no topo e celebra sua hegemonia. Eh tao escrota quanto uma camisa 100% Hetero.
Por outro lado, uma camisa "100% Negro" é a celebração de uma identidade subjugada que tenta consolidar a auto-afirmacao apesar de todas as desvantagens inerentes no sistema que DIZ SIM que o Branco eh melhor, Branco eh a cor certa, Branco eh a beleza ideal.
Vou dizer, por experiência propria: requer muita auto-estima, muita coragem, muita seguranca, pra assumir sim "sou negr@". O caminho socialmente "imposto" eh sempre o do branqueamento, ninguem neh negr@, eh moreninh@.
Eu sou negra e levei 28 anos para perceber todo o racismo velado e perverso no qual estava imersa. Ateh os 28 anos era eu "morena". Hoje, assumo minha negritude sim, negritude que estah estampada em minha cara, por mais que o ascencao social tenha me "embranquecido", tenha me "amorenado", como ainda insistem dizer algumas pessoas.
Lembro-me de um episodio no escritorio de advocacia onde trabalhei. Mostrei uma foto da minha carteirinha da Escola Tecnica onde estudei - jah havia passado 15 anos - e minha colega avogada branca, olhou para a foto e disse "que engracado, vc era mais 'escurinha', neh?"
Nao, eu nao mudei nada, meu rosto era apenas mais jovem, mas nada mudou em relacao a cor da pele que vejo todo os dias diante do espleho. Por outro lado, posso dizer que minha condicao de advogada me "branqueou".
P.S.: sobre as camisas 100 branco ou 100% negro, antes que alguem reclame, claro, vai vir alguem dizer "Mas os brancos se bronzeiam". Eh importante destacar aqui tambem uma forma de privilegio, pois que o branco PODE escurecer um pouquinho a pele, se assim quiser. MAS pode voltar a ser branco, pois essa eh sua condicao natural, a que lhe dah sim um privilegio social. Buscar um bronzeamento nao significar enegrecer. Bronzeamento eh sinônimo de praia e praia eh sinônimo de potencial econômico,uma vez que demonstra "olha soh, eu tenho acesso a casa na praia e tenho o luxo de desfrutar do tempo ocioso na praia". Vamos falar a verdade, neh? A propria palavra BRONZEAMENTO vem da palavra BRONZE, que nada mais eh que um metal valioso. Muita gente nem fala bronzeada, mas cor "dourada". E o que o ouro senao metal precioso?
Quero ver falar "ah, vou ali na praia me enegrecer um pouco!"
Lola do céu, passei o olho rapidamente pelos comentários e fiquei bem decepcionada.
ResponderExcluirNão diria que quem é contra cotas é automaticamente racista, mas diria que falta sensibilidade para estas entenderem mais a situação do negro, se colocar no lugar do outro, e mesmo no caso de negro contra cotas, tentar pensar em toda a história dos negros, de sua família, de etnia de séculos e seu lugar no Brasil para ver que isto não está justo, por isso as cotas.
Só acha que cotas é injusto, que é discriminatório quem parte do princípio que todos somos iguais neste Brasil.
Colegas, apesar de juridicamente iguais, ou seja em teoria, não temos as mesmas oportunidades, as mesmas trajetórias de vida, o mesmo status e lugar na sociedade não. Veja bem o lugar do negro na sociedade, o lugar dele reservado no mercado de trabalho. O lugar reservado para ele em toda a história do Brasil, vcs vem pessoas, branco e negro com iguais oportunidades de vida? Está escancarado que não são iguais para mim,, e não diria racista, mas acho muita falta de sensibilidade mínima quem acha que são iguais. Os brancos sempre foram beneficiados pelo Estado, pelo mercado, pelas ralações pessoais, nada mais justo reparar um pouco esta situação dos negros.
Ai, nem sei o que mais dizer Lola, comecei meu dia mal por ler alguns comentarios aqui.
Olha o estrago que a ideologia propagada por séculos e reproduzida pelos meios de comunicação não fazem nas mentes e corações de pessoas não? O buraco é muito mais embaixo mesmo.
Beijo e bom dia para todos.
Uma analogia sobre as cotas
ResponderExcluirImaginemos uma corrida de carros. Temos apenas dois tipos de carros: Ferraris modelo 2009 e Fuscas 1967. Todos carros em otimo estado de conservacao, tecnicamente falando. Colocamos todos os carros alinhados e damos a largada e dizemos “que venca o melhor”. Eh possivel falar em uma corrida “justa”, com carros cujas fabricacoes e estruturas sao tao distintas? Sim, tecnicamente falando sao todos carros, mas como colocar pra competir em peh de igualdade um carro designado para altas velocidades e um carro que, bem, eh um carro apenas? Nao seria mais interessante dividir os carros em duas catergorias: corrida de Ferraris e corrida de fuscas? Assim teremos os DOIS melhores carros de corrida: o melhor carro na categoria Fusca e o melhor carro na categoria Ferrari.
Ninguem vai dar o trofeu de graca somente porque os Fuscas estao na categoria Fusca. Eles terao que competir, seus pilotos terao que fazer o melhor uso dos carros, para dae termos o melhor carro.
Ou vem um piloto de Ferrari reclamar: "BARALHO! eu nao me classifiquei, mas meu tempo foi 10x melhor do que o primeiro colocado da Categoria Fusca".
O que diriamos para esse piloto? "sim, isso eh uma injustica, vc, com um carro melhor, teria levado o primeiro lugar da corrida de fusca sim" ou diriamos "Porra, cara, acorda! Vc estah correndo na categoria FERRARI! Uma cousa nao tem nada a ver com a outra"
Pensemos na modalidade 100m rasos e maratona. Os atletas que correm maratona normalmente nao tem condicoes de vencer uma corrida 100m rasos, uma vez que seus prepares sao distintos: a maratona premia a resistência, enquanto os 100m rasos premiam a explosao de velocidade.
Eh lutador Peso Pena lutando com Peso Pena, eh atleta dos 100m raso concorrendo com os atletas dos 100m rasos?
Ou o atleta do 100m raso vai reclamar pra comissao Olimpica "Nao eh justo! Fui o ultimo colocado nos 100m rasos, mas MEU TEMPO foi MELHOR do que o corredor dos 200m rasos, melhor do que o corredor de Maratona"
Vale lembrar tambem - sim, eh saudavel ressaltar certos cousas na vida pq, no geral, subestimo pra baralho a capacidade de certos seres humanos ao entendimentos... e e frusto-me ao constatar estar certa em subestimar (tem gente quem nem desenhando vai entender) - que a divisao em categorias da corrida de carros, exemplo, nao cuida de transformar um fusca 66 numa Ferrari 2009. Eh Fusca concorrendo com Fusca, Ferrari concorrendo com Ferrari. Da mesma forma que nao se cuida em transformar um atleta do 100m rasos em maratonista e vice-versa. Eh cada um no seu quadrado, de acordo com suas peculiaridades.
Eh natural perceber que o conceito de categorias eh tao comum no mundo que ninguem questiona a validade, ninguem ousaria dizer que sua aplicacao fere o principio da igualdade. Nos esportes, e.g., temos categorias divididas por genêro, idade, peso, exatamente para primar por uma competicao efetivamente justa entre os competidores, em condicoes semelhantes para concorrer.
E as cotas sao exatamente isso: possibilitar uma competicao justa entre pessoas com nivel de preparo semelhante. Dae sim podemos falar em merito. Agora, que tipo de merito existe quando uma Ferrari vence uma corrida na qual o oponente era um Fusca 66?
Sim, talvez vc se pergunte: tah, mas e as cotas para os pobres, para os estudantes de escolas publicas? As cotas para os POBRES!
O que nao foi muito anunciado eh que existe outra acao na pauta do STF que vai cuidar SIM de julgar inconstitucionalidade das cotas para alunos de escolas publicas, sob os mesmos argumentos usados contras as cotas raciais: ferir o principio da igualdade. Pra quem tiver duvidas, a acao eh o Recurso Extraordinario RExt 597.285 - link http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=2662983
(cont.)
ResponderExcluirMas, retomo a pergunta: que igualdade de condicao de competir existe entre um aluno da escola publica, que muitas vezes se fodeu a vida toda pra trabalhar e estudar, quando concorre a uma vaga numa vaga de universidade publica, com um aluno que sempre estudou em escola particular, que estudou idiomas, que nao teve que trabalhar, que tem pais que tambem estudaram, que tem livros em casa, que pode fazer intercâmbio?
Sim, as cotas para alunos de escolas publicas visam estabelecer uma concorr°encia justa entre os alunos vindos de escolas publicas, e dentre esses alunos, as cotas raciais visam ajudar sim @s alun@s negr@s pobres, porque, se a gente comparar a situacao de um branco pobre e de um negro pobre, a situacao do negro pobre serah sempre pior. E pior porque ele tem que enfrentar nao somente as dificuldades economicas, mas a sociedade racista que, com suas praticas racistas veladas e crueis condenam uma pessoa negra a um circulo vicioso de pobreza do qual muitas vezes eh difcil escapar. E o acesso a universidade publica eh sim um meio de fugir do circulo viciado da pobreza, concretizando sim oportunidades que podem mudar o destino nao soh d@ alun@ pobre negr@, mas de sua familia tambem.
A acao que mencionei foi interposta por estudante que não foi aprovado no vestibular para o curso de Administração da UFRGS, embora tivesse alcançado pontuação superior à de outros candidatos, admitidos pelo sistema de reserva de vagas para alunos egressos das escolas públicas.
ResponderExcluirEm resumo, @ estudante tah reclamando que perdeu a corrida de Ferrari, sob a alegacao de que tinha feito um tempo muito melhor do que o primeiro colocado da categoria Fusca!
Meldels, serah que deu pra perceber o absurdo que eh se sentir injusticado por conta das cotas, sejam elas raciais ou sociais?
Lola, só um comentário:
ResponderExcluirvocê disse que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão negra. Não é bem assim. A Mauritânia aboliu formalmente só em 1985, e até hoje é considerada, pela ONU, como o último refúgio da escravidão.
De resto, não digo que "concordo" com o guest post, porque não tem o que concordar. É a história da pessoa, que se repete pelo país inteiro.
Acho lindo como todo mundo adora repetir que: cota só se for social! Ehh.. que bom. Mas, tipo, não é exatamente isso? As cotas são sociais, com um pequeno, pequeníssimo, ingrediente racial.
Sério que alguém acha mesmo que há qualquer tipo de igualdade na disputa no vestibular, pra que se possa aferir a meritocracia? Sou super a favor da meritocracia. Mas ela só existe, e só pode ser usada pra avaliação, quando há pelo menos uma proximidade na base de saída!
Ah, pra quem tiver interesse, sou branca. Muito branca. De classe média/média-alta. Mas estudei em colégio público, embora seja um colégio público "de elite", o Colégio Militar. Estudei na universidade que escolhi, num curso de direito. Nada disso me impediu de ver que fui, sim, privilegiada a vida toda. O "ponto de partida" não foi o mesmo. Não é justo tentar, pelo menos, equalizar essa partida?
Não saberia de cabeça tantos artigos assim, mas recomendo a leitura o artigo mais recente que li sobre cotas. Para tentarmos nos informar mais o que este projeto tem como proposta. Para sairmos um pouco do circuito Veja, rede globo e companhia..
ResponderExcluirhttp://www.cartacapital.com.br/sociedade/reacoes-as-cotas-subestimam-o-racismo/
E para quem num comentário disse que queria textos de preferência imparciais, digo que isso não existe. Qualquer posição política e opinião estarão baseadas em uma determinada visão de mundo. Não há neutralidade. Quem é contra contas tem uma visão de mundo para achar isso, o oposto o mesmo.
E Lola, vc viu o artigo do Dimenstein ontem na Folha online?
Eu assustei até..rs : Olha o título “Rico já tem cota garantida”
(http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/1082910-rico-ja-tem-cota-garantida.shtml)
(desculpe não sei como faz para o endereço ficar curtinho que nem vcs colocam..)
Bijo Lola
Ah, mas vale dizer que o artigo do Dimesntein trata-se, no caso, de cotas para os pobres.
ResponderExcluirNão que o mesmo raciocínio não possa ser feito para outra segregação entre pobres: pobres brancos e pobres negros...
um texto sensivel e doloroso e perfeito
ResponderExcluirEu, o STF e o meu irmão
e o comentario mais perfeito:
"A cabeça dos racistas continuaria racista tendo ou nao cotas. As cotas vao apenas tornar o jogo mais igual pra quem sempre foi tratato de forma de desigual".
Existe um abismo de diferença entre uma pessoa com uma camiseta "100% negro" e outra "100% branco", Anônimo. E isso é muito sério, porque esse argumento é repetido demais por aí e não faz nenhum sentido. Uma pessoa ter orgulho de ser negra quer dizer que lhe disseram ou mostraram que ser o que ela é a fazia inferior, e a ter orgulho de ser o que é mostrar que ela não é inferior a ninguém. Isso não existe no caso do branco. Ninguém nunca foi oprimido ou inferiorizado por ser branco, muito pelo contrário. Ter orgulho de algo que sempre foi considerado "superior" é simplesmente medonho. Por que alguém teria orgulho de ser branco? Não é questão de ter vergonha ou se achar inferior só porque não pode declarar ter orgulho, como se gosta de taxar por aí. É o orgulho em si, orgulho de que? Lutou pelo que, superou o que, precisou aceitar o que? É o mesmo argumento com essa idiotice sobre orgulho hétero que vem surgindo por aí, entre muitos outros casos. Me perdõe, mas quem nunca foi oprimido por uma característica não tem que ter orgulho dela coisa nenhuma. Orgulho de ser negro implica uma afirmação de igualdade, orgulho de ser branco de superioridade. Não há discussão.
ResponderExcluirPra quem fica apontando os inconvenientes que as cotas geram pra classe média, repito: pra quem se esforçou perder a vaga é uma droga sim, mas não é o fim do mundo e nem das oportunidades. Sei do que estou falando, acabei de fazer vestibular, não achem que esqueci em três meses. Mas há coisas mais importantes e pessoas pra quem seria o fim sim. É óbvio que se precisa pressionar o governo por boa educação pública, mas todo undo sabe como isso demora e como não é suficiente sozinho.
vivi!
ResponderExcluirAqui explica bem certinho como colocar links:
Como colocar links :D
O link do texto do Dimenstein q vc linkou eh esse aki:
Os ricos ja tem vaga garantida
beijukkkkas
As cotas são a maior prova da desigualdade... Ingressar no ensino superior? Todos deveriam ingressar de acordo com o número de vagas que a universidade oferece para aquele curso, conforme sua classificação na prova... Sou branca, mas estudei em escola pública, cujo ensino era fraquíssimo preciso reconhecer, mas dediquei-me (sozinha, sem fazer cursinhos) e passei no primeiro vestibular que fiz e hoje estou me formando... Alguns colegas que estudaram em escolas de ensino ótimo passaram pelo mesmo sistema... Eu deveria ingressar por cota por ter estudado em escola precária ao contrário de outros vestibulandos? Não... Então porque as pessoas negras precisam?
ResponderExcluirPrecisamos de um país onde possamos falar em etnias e não raças!
ResponderExcluirAnonimo de 12:15
ResponderExcluirQual o problema em falar de raca?
Se estah com vontade de negar a raca, recomendo essa leitura aqui:
A invisibilidade do racismo
"Numa sociedade racialmente estruturada e profundamente desigual, as únicas pessoas que são psicologicamente capazes de negar a centralidade do racismo são justamente aquelas que pertencem à raça privilegiada: a raça, para eles, torna-se invisível porque o mundo é estruturado em função deles; eles são a norma em oposição a qual são medidas as pessoas de outras raças ("esses outros tem raça, não eu!"). Assim como o peixe não vê a água, os membros da raça dominante não vêem o racismo. (...)
Em uma sociedade racista e desigual como o Brasil, afirmar não ver raça, não ligar pra raça, que raças não existem, que isso não tem importância, "que besteira você se importar com isso", etc, significa na prática tomar partido racialmente ao se aliar com a hegemonia invisível que *precisa* desse tipo de negação para sobreviver e prosperar.
Não existe neutralidade possível: negar raça já é uma afirmação política que te coloca em um dos lados bem definidos de uma briga antiga. Negar raça já é intrinsecamente racista."
Obrigadissima JAC ;)..vixee, será que consigo colocar os links?
ResponderExcluirSegue outro texto (para ver se consigo fazer o link que a JAC me ensinou ;)
Forçar as portas do futuro: Políticas de cotas raciais como elemento constitutivo para um Brasil de todos/as
É um texto um pouco longo, mas muito explicativo, para quem quiser debater,vale a pena entender um pouco mais a nossa história não tão oficial e não apenas do ponto de vista dos vencedores....
OLha um trecho...
“Ao divulgarem que promover um processo reparatório com um século de atraso é simplesmente penalizar as gerações atuais pelos erros das anteriores é ignorar que as gerações atuais ainda se beneficiam desse histórico de opressão. A luta e os esforços empreendidos por políticas reparatórias visam problematizar e dar respostas a um preocupante nível de desigualdade enraizado em nosso país fruto deste criminoso processo histórico.”
Se não sair o link como a JAC me ensinou (sou péssima nessas coisas), segue o endereço mesmo..rs
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5573
Pessoal, antes de falar qq coisa, vamos nos informar melhor. Porque não se trata de falar merda por merda, trata da vida de pessoas e suas histórias de séculos de que estamos falando. Poxa, dizer que é discriminatório as cotas é tão discriminatório gente...a vida do negro é uma vida sendo discriminada 365 dias por ano há séculos...
Abraços!!!
Vivi!
ResponderExcluirdeu certinho o link q vc colocou!
Alias, obrigadissima tb! vou ler com carinho pq informacao nunca eh demais e minha mae sempre diz "o saber nao ocupa espaco"
bjs
"Poxa, dizer que é discriminatório as cotas é tão discriminatório gente...a vida do negro é uma vida sendo discriminada 365 dias por ano há séculos...
ResponderExcluirAbraços!!!"
E assim continuará, porque as cotas vão favorecer meia dúzia de gatos pingados. A injustiça secular contra os afro descendentes não será arranhada.
A supremacia branca será até estimulada com as cotas pra negros e pobres, vez que estudantes da escola particular vão se superar para ganhar a vaga na universidade pública tanto pelo esforço da própria escola, principal/ as focadas no vestibular quanto o próprio aluno. A briga vai ser boa e já sabemos quem vai ganhar a médio e longo prazo.
ResponderExcluirO único caminho seria o Estado entrar firme com cotas PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E COLEGIAL PÚBLICO DE ALTÍSSIMA QUALIDADE, tal como acontece em alguns casos pontuais, como o Colégio Militar, como alguém já mencionou, ou bolsas em colégio particular desde a 1ª série. Mas isso ele não vai fazer porque a massa desassistida é imensa. O STF, eu e você sabemos disso, né?
Tava olhando as fotos do Colégio Pedro II onde estudei, e nossa, as turmas são muito brancas. Pouquíssimos negros e pardos.
ResponderExcluirNota: pra quem não sabe, o CPII é um colégio público de boa qualidade, para o qual se entra por concurso (com exceção do primário, que é por sorteio).
O termo raça só fortalece o preconceito, principalmente por seu passado, já que era utilizado pra justificar o discurso de eugenia e superioridade branca. Como outro anonimo ja comentou, existem etnias, nao raças. Isso nao quer dizer que o racismo nao exista, mas ele está ligado a características físicas (que, sim, prevalecem em populações afro-descendentes) e estão atreladas a condicoes socio-economicas. Há sim uma identidade negra, e é muito legal que quem se identifica como tal a exalte, mas discutir a existência de raças é muito mais danoso que bom pra a causa.
ResponderExcluirCotas no ensino fundamental. LINDO. Melhorar as escolas públicas ninguém quer, né?
ResponderExcluirDepois ficam de nhé-nhé-nhé quando mandam importar espanhóis pra trabalhar aqui _I_
'Há uma dívida histórica com os negros, qualquer criança de quarta série sabe.'
ResponderExcluirNem todo negro foi escravo,na áfrica era os próprios negros que caçavam e escravizavam os outros, aqui o grande Zumbi também tinha escravos no seu quilombo, todos negros.Então quem tem dívida com quem cara pálida?
História muito mal contada, como tudo que a companheirada inventa
"A cabeça dos racistas continuaria racista tendo ou nao cotas. As cotas vao apenas tornar o jogo mais igual pra quem sempre foi tratato de forma de desigual".
ResponderExcluirÉ justamente o contrário, gente que nunca ligou pra essa conversa de raça agora está sendo rotulada de 'branco', 'negro' pelos 'tribunais raciais' das universidades, feitos pelos maravilhosos burocratas brazucas, capazes de separar todo brasileiro mestiço em branco ou negro.
Como o caso daqueles dois irmãos GÊMEOS, um foi declarado negro e o outro branco.
"Como o caso daqueles dois irmãos GÊMEOS, um foi declarado negro e o outro branco." 16:55
ResponderExcluirA tragédia é que até mesmo quem devereria saber sobre o assunto pra poder esclarecer à nação tb é ignorante no assunto e "a calamidade da tragédia" é que gente assim está com o poder de decisão!
Dilma não se manifesta? Ela tb é negra... parte negra... o visual atual que ela apresenta foi trabalhado por cirurgia plástica; mas aos 20 anos, qdo presa pelo DOPS, a negritude dela ficou estampada em fotos não photoshopadas... talvez seja/fosse duro demais para ela encarar sua própria negritude, pois já lida com os ataques taxando-a de homossexual... absolutamente ridículo e lamentável a situação a que se vê o povo (no assunto em pauta).
Nossa, LisAnaHD, o que vc está falando?! Jura que vcs querem basear toda a opinião de vcs sobre as cotas raciais (um projeto que não afeta em nada a vida dos brancos privilegiados, mas que pode mudar e e está mudando a vida de alguns negros) baseando-se na capa da VEJA? E o que é isso que a Dilma é negra?! E que por isso ela teria que se manifestar? Vcs querem que a presidenta faça parte de uma comissão para determinar quem é negro e, portanto, pode entrar na questão das cotas raciais?
ResponderExcluirDesculpe, gente, mas depois vcs contrários às cotas querem ser levados a sério!... Nunca ouvi UM SÓ ARGUMENTO razoável vindo de vcs. Não é à toa que o STF considerou as cotas constitucionais por 10 votos a zero.
Post legal!
ResponderExcluirSou filho de um pai negro (filho de branca com negro) e mãe branca. Eu nasci uma coisa entre os dois. Cabelo ondulado; lábios médios; nariz médio; pele oliva. Sempre me senti o híbrido. Minha família se perguntava se meus pais não tinham adotado um palestino.
Mas sempre achei engraçado como as pessoas não entendiam como eu poderia ser filho do meu pai ou como eu poderia ser filho da minha mãe. Há oito anos, na puberdade, eu ficava irritado, era até grosseiro. Agora só respondo um "Engraçado, não?" com um sorriso falso...
Sempre leio seu canal, mas nunca posto, mas hoje nao resisti e resolvi publicar a minha historia, vou resumir ...
ResponderExcluirSou negra( com muito orgulho), casei com norueguês e meu filho nasceu, branquinho dos olhos azuis... Eu sei que o preconceito existe mas nao tinha o tinha vivido explicitamente ateh que o meu filho nasceu, digo fortemente, porque, quando fui passar a lua de mel em Salvador, um segurança dos melhores hotéis da barra barrou a mim e a meu esposo na época, acreditando que eu era uma prostituta, pois negra muito bem arrumada com um norueguês, poderia ser oquê? Aff.
Pois bem, voltando ao meu filho.. (Eu sou paulistana, na época vivia na Bahia ( hoje vivo na Noruega)).
Enquanto eu vivi no Brasil eu não tive paz, me sentia uma sequestradora de um bebê galego, ninguém absolutamente ninguém acreditava que eu era mãe dele… Tinha problemas em aeroportos, nas lojas de shoppings, supermercados ate a pediatra ficou surpresa…Muitas vezes parei para pensar, como isso era possível em um estado onde mais que metade da população eh negra? Onde eu deveria me sentir em casa, sentia-me desconfortável… Ate que resolvi viver na Noruega, mas antes, fiquei alguns meses em São Paulo e aproveitei para fazer o passaporte do meu filho. E o que eu nunca imaginei que aconteceria, ocorreu, sofri preconceito na própria delegacia federal de São Paulo… Um funcionário não acreditou em uma procuração que eu tinha para tirar o passaporte do meu filho assinado por mim e pelo pai dele (documento exigido, quando não estão ambos os pais) que tinha ido na frente para Noruega afim de ajeitar a nossa mudança… O 2chefão”, olhava para meu filho, para mim, para mim e o meu filho, para minha identidade, para meu passaporte, para a certidão e documentos do meu filho e mesmo eu dizendo que era mãe dele me questionava por diversas vezes “ A senhora eh mãe dessa criança? Esse documento esta muito estranho, sente-se e aguarde investigações”… Me senti, humilhada, pequena… Cheguei a chorar e uma senhora, também negra com uma filha branca como eu ( pai alemão). ficou indignada… Eu postei a situacao mais detalhada no meu blog. link abaixo, para quem estiver interessado em ler, abaixo link : http://www.meufilhominhavida.com/2011/04/passaporte-valioso.html
Lola, se nao estiver dentro da norma do seu blog, postar link, fique a disposicao para excluir o comentario, ok?
Eu sou contra cotas raciais por várias razões.
ResponderExcluirQue existe racismo não tenho dúvidas, mas como exatamente ele influencia na falta de oportunidades na educação eu não entendo, ou melhor, não vejo. Os exemplos que deram aqui são revoltantes, mas eu não vejo o que eles podem ter a ver com disparidade em oportunidades na escola.
O máximo que me vem à cabeça é a pobreza que tem cor, e por isso mesmo cotas sociais já resolveriam, enquanto as escolas públicas continuarem sendo a mesma merda que são.
Mas se a questão é a "dívida", ela não existe somente com negros e índios. É com deficientes, homossexuais, travestis, e eu diria até com mulheres, nos não raros casos em que são criadas para serem felizes donas de casa, enquanto os meninos são educados para serem "alguém na vida". E a única pessoa que já vi até hoje defendendo cota para os homossexuais, e apenas para eles, foi o Luiz Mott.
Lívia, tente ler um pouco mais os argumentos pró-cotas. Só neste post tem vários artigos indicados. Por favor gnte, só das frases repetidas dá para ver que vcs não leram nada sobre o assunto, pois se estivessem lido, pelo menos, ainda que fossem contra, não repetiriam mais as mesmas ideias (que o argumento pró-cota dá conta de responder) e tentaria então ser contra respondendo o argumento rebatendo pelo menos o argumento de quem é a favor. A internet serve p isso tb, vamos tentarmos ler mais opiniões, diferentes da veja-globo-escola etc.. Para sair da opinião recorrente ("tem que melhorar todo ensino, cotas sociais já resolveria etc)!!
ResponderExcluirE outra, a justiça obviamente não dá conta de tudo ser perfeito. Então aquela capa da Veja é ridícula, tendenciosa, sem argumento, esquecendo todo o que tem de beneficio nas cotas para apontar “um problema” (falso) para invalidar o todo.
E por favor né, eu sou feminista a favor da diversidade. Mas comparar escravatura com discriminação de gays, mulheres é demais né. Um pouco mais de história minha gente!!!
Não concordo com o texto de José Roberto Ferreira Militão. Ele está simplesmente interpretando o princípio da igualdade ao pé da letra. Porém, há muito que se persegue, juridicamente, a chamada igualdade real, que somente é conseguida quando se tratam desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades (frase de Rui Barbosa, que morreu em 1923. Isso está longe de ser coisa nova, portanto, até porque Rui Barbosa não foi seu precursor. Essa visão do princípio da igualdade vem de antes dele). A própria Constituição aplica essa forma de enxergar o princípio da igualdade quando determina que haja cotas para deficientes físicos nos concursos públicos. Quando prevê que a mulher pode se aposentar alguns anos mais cedo que os homens, como forma de compensar a dupla jornada de trabalho da mulher. Quando prevê a licença-maternidade. Quando determinada que aos idosos e às crianças o Estado dê um tratamento diferenciado e privilegiado. E esses são apenas alguns dos exemplos que podem ser citados. Outra coisa é que a própria constituição diz que um de seus objetivos é promover a igualdade. É inegável a desigualdade de oportunidades a brancos e a negros. À luz da Constituição, realmente não há nenhum obstáculo às cotas. A decisão do Supremo está pra lá de correta.
ResponderExcluirAcho que uma grande dúvida paira sobre essa discussão: Afinal, as cotas são SOCIAIS ou RACIAIS?!?!?
ResponderExcluirAcho que ninguém aqui seria contra as cotas sociais, mas grande parte é contra cotas raciais.
A princípio, sou contra essa questão de cotas raciais. Vms voltar ao século XIX para falar de raça? Ok... raça pode não existir, mas sim cor de pele.
Agora, se estamos falando de cor de pele... PESSOALMENTE, a discussão fica muito embaralhada para mim. Sou ‘clarinha’, minha mãe é filha de descendentes italianos e meu pai é o típico ‘brasileiro’.
No primeiro vestibular que eu fiz, tive que optar por uma raça. Achei isso ridículo, o fim da picada, um cúmulo, pois eu não consegui me enquadrar em nenhuma categoria da lista... evidentemente não era amarela, também não era socialmente negra, nunca seria oriental, branco? É... meu tio disse q eu era branca, mas eu nunca me SENTI assim (minha mãe pode se declarar branca, mas eu sou mestiça), a única opção seria pardo, mas o que raios é esse pardo?! A única coisa que vem na minha cabeça é aquele papel pardo que se usava para encapar os livros no início do ano letivo, lá em 1900 e lá vai bolinha...
So sorry para quem acredita no pardo como politicamente correto. Eu prefiro ser morena clara. Mais, amo morenos (meu gato é mais moreno que eu), acho uma cor linda! Acredito que moreno seja cor, pardo... pardo não, né, minha gente! Só se for cor de papel!
Essa história do politicamente correto pode nos levar a uma higienização e empobrecimento não só lingüístico. Vide essa ótima matéria da Eliane Brum à Época: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/03/senhor-procurador-leia-o-verbete-dicionario.html
Voltando sobre as cotas. Na faculdade eu fazia parte de um grupo que em sua maioria era negra e sempre me senti meio “a branca do grupo”, sendo que haviam outros, mas eram mais antigos no grupo. Não entendia direito porquê eles eram tão belicosos na questão de raça (tenho vários amigos e amigas – não só de faculdade – que se enquadram como negros, mas nenhum tinha a postura que esse grupo tinha), até que um dia, discutindo sobre a implementação de cotas na faculdade em que estudávamos, e eu falando sobre a mestiçagem (Gilberto Freyre na cabeça na época), que eu era mestiça e tal, aí um virou e falou algo assim “É, só que sua mestiçagem não te faz chegar bem ali e ser vista com mal olhos, sofrer preconceito, se preterida por algum cuja mestiçagem faz dele mais ‘branquinho’.” Diante disso, me calei. Que argumentos eu poderia usar, sendo eu socialmente branca e nunca tendo sofrido preconceito como eles? Como na ser a favor de cotas?
~ lala
Algumas considerações sobre cotas.
ResponderExcluirPrimeiramente, diferente do que foi dito aqui, algumas Universidades adotam sim o critério racial como mecanismo de seleção. A Universidade que eu trabalho faz isso. Se você é estudante de escola pública você tem peso 20 e caso se declare negro ou índio tem peso 10. Para que isso aconteça basta que você se declare interessado em participar das políticas afirmativas. É claro que isso traz problemas para a Universidade. Uma professora de sociologia publicou um estudo que mostra que a taxa de reprovação e abandono de curso é maior entre cotistas se comparado aos alunos regulares. Surpresa? Para mim, nenhuma. Caso algum aluno chegue para as minhas aulas sem a devido conhecimento em matemática ele será reprovado. Como na maioria dos casos os alunos cotistas vem de escolas públicas muito ruins eles simplesmente não dão conta de acompanhar o ritmo de estudo (principalmente nas Ciências Exata), porque não tiveram base de aprendizado boa no ensino fundamental e médio. Isso independe da cor do indivíduo. Proporcionalmente quem tem hoje o melhor desempenho nas Universidades brasileiras é quem se declara asiático. Qual a solução? Escola pública de qualidade. Qualquer coisa diferente disso é enxugar gelo. Digo mais a fossa social neste país continuará aumentando. Segundo o Jornal da Ciência nos últimos 10 anos 4 milhões de alunos saíram das escolas públicas e foram para as escolas particulares durante o ensino fundamental.
Vejo como temerária qualquer classificação racialista. Falo isso com alguma propriedade e com profundo conhecimento de causa porque sou judeu. Convém ressaltar que todas as vezes em que se tentou utilizar o critério racial para qualquer finalidade, surgiram sérias dificuldades oriundas do fato de não existir um critério de classificação racial, simplesmente porque, biologicamente, não existem raças humanas. No III Reich a questão foi resolvida de modo prático e expedito com o programa 'Pergunte à Gestapo'. Minha bisavó ficou presa e escravizada em Bikernau e trazia tatuado em seu braço um número, simplesmente porque a Gestapo decidiu que ela pertencia a uma raça inferior, os judeus. Esse é o problema filosófico de um tribunal racial. Não precisamos repetir os Tribunais da Inquisição e os Tribunais Nazistas. Vamos nos esforçar para cometermos somente erros novos.
Outro problema é de origem prática. Nossa constituição veda qualquer classificação racialista por parte de um agente externo. Principalmente o estado. Ou seja, eu posso me declarar judeu, mas o estado não tem o direito de me classificar como judeu se esse não for o meu desejo e minha condição de judeu não pode me privar de nenhum direito como também não pode me garantir nenhum privilégio. É assim que tem que ser no mundo civilizado. Nos regimes Neandertais (Desculpa Neandertais. Posso ter ofendido vocês) as coisas podem ser diferente. Por exemplo, se você viver no Irã e não for muçulmano (Quem decide se você é muçulmano é o Aiatolah)você paga o dobro de imposto e perde o direito a herança, por exemplo. Mas isso é exclusividade de quem vive numa sociedade com a mentalidade da era da pedra lascada.
Mas as cotas ajudam a resolver alguns dos nosso problemas? Em meu ponto de vista, não. As cotas cria um problema novo que é a necessidade de classificação racial e não resolve o problema antigo, que é o da desigualdade social (Ou racial como defende os racialistas). Cotas não funcionam com a lei atual. Vejam porque. Suponha que eu me declare negro, a lei atual permite isso, e seja admitido no sistema de cotas em algum vestibular. Quem terá peito de vetar a minha entrada? A justiça? A Universidade? Duvido. Para que isso aconteça teríamos que dar ao estado o direito de nos classificar como raça e precisaríamos de uma legislação que regulamentasse isso. As leis racialistas nazistas e Inquisitoriais são um bom modelo. Conheço elas muito bem pois ambas tinham como objetivo a tentativa de classificar os judeus como uma sub raça. Acho que com algumas adaptações dá para reintroduzi-las nessas terras de palmeiras e sabiás. Digo reintroduzi-las porque no passado essas leis já vigoraram por aqui. E produziu alguns efeitos.
ResponderExcluirhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Jos%C3%A9_da_Silva
Um conjunto de leis racialistas por aqui seria o nosso retorno a um tipo de mentalidade que vigorou no ocidente no sec. XVI. Quem pensar diferente pode apresentar os contra-argumentos.
Voltando a fala da Camila Fernandes, em que ela diz:
ResponderExcluir“Sobre a questão das cotas, eu sempre achei uma medida meio "tampar o Sol com a peneira". É uma ação afirmativa, que busca remediar a situação ao invés de combater o problema real do racismo e da desigualdade no país. Sobre a questão das cotas, eu sempre achei uma medida meio "tampar o Sol com a peneira". É uma ação afirmativa, que busca remediar a situação ao invés de combater o problema real do racismo e da desigualdade no país.”
Concordo plenamente com as palavras acima.
Até hoje, nas discussões sobre educação no Brasil, nunca ouvi uma crítica ao fato de que a educação básica ser dada (principalmente) por PEDAGOGOS. Vide um exemplo de edital: “Para se candidatar a uma das vagas Professor de Educação Básica, os interessados devem ter formação superior, com licenciatura plena em Pedagogia ou Normal Superior”.
Gente!!!! Nada contra os pedagogos, mas desde quando vc entra na Faculdade de Pedagogia para aprende História, Matemática, Biologia... que são as matérias que se tem na escola. (Ok... pesquisei um pouco e os currículos de pedagogia e eles em geral reservam UMA cadeira para algumas matérias, e nem todos dão conteúdo e/ou fundamentos, só metodologia mesmo...)
Se a base é fundamental para se ter êxito no futuro, se o conhecimento é ensinado nas escolas de forma gradativa, aumentando a complexidade dos problemas (vc precisa saber as 4 operações básicas para aprender as demais e só depois fazer uma operação integral). Pq não colocar gente qualificada de cara?
Pq investir em PQDs (programas que ‘qualificam’ professores que não possuem graduação, mas que já estão em sala de aula a muito tempo) e não em uma boa formação?!
Tive algumas professoras que foram normalistas – e lembro até hj de uma que era ótima. A melhor professora da História que eu tive (e que era formada em História), no ano seguinte me deu aulas de Matemática (e foi uma ótima professora nessa disciplina tb). Mas como ter exemplos disso hj em dia com a degeneração do sistema de ensino?! Como repetir esses feitos quando se têm alunos com ‘progressão automática’ (ou seja, que nunca são reprovados)? Com a privatização do ensino (e como alguns, eu acredito que essas reforminhas nas universidades federais estão dentro de um plano maior de privatiação), se pode ter qualidade se o que se observa nesse mercado é a busca predatória do lucro não importando as conseqüências?! E mesmo que se diga que o ‘mercado’ irá selecionar as melhores e quem não tiver o mínimo de padrão irá falir, teremos que esperar quanto tempo para haver o equilíbrio dessa conta?
Quem vai sofre por tudo isso no futuro somos todos, cotistas e não cotistas!
~lala
Eu tenho uma sensação de que alguns negros,não só aqui no Brasil,tem preconceito,ou complexo de inferioridade com a própria raça. Tanto que nem assumem o seu real biótipo,alisando os cabelos,tingindo-os de loiro ou ruivo,fazendo plásticas para ficar com ´´nariz de branco``,e alguns até fazem clareamento da pele. Quanto as cotas para negros nas universidades,eu não concordo com isso,acho uma ofensa a raça! É achar que todo negro é burro! Eu sou a favor de cotas para pessoas necessitadas financeiramente,que vieram de escolas públicas e não tem condições para pagar um cursinho Pré Vestibular,independente da raça,cor,etnia,etc
ResponderExcluirSobre o uso do "inh@", no Brasil, pode ser usado como diminutivo ou como forma carinhosa (lembra do "poetinha"?).
ResponderExcluir"LisAnaHD disse(...)
Já li redação de outras pessoas que abordam o assunto similar ao do Guest Post, mulher filha de casal interracial dizendo-se "branquinha" ou "super branquinha" e isso chama-me a atenção a cada vez que leio o "branquinha, super branquinha", pois as pessoas brancas, naturalmente brancas, de origem branca sem mistura, não se dizem "branquinhas" e nem "super branquinhas"... parece-me que a pessoa que assim se autodescreve, mesmo condenando o preconceito alheio, tb traz consigo o preconceito e então carrega no adjetivo para se autodescrever."
Acho que ser "branquinha" ou "clarinha", não quer dizer ser branca, mas ser um pouco branca, mais puxado pro branco. Apesar de estarmos falando maciçamente de brancos, negros e pardos, há aqueles que não se identificam assim... que se acham "inhos", mais puxadinhos pra uma coisa ou outra, não sendo uma coisa ou outra (e daqueles, que como eu, não usam a categoria pardo). Em ALGUNS casos, pode ser um forte indício de racismo velado, em outros simplesmente não! ^^~
~lala
Acho q criar cotas raciais é dizer q certas raças precisam de empurrãozinho pra entrar em universidade. O q não é verdade. Sou contra essa política de tapar sol com a peneira. Sou a favor de isonomia. Somos todos iguais, negros, brancos, mestiços, índios. Só precisamos é de oportunidades iguais, como manda a constituição, direito a ensino básico gratuito de qualidade. Se ao invés de cotas, tivéssemos escolas boas, as faculdades já estariam cheias de negros, indios, mamelucos, caboclos e etc...
ResponderExcluirCotas raciais não passa de demagogia. Coisa q os brancos privilegiados criaram pra dizer q fizeram algo pelos causa negra.
Sem cota racial Michelle Obama e o irmão não teria estudado o que e onde estudaram. Obama entrou na Harvard por cota... todos fizeram jus à oportunidade. Um dos maiores neurocirugiões americanos, dr. Ben Carson, entrou pra faculdade por cota... não devemos ser radicais.
ResponderExcluirSerá q Obama precisou mesmo de cota pra entrar em Harvard? Sei não... Ele estudou em uma escola de excelencia desde a sua alfabetização ate o segundo grau. A escola Punahou, em honolulu, recebe incentivo inclusive da poderosa Apple, aquela do ipad, do iphone. Bem diferente da realidade dos mestiços e negros pobres do nosso Brasil. Aqui não temos professores e nem giz ou quadro negro. Não dá pra comparar nem usar Obama como exemplo. O cara da escola pública aqui, branco ou negro, chega na faculdade mal sabendo somar. E não por culpa dele, mas da escola q não tem recursos. Ou seja, o problema do Brasil é ensino de base e não simplesmente cotas.
ResponderExcluirMeu irmão é afro-descendente(assim como eu),sempre estudou em escola pública e conseguiu entrar na USP,sem precisar de auxílio de cotas raciais. O único recurso a que ele recorreu foi de um cursinho particular para Pré- Vestibular,pago com o dinheiro suado do trabalho dele. Por isso que eu acho essa idéia de cotas raciais é um tanto descriminatória.Pra mim dá a entender que todos os negros são menos dotados de inteligência do que os brancos. Sou a favor de cotas para pessoas de baixa renda(independentemente ser for branco,preto,azul,verde),que estudaram em escolas públicas e não tem condições de pagar um cursinho Pré-vestibular. A maioria das pessoas que eu conheço que estuda ou se formou pela USP,vieram dos melhores e mais caros colégios particulares aqui da minha cidade.
ResponderExcluirjá fiz um comentario. vou repeti-lo.gostei muito do que li, estou procurndo uma ajuda, para saber se minhaesposa é lésbica. somos casados á 48 anos, venho em todos esses anos, prestando atenção no comportamento dela. ela não sente muita atrção por homem, as nossas relações sexuai form sempre frias, certa vez, ela me pediu para eu usar batom para fazermos sexo, e, foi uma loucura da parte dela, acho que ela via em mim como se eu fosse uma mulher. depois disso pediu varia vezes para que eu usasse batom. eu a obedeci só para ver ela feliz. por isso estou pedindo uma ajuda. ela gosta de ter amizade com gay, e, acha muitas vezes mulheres bonitas. somos de presidente prudente sp. caso alguem conheça alguem da minha cidade que possa me ajudar.
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