NOTAS DE SC: BLOGUEIRO MORTO E TURISMO SEXUAL

Se me permitem, quero dar duas notinhas sobre Santa Catarina (estado onde morei durante quinze anos e que eu amo, apesar d'ele ser extremamente conservador). A primeira quem me informou foi a Bete, uma catarinense num congresso em Brasília. Ela escreveu sobre isso no seu blog: estava numa conferência quando sentiu-se constrangida com a bolsa distribuída no stand de SC. A bolsa mostra uma mulher de perfil, ou melhor, só um pedaço da mulher vestindo canga, só bunda, coxas e joelhos. A bolsa não tem alça –- o lugar pra segurá-la é embaixo da cintura. O slogan? “Descubra Santa Catarina”. Pode isso? Por favor, alguém avise a Santur que já tem no mínimo dez anos que o resto do Brasil decidiu parar de incentivar o turismo sexual.

A outra nota é sobre Amilton Alexandre, mais conhecido como Mosquito. Na terça, dia 13/12, o famoso blogueiro catarinense, autor do Tijoladas, foi encontrado morto em seu apartamento em Palhoça, grande Florianópolis. Seu último post, datado do dia 9, era um tanto amargo, mas poucos que conheciam a figura pensavam que ele poderia se enforcar. No post, ele se pergunta o que havia conseguido com o blog. Bom, em primeiro lugar, muita briga e vários processos na justiça. Corajoso, Mosquito desafiou um monte de gente poderosa de SC. Eu só ouvi falar nele na ocasião do estupro de uma menor de idade em Floripa. Os acusados eram também menores, um filho de um dos donos da RBS (grupo que monopoliza as comunicações no sul do Brasil); o outro, filho de delegado. Mosquito comprou esta briga, dando enorme destaque ao caso no seu blog. Mas, infelizmente, o fez sem preocupação com a lei, que determina que menores suspeitos de crime tenham sua identidade preservada (daí as antigas vendas nos olhos e as iniciais, quando se fala neles). Pior: Mosquito publicou não só várias fotos e o nome completo do filho do Sirotsky, mas também nome e fotos da vítima!
Pouco tempo depois, vi Mosquito in loco em SP, no Primeiro Encontro de Blogueiros Progressistas. O blogueiro, longe de ser um progressista, não conseguiu angariar a simpatia que queria de seus colegas. Depois desse encontro em agosto de 2010, nunca mais ouvi falar dele, até sua morte na terça. Eu e muita gente duvidamos um pouco da hipótese de suicídio. Mosquito era turrão demais pra se matar. Agora vamos aguardar as investigações (tem que ter, o caso é suspeito!). Mas claro que uma morte dessas faz qualquer blogueir@ tremer nas bases. Já vou avisando, pegando emprestadas as palavras da Maria Frô: