Tive o prazer de conhecer a ótima blogueira Carolina Pombo num evento sobre Criança e Consumo. Ela escreve muito sobre maternidade, mas tem sofrido com o estado da saúde no Brasil. Segundo o que ela me disse num email, "Depois de me formar no mestrado e adentrar no mercado de trabalho, numa instituição pública, a realidade tem me parecido muito mais difícil do que a Academia costuma considerar. Por isso, escrevi o texto abaixo, mesmo temendo pelo meu emprego (já que sou contratada e não estatutária)... Mas, gostaria muito de vê-lo em seu blog, onde um número grande de pessoas poderá ler e debater". Bom, Carol, ei-lo! Torço para que você não perca o emprego!
Mais uma vez, passei por uma situação bem desgastante ao tentar ser atendida num laboratório particular na zona sul do Rio de Janeiro. Sim, eu quero falar de saúde pública, e começo deixando bem clara a minha posição na cadeia predatória desse sistema: eu sou mulher, de classe média, sou formada em psicologia e trabalho há poucos meses numa instituição pública de saúde –- considerada referência para vários outros hospitais da minha cidade. Moro no Rio de Janeiro, onde fiz o mestrado em Saúde Pública. A situação que eu comecei a relatar não é novidade: cheguei às 9 horas da manhã, num laboratório enorme no Leblon, com 12 horas de jejum, para fazer um exame de glicose, com as pernas estranhamente doloridas e me sentindo muito enjoada. Era a minha tentativa de confirmar o resultado levemente alterado do último exame. Depois de uma hora e meia aguardando para ser atendida, e vendo que, paralelamente, se formava outra “porta de entrada” –- de pessoas “indicadas”, que conheciam fulano ou beltrano, que simulavam uma queda de pressão, enfim, que não aguentavam mais esperar em pé de igualdade aos outros mais de quarenta pacientes que se acumulavam na sala de espera --, resolvi consultar uma auxiliar de enfermagem sobre o tempo de jejum máximo que é considerado para se fazer um exame de glicose. (Eu já desconfiava que eram 12 horas, mas como ninguém até aquele momento me consultara sobre o tempo que eu estava sem comer, e como a toda hora vejo mudarem esses parâmetros de diagnóstico da diabetes, fiquei na minha, esperando).
Por ter se passado o tempo máximo de jejum não fui atendida, e fui embora faminta, frustrada, com raiva, depois de fazer uma reclamação sobre a “fila paralela” que se formara e que certamente atrasara o meu exame e o de tantos outros. Saí, pensando nas manchetes das revistas Época, Carta Capital e IstoÉ daquele fim de semana, que criticavam e até ridicularizavam os movimentos pela internet afora para que o presidente Lula fizesse seu tratamento contra o câncer pelo SUS. Já há algum tempo tenho percebido que nós, usuários do sistema suplementar de saúde, mesmo sendo também maioria da força de trabalho no SUS, conhecemos muito pouco o estado da Saúde no Brasil. Isso porque nos acostumamos a tratar a saúde como mercadoria.
Assim como nos EUA, o mercado da saúde em nosso país já é enorme e crescente. Lá, ele fica em primeiro ou segundo lugar, em termos de participação na economia nacional. Mas, isso não é segredo, faz parte do projeto político-social adotado pelo Estado e apoiado pela maioria da população. Os americanos gostam de “merecer” as coisas, não gostam de política social “de graça”. Mas, aqui, no Brasil, o que acontece é o crescimento de um mercado “camuflado”, mal e porcamente regulado, às custas do dinheiro e das instituições públicas. Sabe aquele cardiologista bambambam que você se gaba de ter como “médico de família” pelo seu plano de saúde? É o coordenador do serviço de cardiologia do hospital público XYZ de São Paulo (formado na USP e ex-residente de um serviço público). Ah, mas ele consegue dar conta dos pacientes do plano, do particular e do hospital? Isso não é, necessariamente, um problema, desde que ele mande os laudos por email, e dê um jeitinho de aparecer no hospital pelo menos uma vez por semana para assinar o ponto -– e olhe lá!
Aqui, pacientes, médicos, gestores, jogam nos dois times, usam os dois sistemas, quando lhes convém -– com exceção daqueles cidadãos que não têm condições de pagar por nenhum plano de saúde (mesmo esses precários e baratos planos hospitalares) e dependem estritamente do funcionamento do SUS. Esses são submetidos a esperas muito mais longas: 23 dias num leito aguardando exames do risco cirúrgico tá bom pra você? O médico faltoso põe a culpa no baixo salário, o governo não aumenta os salários porque já parte do princípio que funcionário público não presta, e o dinheiro vai então para as empresas privadas que prestam serviços públicos, como as Organizações Sociais (famosas OS’s que os cariocas estão importando de São Paulo), fundações, terceirizadas, ONGs etc. Essas, muitas vezes, pertencem aos mesmos proprietários de grandes redes particulares.
Outro dia, abri uma revista no avião, indo pra Sampa, e dou de cara com uma propaganda de página inteira: “Venha trabalhar para a Saúde no Rio: salário de R$ 15.000,00 para médico de família, sem experiência”. Era de uma OS convocando novos profissionais para trabalhar nas equipes de saúde da família (SUS!), nas favelas do Rio. Apesar do salário quase quatro vezes mais alto do que o de um médico federal que trabalha em serviço de emergência e cirúrgico, eles penam para manter as equipes, e acabam usando critérios duvidosos na seleção. Penam porque as condições de trabalho são péssimas, porque a gestão agora é estritamente baseada em produtividade -– ou seja, exige-se um número x de consultas domiciliares por hora, sem a real preocupação com a qualidade do atendimento, e porque as OS’s não podem oferecer a cobiçada “estabilidade” e “aposentadoria integral” do serviço público. Ora, entre fazer uma dobradinha entre consultório privado e a matrícula no hospital público, ou ter que dedicar-se exclusivamente a cumprir as metas de produtividade das equipes de saúde da família, o que é mais vantajoso? Essa é a lógica que tem prevalecido em muitos casos.
Apesar de, na lei, termos um sistema público de saúde universal, já chegamos no mesmo patamar de divisão entre gastos públicos e privados que os EUA. De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde, de 2010, em termos de financiamento da saúde, 41% é público, 59% é privado. Ou seja, mais da metade de todo o dinheiro que financia nosso sistema global é do próprio bolso dos cidadãos, direta ou indiretamente. Isso inclui gasto com remédios, exames em laboratórios particulares, pagamento de planos de saúde, entre outras coisas. Isso quer dizer que pagamos duplamente, e na prática, poucos são os que conseguem ter acesso a atendimentos de qualidade.
Prezad@ colega trabalhador da saúde, usuári@ de planos, cidadão das classes médias, não pense você que há uma grande diferença entre SUS e não-SUS. O segundo não vive sem o primeiro. Entendo perfeitamente o incômodo das pessoas com o fato dos políticos (de todos os políticos) não usarem o SUS, e passei a entender melhor ainda depois de conhecer um senhor que teve exatamente o mesmo diagnóstico do presidente Lula e demorou mais de um mês para conseguir marcar a quimioterapia pelo plano de saúde (sem contar todo o tempo de espera num INCA ou hospital público de referência para o tratamento do câncer). Mas, se esses “movimentos” serviram para despertar a raiva de alguns e a inveja de outros, mesmo às vezes parecendo de muito mau gosto, desejo que eles sirvam para despertar em você, profissional e usuári@ da saúde, uma compreensão mais crítica do estado da saúde em nosso país. E, para fazê-l@ avaliar em que medida ele tem a ver com você e com suas próprias práticas no dia dia.
Ótimo! Muito bom! Eu sempre digo isso: muitos médicos deveriam ser 3para da conta dos seus propósitos de emprego. Chego a ter preconceito contra os médicos, sabe... Eu não tenho plano de saúde por princípios políticos e quando precisei do SUS fui muito bem atendida (tanto quando morei no Rio, em Niterói, como aqui Paraná). A assembleía paranaense aprovou as OS, mas não sem antes enfrentar estudantes 'rebeldes' que se manifestaram contra: vergonhosos isso, pois o Sistea Único de Saúde é um projeto lindo!
ResponderExcluirÓtimo guest post. E eu já "conhecia" a Carol, ou melhor, o seu blog. Foi um dos primeiros blogs que eu li na blogosfera materna. É muito lindo! :)
ResponderExcluirEssa situação da saúde é complicada, mesmo. Eu agora tenho um plano de saúde por causa da empresa onde trabalho. Mas confesso que o tratamento que o plano dispensa aos usuários, ultimamente, está tão aquém quanto o que tanto reclmam do SUS. Minha namorada precisa fazer canal em um dente e só conseguiu marcar a consulta (o plano engloba atendimento odontológico) para depois de um mês! Desconfio que se ela tivesse ido ao atendimento público, teria resolvido mais rapidamente.
Eu estudei sobre saúde pública pra prestar um concurso e, na teoria, é tudo lindo. Quem dera as coisas funcionassem como estão no papel.
Oi Lola, obrigada pelo espaço! Não acho que vou perder meu emprego por causa deste texto... rsrs Mas, eu mesma tenho me questionado sobre meu papel e meu vínculo com uma instituição pública de saúde que anda muito doente. Há diferenças entre cidades e estados, mas de maneira geral, o que impera é a lógica da promiscuidade entre bem público e uso privado. Nós, profissionais da saúde precisamos nos posicionar! Grande beijo
ResponderExcluirMaravilhoso post, Carolina. Mesmo.
ResponderExcluirNão sei bem o que comentar, só queria te dizer que foi muito esclarecedor e bem escrito. ^^
Quem clamava para o Lula tratar-se no SUS não quer discutir saúde pública, apenas excretava ódio e ressentimento.
ResponderExcluirNo mais, todos hão de concordar que o direito à saúde no Brasil está bastante aquém do que deveria ser assegurado. O governo avançou pouco nessa área e merece críticas muito contundentes por isso, assim como os planos de saúde.
Thiago, eu diria, honestamente, que o governo não avançou nada em relação ao sistema de saúde. Fiz minha dissertação sobre o período do primeiro governo Lula e fiquei surpresa com a "ausência" da saúde na pauta das políticas sociais, tanto no Executivo quanto no Legislativo. Agora, o discurso direciona-se para a privatização de certos setores e a terceirização de boa parte da atenção à saúde, como se isso resolvesse o problema. E, quem usa planos sabe que em muitos casos eles não são melhores do que o SUS... a solução é muito mais complexa e depende de muita vontade política.
ResponderExcluirAh! Valeu por todos os comentários de apoio e elogios ao texto!!! E gostaria de enfatizar, que como a Lola, votei e defendi abertamente meu voto no PT. Mas, não posso ignorar a realidade que se impõe aos meus olhos no dia dia... Os problemas são antigos, mas não foram devidamente encarados pelos últimos governos.
ResponderExcluirPor outro lado, a comparação com os EUA deveria considerar que tratamentos médicos são uma das maiores causas de falência pessoal no EUA e que lá não existem hospitais públicos.
ResponderExcluir"o dinheiro vai então para as empresas privadas que prestam serviços públicos" - Nos EUA não é muito diferente. Na verdade, a reforma de saúde proposta pelo Obama no começo do governo e que foi derrubada, pretendia regular mais esse aspecto dos planos de saúde, mas através de subsídios: toda a população seria obrigada a comprar plano de saúde privado e o governo arcaria com parte do gasto.
Acho que uma boa análise comparativa deveria considerar França e Inglaterra, por exemplo.
Recomendo também o documentário Sicko, que mostra o estado lamentável da saúde nos EUA, de como tratamentos se tornaram objeto de consumo e como isso torna o acesso restrito às camadas mais ricas da população.
arnold quem espalha tanto ódio como vc, acaba sendo vítima dele.
ResponderExcluirDiferente de vc não te desejo tanto mal, mas é que vc mesmo esta procurando o que vai encontrar.
Sara, trolls não têm nada a perder. A vida deles já não vale nada, e eles sabem disso, então eles não têm medo que fique pior. Pior como, né? O que pode ser pior do que passar horas por dia despejando ódio em comentários que são apagados minutos depois? O que pode ser pior que saber que há pessoas felizes, realizadas, inteligentes, de bem com a vida, que lutam por seus ideais? Há um grau de psicopatia enorme nos trolls. Não precisa ser psicóloga pra sacar. Alguém que deseja que alguém que está lutando contra uma doença morra lentamente, sofrendo, é um projeto de serial killer. Trolls são serial killers que não vão até as últimas instâncias, mas o ódio que os move é parecido. E, óbvio, em épocas como natal e ano novo eles ficam piores, porque a pressão pra que sejam felizes é maior. E eles não têm como ser felizes.
ResponderExcluirCarol, mil desculpas ocupar sua caixa de comentários pra falar de troll. Mas os últimos comentários... Bom, parabéns pelo post, e mil desculpas por demorar tanto pra publicá-lo.
Um pouco OFF-TOPIC...
ResponderExcluirEu me pergunto o que é melhor em termos da minha saúde no Brasil:
- plano de saúde (caro e atendimento ruim)
- SUS (as poucas vezes que minha família precisou, não nos decepcionamos)
- plano de saúde "pessoal", no caso, guardar dinheiro por conta própria e gastar quando precisar (nunca tentei, queria saber se é viável...)
Inclusive sobre plano de saúde X sistema público. É interessante que a minha família possui um plano de saúde, mas para diversas situações (como exames e consultas) nós preferimos usar o sistema público.
Agora clonaram a Niemi... Mas tem que ser muito, muito escrotossauro pra fazer isso. Deleto sem ler.
ResponderExcluirJéssica,
ResponderExcluirO plano de saúde, apesar de todos os problemas e de ser caro, acho que acaba sendo a melhor alternativa. Ainda que a pessoa ganhe bem ou mesmo guarde dinheiro pra custear consultas, exames e etc em atendimento particular, dependendo da situação os valores gastos serão surreais. Tem exame que custa R$ 2.500,00, quimioterapia é caríssimo, muitas cirurgias também. Ou seja, se a pessoa necessitar de algum desses procedimentos caríssimos, ter o plano de saúde acaba compensando.
Recebi um email de Ana me perguntando se eu estou defendendo o sistema americano como modelo. DE JEITO NENHUM!!! Minha intenção é mostrar que, apesar de termos uma legislação boa, que garante o direito universal à saúde, na prática, temos uma mistura de interesses e poderes que mantém o sistema profundamente desigual. Sei que não basta cobrar dos médicos que se dediquem exclusivamente ao público, porque nosso sistema abre as portas para que eles tenham duplo vínculo. Mas, para piorar, muitos profissionais não cumprem suas responsabilidades nas instituições públicas onde trabalham, não atendem à população pobre como atendem os clientes particulares, e em alguns casos, "furam as filas" dos hospitais para pacientes particulares que não conseguem usar 100% o plano de saúde. É uma grande promiscuidade.
ResponderExcluirCarolina: Ah, não queria parecer inquisitiva. Acredito que possivelmente foi um problema com minha leitura do seu texto, que está muito bom. Definitivamente precisamos de mais profissionais de saúde com esse olhar crítico. Também precisamos que a população que não utiliza o SUS pare de fingir que não nosso problema.
ResponderExcluirExcelente post. :)
Sabe que aqui em Curitiba o tempo médio de permanência de um médico de unidade de saúde no sus é de 1 ano. Imagine, o tempo MÉDIO, isso porque existem um ou outro que gostam do que fazem e estão há mais de 20 anos, mas, a maioria, fica no máximo 6 meses. Será pelo salário? Bom, ao menos aqui em Curitiba não é, pois é difícil que um médico que só atende particular ganhe o que ganha um médico de família. No caso da medicina, o que vejo é um problema principalmente na formação do profissional.
ResponderExcluirCheguei a fazer 2 anos de medicina. Entrei porque queria fazer saúde coletiva, ser médica de família (apesar de eu ter minhas ressalvas com esse termo). Acabou que não aguentei a universidade: o ensino é completamente enferrujado, a formação é hospitalar e os professores vomitam ofensas e preconceitos ao sus. Uma vez cheguei a discutir com um deles, ele dizia "é bom vocês estudarem, se não vão acabar no sus, passando fome" (mal sabia eu que, iria escutar aquilo mais um monte de vezes). Nesse dia, perguntei a ele se ele, alguma vez já tinha trabalhado no sus, ou se ele sabia o quanto um médico de família ganha em Curitiba. Logicamente, ele não sabia, e quando eu disse ele negou, falou que eu estava errada, que era muito novinha e não sabia ainda das coisas.
Bom, 6 anos desse tipo de baboseira e ainda um pessoal que, sinceramente, já entra na universidade com uma mentalidade bem limitada (atrás de dinheiro e, principalmente, status), não teria como ter um resultado diferente. No fim, todo mundo sai de lá querendo fazer cirurgia plástica ou dermatologia (nada contra alguma especialidade em específico, mas parece um pouco estranho que todo mundo queira fazer isso, não?), ou então faz a mesma especialidade dos pais para herdar os pacientes. E aí, quem vai pra saúde pública são os recem formados que não conseguiram passar de primeira na residência. Não preciso dizer que eles odeiam o que fazem, tratam mal os pacientes (pq, afinal, eles não ta pagando nada mesmo, é quase um favor) e na primeira oportunidade pulam fora.
Fico indignada quando dizem por aí que falta médico, e aparecem ideias de aumentar o número de vagas. Não falta nada! O Brasil já forma 16 mil médicos por ano. Eles estão aí, mas onde?
Eu acredito que todos os profissionais da saúde pública e todos os políticos deveriam usar o SUS. É sim uma forma de melhorar o atendimento, essas pessoas são apáticas à realidade da maioria dos brasileiros. Antes eu achava que não, mas mudei de ideia, se isso ocorresse na prática com certeza muita coisa iria mudar, e por razões óbvias, às vezes só enxergando o problema de forma concreta e de forma que nos atinja diretamente, nos mobilizamos.
ResponderExcluirÓtimo guest post!
ResponderExcluirTrabalho também na Saúde Publica há 3 anos, e acredito no SUS ( senão não conseguiria trabalhar com algo em que não acredito). Sei que há diferenças entre estados e até entre regiões do mesmo estado( meu caso, que trabalho em uma regional do Sul de Minas), discordo que não avançamos, pois o Brasil é excelência em vários tipos de tratamentos e procedimentos de alta complexidade ( que são realizados quase que excluvisamente pelo SUS), a assistência foi ampliada e chegou mais perto da população através de programas como a ESF, aqui os Hospitais têm que trabalhar com sistema de classificação de risco, nosso programa de Imunização é o melhor do mundo...Enfim, poderia listar vários avanços. Mas não vivo num mundo cor de rosa e sei de muitos problemas.Temos que melhorar ainda em muitos aspectos. Um dos problemas que interferem muito é a má gestão, ou seja: o recurso sai do Governo Federal e Estadual e vai direto para os municípios. Aí, o secretário de saúde gasta de forma errada, não priorizando o que tem que priorizar. Ou ainda não há a vontade política para melhorar a situação. E ainda a falta de motivação do profissional de saúde - que em muitos casos têm um bom salário, mas não estão nem aí para população , literalmente. E não estou falando só do médico, de enfermeiros e outros profissionais também. Vejo muito profissionais que trabalham no Sistema e não acreditam nele, trabalham na ESF e não acreditam, aí fica difícil mudar a situação de saúde de uma população...Ah, e ainda a população, que não tem culpa disso, mas que ainda têm uma visão hospitalocêntrica e centrada unicamente no médico para resolverem os problemas da saúde...Bem, como não ter uma visão hospitalocêntrica, se o proprio profissional de saúde tem?
Bem, o que posso dizer, é que mesmo não trabalhando diretamente com assistência ( trabalho numa regional de saúde que coordena e regula a saúde de 53 municípios), acredito que conseguirei auxiliar nossos municípios a mudarem a situação... E acho que os profissionais de saúde do SUS , no mínimo, têm que acreditar no SUS também, para dar início a mudança para melhor.
Sinceramente, na atenção primária, sempre tive boas experiencias com o sus. O único problema que tive foi quando precisava de consulta de especialista. Fiquei 5 meses esperando e quando saiu a consulta, era do outro lado da cidade, fiquei 3 horas na sala de espera (pq a médica se atrasou) e fui atendida em 4 minutos.
ResponderExcluirAdmito que é bem mais agradável utilizar o plano de saúde, principalmente pela postura dos funcionários, que, apesar de muitas vezes serem os mesmos que trabalham no sus, quando te atendem pelo plano de saúde, te tratam super bem e estão sempre prontos para ajudar.
Guest poster, se bem entendi, vc tentou fazer um exame de glicose num laboratório particular pelo seu plano de saúde, é isso? Aí, chegando lá, não deram a mínima prá você, seja por que razão for. Como boa brasileira educada e paciente e pacífica, você não reclamou de 5 em 5 minutos, não chamou o gerente do laboratório, não fez cena, não brigou e se ferrou.
ResponderExcluirEu, no seu lugar, teria avaliado a situação logo na chegada,
dado um bocado de trabalho aos funcionários (como sempre faço) pertuntando o que era aquela fila paralela, ficado brava, se precisasse, teria feito até discurso, como já fiz, e se não adiantasse, teria ido embora em busca de uma farmácia qualquer que fizesse o teste na hora, com aquele aparelhinho de medir glicose. Teria sido só prá confirmar a alteração? Então.
Acho que vc bem sabe que existe uma indústria do exame de vento em popa, e que muitas vezes é DESNECESSÁRIO tanto exame, tantas repetições, e é isso que acaba inviabilizando o atendimento. Mas o que fazer, se o plano cobre e os médicos não têm a menor parcimônia em pedi-los e nós no meio?
Se vc já tinha um resultado, era só ir à farmácia todo dia, se quisesse, e medido a glicose lá, como já fiz. O resultado no final é o mesmo.
Se a gente não começar a se defender, então é melhor virar presidente da república e ir morar no Sirio e Libanês...rsrs
Bjs
PS.: Há uma expressão super chula, usada pelos homens machistas mas que eu aprendi do meu querido pai (machista mineiro) que, com a devida vênia da Lola, vou reproduzir aqui, que é o que a TODA mulher deve fazer nestas situações: bater o p**to na mesa.
@Isabela
ResponderExcluirIsso de "Plano de Saúde é bom para situações críticas" é a justificativa mais frequente que eu ouço para pagar Plano de Saúde. Mas eu já ouvi casos de pessoas próximas que tiveram um acidente de carro, tinham um bom plano de saúde, mas que ele ajudou muito menos do que acharam que ajudaria e no final tiveram que vender até o apto para pagar o tratamento...
Ainda não pesquisei sobre, mas alguém sabe quanto exatamente um Plano de Saúde ajuda em situações críticas? Porque me parece que ter uma reserva pessoal de dinheiro para essas situações é mais seguro.
Eu,
ResponderExcluirsó pra esclarecer: gostei de seu comentário e sou assim também (meu marido que o diga), fiz duas reclamações sobre a fila paralela, antes de ir embora. O exame era necessário porque o último feito já fazia alguns meses e eu tinha esquecido de levar ao médico! Como tinha tido alguns sintomas estranhos, fiquei cabreira e mostrei o exame antigo para a médica, que identificou um nível levemente elevado e me sugeriu fazê-lo novamente. Mas, concordo com você sobre indústria de exames. De fato, muitas vezes, há exageros.
Eu não conheço muito de SUS, mas pelo que ouço de quem entende, o Sistema tem tudo para funcionar.
ResponderExcluirAcho que nossos problemas não tem a ver com a concepção do sistema, mas com outros interesses/lobbys.
Quando dos secretários municipais e estaduais de saúde, a despeito de serem médicos conceituados, são pessoas intimamente ligadas à saúde privada(quando não sócios de hospitais/clínicas/cooperativas)?
Temos muitos conflitos de interesse nessa área.
Sem falar nos forte lobbys dos grupos econômicos do setor e o completo desinteresse sobre o tema de boa parte da população que está coberta por planos privados. Grupos com maior capacidade de pressão não se envolvem no tema. Os grandes sindicatos, por exemplo, tentam garantir bons planos privados para seus filiados, por exemplo.
Ainda sobre os planos privados, na minha visão a entrada de parcelas cada vez maiores da sociedade nos seguros privados parece economicamente inviável.
ResponderExcluirOs custos de tratamentos, equipamentos, medicação e exames são crescentes. A demanda sempre é pelo procedimento mais moderno e, consequentemente, mais caro.
Como os planos tem limitações para aumentar os preços para os usuários, eles apertam o outro lado fraco que são os profissionais de saúde.
Nesse esquema, quem garante muito dinheiro são clínicas de exame e hospitais que alugam leitos de luxo a equipes médicas e pacientes.
Esse sistema me parece bastante exlposivo e cruel.
Carolina Pombo, espero que vc seja diagnosticada rapidamente, viu? Tenha medo não!!
ResponderExcluirQuando eu tenho um sintoma esquisito qualquer, faço um check-up mental, rs, procurando saber a causa provavel ou improvável. Já tem um tempo que fico com um eczema na testa, só em um determinado lugar, que coça, sempre que saio do banho, mas não em todos os banhos. Depois passa, o lugar fica seco e descama.
Aí me pus a pensar o que é aquilo que já tem um tempo que se instalou e está me incomodando. Será a touca de banho? será o sabonete de limpeza caro, sofisticado que só uso prá lavar o rosto no banho? Será o sabonete normal que às vezes esqueço e passo no rosto? Será a água muito quente que bate com força na testa?
Será um fungo? Será uma reação ao minoxidil americano que uso na linha frontal da testa?
Notei tb que quando lavo a cabeça, não fico com o tal eczema, mesmo com a água quente caindo no rosto. Também não uso a touca, nem sabão algum, só o xampoo...
Aí, ao invés de ir correndo marcar dermatologista no SUS ou pagar uma consulta prá ele/ela me receitar um creme qq e ficar por isso mesmo, estou deixando o sabonete líquido de lado. E vou observando. Estou de olho tb nos condimentos que uso muito. Meu hidratante italiano excepcional eu sei que não é. Se for ao médico por isso, já estarei com um histórico prontinho prá ajudar no diagnóstico.
Nossa fornecedora de plantas de jardim tinha uma reação horrível nas mãos. Como ela mexe com terra e plantas, usava sempre aquelas luvas de borracha ou latex. E sempre indo ao dermatologista e ele mandando usar luvas e creme. Um dia ela se encontrou com um conhecido, médico de outra especialidade, comentou com ele o problema e imediatamente ele disse que isso é alergia à luva. Assim que ela parou de usá-la, as mãos voltaram ao normal...Se ela tivesse feito o check-up mental, poderia ter experimentado não usar as luvas e resolvido o problema, né?
Carolina,
ResponderExcluirO estado de calamidade depende do lugar, dos profissionais, das prioridades do governo municipal, estadual e federal... há municípios que recebem verba federal para a Saúde e usam para outras coisas, outros não...idem para os Estados.
Há médicos que se dedicam à profissão e atendem da mesma maneira os pacientes do SUS, dos convênios e os que pagam, sem discriminação alguma.E há médicos que priorizam os pagantes e atendem com pressa os do SUS.Como em qualquer profissão, há bons e maus médicos.Há médicos que trabalham corretamente, independente do salário que recebe, e há os que, por achar o salário baixo, faltam ao serviço...
Eu já morei no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná...e parece que a realidade do Rio de Janeiro é bem diferente dos estados mais ao Sul.Mas ressalto que há hospitais que dão um excelente atendimento pelo SUS e outros não.
Em relação aos EUA, lá sim a situação é calamitosa: enquanto no Brasil o atendimento de emergência é garantido, caso contrário o médico pode ser processado por omissão de socorro, nos EUA quem não tem o tal Medicare pode agonizar na porta do pronto-socorro, que ninguém faz nada e está tudo dentro da lei.
nos EUA quem não tem o tal Medicare pode agonizar na porta do pronto-socorro, que ninguém faz nada e está tudo dentro da lei. (Roberto Lima)
ResponderExcluirEntão, mais uma razão para eu não pôr os pés lá...rs
Quando preciso fazer alguma consulta, tratamento ou exame, sempre pago do meu bolso. Não utilizo o serviço público, porque sei da espera e atualmente estou sem plano de saúde, porque não tenho sequer um conhecido que não reclame do seu, do tempo de espera pra realizar algum procedimento a um tratamento péssimo.
ResponderExcluirMas sou jovem, não tenho nenhum problema sério de saúde. Daqui pra frente não sei o que faço. Tenho medo de um dia realmente precisar do SUS, no caso de alguma coisa mais séria, mas tenho medo de me acontecer como acontece com tanta gente, pagar um plano de saúde caro todos os meses e ser abandonada ou negligenciada por ele em um momento em que eu mais precisar.
Gostei muito do seu relato! Sou usuário dos serviços da Unimed/RS e sinti-me constrangido quando fui realizar uma consulta ao ficar afônico. O médico achou que eu estava de brincadeira quando escrevi no papel que não conseguia falar, e que precisava de algo p/ a minha gargannta, enfim, ele mal me examinou e eu, pagante pelo serviço, nem um atestado médico obtive, pois segundo ele eu poderia trabalhar, contudo ele nem deixou eu explicar que sou professor... Eu quase caí da cadeira pois meu plano não é empresarial e desembolso considerável quantia todo mês, enfim, fiz uma reclamação no mesmo dia e o bendito continua dando plantão por lá. Tenho certeza que sofro deste preconceito em relação ao SUS, contudo penso seriamente em cancelar o meu "grande plano" e fazer valer o meu direito como cidadão ao fazer uso do sistema público e contribuir para a melhoria deste.
ResponderExcluirAugusto, por estas e por outras, também não tenho mais plano de saúde e já estou velha.
ResponderExcluirLaurinha, com relação à gravidez, um bom plano (já que é nova, os planos são baratos) é necessário, né?
nos EUA quem não tem o tal Medicare pode agonizar na porta do pronto-socorro, que ninguém faz nada e está tudo dentro da lei. (Roberto Lima)
ResponderExcluirNão é bem assim não. Existe uma lei que obriga os hospitais a prestarem socorro, independente se a pessoa tem como pagar ou não (seguro ou dinheiro). Nenhum hospital pode negar ajuda e esse é um dos grandes problemas. Quando alguem chega na emergência (e pobre só vai a hospital ou médico em situação de emergência), o gasto é absurdo e quando a pessoa não tem como pagar, o hospital distribui esse gasto entre os usuários que podem pagar.
Uma das coisas que o Obamacare quer resolver é isso. Todo mundo tem que ter segur saúde. Quem decide não ter, tem que pagar multa. Assim, os gastos com hospitais são distribuidos por toda a população.
Óbvio que a reforma é muito mais complexa que isso, mas este é um dos pontos que está causando mais polêmica e que os republicanos (argh!) estão lutando contra.
Um outro grande problema aqui é que existe uma grande parta da população que fica tanto sem o medicare (que, ao que saiba, é bem decente) e sem o seguro pois não consegue ter renda suficiente para comprar seguro privado. Na realidade, a maor parte das pessoas que tem seguro privado (pelo que sei), o tem como parte do pacote de benefícios do emprego.
Quanto ao atendimento nos hospitais e médicos, eu pessei melhor aqui que no Brasil, infelizmente. Fui mais bem tratada nos hospitais dos EUA do que nos do Brasil. Talvez haja uma distorção, devido onde morei no Brasil e onde moro nos EUA. Não sei... Quanto aos médicos, não tenho como dizer. Tive médicos excelentes no Brasil e nos EUA.
Agora, que é absurdamente caro se tratar nos EUA, isso é. Quando minha filha nasceu, meu parto teve infinitas complicações (e eu nem queria tê-la em um hospital) e acabei na UTI. Cobraram cerca de 50 mil dólares. Imagina se não tivesse seguro? Mas o tratamento em si foi de primeiríssima.
Exames nos EUA em geral se faz como parte da consulta médica, que normalmente é rapidíssima também, como no Brasil. Então isso de ir para a fila do laboratório não existe normalmente. Se há necessidade de laboratório, o atendimento é pela ordem de chegada, independente da idade. Não existe tratamento especial para idosos, grávidas, mulheres com crianças, etc etc e não existe fila paralela.
Eu, pessoalmente acho o sistema americano um sistema falido que o Obama está tentando resolver apesar do lobby dos republicanos (argh!)contra. E para quem pensa que a proposta foi derrubada, também não é bem assim. A proposta tem muitas e muitas partes; algumas foram derrubadas e outras não. A maioria delas e o "core" do Obamacare ainda persite.
naun sei pra que trazer o sistema de saude americano pra essa conversa... entaun tb vamos trazer o sistema de saude canadense... bem, o problema para o povo brasileiro eh o sistema de saude brasileiro...
ResponderExcluirserá que é interesse do nosso governo, do nosso sistema lambe-ONU que a população nao tenha acesso a saude?
ResponderExcluirEu falei do sistema americano por que falaram antes e as informações estavam erradas.
ResponderExcluirSó isso.
Além do mais, nós seres humanos, brasileiros, americanos, canadenses, o que for, não vivemos isolados. A gente pode sim discutir outras culturas, paises, sistemas. Quem sabe a gente aprende mais?
Eu pago plano de saúde e tenho problemas muito semelhantes ao q o Augusto relatou, demoram as vezes até mais de um mes p marcar consulta, implicam em conceder autorização p exames mais complexos.
ResponderExcluirJá mudei algumas vezes de plano procurando um melhor, mas não encontrei, sem contar os preços exorbitantes.
Agora ainda com esse tratamento me sinto privilegiada, pq sei que depender do sus é deprimente.
Mas me sinto impotente, como todos os que dependem da saúde pública se sentem, não ha um só politico que não jure que vai fazer muito pela saúde, e o que vemos é o que ai esta.
Excelente post, Carolina! Parabéns!
ResponderExcluirComo não sou estudante da área de Saúde, não tenho conhecimento suficiente acerca dos procedimentos de atendimento adotados pelos profissionais da área, mas me parece um pouco ingênuo confiar apenas em um "check-up mental" quando se trata de saúde.
Sim, bom senso é fundamental e tentar racionalizar as possíveis causas é melhor ainda, mas a confirmação da existência ou não do problema deve vir do profissional qualificado (através da análise de exames) e o tratamento deve ser por ele orientado.
A sua dissertação está disponível na internet, Carolina? Eu gostaria de lê-la.
Quanto ao dilema SUS x Plano de Saúde x Consulta Particular... Conheço o caso de uma pessoa muito próxima com plano de saúde (um plano de saúde "renomado") que teve os exames médicos relativos a um câncer negado, e que acabou tendo que se desfazer de coisas importantes para pagar pelos exames e por doses de uma medicação especial, e que ainda luta na Justiça pelo reembolso. Resultado, o transplante foi feito pelo SUS.
Por fim, profissionais de saúde que fazem distinção entre pacientes com base na renda? Como chamar uma pessoa dessas de "profissional"? Sim, sei que existem, mas não deixa de ser uma situação deplorável.
Quanto à menção a outros sistemas de saúde... É natural analisar experiências bem-sucedidas e mal-sucedidas e compará-las com a nossa, não?
ResponderExcluirNo Canadá, por exemplo, o sistema de saúde também é público e financiado pelos impostos. Pelo que ouvi e li de usuários do serviço de saúde, parece que o atendimento é satisfatório.
Vale ressaltar que planos de saúde privados eram ilegais no Québec até, se não me engano, 2006 ou 2007, quando a Suprema Corte do Canadá (uma espécie Supremo Tribunal Federal de lá) julgou a proibição inconstitucional. Muitas pessoas argumentaram que a legalização de planos de saúde privados abriria precedente para a superposição de interesses privados sobre interesses públicos, para o fortalecimento do lobbismo, etc.
Desde então, segundo pesquisas de opinião, ao passo que a população quebequense ainda desconfia de planos de saúde privados, a insatisfação com o sistema de saúde tem aumentado. Coincidência?
É difícil levar em consideração a lógica econômica à respeito da saúde, ainda mais quando se reconhece que, nós mesmos, ou pessoas próximas, estamos susceptíveis a qualquer doença/acidente, e que certamente seremos mais uma "demanda" para este "mercado".
ResponderExcluirEu pessoalmente ainda tento manter aquela velha visão "filantrópica" à respeito disso, e confesso que me desestímulo cada vez mais. Não querendo fazer um humor negro, mas já fazendo, as vezes acho que seria mais fácil aceitarmos a morte.
No mais, o post foi excelente.
@Jéssica,
ResponderExcluirQuanto ao plano de saúde ser útil em situações críticas, vejo isso por experiência própria, pois advogo muito contra esses mesmos planos.
Não é um benefício isento de dor de cabeça, muito pelo contrário. Muitas vezes a pessoa tem de entrar com ação contra o plano de saúde, seja porque ele não quis cobrir internação ou exame, seja porque não quer cobrir medicação, seja pq está aumentando mensalidades abusivamente, enfim....
Mas quando falo de situações críticas, me refiro a situações em que o custo dos procedimentos é MUITO alto e no mais das vezes a pessoa não teria condição de pagar do próprio bolso. Se a pessoa sofre um acidente e necessita de cirurgia de emergência e internação, por exemplo, as contas são estratosféricas. Tratamento quimioterápico, cirurgia cardíaca, prótese de quadril, colocação de stent, redução de estômago, por exemplo, são procedimentos absurdamente caros. Em muitos desses casos os valores ultrapassam 50, 100 mil reais. É raro alguém ter esses valores disponíveis para uma situação como essa.
Claro que estamos pensando em casos de emergência e situações excepcionais, doenças que não desejamos que nos acometam e tudo mais. Então optar pelo plano acaba sendo uma conduta preventiva, pensando "vai que algum dia dá algo errado".
Porém, pro sujeito que acaba não utilizando o plano, só uma consulta esporádica aqui, um exame ali, pode até não valer a pena, financeiramente. Pode ser mesmo mais vantajoso pagar por conta própria. Mas nunca há como garantir que amanhã a pessoa não vá ter um problema de saúde desses custosos...
será que é interesse do nosso governo, do nosso sistema lambe-ONU que a população nao tenha acesso a saude?(Starlin)
ResponderExcluirAcesso à saúde é uma coisa, acesso à Medicina é outra coisa.
Senão, vejamos:
"Os números do esgoto no Brasil
Vejamos abaixo, então, alguns números do esgoto em território nacional. As estatísticas que seguem abaixo foram retiradas do websites de diversas instituições, tais como: “Instituto Trata Brasil”, “Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “Geografia Atualidade”, “O Eco” e “Ambiente Brasil”:
Somente 50,9% da população possui acesso ao sistema de esgotamento sanitário;
Belo Horizonte é a cidade brasileira com a mais ampla rede de esgoto atingindo 97,4% de sua população;
Em segundo lugar apresenta-se a cidade de Salvador com 92,5%;
São Paulo é apenas a terceira cidade em coleta de esgoto no Brasil com um percentual de 90%;
Aproximadamente 5,4 bilhões de litros de esgoto são descartados por dia diretamente na natureza sem absolutamente nenhum tratamento;
A água contaminada com esgoto é a causa de 80% das doenças;
Em torno de 65% das internações hospitalares são provenientes de doenças originárias da água contaminada com esgoto;
Uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstra que entre os países com o pior sistema de esgoto, o Brasil está em sétimo lugar.
Estes são apenas alguns números que nos permitem ter uma ideia de quão precário é o sistema de esgotamento sanitário no nosso país e o quanto ele influencia no nosso Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e no Índice de Valores Humanos (IVH)."
(http://www.aquarelladesentupidora.com.br/blog/numeros-esgoto-brasil-desentupidora/)
Posição do Brasil quanto ao IDH para 2011: 84º lugar (alto,rs)
Esse é o quadro, grosso modo, da saúde no Brasil.
Nem falei da alimentação abaixo do sofrível a que a população desavisada por inteiro está exposta, debaixo do nariz do Min. da Saúde (ou será da Doença?)
Como se vê, o governo está interessado na saúde do brasileiro, pero no mucho...rs
Matheus, vc tocou num ponto importante. Os planos de saúde cobrem consultas, exames, internações, mas os REMÉDIOS, só enquanto durar a internação. Por conta disso, os pacientes de câncer têm de custear seus remédios via oral, geralmente caríssimos...Nesse item, os soropositivos levam vantagem, pois obtêm a medicalização de graça...
ResponderExcluirPosso lhe garantir que essa Medicina baseada na indústria do exame não serve prá nada, a não ser para a própria indústria do exame. Ela pode até causar a doença, como já se sabe, no caso das mamografias anuais...
Sabe que eu diagnostiquei minha vesícula cheia de cálculos sozinha?
Cheguei a ir ao médico (meu ginecologista à epoca) e ele disse que era inflamação na trompa. Daí eu tomei um antibiótico que segurou um pouco a infecção na vesícula. Como o desconforto continuasse, raciocinei que 3 membros da minha família (pai, mãe e irmão) extraíram a vesícula, então meu problema devia ser o mesmo. Não deu outra. Tive sorte em poder removê-la no Sírio e Libanês por laparoscopia, quando ainda não era uma técnica comum.
Sabe qual o câncer mais difícil de diagnosticar mesmo pedindo a porcaria dos exames? O de pâncreas, mas os sintomas estão lá, sendo que o médico não quer nem saber...ele não está ali prá confiar no seu taco (que hoje em dia muito poucos médicos têm) e sim prá sustentar a indústria do exame, às custas do pagante pelos planos de saúde.
PS.: e sabe, Matheus, se o médico não acertar com a droga do exame, azar, né? ou se o diagóstico chegar tarde demais, que se dane o paciente, né?
ResponderExcluirclap, clap, clap ao Dr Drauzio Varella pela campanha Brasil Sem Cigarro. Quer saúde? Pare de fumar...
ResponderExcluirEu,
ResponderExcluirmas ao mesmo tempo a falha em se pedir exames também pode comprometer a saúde da passoa. Tem que haver um equilibrio.
Caso pessoal: eu com 35 anos de idade, reclamei com o gineco que tinha uma dor no seio. Ele fez o exame de toque, não sentiu nada e disse que eram "mudanças da idade". Próxima consulta, reclamei de novo, que a dor era esporádica. Perguntei se valia uma mamografia. Ele disse que não pois eu era muito nova e ele não sentiu nódulo. Praticamente disse que eu era hipocondríaca por me perocupar demais. A dor não voltou da mesma forma nos meses seguintes, mas 9 meses depois, eu com 36 anos, fui diagnosticada com câncer de mama, por uma médica (outra) que achou melhor pedir o exame, mesmo não sentindo o nódulo. Resultado? Cancer de mama, estágio 2, com envolvimento dos linfonodos. Se o infeliz do médico, em vez de economizar exame para o plano de saúde, tivesse pedido o mamograma, eu não teria envolvimento dos linfonodos, não teria uma quimio fortíssima como eu tive, e não teria o estrago no seio do jeito que tive e não teria linfadema. Eu também deveria ter sido mais incisiva e pedido o exame, mas aí vem gente e fala que se pede exames demais. Sinceramente? Se for para evitar ou minimizar os estragos de uma doença como essa, melhor se fazer exames!
Eu hoje tenho um problemas no meu braço por causa da retirada dos linfonodos. Linfadema. E que vai me acompanhar o resto da vida. Essa condição me mandou para a emergência um mês atrás com uma infecção no braço que pode me matar.
Eu deveria ter feito a mamografia, mesmo estando fora da idade padrão, mesmo que o médico não tivesse detectado nódulo, mesmo que o plano de saúde não goste quando pedem exames.
Há de se haver um equilíbrio.
Denise, que terrível! Ao invés de o médico levar a sério seu sintoma, ele a chamou de hipocondríaca. Mas sabe por quê? Por que o câncer de mama não dói. Mas o seu doía ou doía alguma coisa dentro de você. Ele tinha que levar a sério sua dor e seu histórico médico. Mas ele só confia no exame, e como descartou seu sintoma, vc ficou pior do que se não tivesse ido ao médico e tivesse feito a mamografia por conta própria, entende?
ResponderExcluirIsso foi no Brasil?
Bjs
Meu caso foi um pouco diferente. Descobri um verdadeiro 'sabonete' atravessado no meu seio esquerdo, durante o banho. Na hora eu ri, atônita...Aí pensei: isso entrou aí sozinho, vai sair sozinho. Não fui a médico, não fiz exame, não fiquei com medo, não contei nem pro meu marido. Dediquei-me a um dos meus caminhos espirituais, li uns artigos desse caminho sobre câncer, inclusive um que já tinha lido e adorado tempos atrás e umas semanas depois, deitada na minha cama, após ter lido esse artigo, senti algo parar no meu corpo e o que eu estava pensando na hora exata. Daí em diante, o caroço-sabonete, duro, indolor começou a diminuir devagar até desaparecer por completo. Isso foi há uns 2-3 anos, não me lembro direito. Não sei dizer se a cura teve outras causas, acho que já estava na minha dieta pessoal...
ResponderExcluirEu,
ResponderExcluirO que mostra que se um plano de saúde privado se recusa a pagar pelo exame devido, além de estar comprometendo a saúde do paciente, está priorizando a redução dos custos. Eu, contudo, acredito que saúde deva vir em primeiro lugar, daí a necessidade de melhorar o sistema de saúde público.
Quanto ao auto-diagnóstico, o médico aceitou remover a sua vesícula baseando-se apenas na sua palavra? Não solicitou exames? Acredito que um exame tenha sido necessário, assim como o conhecimento do médico para saber exatamente o quê e como fazer, não? Ou foi você mesma quem removeu a sua vesícula?
Como Denise falou, simplesmente menosprezar um sintoma ou um desconforto expressado pelo paciente pode ter conseqüências graves e até fatais.
Existem médicos que solicitam exames e mais exames para enriquecer suas clínicas? Sim. Todavia, o fato de haver condutas anti-éticas na solicitação dos exames não significa que eles - os exames - não sejam necessários.
Caso o médico erre o diagnóstico, aí se configurará erro médico - falha que está relacionada à falta de qualificação ou de comprometimento do profissional, e não ao ato de solicitar exames.
P.S. = Eu,
ResponderExcluirPois é, e ao se protelar para fazer os exames necessários, aí é que o diagnóstico demorará mais ainda para chegar, né?
E, só para finalizar... Como uma pessoa que não tenha muito conhecimento acerca da área médica poderá se auto-diagnosticar? Ou fazer "check-up mental", Eu? Confiar nos conselhos populares? Nas receitas caseiras da vovó? Ou consultar uma cartomante? Isso sim seria bem mais confiável, né?
Matheus, claro que depois que já tinha matado a charada, fiz a ultrassonografia, né? Mas eu tinha passado muito mal, com febre...
ResponderExcluirOs sintomas são difusos, médico algum confia no exame clínico mais não...rs
erro médico...kkkk, existe isso?
No caso da Denise, só precisava UM exame, e o MÉDICO falhou redondamente.
Prá vc ver que exame não cura, um conhecido meu, amigão mesmo, tirou uma chapa comum do pulmão, estava lá um ponto escuro que ninguém deu a mínima e era tuberculose, que se manifestou clinicamente uns meses mais tarde...rs
Eu,
ResponderExcluirAinda bem que fez o exame, né?
É óbvio que exame médico não cura, nunca disse isso, mas em muitos casos serve para identificar o problema. A cura virá do tratamento.
Se erro médico existe... Parece que o caso do seu amigo foi um, não? XD
Pois é, e ao se protelar para fazer os exames necessários, aí é que o diagnóstico demorará mais ainda para chegar, né? (Matheus)
ResponderExcluirCada caso é um caso, né? Se a gente não vai ao médico, se ferra. Se vai, se ferra tb.
check-up mental nada mais é do que PENSAR, PESQUISAR, SE INFORMAR.
Quando eu já tinha chegado no peso que eu queria, minha língua começou a ficar com umas bolinhas brancas doloridas (não era sapinho), e corri prá Internet prá saber o que PODIA ser aquilo. Pesquisei um monte, pelo sintoma achei o possível nome do distúrbio, aí saí checando deficiências vitamínicas até que topei com os sintomas da vitamina B6. Então, com uma drágea de complexo B o sintoma regrediu e nunca mais voltou...:) De vez em quando espalho um pouco de fermento nutricional na minha comida...
Eu só vou ao médico de caso pensado, sabe, Matheus? A única coisa que ele pode mais do que eu é acionar o sistema de saúde, mas quem decide sobre meu corpo, sou eu...
Meu anjo, quem disse que exame nem consulta curam fui eu mesma, rs
ResponderExcluirerro médico é uma ficção, pelo menos no Brasil, certo?
to meio atrasada na leitura dos posts e nao tinha visto esse otimo guest post ainda. eu tb tenho preconceito com medicos pq ja fui mto mal atendida várias vezes tanto por sus, quanto por convenio. nao tenho coragem de parar de pagar o plano (e tb pq sinto raiva de ter pago tanto até agora e quase não ter usado)
ResponderExcluirtenho até me interessado por medicina chinesa, q parece ser uma coisa mais honesta. parece q é possível se curar de câncer só com boa alimentação e exercícios
http://docverdade.blogspot.com/search/label/tratamento%20do%20c%C3%A2ncer
"O médico recomendou internação, mas Milena preferiu ficar em casa e fez o exame para malária, cujo resultado sairia em 15 dias. Com o agravamento do quadro, ela retornou ao hospital na quarta (7). No sábado (10), foi internada e encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com relatos de diplomatas, o hospital buscou o Ministério da Saúde para conseguir o medicamento contra a malária, o que só aconteceu na segunda-feira (12), uma semana após a primeira consulta de Milena e duas após a volta."
ResponderExcluir15 dias até sair o resultado de um exame médico de tamanha seriedade??!! e isso que se tratava de uma diplomata... e se essa diplomata não fosse uma mulher negra e sim digamos o neto branquinho de algum figurão da política brasileira tb teria demorado todo esse tempo pra sair o resultado do exame médico?
http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/12/morre-diplomata-brasileira-que-contraiu-malaria-na-africa.html
Lola, oops!
ResponderExcluirtambém não gosto de natal! oops! hehehe
Mas adoro que as coisas se renovem, e tenho sempre a impressão que, no final do ano, gastamos as forças que restam e começamos com novas forças, ou forças renovadas, no ano seguinte!
Todas essas ações do público, tomadas pelos seus representantes políticos vendidos, de favorecimento das iniciativas privadas, de desmantelamento do serviço público, é comandado pela ganância daqueles que se beneficiam dos rendimentos obtidos com a péssima qualidade dos serviços oferecidos e os altos preços que passam a cobrar da população. Tudo isso ao invés de melhorar, só piora, menos pros ricos. E é isso que nossos governantes eleitos fazem conosco.
ResponderExcluirCarolina, seu post é esclarecedor e coloca em evidência questões cruciais sobre o sistema de saúde no Brasil. A experiência pessoal compartilhada e os comentários dos leitores adicionam uma perspectiva valiosa ao debate. É evidente que a situação demanda uma abordagem mais efetiva e coerente para garantir um acesso igualitário à saúde. A diversidade de opiniões reflete a complexidade do tema e destaca a necessidade de um diálogo construtivo para enfrentar os desafios do sistema de saúde brasileiro.
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