Olha que beleza: uma campanha publicitária para promover a bebida alcoólica Bacardi lançou vários anúncios misóginos (vi aqui e aqui). Por algum motivo, a agência israelense McCain Digital achou que pichar moças gordinhas, que eles chamam de “ugly” (horrorosas), é uma ótima receita pra vender Bacardi pra moças magras, ou seja, bonitas (só consigo imaginar que esta campanha funciona se for assim: “Putz! Uma empresa multinacional me chamou de mocreia e também insultou minha amiga/mãe/etc. Vou tomar todas até cair!”). Este tipo de propaganda não é nada raro na propaganda dirigida aos homens. Como mulheres continuam sendo tratadas como objetos, tirar sarro de um carinha por ele estar acompanhado por uma mulher feia (num mundo em que só existe um padrão de beleza, lógico) é como gozar dele por ele ter um carro velho, ou não ter um carro (não sei qual é pior). Se existem trophy wives (mulheres-troféus) pros homens ricos, algo terrível pra reputação masculina é ser visto com uma mulher fora do padrão. Por exemplo, esta campanha de cerveja vende a vantagem do produto ter apenas 2,9% de álcool. Isso evita que um carinha embriagado se confunda e saia com uma mulher inapropriada (imagina se o bêbado não nota que a loira com o rostinho angelical na verdade é uma baleia? O que seus amigos irão dizer no dia seguinte, ó meu deus?!).
Pois é, esse tipo de discriminação é comum. Assim como é comum os homens serem influenciados pelos amigos. Onde que eu li um relato sobre um sujeito cego que estava namorando uma moça por quem estava perdidamente apaixonado, até que os amigos avisaram que ela era feia, e ele largou a coitada? Triste. O que não é tão comum é este tipo de propaganda misógina ser direcionada a mulheres. Inclusive porque é ofensivo pra elas. Mas tudo bem, porque mulheres foram criadas pra competirem (e odiarem) outras mulheres. Os anúncios dizem que a maneira mais rápida de você, moça magra e bonita, ficar linda sem nunca ter que pisar numa academia de ginástica é arranjar uma amiga horrorosa. Porque, em comparação, você será uma deusa, entende? A amiga feia servirá apenas como mais um acessório seu, como o bíquini, a bolsa e os óculos escuros.Eles sugerem que você leve “Sally” para a praia, “97 quilos de femininidade, força e queixos duplos”, e “Lucy” pro shopping (“as coxas de Lucy, que se esfregam uma na outra, magicamente combinadas com seios caídos, irão transformar seu passeio no shopping numa experiência inesquecível”). Note a sugestão que Sally e Lucy são incapazes de irem à praia ou ao shopping sozinhas, já que estar fora do padrão aparentemente afeta as faculdades mentais. O pior é que as modelos gordinhas estão alegres, e alegria é bela e contagiante. Pelo menos eu prefiro ver gente feliz, rindo e sorrindo, do que aquelas top models de cara amarrada desfilando na passarela. Mas pelo jeito sou só eu. O resto do mundo deve é estar se perguntando por que essas gordinhas estão rindo. Afinal, elas não têm motivo algum pra isso!
Pois é, esse tipo de discriminação é comum. Assim como é comum os homens serem influenciados pelos amigos. Onde que eu li um relato sobre um sujeito cego que estava namorando uma moça por quem estava perdidamente apaixonado, até que os amigos avisaram que ela era feia, e ele largou a coitada? Triste. O que não é tão comum é este tipo de propaganda misógina ser direcionada a mulheres. Inclusive porque é ofensivo pra elas. Mas tudo bem, porque mulheres foram criadas pra competirem (e odiarem) outras mulheres. Os anúncios dizem que a maneira mais rápida de você, moça magra e bonita, ficar linda sem nunca ter que pisar numa academia de ginástica é arranjar uma amiga horrorosa. Porque, em comparação, você será uma deusa, entende? A amiga feia servirá apenas como mais um acessório seu, como o bíquini, a bolsa e os óculos escuros.Eles sugerem que você leve “Sally” para a praia, “97 quilos de femininidade, força e queixos duplos”, e “Lucy” pro shopping (“as coxas de Lucy, que se esfregam uma na outra, magicamente combinadas com seios caídos, irão transformar seu passeio no shopping numa experiência inesquecível”). Note a sugestão que Sally e Lucy são incapazes de irem à praia ou ao shopping sozinhas, já que estar fora do padrão aparentemente afeta as faculdades mentais. O pior é que as modelos gordinhas estão alegres, e alegria é bela e contagiante. Pelo menos eu prefiro ver gente feliz, rindo e sorrindo, do que aquelas top models de cara amarrada desfilando na passarela. Mas pelo jeito sou só eu. O resto do mundo deve é estar se perguntando por que essas gordinhas estão rindo. Afinal, elas não têm motivo algum pra isso!
E tem mais: se vc for uma magricela de cara amarrada ao lado de uma gordinha feliz e bem-resolvida, periga os homens se atraírem mais por ela do q por vc! hahahahaha... Esses padrões só pegam nas publicidades mesmo, acho q tem de tudo pra todos os gostos na "vida real". Bjs!
ResponderExcluirLola, o que vou comentar é totalmente fora do assunto deste post, mas comento aqui, para garantir sua leitura, é importante pra mim...
ResponderExcluirSobre o post que conta sua defesa de tese. Tô cheia da genialidade da academia brasileira, sabe? todo mundo por aqui é brilhante, sensacional, todo mundo merece o Nobel... defesa por aqui é rasgação de seda, difícil levar algumas a sério. Ninguém contaria uma nota considerada baixa, mesmo que só relativamente baixa, ora, todo mundo é genial. Mas mulher, vc é mesmo diferente. Conta, lamenta, abre o verbo, desabafa... sem medo. Admiro você mais ainda agora. Mais do que se tivesse tirado 10. Você sabe que sua inteligência e competência não depende disso. Parabéns. Pelo doutorado, mas principalmente pela maturidade. Beijos. (Ps. vou guardar este post)
Não sei o que é mais deprimente, o anúncio esculhambando as mulheres gordas ou essas mulheres se sujeitarem a esse tipo de humilhação. Será que elas são masoquistas? Porque é 100% certeza que serão zoadas também por conhecidos e desconhecidos. Além de que, claro, são tratadas como objeto...
ResponderExcluirPor falar nisso, você já viu aquele anúncio do fiat Stilo? http://www.youtube.com/watch?v=2nkyYKH9pts
ResponderExcluirMuito ridículo, por sinal.
É a última vez que eu posto, juro!
ResponderExcluirA ford, pelo menos, meio que se vingou...
http://www.youtube.com/watch?v=YzZZHsoTDck
Nojento.
ResponderExcluirAline, em contra-partida a esse comercial tem o do Ford Fusion http://www.youtube.com/watch?v=YzZZHsoTDck&eurl=http%3A%2F%2F74.125.47.132%2Fsearch%3Fq%3Dcache%3AqOXZ2C7yaTsJ%3Awww.verbeat.org%2Fblogs%2Fposestranho%2F2009%2F06%2Fonde_voce_pretende_estar_daqui.html%2Bc&feature=player_embedded
ResponderExcluirTomara q o cachê das moças tenha sido bem alto! Onde já se viu aceitar fazer uma propaganda que te chama de feia? Eu hein, cadê o amor-próprio?
ResponderExcluirSobre o comercial da Ford q o pessoal ta comentando, achei o máximo, quebra as expectativas de quem o assiste.
Algumas pessoas (como vc) compreendem esses absurdos ridículos causados por um único modelo de aparência, mas todo mundo acaba sendo um pouco influenciado por essa visão, mesmo sem querer, mesmo tendo consciência disso. Quem nunca viu gordinhas e teve pensamentos malvados sobre sua aparência, desviou de meninos negros que (aparentemente) vinham em sua direção, fingiu que não viu o menininho pedindo esmola, fez um comentário maldoso de alguém passando... Pessoas que entendem essa manipulação visual (e significativa) normalmente tem "peso na consciência" depois, mas a maioria ignorante nem percebe e só repete esse comportamento.
ResponderExcluirVi esse comercial no jezebel. Achei nojento. Tá na cara que é uma publicidade feita por homens, subestimando as mulheres. "Temos que vender bebida pra mulher, hmmmo que as mulheres querem? Ser bonitas, só isso1".
ResponderExcluirE, ao memos tempo, utilizam-se dessa estratégia tão comum na publicidade hoje, que é humilhar pessoas fora do padrão porque é "politicamente incorreto, edgy, descolado". Tô cansada desse povo.
Eu imagino se as moças que posaram para essas fotos sabiam para quê estavam posando. Eu duvido que qualquer uma aceitaria se soubesse. Pode ser tb que sejam fotos de banco de imagens -- nesse caso, é foda porque eu acho que os modelos perdem os direitos pelas fotos, não podem reclamar da maneira como são usadas, já que podem ser usadas por qualquer um. Não sei bem como funciona. Só sei que se eu fosse uma dessas mulheres e visse minha imagem ser relacionada a um texto tão vexatório e humilhante, eu processaria a fuça da Bacardi.
Fico pensando o que deve se passar pela cabeça das modelos que protagonizaram essas peças publicitárias. Será que elas são tão autoconfiantes que nem deram bola para o uso jocoso que fizeram da imagem delas? Ou, pior, será que elas nem imaginavam que seriam achincalhadas dessa forma? Chocante.
ResponderExcluirOlá Lola,
ResponderExcluirEu sempre achei essa coisa de misoginia aqui no seu blog meio exagerado. Mas estou revendo minha opinião. Há mais misoginia no mundo do que eu queria ver...Na minha própria vidinha.
Que péssimo anúncio, deplorável, constrangedor, escandaloso.
Mas é interessante como os padrões mudam de época para época. As mulheres retratadas pelos pintores clássicos são todas gordas. A Monalisa, p ex. Ser gorda era um must, parece. Li a resenha de um livro, não lembro qual (se alguém souber por favor ajude a fazer a citação dos créditos)uma análise baseada na luta de classes para explicar a imposição de padrões de beleza. Algo assim: quando a massa é famélica/raquítica, por que não tem mesmo o que comer, então ser gordo dá status. Apenas minoria que tem o que comer com fartura. Dá destaque ostentar gordura, que vira um símbolo de distinção (positiva), diferencia uma pessoa, a eleva a um status superior: sou melhor que o resto. Aí quando vem a revolução da agricultura e a maioria (pelo menos no ocidente/hemisfério norte) têm acesso a farta alimentação, a maioria engorda. Aí o extrato superior tem que se diferenciar: o símbolo é o mesmo, mas é virado do avesso. Ser gordo então equivale a ser igual a todos, e aí o extrato que quer ser "elevado" ou já é economicamente superior, passa a amar e a ostentar, veja só, a magreza famélica raquítica. Esse mesmo de tipo de raciocínio está no Livro Freakonomics, que li há uns dois ou três anos, sobre os nomes próprios dos ricos e pobres. Os autores mostram estatisticamente que as elites colocam nomes em seus bebês para diferenciá-los da massa. Só que assim que a massa começa a usar esses mesmos nomes, as elites sociais mudam de novo "os nomes de gente rica". Os autores contam isso ocorre nos EUA, em várias gerações. Mas aqui no BR ocorre o mesmo. Lembro que, na minha infância (meu referencial é São Paulo e década de 70, tenho 41 anos) os nomes de pobres eram, claro com exceções) João, José, Joaquim, Pedro, Antônio, Francisco, além dos nomes copiados da soap opera americana do JR, Suellen, etc). Só que quando os bem pobres começaram a se chamar Murilo, Gabriel, Rafael e Lucas, a dita elite volta a nomear os filhos com os nomes Joaquim, Francisco, Pedro, João, Antônio etc.
Esta teoria não tem que ser verdadeira totalmente, mas é um modo de olhar as coisas. Mas se estiver certa, vamos aguardar só mais uma geração para ver a maioria da população aderindo aos hábitos de magreza e fome, tomando suco de alface três vezes ao dia e emagrecendo mesmo. Aí, tchan tchan, os anunciantes começam a mostrar o novo padrão de beleza: carnes fartas e mostradas com muito orgulho.
Um abraço e tudo de bom.
PS: Ando com as antenas ligadas para captar misoginia no mundo. Priscilla
Inacreditável!
ResponderExcluirA gente pensa que 'não pode ficar pior', mas fica. Primeiro, só a idéia de vender uma mulher não é somente misógina, mas também escravocrata - lá estão elas, meras mercadorias numa propaganda, felizes e sorridentes com a sua condição.
ResponderExcluirO pensamento das elites (e dos marketeiros que trabalham para elas) continua o mesmo de 200, 400 anos atrás.
Não, Lola, não é só tu que acha melhor gente feliz e sorridente do que modelos de cara amarrada.
ResponderExcluirE querem saber de uma coisa? Achei as modelos bonitas.
Nunca, que pra mim, a ruiva(por exemplo) seria feia.Nem as outras.
hahah, as gordinhas têm motivo sim pra estarem felizes: ELAS COMEM PIZZA, pô!
ResponderExcluirEsses anúncios são de verdade mesmo? que amor.
Trophy wives, gostei da expressão...
ResponderExcluirQto as gordinhas, é engraçado que parecem terem geralmente um rosto mais agradável e serem mais simpáticas.. isso com certeza equilibra a balança.
Quando eu penso que o povo da publicidade atingiu o ápice em matéria de ser escroto...
ResponderExcluirIsso sim é deprimente.. Comentei num outro blog que esse negócio de ver beleza em mulheres magras-esqueléticas é um mundo paralelo, é uma outra dimensão, das pessoas que seguem essa entidade chamada MODA, diga ela o que disser. Pq isso eu não entendo, que beleza há em ossos saltando sob a pele, em modelos que desfilam sacolejando o esqueleto e param em posições tortas.. como se chegou a isso? A mim parece tão não-natural.
ResponderExcluirPara mim as mulheres feias e gordas merecem o mesmo respeito que os evangélicos, ou seja, todo o respeito do mundo.
ResponderExcluirVocê deveria tentar o mesmo, Lola
O que é pior é que todas as moças nas fotos são bonitas. Não estão no padrão, claro, nem super maquiadas ou decotadas. Dá um desânimo. Eu já sofro com qualquer anúncio misógino, mas com gordas é pior, pq eu me identifico diretamente com as moças que estão sendo humilhadas. É como falei uma vez aqui no trabalho: quando vcs falam que fulaninha de tal tá horrorosa pq tá gorda, vcs estão falando que EU, que sou gorda, sou horrorosa. Depois disso nunca mais falaram nada do gênero.
ResponderExcluirE, como sempre, nenhuma piadinha sobre homens gordos, né?
hahahaha
ResponderExcluircaí aqui em kerer e adorei.
vou te favoritar no meu.
Lola parece que vc tem preconceito com mulher magra,ta falando até que as modelos tem cara fechada.Mulher magra só faz sucesso nas passarelas,nas ruas o que chama mais atenção é um corpo com curvas,quando eu era muito magra ninguem me queria e ainda sofri muito bulling por ter o tipo físico que vc acha que é o padrão.
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