domingo, 11 de novembro de 2007

MEDO DA VERDADE / Anotações

O maridão acha que é uma conspiração dos críticos. Eles elogiam a estréia do Ben Affleck na direção e, em troca, ficamos livres do seu talento como ator. Tadinho do Ben. Primeiro que ele nem é tão ruim assim. Certo, não há discussão que ele esteve horrível em “Demolidor” e várias comédias românticas. Mas em “Procura-se Amy” ele foi bem. Em “Hollywoodland”, idem.
Isso posto, é quase irrefutável que seu irmão Casey é muito melhor ator que ele. Não que a gente tenha prestado atenção no Casey em pontinhas como “Gênio Indomável” e “13 Homens e um Segredo”. Mas 2007 é o ano de sua revelação. Ele dá show em “Jesse James”, tanto que merece ser indicado ao Oscar. E está perfeito também em “Medo”.
Ele tem um problema com a boca. Não sei se ele tenta falar através dos dentes, mas olha, desde o Marlon Brando em “O Poderoso Chefão” eu não ouço um ator resmungar tanto (bom, o caso famoso é o do Benicio Del Toro em “Os Suspeitos”). É até difícil entender o que ele fala em algumas cenas. Mesmo assim, ele é intenso.
Gosto muito do Ed Harris também. E a Michelle Monaghan vai bem num papel que desaparece da história lá pelo meio. O Morgan Freeman faz apenas uma figuração de luxo. E tem a Amy Ryan como a mãe viciada, que anda sendo elogiadíssima.
Mas o filme só me envolveu até a metade. Depois disso, acontece uma série de coincidências e confusões que não colaram.
E o final pode ser polêmico e tudo (dá pra ter longas discussões com os amigos sobre se o personagem do Casey faz a escolha certa), mas eu já não tava mais prestando muita atenção.
A mãe é o que se chama de “white trash” por aqui. Claramente não é uma boa mãe. Pelo contrário, parece que ela tava frequentando bares e cheirando na noite em que sua filhinha desapareceu.
Agora, Boston é uma cidade próspera. É impressionante que haja tanta miséria. Realmente é um lado de Boston (e dos EUA) que poucos conhecem.
Interessante contratar alguém só porque ele conhece todo mundo no bairro. E como o casalzinho não é levado a sério apenas por ser jovem demais.
Tem uma subtrama noir, mas é barulhento e complicado demais pra ser noir de verdade. Noir é mais sutil. A cena final é noir, com certeza.
Baseado no romance de Dennis Lehane, que escreveu também “Mystic River”.
Sobre o que é ser uma boa mãe, mais que um bom pai.
O casal de detetives indo parar num bar barra-pesada me lembrou o James Garner em “Vitor e Vitória” entrando num bar cheio de homens mal-encarados e pedindo leite.
Mais do que o suspense terrível do que está acontecendo com a garotinha desaparecida é o que pode acontecer com a Michelle. Todo lugar que ela vai ela é confrontada por algum vilão, e o Casey, frágil e bem-educado, não parece que pode protegê-la.
“Infiltrados” e “Mystic River” também se passam em Boston.
Como diretor de cenas de ação, o Ben ainda tem muito que aprender. Aprecio se alguém me explicar o que ocorre na escuridão de duas sequências inteiras.
A gente tem o Casey engolindo as palavras e uma fotografia escura nas cenas chaves. É um exercício de imaginação descobrir o que está acontecendo. Aproveite as legendas.
Se um cara lindinho desses morasse na minha vizinhança em Joinville, eu o chamaria pra tentar pôr algum juízo na cachola dos meus vizinhos barulhentos.
Eu me sinto melhor lendo que até os americanos nativos gostariam que legendas acompanhassem os diálogos.

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