domingo, 6 de julho de 2008

REBOBINE, POR FAVOR / Anotações

Do diretor Michael Gondry, de quem o Stuff White People Like tira sarro. O Stuff diz que qualquer coisa que o Michael lança é cultuada pelas pessoas brancas, que aguardam ansiosamente por Rebobine - “é o acontecimento cinematográfico mais importante desde Os Tenebrosos Tenembauns” (que não é do Michael, mas as pessoas brancas também adoram).
Gosto de como o Mos Def fala “What the duck?!”, ao invés de usar o palavrão que começa com f, e que qualquer um que já viu mais de um filme americano sabe muito bem qual é. Tô pensando em adotar o duck. Até porque patos são fofinhos.
Eu já estrelei um vídeo caseiro chamado Lola, A Estranha. Era um terror, e no final eu e meus amigos dançávamos ao som de Thriller, imitando zumbis. Só não gostei quando meus aluninhos adolescentes perguntaram se era um filme pornô, e passaram a me chamar de “nossa teacher porn star”.
Algumas cenas são bonitinhas. Mas são esquetes, não o filme inteiro, que não se sustenta. O tom suave e sem maldade ajuda, e os personagens têm um brilho nos olhos que os faz parecer quase lunáticos (tipo a Mia Farrow).
A mensagem de “Como assim, você não consegue fazer dinheiro? Esta é a América!” prevalece.
É antagônico e doce que ainda exista uma loja que trabalhe exclusivamente com vídeo VHS. E que tanta gente não tenha aparelho de dvd. Eu ainda tenho meu vídeocassete, mas faz uns três anos, no mínimo, que não coloco uma só fita lá. Se estiver quebrado, eu não vou saber.
Também uma homenagem ao cinema, principalmente o dos anos 80. O primeiro filme que eles fazem é Os Caça-Fantasmas (que pra mim de marcante só tem a música).
Mas primeiro que nada é tão barato. Até pra conseguir fantasia de Robocop eu teria problema. E você consegue fazer quantos minutos engraçados de alguém vestido de Robocop? Mais de dois até que canse? Uma moça tem a brilhante idéia de fazer os filmes mais curtos ainda, pra aumentar o ritmo de produção. Mas os clientes não vão se sentir enganados que os filmes não tenham nem vinte minutos?
Participação da comunidade em refazer o passado, contar uma história. E tudo é uma ficção.
Mas o filme fica fantasioso demais depois de um tempo. Como se uma onda de fofura radioativa tivesse tomado o set, sabe? Primeiro, posso entender completamente que as pessoas achem graça de vídeos caseiros parodiando grandes sucessos do cinema, como Conduzindo Miss Daisy e O Rei Leão. Mas elas realmente vão querer ver dois carinhas sem nenhum talento fazendo filmes “originais”? Ok, o sucesso do YouTube me diz que sim. Mas o YouTube é grátis. Se você tivesse que pagar vinte dólares por filme, será que rolava?
Filmes “sweded”, assuecados.
Jack Black, do seu jeito maníaco de ser, está bem durante a primeira metade. Mos Def não é ator. E até o Danny Glover fala de um jeito estranho às vezes.
Sigourney Weaver aparece, numa ponta bastante malvada que não acrescenta muito.
Poderia haver, mas não há, uma discussão sobre direitos autorais. Por que não poderia ser permitido pegar um filme ou livro de vinte anos atrás e refilmá-lo ou reescrevê-lo? Tem coisas que estão tão presentes na nossa memória coletiva que parecem pertencer a todos.
2001, Uma Odisséia no Espaço. Cena da aeromoça girando.
E o problema maior, claro, é que tanta coisa no YouTube parece superior.

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