domingo, 16 de março de 2008

THE VISITOR / Anotações

Um dos melhores filmes que vi este ano. Comovente.
Richard Jenkins dá um show. Por que uma interpretação dessas, discreta e bonita, não é lembrada pro Oscar? FOI!
A música une as pessoas.
Preconceito. Deportação. Posters irônicos.
Guardas treinados pra revelarem o mínimo de informação possível. Eles tentam ser educados, com “Sir” a cada frase, mas na realidade são ameaçadores. E incompetentes. Que é o que se vê com todo o atendimento aqui.
O visitante do título nem é tanto o imigrante ilegal, mas o personagem do Richard.
Estranho que em inglês a palavra “alien” sirva tanto pra alienígena como para “imigrante" (legal ou ilegal). Ou talvez nem tão estranho.
Este filme, e também Under the Same Moon (La Misma Luna), servem para diminuir um pouco a tremenda raiva que os americanos sentem em relação aos imigrantes ilegais. No fundo é preconceito racial também.
Muçulmanos.
Quem fica mal na fita é professor universitário. Dá a mesma aula faz 20 anos. Nem se incomoda em imprimir um novo programa. Ele só corrige o ano com liquid paper.
Pensei que talvez ele estivesse nessa fase vazia, de apenas passar pela vida, após a mulher ter morrido. Mas não, é muito antes. E é interessante como a gente fica sem saber como ele se dava com a mulher. É verdade que ele tenta aprender piano (depois que ela morre), mas isso não quer dizer muito.
Gosto de como o diretor demora um pouco pra compor totalmente suas cenas, criando um mínimo de suspense. Por exemplo, a gente não sabe de imediato o que a senhora vai fazer na casa do Richard, bem no começo. Ou quando surge a cabeça de um outro homem, e só depois aparece a cabeça de quem procuramos.
Envolvente do começo ao fim.
Passear de barca até Staten Island só porque é de graça. É, sei como é.

ENTREVISTA COM O ELENCO
Em Detroit, em março de 2008, entrevistei dois dos principais atores do filme: Haaz Sleiman, que faz o imigrante ilegal que inusitadamente vira amigo do professor (Haaz esteve em séries de TV como 24 Horas, Veronica Mars e Plantão Médico), e Hiam Abbass, que faz sua mãe (a atriz árabe-israelense já atuou em Munique, Paradise Now e Jesus - A História do Nascimento).
Portões abertos, sem fronteiras, para que todos possam entrar e sair de onde quiserem. Mas, já que existem países, que o imigrante só seja deportado se cometer um crime. Porque é terrível viver num lugar, construir uma família e uma vida lá, e ser mandado embora.
Fiz uma pergunta um pouco cretina. O filme tem um final aberto. Quis saber como eles imaginavam que seus personagens continuavam, o que poderia acontecer depois. Eles não quiseram ser roteiristas, acham que o final do filme deve ser respeitado, que é a visão do diretor e tal. Claro, mas assim como o público muitas vezes formula sequências pra vida de cada personagem, eu só queria ouvir a opinião deles acerca daquelas vidas. Só que não pode. Ator e personagem estão muito próximos.
Religião é um ponto importante no filme? Eles acham que não, e que esse é um dos méritos da produção. As diferenças são muito mais culturais que relgiosas. Mas há uma fala em que o rapaz se refere à namorada como ela sendo uma “boa muçulmana”, porque não bebe, e ele sendo um “mau muçulmano”. Aqui nos EUA, onde o preconceito contra islâmicos é enorme, é bom que o filme não seja sobre isso. Eles acham que o precoceito vem diminuído porque as pessoas estão cansadas da guerra do Iraque.
Typecast, preso num só papel: pra eles, a pior coisa que pode ocorrer com um ator é ter sempre que fazer o mesmo papel. Ele disse que faz árabes e latinos (?) também, mas que não deseja ficar restrito a um só tipo. Ele faz teste pro que puder. Viveu em Dearborn, subúrbio de Detroit. Agora vive em Los Angeles.
E é só falar que a gente é do Brasil que eles amam o país, querem ir lá um dia, essas coisas.

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