Mal tenho palavras pra descrever o quanto amei “Persépolis” (estréia amanhã no Brasil). Eu chorei feito um farrapinho humano, e só não chorei mais porque não queria inundar a linda sala do Detroit Film Theater, que fica dentro do Detroit Insitute of Arts. Se eu visse o filme em casa, sem reservas, seria um dilúvio, um novo “Babe, O Porquinho Atrapalhado” (meu recorde em lágrimas). “Persépolis” é realmente muito triste, de jeito nenhum um “feel good movie” como “Ratatouille” (vai ser uma árdua competição pra Melhor Animação, se bem que o do ratinho seja o favorito). Por mais que eu tenha gostado do camundongo culinário, não tem comparação. “Persépolis” consegue ser ao mesmo tempo um épico sobre a história recente do Irã, o cotidiano de uma menina e a situação dos estrangeiros na Europa. E nem dá pra dizer qual ângulo é mais fascinante. A história iraniana eu já conhecia, por cima. Um horror que tenham feito uma revolução e derrubado um tirano como o Xá pra pôr algo ainda pior no lugar como um aiatolá. Mas é novidade pra mim isso que, como não podem executar uma virgem, mandam um guarda casar com ela antes pra só depois do ato consumado matá-la. E lá pelo menos as mulheres ainda podem dirigir carros, ao contrário daquela “democracia” apoiada pelos EUA, a Arábia Saudita. Sei não, a gente vive aprendendo que deve respeitar diferenças culturais ao invés de querer ocidentalizá-las. No entanto, não tenho o menor respeito por toda uma religião que oprime tanto as mulheres. Como nesse ponto a direita cristã e os muçulmanos são parecidos!
O maridão, pra exemplificar como “Persépolis” é desolador, destacou que na Europa a vida não fica tanto melhor pra uma exilada. É verdade. Mesmo assim, o filme tem muito humor, como nas cenas em que a menina se transforma em mulher, e como ela decide lutar contra a depressão, ao som de “Eye of the Tiger” (usada em algum “Rocky”) com sotaque. É um belo filme em todos os sentidos, não só literalmente. Que os desenhos em preto e branco são de sonho não preciso nem dizer. Perto das animações que são feitas pra crianças nos EUA e vendidas como “pra toda a família”, “Persépolis” parece tão intensamente adulto! Eu nem o colocaria no mesmo gênero. Não consigo me lembrar de um desenho animado que tenha me deslumbrado mais. Em toda a minha vida.
Acabei deixando de ver Persepolis pra ver Sangue Negro na quarta... eu gostei muuito.
ResponderExcluirNao perca Persepolis, Alex! Eh sem duvida um dos melhores de 2007.
ResponderExcluiracabei de ver persepolis e amei!
ResponderExcluirrealmente, acho que é a melhor animação que já vi.
é lindo, emocionante e cômico ao mesmo tempo (claro que mais emocionante que cômico! haha)
ainda tô encantada!
beijos
Lola, vc já leu os quadrinhos? A história têm um peso a mais. Também adorei.
ResponderExcluirLola, tava lendo esse post por acaso mas queria soh comentar que vc devia tomar cuidado ao falar de religiao. Vc igualou "direita cristã" aos "mulsumanos" sem nem prestar atençao ao fato de que é a "direita" mulsumana quem oprime as mulheres. Da mesma forma como vc pede cuidado quando se escreve sobre mulheres, acho que vc deveria tomar cuidado ao jogar uma afirmaçao desse tipo. E soh pra dar um exemplo, o regime do Xà apesar de ditatorial era relativamente laico (por isso os setores religiosos estavam furiosos com ele e constituiram um dos grupos que derrubou o regime).
ResponderExcluirAgora, o mais triste sobre Irã é que as pessoas hoje sentem saudades do regime do Xà, que era muito mais liberal do que a "democracia" que existe hoje.