Uma dúvida me consome. Veio do nada e ficou. Talvez você tenha alguma explicação: o que acontece com os bullies quando viram adultos? Um bully é aquele valentão que gosta de humilhar seus coleguinhas na escola. Geralmente ele é maior, pra intimidar fisicamente, mas esse não é um pré-requisito. Às vezes ele não bate, só cria apelidos pra suas vítimas. Conheci duas vítimas mulheres, brasileiras que foram meio que torturadas emocionalmente (por outras meninas) quando estudaram na Inglaterra. Mas não sei se já conheci um adulto que admita ter sido um bully. E sempre tive a impressão que esse fenômeno é mais comum nos EUA e na Inglaterra que no Brasil, se bem que o bully deve ser universal. Pois bem, há crianças que sentem prazer em atormentar outras crianças. O que eu quero saber é o que ocorre com o bully quando crescer. Ele se arrepende do que fez? A necessidade de incomodar os outros simplesmente desaparece com a maturidade? Ou o bully continua sendo um bully, na sua versão crescidinha? Juro que não sei, e gostaria de saber o que você pensa. Eu só tenho um palpite. De vez em quando leio comentários em blogs e sites diversos, e é impressionante como, se alguém revela um problema pessoal, impreterivelmente recebe mensagens de solidariedade, mas também recadinhos de ódio. Será que a internet é o refúgio dos bullies adultos, que sentem saudades dos seus tempos de escola?
Ja viu um filme chamado Big Bully? Eh com o Rick Moranis (Querida Encolhi as Criancas), onde ele era torturado por um bully quando crianca e agora, crescido, e reencontra com o tal -- que eh de novo seu vizinho. A ironia eh que agora o filho do torturado virou bully, e o filho do bully eh o bomzinho.
ResponderExcluirAcho que bullies quando crescem perdem o poder um pouco, e nao amount to that much.
Ah, e no Brasil tem bullies sim, soh ainda nao criamos um nome pra eles/elas!!
Tá aí uma pergunta que também andei me fazendo. Fui atrás de notícias de alguns que conheci (embora no meu tempo eles fossem muito menos violentos que hoje em dia). Pelo que pude averiguar, eles crescem para virar adultos fracassados. Me parece que isso acontece porque eles não conseguem se adaptar ao mercado de trabalho. Os poucos que conseguem continuam bullies, atormentando seus subordinados. Eu tive um professor bully na Univille, mas não sei se ele era um bully quando criança. Ele é tão pequeno, que provavelmente era vítima de um e aproveitou para descontar nos alunos.
ResponderExcluirEu acredito que uma vez bully, sempre bully... Mesmo que o sentimento se torne um pouco adormecido depois de adulto!
ResponderExcluirÉ como se fosse um vírus que se manifesta de tempos em tempos, dependendo das circustâncias.
Na boa, nunca conheci um ex-bully... E falo por conhecimento de causa, afinal na minha infânica eu sempre era atormentado por essas criaturas!
Mas concordo com a Helen, essas pessoas se tornam adultos fracassados...
Aqui no Japão se chama Ijime o ato de maltratar por preconceito, isto é, no caso de crianças na escola, e usando o seu exemplo o cara fortão usar e abusar de alguém mais fraco.
ResponderExcluirFalando nisso vc leu ou assistiu ao Caçador de Pipas? Lá um dos personagens que embora não apareça muito mas é importante, exerce esse papel que vc descreveu
Andie, nao vi o Big Bully. Do meu tempo era mais Cuidado com meu Guarda-Costas, com o Matt Dillon, sabe?
ResponderExcluirQue bom que vc tambem tava se fazendo essa pergunta, Helen. Mas vc levanta outra questao interessante: se as vitimas de bullies na infancia se tornam bullies adultos, se estiverem em posicao de poder.
ResponderExcluirGreg, vc foi atormentado por bullies na infancia? Seria interessante saber como sao esses bullies hoje, nao seria?
Dan, nao vi Cacador de Pipas ainda. Eu ia ver se fosse indicado ao Oscar, mas como nao foi, decidi pular. Bom, talvez mais pra frente... Eh que nao li o livro, e o trailer era pessimo! (e muitas criticas nao foram positivas). Mas quem sabe, quando sair em video... Vc gostou?
Oi, Lola;
ResponderExcluirQuando eu trabalhava na Rocco a editora lançou um livro muito legal chamado "Garota fora do jogo - A cultura oculta da agressão nas meninas", de Rachel Simons.
Minha filha mais velha, aos seis anos (ela tem oito, hoje) foi uma vítima. Como ela sempre foi durona, uma garota começou a atingi-la de maneira sutil, perguntando por exemplo se ela tinha tomado banho ("Nossa, você está fedendo tanto!"). A coisa chegou a um ponto insuportável porque a auto-estima da minha filhota foi aos pés. Só se resolveu quando a mãe levou a menina pra outra escola.
Uma das mães, que é psicoterapeuta, organizou uma palestra sobre o assunto. Mas a atitude que se vê usualmente no Brasil é que isso é "coisa de criança" e elas resolvem a diferença com o tempo - o que não acontece.
Quando fizemos a divulgação do livro na Rocco me lembro que conversei com profissionais do Brasil e o que eles me disseram (grosso modo) foi: a prática do bullying é ignorada ou relevada pelos pais das crianças que o fazem; por isso, elas se tornarão adultos que desenvolverão e refinarão a prática: da violência para o deboche ou a humilhação.
As vítimas tomam dois caminhos: ou serão vítimas para sempre ou escolherão profissões que demandam poder - a certeza de que jamais serão vítimas novamente, e com a possibilidade de se tornar algoz. E o mais triste (usando as palavras de um dos psicoterapeutas): vencedores gostam de vencedores; perdedores gostam de perdedores; perdedores gostam de vencedores; mas vencedores não gostam de perdedores. E os agredidos que se tornam agressores jamais retornam ao que foram.
Obrigada pela colaboracao, Suzana! Eh, este assunto eh tao fascinante que merece um outro post... Nao tenho filhos, mas fico imaginando como seria se tivesse, e um deles fosse bullied na escola. Suponho que todos os pais queiram proteger e defender seus filhos, e que o primeiro instinto seria interferir. Mas muita gente nao considera essa uma atitude correta. Eh como vc disse, as escolas ignoram, acham que o problema vai embora sozinho, e deve ser resolvido entre as criancas. Nao concordo. Se eu tivesse um filho nessa situacao, eu iria interferir, sim. Agora, talvez seja ate pior se vc for a mae de um bully. Nao deve ser uma situacao terrivel?! Vc criar seu filho com o maior carinho e ver que, na escola, ele se transforma num monstro-mirim? Ai obviamente os pais tem que interferir MESMO. Po, eh dever deles (e da escola tambem). Muito interessante esse livro da Rachel Simons que vc mencionou. Vc sabe o titulo em ingles? E eh isso, eu acho que o bully da infancia se torna um bully adulto, que gosta de humilhar (e que so pode ser um fracassado por gostar de viver desse jeito). Sera que tem alguma correlacao entre ex-bullies e violencia domestica? Tipo, o ex-bully homem tem maior tendencia a bater na mulher quando casado?
ResponderExcluirEla tem um site:
ResponderExcluirhttp://www.rachelsimmons.com/index.htm
E o nome do livro é "Odd girl out". No Brasil, ele faz parte da série "Pais, tais e profissionais".
Bjs
Duas coisinhas:
ResponderExcluir1 - Aqui na Paraíba está rolando um confusão numa escola particular, porque há uma menina dos seus dez anos que aterroriza todas as outras! Então, o fenômeno é universal e atemporal, pois eu quando era criança, fui alvo de uma praga dessas, quando era interna no colégio de freiras.
2 - Sobre os bullies adultos, tenho uma hipótese: quando essas criaturas crescem, se forem homens, entopem o carro de caixas de som e aterrorizam a vizinhança com seu barulho ensurdecedor e músicas de mau gosto; se forem mulheres, dão em cima dos homens dos outros vestidas à la Joelma da Banda Calipso.
Eu fui bullied na Inglaterra. É um horror. Eu acredito que os bullies se sentem uma m%$#@ e querem fazer com que os outros se sintam assim tb. É a única explicação. Que outro motivo uma pessoa tem pra machucar a outra de forma intencional? Sério...esse problema dos bullies é coisa séria. Pode acabar com uma adolescência. Eu tive sorte de ter amigos excelentes lá, o que me ajudou a superar a crise gerada pelos malditos bullies! Ufa!
ResponderExcluirOi, vou entrar com um depoimento meio atrasado. Fui bully no segundo grau, especificamente contra uma menina, e acredito que ela tenha sofrido muito. Hoje, quase trinta anos depois, sempre que lembro, ainda fico arrependida. Talvez tenha feito outras vezes anteriormente, mas esse foi o que me marcou mais. Bullying é uma das coisas mais covardes que existem, e contra crianças/adolescentes, que ainda não têm a "casca grossa", me parece pior ainda. Entretando, contrariando alguns depoimentos anteriores, não me tornei perseguidora nem atormentadora contumaz nem uma adulta fracassada. Tenho duas filhas, e intervenho sempre que as percebo fazendo comentários entre si ou com amigas que cheirem a bullying (pois o efeito manada é uma realidade)
ResponderExcluirp.s.: adoro o blog
oi, vou contar uma coisa: eu era bully de fazer torturinhas psicológicas, arranjar apelidos, pisar nos calos mesmo quando já davam sinais de muito incômodo com a brincadeira. Quando eu lembro do tanto que eu era megerinha, me dá vontade de chorar, porque eu acho que fiz alguns colegas quererem sumir, não voltar pra escola nunca mais. E por que? Eu acho que era atacar antes que me atacassem, e eu tinha tudo pra ser atacada (e de fato o era, muitas vezes). Me sentia tão ET na escola que era o único jeito de ficar por cima da carne seca, principalmente quando tinha companhia. Hoje eu não ataco nem mosca, tenho horror de ver gente sendo humilhada. Não posso, infelizmente, fazer nada pelos meus colegas a quem fiz mal, até porque, nunca mais os vi, mas hoje ensino aos meus filhos a não mexer com quem está quieto, a não dar trela a quem os provoca e a se defender se passarem da conta. E acionar professora, diretora, prefeito, governador, porque nem bully nem bullied costumam ter estrutura pra resolver o problema como se deve.
ResponderExcluirnão dá pra assinar, tá? eu raramente comento anônima, mas não me orgulho nada de ter sido assim.
p.s.: gosto muito do seu blog também.
Eu fui vítima de bulling na escola, durante oito anos. Nunca virei um bully - isso é deformidade de caráter e é desculpa de perverso reprimido. Mas fiquei suficientemente traumatizado pra me tornar um excelente lutador de boxe, que pratico até hoje, aos 37 anos, e me confere uma saúde fenomenal. Só tenho a agradecer.
ResponderExcluirE quando minha filha, aos 5 anos, passou pelo mesmo, e a escola não quis fazer nada, eu liguei pro pai do garoto que incomodava minha filha. E ouvi dele que eles deveriam resolver entre eles, pois estavam em igualdade de condições por ter a mesma idade. Só que pra infelicidade desse pai, que obviamente pelo comentário era um bully, eu e ele também temos a mesma idade. E bastou o idiota ficar frente a frente comigo pra mudar o discurso, enquanto tremia, humilhado e patético.
Que se dane o senso (?) comum politicamente correto: se tem uma coisa que eu aprendi com os bullies, é que uma linguagem que eles conhecem é a mesma que eles professam. Eu não saio pro aí intimidando as pessoas. Abomino quem bate em mulher, em criança, em velho, ou em homens menores, tudo covardia. Mas se um bully ousa me desafiar, ou às minhas filhas, o troco é na mesma moeda. E é isso o que acontece com os bullies, pelo menos com os que cruzam o meu caminho.
Ai, Lola, à vezes eu queria que seu blog tivesse aquela caixinha de posts relacionados no fim de cada postagem, para eu saber se você já falou nisso de novo em outra ocasião.
ResponderExcluirMinha experiência com bullying foi limitada, mas de uma forma ou de outra eu sempre naveguei com o extrato inferior da hierarquia da escola. Mas vim aqui falar de uma amiga minha.
Um dia, conversando sobre bullying com meus amigos de colégio (e muitos foram fortemente bulliados), ela falou: "É, eu fui uma bully". Eu não acreditei. Como assim! Ela era tão legal, tão parecida com a gente, funcional, sem problemas de agressividade nem nada...
Bom, basicamente, ela começou a bulliar na 3a série, com o divórcio dos pais. Virou uma criança agressiva, juntava a classe para zoar os outros, batia, enfim. Fez isso por anos, ganhando mais sutileza conforme ficou maior (isolava, pegava as pessoas com seus pontos fracos, enfim). Muita gente tinha medo dela, medo de chamar sua atenção e ser a próxima vítima. Tocava o terror.
Ela fazia aulas de música na escola à tarde, e tinha um menino na classe dela, que todo mundo zoava por ser o "mudinho", que também fazia. O menino não abria a boca, nunca. Um dia, na aula de música, ela tomou a decisão de fazer o mudinho falar. Não lembro bem se teve um momento epifânico ou se foi só teimosia dela, talvez porque ela não conseguisse nenhuma reação dele. Fato é que durante várias e várias aulas de música, ela sentava do lado dele e falava pelos cotovelos, esperando alguma resposta. Um dia, ele respondeu. Depois disso, ficaram amigos, ela integrou o cara na turma, e Mudinho passou a ser um apelido carinhoso. Esse foi o fim do bullying na turma dela. Na minha interpretação, ela pegou sua capacidade de liderança da classe e começou a usar para o bem.
E ela não só parou de ser bully como ela procurou as vítimas que mais sofreram nas mãos dela e pediu desculpas a todos. E ela é uma pessoa incrível hoje.
Talvez ela seja a exceção (meus outros amigos que já bulliaram na verdade participavam de guerrinhas entre grupos, então costumava ter troco), mas talvez, só talvez, os bullies tenham esperança.
Bom, meu comentário não será muito profundo ou de uma fonte de estudiosos, mas vou contar mesmo assim.
ResponderExcluirA serie americana The Big Bang Theory, onde os personagens principais são nerds, fez um episodio que um dos meninos vai ao reencontro de seu bully da epoca de colégio e seus amigos, tambem nerds, se unem para dar coragem a esse personagem ir ao encontro de seu ex-torturador. Nesse encontro, num bar qualquer, a conversa revela que ele continua a mesma coisa e que na verdade ele precisa de um 'nerd' para tornar sua ideia - que o deixará bilionário - real (mesmo ela sendo inviável). E ele, claro, fala isso em um tom ofensivo. Durante a conversa há tentativas de respostas por parte dos nerds, mas como a serie é comedia elas só servem para fazer piada.
Enquanto os personagens meninos estão ocupados com isso, as meninas, que agora são 3 (sendo duas nerds e a outra o que seria a tipica popular do colégio), estão conversando num quarto e falam disso tambem. As duas falaram dos horrores que fizeram com elas no passado (as piadas de mau gosto, as humilhações etc) e a Penny que foi popular fala que não passou por isso e lembra de "brincadeiras" que faziam com uma menina (não lembro se chega a chamar de 'amiga') e pela narração dela as outras duas percebem que eram coisas horriveis e que não tem graça alguma. Até que uma acha o máximo ser amiga de uma popular e tudo termina em piada de novo.
Ou seja, eu acho que os bullies crescem sem acharem que foram violentos ou mesmo maus com suas vitimas, afinal era tudo uma grande brincadeira. E alguns quando amadurecem deixam esse comportamento de lado e outros adaptam as "brincadeiras" de colégio para um ambiente de trabalho.
Quem leva um tapa na cara vai lembrar para sempre. Não é uma coisa que se esquece. Mas quem deu o tapa dali um mês (por que tanto? Talvez menos) nem lembra que bateu ou se quer o motivo. E com o decorrer da vida isso se apaga.
A minha pergunta é: será que os bullies sabem que são bullies?