quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

OS PAIS DA AVIAÇÃO

Não sei o que aconteceu, mas os museus do Smithsonian, em Washington DC, não me impressionaram tanto como há 22 anos, quando estive lá. Talvez tenha sido eu que mudei, cresci, fiquei mais cínica. Os museus estão lá juntos, lindos, imponentes, e com entrada franca pra todos, o que é uma maravilha, convenhamos. O mais interessante é o de História Natural com seus esqueletos de dinossauros, mas pode ser que, após “Jurassic Park”, um réptil grandão parado não exerça mais tanto fascínio. Pros homens, a visita obrigatória é ao Air and Space Museum, que tem montes de foguetes, satélites e aeronaves. Pelo menos o maridão, que permaneceu uma múmia no museu de História Natural, gritou “Olha que legal!” assim que pisou no Air and Space.Me contaram que abriram um novo museu nesse estilo perto do aeroporto Ronald Reagan (agora que o cara morreu existem inúmeros prédios e monumentos com seu nome. Parece o Sarney no Maranhão ou o ACM na Bahia). Então o que vou dizer pode não estar certo. De repente esse outro museu tem cópia do 14 Bis. Mas no Air and Space original o Santos Dumont merece uma notinha ao pé da página, e os Irmãos Wright, uma galeria inteira, com o nome “Os Inventores do Espaço Aéreo”. Num pedaço minúsculo de uma galeria idem, há um lugar para “Aviação em Outros Paises” (que bem podia se chamar “Enquanto isso, no resto do mundo...”) e lá tem uma fotinho do Santos Dumont, sem sequer mencionar seu pioneirismo. Não é incrível? No Brasil, pelo menos, toda vez que nos falam sobre o Pai da Aviação, lembram que existe uma polêmica sobre quem voou primeiro, ele ou os irmãos Wright. Nos EUA não existe polêmica alguma. Eles reescreveram a história como quiseram.

A Vida Não Imita a Arte
Em um dos três museus de arte do Smithsonian, havia uma instalação mostrando um DVD chamado “The Way Things Go” (“O Jeito que as Coisas Andam”). Era de dois artistas suíços que, num depósito vazio, encheram o lugar de quinquilharias, numa espécie de efeito-dominó. Um balão inflava e empurrava um pneu, que por sua vez acendia uma vela que abria uma portinhola que cobria uma caixa de água que movia algum outro objeto – durante meia hora! Tinha um efeito hipnótico sobre o espectador, mas não sei se dá pra acreditar. De vez em quando a câmera se mexia um pouco, e quem me garante que os criadores não davam um empurrãozinho em alguma coisa emperrada? Só sei que fui ao banheiro depois, e a torneira automática que deveria soltar água ao sentir minhas mãos não funcionou. Imagino o trabalhão que os suíços devem ter tido...

O Frio Vai Ser um Terror
Muita gente vem me perguntando sobre o tempo daqui. Não sei se é o tipo de pergunta que se faz quando falta assunto ou se a preocupação é genuína, do tipo “Quanto tempo ela vai aguentar naquele gelo antes de pegar um avião e voltar pro país tropical?”. Considerando a segunda opção, vou responder. Até agora não tá escandalosamente frio. A temperatura oscila entre um e dez graus, ou algo do gênero, porque eles medem tudo em fahrenheit, que só eles entendem. Nada abaixo de zero ainda. Se ficasse só assim, tranquilo. Mas agradeço a apreensão. Eu também me preocupo muito, juro. Quando penso no frio que está pra chegar, lembro de imagens de filmes como “O Dia Depois de Amanhã” e “O Iluminado” (Jack Nicholson congelado no meio do labirinto). Ou seja, é com pavor mesmo. AHH! Enquanto escrevia isso, olhei pra trás e vi que já é noite. Cinco da tarde e já tá tudo escuro lá fora. Ontem adiaram o relógio em uma hora e ninguém me avisou. Deve ser horário de inverno. Outra imagem cinematográfica me vem à mente: “30 Dias de Noite”. Um terror.

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