Então, ao filme. Um grupo de três meninos brinca em Boston, e um deles é raptado e estuprado. Os três, já adultos e não mais tão amigos assim, vivem seus inferninhos particulares. Tim Robbins, a ex-vítima, tem uma existência amargurada. Sean Penn é quase um marginal, mas mantém as aparências graças à loja que tem. Quando sua filha de 19 anos é assassinada, seu mundo desaba. E entra em cena o Kevin Bacon, que faz o policial que investigará o caso. Todas as evidências apontam pro personagem do Tim, mas eu, que sei tudo sobre psicopatas (e tudo que sei, sem exceção, aprendi com o cinema americano), não acho que uma bala no peito seja o modus operanti de um serial killer. Não há heróis em “Lobos”, o que faz com que a gente perceba estar frente a um filme policial diferente. E, apesar da brilhante (embora exagerada) atuação do Sean, que tá a cara do Robert De Niro, a produção não é melodramática. Ó, pra eu não chorar num filme, é porque ele é frio e distante. E isso é bom.
Lógico que “Lobos” não é uma obra-prima. Não é um “Imperdoáveis”. Pra começar, às vezes o Clint parece não confiar na nossa inteligência (e quem pode culpá-lo?). Os resuminhos atrapalham. Ademais, não gostei de dois dos três finais do filme. O da Laura Linney, que faz a mulher do Sean, posando de Lady Macbeth, meio que pertence à outra história. Claro que “Lobos” tá muito acima da média, mas considere a concorrência. Pra entender o entusiasmo da crítica com o filme, é preciso entender os críticos. Olha só, eles são homens, na sua maioria. Adoram o Clint Eastwood desde os tempos do spaghetti-western. Já idolatravam o Clint quando ele era apenas ator. Quando virou diretor, então, foi uma babação geral. Fico imaginando a reação de alguns críticos ao notar que o Clint compôs a trilha de “Lobos”: “Uau, ele também escreve música?!”. Ficamos assim: por mais que “Lobos” seja ótimo, ele seria tão festejado se não levasse a assinatura do Clint? Duvido...
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