Por falar no resto do elenco feminino, essa foi uma das coisas que me irritou no filme. Eu não conseguia distinguir a Kirsten Dunst (de “Homem-Aranha”) da Julia Stiles (de “A Identidade Bourne”) da Maggie Gyllenhaal (de “Secretária”). São todas iguais. Há uma cena onde elas fazem nado sincronizado que comprova minha tese. Parecem todas clones. Mas eis que elas dizem que uma das amigas delas não vai conseguir casar. Ué? A moça também é bastante igual a elas, só não é loira. Não entendi.
“Sorriso Colgate” é aquele tipo de filme em que uma professora vai afetar pra sempre a vida de suas alunas, e em que todas as alunas participam ativamente das aulas, sem que ninguém interrompa ninguém. Tirando a aula inicial da Julia, esse é o sonho de todo mestre-com-carinho. Mas este produto do Mike Newell, diretor do ótimo “Quatro Casamentos e Um Funeral”, também tem o objetivo de fazer a platéia feminina soltar um “Ufa! Ainda bem que não vivo nos anos 50!”. E foi isso que me fez pensar. Será que a situação da mulher de classe alta (o universo enfocado por “Sorriso”) mudou tanto assim? Ainda existem bailes de debutantes e concursos de miss. O filme capricha em mostrar propagandas da época. O design desses anúncios realmente é diferente, mas a mensagem, não. Ou, sei lá, um anúncio dizendo “Liberdade é usar .... [complete como quiser]” é tão alienígena pra gente hoje? Tudo bem, claro que atualmente nenhuma grã-fina ostentaria sua riqueza posando ao lado de uma geladeira. Mas então só mudou o produto exibido, não a mulher? As moças ricas continuam deixando suas carreiras em segundo plano, quando têm uma carreira, e seguem disputando sair em colunas sociais, quase sempre ao lado do respeitável esposo, onde serão chamadas de “Sra. (sobrenome do marido)”. Tô chegando à conclusão que, pra uma certa camada social, a revolução sexual passou em branco. Pras ricaças, mudou o quê neste meio século? O penteado? Pronuncie a palavra “feminismo” perto delas e observe a careta de desgosto que elas fazem.
Não me entenda mal, “Sorriso” só pode ser visto como feminista no sentido que os personagens masculinos estão todos mal-trabalhados. Tem uma hora em que a Julia mostra que dá pra pintar um Van Gogh só colorindo uns números, num exemplo da massificação da arte. O roteiro do filme é assim pré-fabricado também – pinte os numerozinhos, encha de estereótipos, coloque uma estrela famosa e pronto, você tem um filme. No grande clichê que é o final, as alunas pegam suas bicicletas e cercam a Julia. Pensei que elas fossem levantar vôo e imitar “ET”, cruzando a lua e tudo. Mas não. Algo que mulher alguma faz em “Sorriso” é levantar vôo. Infelizmente.
Oi Lola, O sorriso é um dos meus filmes favoritos. Tem sim seus problemas, suas restrições, mas é bonita a mensagem que a Julia tenta passar sobre deixar de ser a Sra X e virar universitária, lutar por um futuro para si. Sim, é normal confundir todas elas, principalmente quando estao todas de uniforme. Mas depois de ver o filme umas 10 vezes como eu (rs!) vc começa a identificar cada uma.
ResponderExcluirAbração, Andrea
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Nossa, eu assisti o filme e concordo em tudo que vc disse, eu acho que é igualzinho a Sociedade dos Poetas Mortos e num fime num tem quase nenhum sorriso por parte da prof. Na verade eu acho que foi escolha errada da atriz! rsrs
ResponderExcluirNossa, estou me sentindo velho agora... Eu assisti a esse filme assim que ele foi pras locadoras, então provavelmente ainda em 2003. E pensar que desde aquela época até agora se passaram quase 10 anos é bastante assustador.
ResponderExcluirTambém achei o filme bem fraquinho e só resolvi ler uma crítica sobre ele agora pois me perguntaram sobre ele e minha resposta foi "ah, fala um pouco de alguns princípios feministas".