Neste “KK”, que se passa na década de 30, um pessoal tá rodando um filme e vai parar numa ilha hostil, onde uns nativos nada-a-ver apresentam a atriz principal, a Naomi Watts (de “O Chamado” e “21 Gramas”), prum gorila do tamanho de um prédio. A propósito, o tamanho dele é variável. Tem ocasiões que a Naomi parece uma pulga perto dele; em outras ela já é uma lagartixa. Inclusive, agora é uma boa hora pra se falar nos tão celebrados efeitos especiais. Seguinte: quando o Kong fica em close, paradão, ele tá muito bem feito. Vale os 200 milhões de dólares. Mas em movimento ele aparenta ser o que é: um efeito especial gerado por computador. Como os outros bichos, aliás. Na primeira vez que vemos os brontossauros (as únicas criaturas inofensivas na ilha, a menos que dêem pra sentar em cima da gente), dá pra notar claramente que é uma projeção. Essas coisas geradas por computador, não sei não. Sou uma visionária. Meu chute é que daqui a dez anos, no máximo, o consenso será o que eu tô dizendo agorinha: não convencem. Lembra da cena do “Exterminador do Futuro” de 84 em que o Schwarzza troca de olho na frente do espelho? Ou do carinha cujo rosto escorre pela pia em “Poltergeist”? Na época todo mundo achou bárbaro. Concorreu a Oscar de efeitos especiais e o escambau. Hoje eu passo a cena pros meus adolescentes e não tem um que não grite “Palha!”. Mas o filme não é melhor ou pior porque seus efeitos não são realistas. Como diz a Blanche Dubois, eu não quero realismo, quero magia! Eu convivo bem com o fato que dinossauros e macacões não existem. Desconfio até que eles já não existiam em 33.
Mas sabe, só a seqüência em que a Naomi vai de boca em boca já vale o ingresso. Ela escapa do gorilão pra cair no papo de um T-Rex. Foge dele pra ser presa fácil de um estegossauro. E finalmente surgem lacraias gigantes. Olha, dinossauros de trinta toneladas, macacos com segundas intenções, morcegos cheios de dentes—tudo isso eu tiraria de letra. Mas quando aparecem aqueles insetos bem-alimentados, não tem jeito. Aí eu comecei a tremer feio. Se fosse eu naquela ilha, eu chamaria o gorila de meu rei rapidinho. Ele derrota seus inimigos e bate no peito, como se comportam basicamente todas as espécies do sexo masculino. Deus queira que ele não marque território com xixi.
Durante o filme, fiquei pensando que seria mais ousado se eles fizessem o macacão se pendurar no World Trade Center. Depois o maridão jurou que a refilmagem de 76 usava as torres gêmeas. Pode? Quando o Osama derrubou o prédio, ninguém se lembrou disso. Se bem que o maridão também disse que gorilas são vegetarianos. Acho que ele tava tirando uma da minha cara. Este ponto dos hábitos alimentares do Konguinho, porém, é relevante. Ele quer comer a Naomi? (vocês não prestam). Quando ele pega um galho de uma árvore e põe na boca, pensei que ele tava só palitando os dentes. Mas sem maldade, acho que o relacionamento entre ele e a Naomi não tem conotação sexual. O Konguinho se comporta com ela como meus gatinhos agem com os ratos e lagartixas que caçam. Taí o humor da história. A piadinha do Abominável Homem das Neves é divertida, assim como quando o gorilão vai coletando loiras por Nova York, vendo que não é a Naomi, e jogando-as fora, numa enorme quantidade de loiras descartáveis.
Eu até derramei umas lagriminhas no fim, e quase me auto-esbofeteei por chorar por um efeito especial. Fiquei torcendo pelo impossível: que o gorilão e a Naomi se retirassem pruma ilha deserta e vivessem felizes para sempre. De preferência uma ilha deserta sem baratas gigantes, porque aí não tem amor que resista.
Adorei seu artigo, Lola!
ResponderExcluirTambém morri de nojo daqueles insetos gigantes, eca! E não tem jeito, a gente acaba torcendo pro Konguinho...
Como sempre, uma ótima crítica, e muito bem-humorada!
Abração!