Nada se sustenta no filme. Por exemplo, no “Romeu e Julieta” do velho Shake, Julieta se apaixona por Romeu sem saber que ele é do clã inimigo. Tem um baile de máscaras, certo? Quando ela nota quem ele é, já foi fisgada. Agora, vamos analisar como a Julieta da Luana gama pelo Romeu do Marco. Ela vê que ele é corinthiano. Daí ela tem certeza que ele tá mentindo. O cara não tem atrativos, broxa duas vezes seguidas, e ela cisma que esse é o homem da vida dela?! Ahn, tem algum outro motivo pra ela cair na dele além do óbvio “tá no roteiro”? Mas justiça seja feita: a produção se esforça pra esticar essa historinha prum longa de uma hora e meia. Como curta-metragem de cinco minutos já seria cansativo. E forçado, né? É chato entrar no universo de um rebanho fanático pra, no final, receber a mensagem que isso não é legal pra convivência humana.
Pausa pra minha experiência pessoal que, sinceramente, é mais relevante que várias críticas escritas sobre “Caos” (ou a sua vida muda muito depois de saber que, na real, a Luana é são-paulina?). Seguinte: quando eu morava em SP, trabalhava perto do Estádio do Pacaembu. Em dia de jogo, nossas regras de sobrevivência eram básicas: a gente simplesmente não ficava na rua, no ônibus, no metrô, ou em qualquer rota de passagem de torcidas. Porque toda torcida tem seu lado hooligan. É um pessoal que bebe, que se sente mais macho num grupo, e que procura pretexto pra brigar. E ainda por cima solta rojão. Ou seja, é um pouco como rodeio e música country – não tem nada pra se gostar num torcedor fanático.
Não sei qual é o ibope da Globo às quartas, quando ela transmite aqueles tediosos joguinhos de futebol. Mas imagino que tenha a audiência mais baixa da semana, já que a emissora deve automaticamente perder a metade feminina. E o que isso tem a ver com “Caos”? É que o filminho é a maior aposta da Globofilmes para 2005, acredite se quiser. De verdade, “Caos” não é indicado pra quem acha o fim nossos maridos acompanharem, às quartas na TV, qualquer partida de timinho de várzea como se fosse final de copa do mundo. E como a gente tampouco tem grande interesse em ver a Luana de shortinho... Só recomendo “Caos” pra marmanjos babões ou pra quem achava que “Voando Alto” era o pior filme da carreira do Bruno Barreto. Não sei se “Caos” é pior que aquela tragédia aérea, mas tá na área.
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