quarta-feira, 28 de novembro de 2007

CRÍTICA: A GRANDE FAMÍLIA / A grande fadiga

Ou pode chamar de “A Grande Família – O Filme” de “A Grande Bobagem” ou, na melhor das hipóteses, “A Morte, a Morte e a Morte de Lineu Silva”. A única vez que ri no longa inteiro foi quando o maridão olhou pra mim com cara de “O que estamos fazendo aqui? Podemos ir embora?”. De fato, senti muita vontade de deixar a sessão. Mas como a Globo anda aproveitando o sucesso de seus seriados, não? Até pensei que gostar ou não do filme dependesse de quanto se aprova o programa de TV. Por exemplo, “Os Normais” era um seriado que eu não gostava nadinha, então o filme não me decepcionou (achei tão ruim quanto). “A Taça do Mundo é Nossa”, do Casseta, era de um programa que foi ficando tão ruinzinho que eu nem via mais. Milagrosamente, eu devo ter sido a única pessoa na face da Terra a me divertir com o longa (não vi o segundo). Imaginei que, com “A Grande Família”, um sitcom que não vejo muito, mas que, nas horas em que o maridão vegeta diante da telinha, eu até desvio o olhar e dou umas risadinhas, o filme seria gracioso. Não é. Na realidade, é constrangedor.

A direção de Maurício Farias, que já comandou o igualmente horrendo “O Coronel e o Lobisomem”, é pesadona, sem timing. Mas o pior é o roteiro. Ô roteirinho! Tem piadinhas moribundas com alianças, e atores convidados como Dira Paes e Paulo Betti totalmente desperdiçados. E, pra piorar, o filme contém uma defesa incondicional da iniciativa privada. Quem vê o programa sabe que o Lineu (Marco Nanini) é funcionário público, certo? Pois bem, aqui o Tonico Pereira diz que com pensão de funcionário público não dá pra viver, sugerindo, nas entrelinhas, que o Lineu faça um plano de previdência pra sua esposa. Ahn, na vida real eu conheço uma viúva que ganha 8 mil reais de pensão, e ela não parece passar fome. Logo em seguida alguém diz que a Nenê (Marieta Severo) se casou com o homem errado e que, se pudesse escolher, preferiria um gerente de supermercado a um funcionário público. Em que mundo eles vivem? Não sabem que o sonho de milhões de brasileiros é descolar um emprego público? Vamos a um rápido teste: há mais gente fazendo concurso pra funcionário público ou pra gerente de supermercado?

Tanto o filme quanto a série são moralistas até a medula. Tem uns momentos que eu noto que, sem o humor, o programa seria o preferido da TFP – Tradição, Família e Propriedade. Se bem que esse pessoal que preza tanto pelos bons costumes poderia parar de jogar papel na rua e de deixar a torneira aberta, como fazem os personagens no longa. E o humor poderia ser menos repetitivo. Até o rapaz do meu lado, que parecia se divertir bastante, soltou um “De novo?!” quando se anunciou a terceira parte. Enfim, pra mim, por enquanto, o pior filme do ano. Mas claro que conto com Hollywood pra me fartar de material e brigar por essa posição.

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