Oceanos em polvorosa, pescadores intrépidos e George Clooney de barba. E, vale esclarecer, um título mais adequado em português do que em inglês. "Mar em Fúria" não tem nada do "perfect" do nome original. Nada mesmo. Muito pelo contrário. Pra começo de conversa, gostaria de entender porque contratam atores caríssimos, da estirpe de Clooney e Mark Wahlberg (de "Boogie Nights") e jogam baldes de água (fria) em cima deles. Tudo temperado com uma edição picotada e uma fotografia escura. Conclusão: se você não tivesse visto o nome de Clooney nos créditos, não saberia da sua presença. Ele está até dentuço nas raras cenas em que se pode ver seu rosto de símbolo sexual de garoto-propaganda de máquina de lavar.
Por favor, não me interpretem mal. Adoro o George desde que vi "Irresistível Paixão", seu veículo mais sedutor. Mas "Mar em Fúria" poderia haver utilizado qualquer ator, que não faria diferença. Parece corrida de Fórmula I, onde se vêem os carrões, não as faces dos pilotos por baixo dos capacetes.
Os diálogos que colocaram nos belos lábios de Clooney também não ajudam. Não vão além de "você consegue!", "vamos lá!", e "cuidado!", ou alguma baboseira pseudo-romântica. O interessante é que o astro é aquele que ganhava um milhão de dólares por cada episódio de "Plantão Médico". Ou seja, dinheiro não é exatamente um problema. Clooney escolhe os papéis por amor à arte. E, como você pode reparar, escolhe mal. A história, aparentemente baseada num fato real da década passada, conta a maré de azar enfrentada por um capitão de barco de pesca. Ele vai com sua equipe cada vez mais longe para pegar os seus peixinhos, sem saber que estará no olho do furacão da pior tempestade do século. Seguem-se ondas do tamanho de edifícios e os diálogos descritos acima, tudo para demonstrar a bravura indômita desta gente do mar. Com direito até à homenagem em museu. Eu não vi as bandeirinhas americanas. Deviam estar em falta.
Imagino que os surfistas achem este filme radical. Eu mesma, que nada tenho a ver com a tribo monossilábica, me peguei torcendo pelas ondas e pelos peixes. Mas, uma dica: dá pra fazer isso com o trailer, sem a necessidade de gastar duas horas e lá vai pedrinha e vários reais.
Afinal, você já conhece o esquemão - enredo ralo, bons efeitos especiais, personagens mal-construídos sem a mínima empatia com o espectador. No entanto, nada é mais irritante que a música inundando todo o rolo do filme. Procedimento padrão (você conhece, você confia): pessoa em perigo. Música de suspense. Pessoa salva. Música redentora. Essa estrutura é repetida umas dez vezes. Na terceira, seu estômago já está embrulhado. Pra dar mais emoção à uma produção gélida, os atores passam a vida derramando uma só lágrima. Não importa o personagem, todos escorrem seu choro por um lado da face. Será que este efeito especial também foi gerado por computador?
Pra não dizer que não falei das flores, "Mar em Fúria" não é, como vocês estão pensando, um filme 100% convencional. Há um diferencial - uma mulher gorda serve de interesse romântico (platonicamente, pra não chocar ninguém). É o cinemão atraindo as minorias, mesmo aquelas que já viraram maioria nos EUA.
Como eu esperava um filme ruim, posso afirmar que "Espectador em Fúria", digo, "Mar em Fúria", não frustrou minhas expectativas. Agora é aguardar as dezenas de produções sobre o Kursk. Profundidade que é bom é com submarino russo, não com filminhos náufragos que deixam a gente a ver navios.
Os diálogos que colocaram nos belos lábios de Clooney também não ajudam. Não vão além de "você consegue!", "vamos lá!", e "cuidado!", ou alguma baboseira pseudo-romântica. O interessante é que o astro é aquele que ganhava um milhão de dólares por cada episódio de "Plantão Médico". Ou seja, dinheiro não é exatamente um problema. Clooney escolhe os papéis por amor à arte. E, como você pode reparar, escolhe mal. A história, aparentemente baseada num fato real da década passada, conta a maré de azar enfrentada por um capitão de barco de pesca. Ele vai com sua equipe cada vez mais longe para pegar os seus peixinhos, sem saber que estará no olho do furacão da pior tempestade do século. Seguem-se ondas do tamanho de edifícios e os diálogos descritos acima, tudo para demonstrar a bravura indômita desta gente do mar. Com direito até à homenagem em museu. Eu não vi as bandeirinhas americanas. Deviam estar em falta.
Imagino que os surfistas achem este filme radical. Eu mesma, que nada tenho a ver com a tribo monossilábica, me peguei torcendo pelas ondas e pelos peixes. Mas, uma dica: dá pra fazer isso com o trailer, sem a necessidade de gastar duas horas e lá vai pedrinha e vários reais.
Afinal, você já conhece o esquemão - enredo ralo, bons efeitos especiais, personagens mal-construídos sem a mínima empatia com o espectador. No entanto, nada é mais irritante que a música inundando todo o rolo do filme. Procedimento padrão (você conhece, você confia): pessoa em perigo. Música de suspense. Pessoa salva. Música redentora. Essa estrutura é repetida umas dez vezes. Na terceira, seu estômago já está embrulhado. Pra dar mais emoção à uma produção gélida, os atores passam a vida derramando uma só lágrima. Não importa o personagem, todos escorrem seu choro por um lado da face. Será que este efeito especial também foi gerado por computador?
Pra não dizer que não falei das flores, "Mar em Fúria" não é, como vocês estão pensando, um filme 100% convencional. Há um diferencial - uma mulher gorda serve de interesse romântico (platonicamente, pra não chocar ninguém). É o cinemão atraindo as minorias, mesmo aquelas que já viraram maioria nos EUA.
Como eu esperava um filme ruim, posso afirmar que "Espectador em Fúria", digo, "Mar em Fúria", não frustrou minhas expectativas. Agora é aguardar as dezenas de produções sobre o Kursk. Profundidade que é bom é com submarino russo, não com filminhos náufragos que deixam a gente a ver navios.
E eu me achando ser um cinéfilo para o qual o filme era uma bosta!
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