segunda-feira, 26 de novembro de 2001

CRÍTICA: DO QUE AS MULHERES GOSTAM / Como o diabo gosta

Um novo filme em cartaz quer saber do que as mulheres gostam. Em uma só palavra: do Mel Gibson. Ih, foram duas! Não somos exímias contadoras. Mas vou contar meu sonho erótico pra você, corajoso leitor(a). Uma bomba atômica destruiu o planeta. Nem as baratas sobreviveram. Na face da terra, só sobraram eu, o Mel e o Tom Cruise. No momento em que eles iam começar a brigar por mim, eu gritei: "rapazes, a gente vai ter que aprender a compartilhar!". E acordei suando.
(Suspiro). Certo, "Do que as mulheres gostam" não tem nada a ver com hecatombe nuclear. Mas tem a ver com o Mel. E, sinceramente, nenhum outro nome na história da humanidade soou tão apropriado. O Mel é um doce. É seu nome verdadeiro. Tentei investigar o cidadão para melhor informar você, fiel leitora (a esta altura, só tem mulher lendo isso), e descobri que: 1) a idade dele varia, dependendo da fonte. Um livro diz que ele tem 44 anos, outro, 50. Em ambos os casos, vale lembrar que adoramos homens mais velhos; 2) ele nasceu em Nova Iorque mas cresceu na Austrália, logo, não é tão americano assim; e 3) ele tem dez irmãos. Se qualquer um dos fraternos possuir um décimo de seu charme, acho que já vale a pena conhecê-lo.
Há estudos preliminares provando que o índice de natalidade triplicou depois que Mel mostrou seu bumbu
m em "Máquina Mortífera". Aqui, pra infelicidade geral da nação, Mel está mais pudico. Ele tem várias oportunidades pra exibir o tórax nu, mas nada de nádegas. Droga! Droga! Droga! Apesar deste grave defeito, eu, como a crítica séria e comedida que sou, aprovei "Do que as mulheres gostam".
Marmanjos, voltem! Vou parar de falar do Mel e elevar o nível desta resenha. Se bem que o filme é um veículo pro Mel e só funciona por causa dele. O lema da história é que as mulheres
vêm de Vênus e os homens, de Marte, e só o Mel entende venusiano. E como entende! Ah, perdão, recaída. A história envolve um publicitário grosseiro que, após um acidente, passa a ouvir o pensamento feminino. Antes disso, pra se aproximar da alma das mulheres, ele tenta depilar-se (na cena mais hilária da comédia – ele até coloca um negócio na língua para não mordê-la de dor). Outro momento divertidíssimo ocorre quando a Helen Hunt se pega olhando pro pênis (coberto) do Mel e ruboriza-se. Se envergonhar de quê, muié? Toda a platéia feminina tava fazendo o mesmo.
O filme peca p
elo excesso de videoclips (um, inclusive, traz o Mel imitando Fred Astaire e Gene Kelly. Ele é desajeitado, mas mais lindo que os dois juntos) e segue o padrão de que qualquer pessoa ruim que sofre um acidente quase fatal pode se transformar em um ótimo samaritano. Mal posso esperar pra levar um choque e tornar-me uma crítica sensível.
No fundo, "Do que" é um programa educativo. Os homens deveriam assisti-lo para aprender como tratar bem as mulheres. Basta ouvir, ser carinhoso, dar atenção, quiçá desligar a TV durante a transmissão daquele 52º jogo de futebol imperdível. Na pele do Mel, parec
eu fácil fazer sucesso com o sexo oposto.
Mais uma pra coleção de "Olha, mãe! Concluí o curso básico de inglês e já estou legendando um filme". Esta entra na galeria dos clássicos. O Mel vê uma partida de basquete pela TV e grita, quando um jogador arremessa a bola, "Miss! Miss!". A criativa legenda optou por não colocar o óbvio "Erre! Erre!". Juro que tá escrito lá "Moça! Moça!". E, seguindo a tradição de "um curso de português também não ia mal", o tradutor taca um tal de auto (sic) investimento na tela.
Como já deve haver aproximadamente 6.536 fã clubes do Mel espalhados por aí, não vou iniciar mais um. Só queria lembrar que o fato do bumbum do Mel não aparecer compromete muito a qualidade de "Do que as mulheres gostam". Sugiro começarmos um abaixo-assinado. Talvez os produtores incluam algumas cenas do dito cujo na versão da diretora. E fica aqui um adendo. A única personagem com quem o Mel transa no filme chama-se Lola. Pra mim, isto é um claro sinal de que meus sonhos podem virar realidade. Entendi a indireta, Mel.

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