“A Sogra” pelo menos tem a Jane Fonda. Apesar d’ela estar mais conservada aos quase setenta anos do que eu tava aos trinta, eu devo dizer, sem maldade, que ela tá a cara do pai em “Num Lago Dourado”. É sério. Há uma cena com ela acamada num hospital em que eu pensei: Henry, você vive! Mas fora ver a Jane em seu primeiro papel em uma década e meia de ausência, “Sogra” não tem o menor atrativo. Só pra quem é fã de carteirinha da Jennifer Lopez. Deve ter algum por aí, perdido.
A bola da vez foi “Penetras Bons de Bico”, que eu fui ver no sábado, e tô pensando até agora se o que o pessoal de teatro diz sobre o público de sábado se aplica ao público de cinema. Ou talvez eu devesse rever o filme numa sexta pra conferir se a reação é diferente. Mas rever algo como “Penetras” pode causar danos cerebrais permanentes, então prefiro ficar na dúvida mesmo. Bom, esta comédia fala de dois amigos que adoram ir a casamentos sem ser convidados pra catar mulher e beber. Quando um deles dança com uma daminha de honra – acho que é esse o nome –, uma moça atrás de mim exclamou “Ai, que gracinha!”. Quando o irmão gay de algum interesse romântico de algum dos protagonistas tenta beijar algum homem, a moça gritou, em pânico, “Ai, que nojo!” Seu namorado confirmou: “É tudo viado mesmo”. O resto do respeitável público também fez barulhos de “Eca!” e “Argh!”. Foi uma comoção coletiva em plenos embalos de sábado à noite.
Enquanto isso, eu refletia sobre o que tava fazendo ali. Eu, que odeio casamento, que os evito até quando sou convidada, que sei que o bolo é sempre branco, nunca de chocolate. Eu, que por algum motivo nunca fantasiei em me vestir de noiva e ouvir a marcha nupcial. Pra quem ter um maridão é morar junto com ele, sem precisar firmar contratos ou trocar alianças. Esses rituais todos são universos estranhos pra mim. E estranho também é saber que “Penetras” vem sendo elogiado pela crítica americana simplesmente por ser R-rated. O que isso significa? Que não é pro público-alvo de Hollywood, meninos de doze, treze anos. E como que a gente sabe disso? Ué, porque o filme tem alguns palavrões e, audácia das audácias, seios! (o que não deve ter passado desapercebido pra quem deu o título em português). Os protagonistas continuam se portando como adolescentes, claro, mas como surgem peitos com mamilos na tela (o diferencial são os mamilos, lembre-se da Janet Jackson), o censor já decreta: proibido para menores! Ô sociedade puritana essa dos americanos...
No fundo, nisso de querer agradar homens e mulheres, a comédia acaba sendo bem esquizo. O começo é puramente masculino, depois vem a baboseira romântica que tanto agrada ao paladar feminino. Vamos nos ater à parte pros machos. Há uma seqüência em que moças semi-nuas (isto é, peito de fora) caem numa cama de braços abertos, olhando pro espectador. A isso se junta uma montagem com cenas de champanhe sendo aberto. Moça na cama, champanhe espumante, entendeu? Cinco décadas atrás pipocavam na tela fogos de artifício e trens penetrando túneis. E o que mudou nesse tempo todo, pós-revolução sexual? Os mamilos.
Um comentário:
Lola, em primeiro lugar, seu blog é muito bom. Chequei aqui pela blog da Denise, Síndrome de Estocolmo (que também é muiot bom!). Resultado, fiquei viciada! Ainda bem que não tenho patrão, pois mato horas do meu dia lendo você e não resisti deixar esse comentário, embora não saiba se você o verá por que num post antigo, mas você deveria ter ido ao meu casamento! O bolo era de chocolate e tava uma delícia!!!!!! Pena que ainda não te conhecia...
Enfim, é mais uma desculpa pra elogiar esse blog tão legal. Você e a Denise têm ajudado muito a derrubar meu preconceito contra blogs. Outro muito bom, não sei se conheces, ou se gostarás do estilo e de um escritor bahiano: Ricardo Cury. O nome é "Eu tava aqui pensando ou blá, blá, blá..." Ele já escreveu um livro com os posts do blog. Poderias pensar no assunto. Sei que já está imenso, mas queria registrar que o meu maridão (que tem um humor parecido com o do seu, pelo que dá para perceber) adorou a história de que os esquilinhos te vêem como O Grande Esquilo. E também como aquela dos Carpenters. Demos muita risada quando eu contei pra ele as histórias. Parabéns mais uma vez e um abraço. Paula, de Sorocaba, interior de São Paulo.
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