Prepare-se que é hoje que vou estragar um filme inteirinho pra você. Como? Contando a história. É que não dá pra não contar algo surpreendente que acontece após a meia hora inicial de “Entre Quatro Paredes”, já que é este o tema. Então, vamos lá. Não reclame, que depois ainda resta uma hora e quarenta minutos pra você se surpreender por conta própria. Bom, numa cidadezinha litorânea dos EUA, um jovem envolve-se com uma mulher bem mais velha, separada, com filhos. Os pais dele detestam a idéia. Pra piorar, a moça ainda tem um ex meio violento. Um dia, sem grande premeditação, o ex mata o jovem. Não é esquisito este resumo todo? Afinal, se você já ouviu falar no drama, foi por causa das indicações de Sissy Spacek e Tom Wilkinson para o Oscar. Eles fazem os pais do rapaz, e são os protagonistas da trama. Já é anti-convencional um filme começar com uns personagens centrais e, depois de trinta minutos, deslocar totalmente seu foco. Mesmo que você conheça a história, esta ruptura causa um choque enorme, pois o rosto do moço assassinado aparece em primeiro plano. Pois é, “Entre Quatro Paredes” não é o típico dramalhão que segue fórmulas fáceis. Não é um filme de arte, já que não existem filmes de arte no cinema americano, e decididamente não é um filme comercial. O que é, portanto? É um filme independente, este híbrido que de vez em quando é lembrado pela Academia. Se vai ganhar um dos cinco Oscars a que foi nomeado? Nããão, difícil. Talvez tenha alguma chance na categoria de roteiro adaptado. A Academia já considera uma honra que uma película intimista
e de baixo orçamento esteja entre os indicados a melhor filme.

Um comentário:
Lendo depois de 'alguns' anos de escrita a crítica. Andei explorando muitos textos seus antigos sobre filmes, Lola, de baciada, após conhecer seu blog e seu senso agudo de análise.
Este filme, em particular, não conheço. Mas vou procurar, seu texto instigou! Obrigada.
Por parar em paredes, outra boa produção de cinema, nesse caso um curta, e brasileiro, é "Entre Paredes", de Eric Laurence. É fácil de achar. Vale conferir.
E, quanto à opinião sobre arte em Hollywood, compartilhamos a mesma! Ao contrário de Pablo Villaça, outro crítico que respeito muito. Se entendi bem, ele considera que todo filme é arte, porque produção cinematográfica, e cinema é arte... De maneira geral seria (a sétima- , inclusive), mas o que repete fórmula e é produto raso é, penso, tão só indústria.
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