Como a gente não pode ficar falando de trailer pro resto da vida, vamos à “Premonição 3”. O filme é uma bomba, bem pior que seus dois antecessores. No primeiro “Premonição” havia mortes legais, trabalhadas, excessivas, e, acima de tudo, domésticas. Porque, convenhamos, morrer manuseando uma serra elétrica não é difícil. Então havia uma mulher com uma xícara vazando em cima de um computador que dava curto e pegava fogo, ela corria até a cozinha pra pegar uma toalhinha, pisava no quiabo, caía, e na hora de puxar a toalha todas as facas da casa despencavam em cima dela. Mas claro que este não era seu fim. Precisava que um sujeito entrasse e caísse em cima das muitas facas cravejadas em seu peito pra que ela de fato desse seu último suspiro. No segundo tinha um rapaz sem sorte que jogava um prato de macarrão pela janela, descia, deslizava no macarrão, e o movimento dos astros ou a era de Aquarius, não lembro direito, fazia com que uma escada o decapitasse. Mas enfim, eram acidentes domésticos, que davam a impressão que podiam acontecer com qualquer um que ganhasse a megasena do azar.
Aqui não. Francamente, alguém que vai à uma academia de ginástica e se deita embaixo de duas facas de samurai balançando tá pedindo pra morrer. Nesse caso nem acidente é, é suicídio (o mais interessante dessa franquia sádica seria ver um legista anotar a causa mortis). Os atores desconhecidos do 3 têm tanto contato com objetos cortantes, furantes e decapitantes, que é um assombro que não tenham morrido antes. Porém, pra quem cobra criatividade, este “Premonição” apresenta o que deve ser a primeira morte por bronzeamento artificial na história do cinema. Imperdível, né? Esse acidente na maquininha de tostar é bem cruel e tem pistas falsas. Cena de duas moças com seios à mostra. Corta pra uma bisnaga de pomada que ficou presa na porta. Corta pros seios. Close de pomada saindo do tubo. Seios. Pomada ejaculativa. Pensei que alguém iria escorregar na pomada, mas não. Ela só tá lá pra traçar um paralelo erótico com os seios das meninas. O maridão não concordou e disse: “Você e os caras que fazem esses filmes são doentes”.
Ai, ai. Os realizadores se preocupam tanto em planejar mortes espetaculares que se esquecem de tudo mais, dos diálogos ao desenvolvimento dos personagens. Um indivíduo, por exemplo, muda de acordo com o vento. A princípio ele nos informa que há somente uma chance em 250 milhões de morrer numa montanha russa (um dado patrocinado pela associação protetora dos parques de diversões, imagino). Depois ele é uma alma sensível reclamando de duas moças que morreram cedo sem nunca cometer nada contra ninguém. Em seguida ele aparece matando pombos. E mais pra frente vira um psicopata assassino mesmo. Será transtorno de personalidade? Fiquei confusa.
A sequência na montanha russa tá bem filmada. Você conhece a trama, certo? Um bando de adolescentes escapa de um acidente fatal, mas em seguida surge a Dona Morte e sua foice como que gritando “Próximo!”. Gostei também do humor da montagem, que fecha nas duas máquinas de bronzeamento artificial e depois em dois caixões. Só. Mas pistas em fotos já estão batidas demais. Daqui a pouco tiram uma foto minha abraçada com meu cachorrinho e alguém terá uma premonição: “Uhh! Ela vai morrer dilacerada por uma matilha de rotweillers!”. Mas o que eu queria saber mesmo é se um trem pode descarrilar por causa de uma barra de chocolate de 50 gramas e um rato de 500. Suponho que isso entre na categoria dos acidentes domésticos?
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