A animação da vez fala de um rato de estimação que cai na privada e descobre uma cidade subterrânea no esgoto, que é bem limpinho. Só tem uma barata no filme inteiro, e ela lê “A Metamorfose” do Kafka, algo que os pequenos não vão pescar. Pelo menos “Abaixo” não tem nenhuma mensagem muito ofensiva. Bom, talvez apenas uma: até em animação infantil tem insinuação de tortura? A lição de moral é que é melhor estar cercado de amigos e familiares do que viver sozinho como um rei. Claro que ajuda você estar cheio de amigos num mundo altamente civilizado como Londres. Mesmo que uma Londres de ratos. Imagino que a vida dos ratos em Calcutá não deve ser tão maravilhosa. Outra meditação filosófica que tive se referia a quem possui ratos como animais de estimação. Hamsters são bonitinhos, mas ratos? Tá, sei que eles são praticamente iguais e é pura hipocrisia minha. Meus gatos não saberiam distinguir um rato de um hamster. Acho que eles prefeririam ratos porque têm a cauda pra brincar. Ah sim, os vilões do desenho são sapos, que eu nem sabia que tinham dentes. Essa não é uma mensagem legal, porque sapos são mais úteis aos humanos que ratos.
Em “Abaixo” os ratos vestem roupa (um rato usa uma camiseta que gostei, escrito “Peste Bubônica”), andam em duas patas, e falam, obviamente. Ou seja, eles não se parecem com ratos de verdade de jeito nenhum. Podiam ser qualquer bicho. O maridão disse que os bonecos de pelúcia à venda graças ao filme tampouco se parecem com ratos, então tudo bem. Seu argumento definitivo foi: “Ou você acha as lesmas da vida real umas gracinhas?”. Bom, embora “Abaixo” não seja o fim do mundo, se me convidassem pra vê-lo de novo, eu teria que responder: nem sob tortura.
Pegou pesado!! eu até que achei legal
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