segunda-feira, 29 de março de 1999

CRÍTICA: ALÉM DA LINHA VERMELHA / Fora de linha

Pretensioso, interminável e confuso, Além da Linha Vermelha não se salva nem com a bela fotografia

Ao assistir a Além da Linha Vermelha, minha maior preocupação foi: será que vou perder a Páscoa? O filme é interminável, tem quase três horas de duração e dá a impressão de que não vai acabar nunca. Geralmente, não gosto de sair no meio de uma sessão, mas devo confessar que, desta vez, fiquei tentada. Resisti bravamente.
Este foi um dos três concorrentes ao Oscar que fala sobre a Segunda Guerra. Sua comparação direta é com O Resgate do Soldado Ryan, que é melhor. Pelo menos, na saga de Spielberg, os trinta primeiros minutos se salvam.
Fica difícil contar a história de Além da Linha Vermelha porque, simplesmente, não há história. Há pretensões, e de monte. O filme quer ser um estudo metafísico sobre guerras, mas tudo que consegue é fazer o público recordar-se de exemplares m
ais bem-feitos do gênero. Por exemplo, traz citações de Glória Feita de Sangue, de Kubrick, com oficiais superiores comandando missões suicidas sem preocuparem-se com os soldados que morrerão.
E também
lembra Apocalypse Now, de Coppola. Afinal, Linha Vermelha está cheio de jornadas interiores. Vários guerreiros se dedicam a compartilhar seus pensamentos filosóficos conosco, pobres espectadores. Os monólogos são mais ou menos assim: "Irmãos..." (pausa de dois minutos, com paisagens), "...amigos" (mais dois minutos; imagens de passarinhos). Isso quando não começa com "Ó minh'alma!". Os atores que declamam essas frases parecem retardados sob o efeito de calmantes, só que mais lentos. Essas partes são de lascar mas, felizmente, depois da vigésima intervenção, nossa mente alcança o subterfúgio de desligar-se automaticamente. Recomenda-se também controlar os roncos.
Em Apocalypse, o narrador tinha um diário e observações inteligentes. Não é o caso daqui. Não dava pra criar monológos mais interessantes e dinâmicos, a la Trainspotting - Sem Limites? Por que eles falam tão devagar? Por que Linha Vermelha não tem uma hora e meia a menos de duração? Por que todos os soldados têm olhos azuis?
Quando eu já estava pra lá de Marrakesh, o que me trazia de vo
lta à realidade era tentar adivinhar quem era quem no elenco de astros. Parecia uma constelação: Nick Nolte, John Cusack, John Travolta de bigode, Sean Penn, George Clooney, John Savage, Woody Harrelson, Ben Chaplin... Identificar alguns era tarefa árdua, já que, com a falta de história, eles iam e vinham sem nenhum padrão.
Por que fazer um filme? Para entretenimento, como é o caso de 99% da produção atual, ou para forçar a reflexão. Linha Vermelha não se aplica a essas categorias. Então lembrei de uma terceira: para concorrer a um Oscar (não necessariamente ganhar). E sobre um tema nobre, como a guerra, é ainda mais garantido. Ninguém arrisca esbravejar contra um épico histórico cheio de boas intenções. O pessoal se esquece que cinema é cinema. Mesmo que um filme se dedique ao Nobel da Paz, ainda assim é cinema, e deve ser avaliado como tal.
Também há quem aprove Linha Vermelha justamente por ser lento, no parâmetro de "o que é arrastado é bom"
. Outro ponto "a favor" é que fracassou nas bilheterias, possibilitando o rótulo de "gênio incompreendido". Ora, tem gente que gosta de um filme só por não ser falado em inglês (vide A Vida é Bela: tema + idioma = obra-prima).
Uma bela fotografia
e poucas cenas emocionantes de guerra não foram suficientes para que eu me esquecesse do título superapropriado de uma outra produção: Suppose They Gave a War and Nobody Came (imagine que eles fizessem uma guerra e ninguém viesse). Acertaram em cheio. Fizeram e ninguém veio.
Linha Vermelha adquiriu fama apenas por ser dirigido por um cara muito estranho: Terrence Malick. Malick fez o ótimo Terra de Ninguém em 1973, o cartão-postal Cinzas do Paraíso (na linha "a fotografia é o filme"), e logo em seguida sumiu por vinte
anos. Virou um recluso. E voltou agora, sem dar entrevistas.
Não sei por que os críticos, quase todos benevolentes com Malick, vêm ocultando certos fatos. Você sabia que The Thin Red Line é um remake de um filme de 1964 com o mesmo nome, baseado no romance do mesmo autor (James Jones)? Eu também não; descobri por acaso.
Uma dica esperta é trocar de cor. Nas locadoras, encontra-se um documentário excepcional chamado The Thin Blue Line (em português, Na Linha da Morte). É de onze anos atrás, vencedor de Oscar no gênero, e bem mais envolvente.

Depois que Linha Vermelha já devia ter acabado há uma boa meia hora e continuava firme, mostrando novas batalhas, comecei a torcer pelo juízo final. E também para que Malick demore outros vinte anos para filmar de novo. No mínimo.Mais um pensador (desta vez, o John Cusack). John, faça amor, não faça guerra (e se precisar de companhia, estamos aqui pra isso).

11 comentários:

  1. se critica pq assistiu merda vai assistir as novelinhas da globo ou chaves é rapidinho

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    1. Kkk... parabéns.... frases pensamentos ultra mega claros claridade retardados que não tendo luz, não enxergam a riqueza do filme..... melhor e mais rápida resposta será impossível... kkkkk essa insensível maio vc m vou o contraste da vida qts DEUS preparou pra nós e io que idiotas destroem em razão nome do q???? Olha a fala do ator Jim...... Puuutssss... naum precisava falar mais nada e eu que amo a vida teria dado o OSCAR até sem precisar terminar de ver o filme... o autor foi simplesmente...... SENSÍVEL MAGNÍFICO ESPECIALMENTE HUMANO... AMEI... DEUS E6 AMOR NÃO E6 GUERRA..E ELA EXISTE... POVINHO SEM LUZ.. KKKKKKKKK

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    2. filme maravilhoso quem botou essa crítica deve ser fa de chaves e sai de baixo falta Cultura e sensibildade

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  2. Disse tudo o que eu pensei sobre o filme. Até hoje eu penso que o foi o tempo mais perdido que eu já passei dentro de um cinema.

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  3. Gostaria muito de ver um comentário sob o ponto de vista de um militar. Creio q concordo c o Guimarães. A propósito, n é um filme de guerra? E baseado na 2ª guerra? Alguém acha mesmo q a loucura e insanidade de uma guerra vai deixar alguém normal??

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  4. Criança, esse é o Terrence Malick, isso não é cinema pipoca, isso não é cinema pra você, com todo respeito, sua 'crítica' é demasiadamente leviana e superficial. Comparar The thin red line com Saving private Ryan é uma insensatez. Esses blogueiros sempre tão amadores...

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  5. Deve gostar de Senhor dos Anéis...

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  6. Bem Lola, acredito que foi a crítica mais infeliz que li até hoje sobre o filme The Thin Red Line, desculpe mas sou obrigado a deduzir que vc é uma leitora de revista de quadrinhos sem legendas. O conteúdo do filme prende dentro da linha de pensamento de como a humanidade entra em decadência a cada dia mais e o quanto o poder de domínio nos torna cada vez mais monstros monstros e egoístas. Na minha opinião "O melhor filme de reflexões teológicas sobre os caminhos escolhidos pelo homem."

    Além da Linha Vermelha.
    Uma das frase dos filme...

    "Nós éramos uma família. Tivemos que nos separar. Agora nos voltamos um contra o outro, um no caminho do outro. Como perdemos a bondade que nos foi dada? Deixamos escapar, a dispersamos descuidados. O que impede que vençamos, que alcancemos a glória?"

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  7. Conversa de noveleira.
    Filme perfeito e emocionante

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  8. A sua crítica é tão....Que ainda, passados mais de vinte anos ainda lhe escrevem coments....
    Eu pergunto,se essa película tivesse protagonistas femininos mergulhadas no mesmo argumento a sua crítica seria a mesma? Claro que não....

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  9. 2022 vim aqui criticar essa crítica rasa, como que a pessoa acha defeito num filme desse? Atemporal, fantástico, elenco monstro. O filme nos toca de uma forma surrreal.

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