quarta-feira, 10 de fevereiro de 1999

OSCAR 99: NOVOS FILMES, VELHOS TEMAS

Surpresa mesmo, só duas na lista do Oscar: a campanha tão boa de A Vida é Bela, que resultou em indicações para Melhor Filme e Filme Estrangeiro (pela segunda vez na história); e a esnobada dirigida a Truman Show.
Fernanda Montenegro tinha chances de ser indicada, e é um alívio ver seu nome lá. Nunca uma atriz latino-americana havia aparecido nesta lista. É quase impossível que vença, e seu nome representa o maior azarão nesta categoria, mas já é uma honra indiscutível, e certamente fará com que mais público assista a Central do Brasil.
Para Filme Estrangeiro, a estatueta já seria nossa se não fosse um lamentável detalhe: a inclusão de A Vida é Bela. Infelizmente, o italiano é franco favorito e o Brasil deve ficar de mãos abanando de novo. Não se trata de patriotismo. A verdade é que Central do Brasil é maravilhoso, muito superior aos nossos concorrentes de anos passados, como O Quatrilho e O Que É Isso, Companheiro?, e merece mais este prêmio.
O melhor filme de 1998, The Truman Show - O Show da Vida, ficou praticamente de fora da corrida (só foi nomeado em três categorias). Sua inclusão era tida como certa, assim como a de Jim Carrey, que, afinal, havia levado o Globo de Ouro. Uma tremenda injustiça.
Com isso, O Resgate do Soldado Ryan e Shakespeare Apaixonado parecem levar alguma vantagem sobre os outros concorrentes. Mas este ano, ao contrário de 98 - a consagração de Titanic -, ninguém poderá cantar vitória antes da hora. Até A Vida é Bela pode atrapalhar o sono de Spielberg.
Mas vejam só o conservadorismo da academia: dos cinco indicados a melhor filme, três são sobre a Segunda Guerra, e os outros dois tratam do período elizabetano. Uma pena não haver espaço para a atualidade inovadora.

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