domingo, 19 de janeiro de 2020

ESCÂNDALO É NÃO ENTRAR NO BOLÃO DO OSCAR

- Alô? Você já entrou no bolão?

Pessoas queridas, faltam apenas três semanas pra cerimônia do Oscar, e este ano temos um motivo a mais pra assistir e torcer: a indicação do excelente Democracia em Vertigem a Melhor Documentário!
Por isso, o meu tradicional bolão do Oscar incluiu a categoria de documentário nas apostas. Não percam! Apostem! É simples -- quem acertar mais categorias, ganha!
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Hoje vou falar um tiquinho de um filme bastante bom, EO Escândalo (Bombshell, trailer aqui), que concorre a três prêmios: melhor atriz (Charlize Theron), melhor atriz coadjuvante (Margot Robbie), e maquiagem e cabelo.
Suponho que ele só tenha chances nessa última categoria (que é uma só). Os penteados, a maquiagem, o uso de próteses -- tudo está tão perfeito que faz com que Charlize fique igualzinha à personagem que interpreta, a âncora Megyn Kelly, que existe na vida real. Nicole Kidman também se aproxima bastante a Gretchen Carlson, e John Lithgow faz um Roger Ailes muito convincente (todos eles capricham também nas vozes). 
Naomi Watts e Russell Crowe na série
O filme conta uma história real, também narrada na minissérie de 7 episódios The Loudest Voice, em que Russell Crowe faz o repulsivo Roger: a queda do chefão da Fox News depois de ser acusado de assédio sexual por várias funcionárias, incluindo Megyn e Gretchen, estrelas da emissora. 
Foi na mesma época (2017) que outra estrela da Fox, Bill O'Reilly, também perdeu seu emprego, também por causa das muitas denúncias de assédio contra ele. Ele aparece quase nada em Escândalo. Já a personagem que a Margot faz, de uma jovem jornalista que sofre assédio de Roger, é a junção de várias mulheres. 
Pra quem não sabe, a Fox News é uma emissora de direita que sempre investiu pesado em fake news, e que sempre teve lado (o pior possível). Por exemplo, apoiou a candidatura de Donald Trump. E, durante a primeira campanha de Obama, espalhou as teorias conspiratórias de que ele não era americano e que seria um terrorista. Em The Loudest Voice, vemos que Roger mandava que, toda vez que o nome de Obama fosse mencionado nos noticiários, dissessem Barack Hussein Obama, usando o nome do meio, pra fingir uma ligação inexistente entre Obama e Saddam Hussein. 
Por isso a dificuldade da gente empatizar com a Megyn e a Gretchen. As duas realmente foram assediadas e humilhadas, assim como tantas outras mulheres que passaram pela Fox (e por outros veículos menos conservadores também). Mas, politicamente falando, ambas são podres. É tipo mostrar nossa sororidade em relação a Joice Hasselmann e Rachel Sheherazade, pra ficarmos em duas jornalistas brasileiras. A gente condena o machismo que elas sofrem (embora elas não condenem o machismo que a gente sofra, e inúmeras vezes façam declarações anti-feministas estúpidas). Mas gostar delas é outra história. 
Roger Ailes e Bill O'Reilly
na vida real, antes da queda
Escândalo me fez ficar com muita raiva dos homens. PQP, parece que todo homem branco mais velho se acha no direito de chantagear as funcionárias pra ir pra cama com eles! Um lema recorrente na Fox era "if you wanna play with the boys, you have to lay with the boys" (se vc quer fazer parte do time dos meninos, você tem que se deitar com eles). As mulheres que se recusavam ou eram demitidas ou nunca seriam promovidas. 
E o filme (e a série) me fez ficar com muita raiva do machismo estrutural. Acho que não estou dando um spoiler se contar que, na vida real, as várias mulheres que processaram Roger e Bill receberam, no total, 40 milhões de dólares. Sabem quanto Roger e Bill receberam de indenização pra aceitar sair da Fox? 65 milhões de dólares! 
Pelo jeito, predadores sexuais raramente saem perdendo. 
Bom, vejam o filme e depois me digam o que acharam. E entrem no meu bolão do Oscar, por favor! 

Um comentário:

Felipe Roberto Martins disse...

Lola assisti o filme do Escândalo, mas não gostei muito o 1917 tá legal p/ quem gosta da temática...