domingo, 3 de novembro de 2019

PARA COMEÇAR A ENTENDER O BOLSONARISMO

Recomendo muito este texto da antropóloga Isabela Kalil, que vem pesquisando sobre o bolsonarismo e concluiu que ele é maior do que Bolsonaro (ou seja, é um erro achar que, se ele cair, tudo de nefasto que ele representa acaba).
No artigo, Kalil aponta três principais estratégias de comunicação do "mito" e como elas estão sendo usadas agora que seu nome foi citado no caso Marielle. O primeiro é o padrão da imobilidade, explorado no vídeo do leão (Bolso não fugiu dos debates durante a campanha, esteve hospitalizado; ele quer cumprir promessas, os outros é que não deixam).
O padrão do renascimento, de que Bolso tornou-se um novo homem depois de sobreviver à facada, foi um fator decisivo para humanizar o candidato e assim conquistar o voto feminino durante a campanha, diz Kalil. Continua sendo uma estratégia forte do governo e, lógico, apela aos evangélicos.
O padrão do espelho (mas e o PT? E o Lula?) é sempre usado por Bolso e seus apoiadores. Para abafar todos esses escândalos recentes, eles tentaram trazer de volta um caso (já resolvido) de 2002, o do assassinato de Celso Daniel. 
Kalil explica que Bolso não sabe mais qual o alcance de sua base de apoio, porque tem perdido eleitores desde abril. Portanto, a live com ele surtando é uma forma de testar e medir o apoio e o alcance que ainda tem.
Aproveitando, este artigo da antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, outra grande pesquisadora do bolsonarismo, dialoga perfeitamente com o de Kalil e mostra que estamos dormindo no ponto. Rosana alerta que é um erro acharmos que Bolso e sua família vão cair sozinhos pelos inúmeros erros que cometem. Não vão. E precisamos nos mobilizar desde já para as eleições municipais do ano que vem.

21 comentários:

Lara disse...

Vocês assistiram Rambo 4, ou John Rambo, de 2007? Nesse filme o Rambo vai salvar um grupo de religiosos que foram sequestrado em Miamar qdo estavam levando ajuda humanitária lá. Por que estou falando desse filme? Por que eu tenho certeza, que se fosse no Brasil, esse grupo seria pentecostal e eleitor do Bolsonaro.

Eu tenho essa certeza porque minha avó me levava numa Igreja dessas, do Evangelho Quadrangular de Madureira no Rio, ela e meus pais eram os únicos que iam nessa igreja porque a família dela era toda católica, mas ela ficou doente 2 meses, perdeu o emprego e passou dificuldade por um bo tempo na sua juventude; nenhum padre, religioso católico ou líder comunitário de esquerda foi visitar ela, ninguém deu um prato de comida ou perguntou se ela precisava de ajuda, só o Pastor que estava fazendo visitas no Hospital que ajudou ela, depois que melhorou ela foi na congregação e recebeu ajuda de todo tipo, até arrumaram contrato de merendeira em uma escola Municipal a ela.

Resumindo, não tô falando pra nenhum grupo de esquerda ir ser missionário na África, acho louvável quem faz isso mas não precisa ser tanto, mas me incomoda como a esquerda passa tempo discutindo o sexo dos anjos e tentando "lacrar" e esquece de atender pobres, velhos, doentes e etc. que são, ou deveriam ser, o foco de todo trabalho social.

Anônimo disse...

Que escândalos recentes?

Anônimo disse...

Bom, existem políticas públicas específicas para isso, as quais o governo atual está terminando o desmonte iniciado pelo governo golpista. O único interesse dessas igrejas é promover assistencialismo, impedindo assim que as pessoas conheçam e exijam os seu direitos, distanciando-as do desenvolvimento da autonomia. Assim os fiéis ficam muito agradecidos com a barriguinha bem cheia, e continuam a votar em quem o pastor manda. Aposto que o pastor da igreja da sua avó nunca a informou que ela poderia solicitar subsídio alimentar do poder público em situações de emergência, e que a vaga que ela ocupou em uma escola municipal por indicação deveria ser destinada à alguém que passou por um processo seletivo ou concurso, seguindo a prerrogativa da impessoalidade que é o que traz segurança jurídica para o serviço público. E é assim que o ciclo de privilégios e de promoção pessoal se perpetua dentro da máquina pública, com instituições que nada têm a ver com o interesse público indicando quem é mais merecedor de ocupar espaços que deveriam ser oportunizados igualmente, sem discriminação.

Anônimo disse...

Eu tava perguntando pra minha mãe quem ela achava que era o pior, se o próprio Bolso, o Carluxo ou o Dudu. Tinha até esquecido do Flavinho Laranjal, mas aí agora ele vem com "querer cassar mandato de deputado por incitar ditadura é o próprio AI-6".
Ué? Mas eles não iam gostar? Ou ele acha que não teve AI-6 durante a ditadura? AI5 foi o último? Família de comediantes essa.

Lara disse...

"o pastor da igreja da sua avó nunca a informou que ela poderia solicitar subsídio alimentar do poder público em situações de emergência"

Isso foi na década de 1950, nem existia Ministério Público e muito menos políticas dessas, e não é culpa do pastor e nem da minha avó que o prefeito nunca fazia concurso pra merendeira.

Mas, meu ponto é que as pessoas precisam se sentir recebidas, cuidadas e precisa que alguém se importe em ouvir e ajudar. Hoje eu sou universitária, graças ao Lula e me considero de esquerda, mas reconheço essa falta nos grupos políticos que frequento, muito discurso e pouca ação social.

Anônimo disse...

Anônimo das 21:15: não poderia concordar mais.
Triste por quem ainda cai no discurso desses pastores evangélicos.

Lara disse...

"Triste por quem ainda cai no discurso desses pastores evangélicos."

Aí que está o problema, não foi o discurso, foi a ação que levou minha avó "cair" no discurso. Espero que vocês tenham mais empatia e não a julguem, uma mulher pobre, preta, doente, sem emprego e apoio da família no Brasil dos anos 1950, onde o machismo era muito mais estrutural e excludente que hoje, porque ela aceitou a única mão que foi estendida a ela, é interessante que o texto de hoje da Lola fala sobre empatia e não estou sentido no julgamento das leitoras do blogue dela, será que a sororidade só valem pra quem vocês concordam?

Anônimo disse...

Mijair Merdias Bolsoshower só deu voz para racistas, homofóbicos, misóginos, preconceituosos, segregacionistas, eles sempre existiram, mas ocultavam seus sentimentos ou despejavam tudo nas mesas de bar, mas depois do avanço tecnológico, ficaram evidentes em páginas, blogs de conteúdo misógino ou violento (quando não os dois ) , fóruns anônimos, chans, na figura do cambalacheiro metido a filósofo encontraram quem apoiasse suas idéias doentias, criminosas com inclinações sociopatas. Caso o Mijair cumpra ou não o mandato até o fim e aquele cadáver putrefato que se fiz filósofo venha a falecer e ficar a vagar por aí, pois Astaroth, Belial, etc detestam concorrência a semente dessa gente foi plantada em outros iguais ou piores surgirão, sem esquecer que foi o silêncio e sossego dos conscientes depois do massacre do Realengo abriram caminho para esse caos instalado que ceifou vidas no massacre de Suzano, de Luciana em São Paulo, de Marielle no Rio de Janeiro, forçaram o exílio de pessoas como Débora Diniz, Jean Wyllis. É manter alerta e denunciar sempre, pois as milícias são virtuais e muito ativas.

Anônimo disse...

Lara, estou falando de você mesma, não da sua avó. Pelas condições da sua vó, entendo perfeitamente que ela tenha confiado nas ações dos pastores. O que não dá para entender é essa sua ingenuidade (ainda mais no momento que estamos vivendo, com o radicalismo religioso espalhando seus tentáculos por todos os setores da sociedade).

Lara disse...

Mas eu não voto no Pastor e nem votaria em alguém indicado por ele, preste atenção no meu primeiro comentário e veja que estou pensando em em uma maneira dos movimentos sociais se aproximarem mais das pessoas, o que a extrema-direita está fazendo através dessas igrejas, repetindo:

"mas me incomoda como a esquerda passa tempo discutindo o sexo dos anjos e tentando "lacrar" e esquece de atender pobres, velhos, doentes e etc. que são, ou deveriam ser, o foco de todo trabalho social"

Lara disse...

Repetindo de novo:

"Mas, meu ponto é que as pessoas precisam se sentir recebidas, cuidadas e precisa que alguém se importe em ouvir e ajudar. Hoje eu sou universitária, graças ao Lula e me considero de esquerda, mas reconheço essa falta nos grupos políticos que frequento, muito discurso e pouca ação social."

Então, tentando ser clara: eu não vou mais na Igreja e nem conheci o tal pastor, não sou seguidora dele e nem sei se ainda está vivo, o que eu defendo e que os movimentos ditos sociais, como o Feminismo por exemplo, faça visitas a asilos e hospitais, conversem com as pessoas mais carentes, doe um pouco de seu tempo em assitencialismo ao invés de ficar só criando teorias e tentando explicar tudo. Existe movimento sociais que faça isso? Deve exister com certeza, mas eu nasci e cresci em comunidade pobre e NUNCA VI.

Anônimo disse...

Lara

Sei bem o que é passar necessidade, problemas e todos se afastarem como se o necessitado (a) tivesse uma doença contagiosa fatal. Muitos entoam um discurso de defesa dos pobres, necessitados, miseráveis, famintos, mas chegar perto ou abraçar mendigos, moradores de rua ninguém quer. Eu fiz parte de um coletivo anarquista na década de 90 e só não ajudei mais porque conciliava dois empregos na época, mas nas minhas folgas junto a este grupo anarquista conversávamos e procurávamos ajudar dentro de nosso alcance moradores de rua, mendigos, inclusive conseguimos na escola onde uma das moças do coletivo estudava trabalho na faxina para uma senhora que morava na rua. É lamentável, mas são poucos mesmo que fazem algo, isso quando não aparecem oportunistas de plantão em época de eleição e tratam algumas dessas pessoas em situação de rua, risco e vulnerabilidade como caso social e depois das eleições são abandonados novamente a própria "sorte" e condições miseráveis. Algumas igrejas e centros espíritas fazem este trabalho. Respeito e tenho soridade quanto a situação de sua mãe que em 1950 deve ter se sentido sem saída e solução, porém a mão que foi estendida ela agradeceu e seguiu.

Lara disse...

Foi minha avó, mas obrigada por concordar comigo. Cuidado ao falar que arrumaram trabalho pra uma pessoa necessitada, criticaram até isso porque ela foi trabalhar de merendeira sem concurso, sendo que a falta de concurso foi uma coisa que atrapalhou ela e é culpa do prefeito que prefere fazer indicação pra ganhar voto e aprovação dos contratados, mas vamos deixar a velhinha em paz, eu só queria dar um exemplo de como é importante ajudar as pessoas, não ficar falando da vida dela que não é da conta de ninguém.

Anônimo disse...

E o que seria "sexo dos anjos" pra você? Discutir questões estruturais? Questões de gênero? Desigualdades do capitalismo disfarçadas de " meritocracia e empreendedorismo"?

Estamos e no caminho certo ficando nas novas gerações, estes crentes de direita logo serão peça de museu.

Anônimo disse...

Anarquistas arrumando trabalho formal submetido a hierarquia para alguém e a síntese da incoerência.

Anônimo disse...

Aqui vemos claramente como uma moça evangélica ( sendo a clara evangélica ou não) e tratada nestes ambientes ditos progressistas" e nos cursos de humanas das universidades públicas.
E também um dos motivos da derrota da esquerda nas últimas eleições juntamente com a dificuldade da esquerda em entender as demandas por emprego e segurança pública para os mais humildes e classe média nacional.
E preciso ter alto crítica gente.

Anônimo disse...

Tem ser que caiu de paraquedas em um espaço que não condiz para cagar regra, mas esquece não ser este o espaço ideal para sociopatas, misóginos e fanáticos pela familícia Bolsoshower. Aqui não é o chan ou fórum anônimo onde tipos assim incentivam pessoas com predisposição ao suicídio ou crime a concretizarem seus "objetivos" . Aqui não é espaço simpático ao cambalacheiro metido a filósofo, provável guru de quem batalha pela miséria de muitos, nada faz além de tumultuar, cagar regra é não propar uma solução concreta e humana (querem a redução da humanidade para tratarem com robôs).

Anônimo disse...

É preciso melhorar o português básico também, anônimo bolsominion.

Anônimo disse...

Há!academicismo elitista...tem isto também, Mano Brawl tinha razão, tem que voltar pra base sim.

Lara disse...

Ai, Anônimo de 12:22, tô cansada dessa discussão toda, só quis sugeri que as pessoas fossem mais gentis com os vulneráveis, lembra do Filma Coringa do Joaquin Phoenix tão discutido aqui? Se alguém tivesse empatia com ele e o ajudasse, certamente a vida dele seria bem diferente e não faria tanta merda! Então, já que os movimentos sociais se voltam à proteger as classes menos favorecidas, eles poderiam copiar ESSE ASPECTO das Igreja, sem todos os dogmas e problemas, mas o que eles fazem de bom.

E respondendo a sua pergunta, "sexo dos anjos" é u ma discussão muito teórica e sem sentido prático, claro que um dos papéis da esquerda é questionar mesmo, buscar conceitos, mas não precisa ser a única funçã dela, e algumas discussões n]ao são tão essenciais sim, tipo "homens podem ser feministas ou apenas apoiadores do femeninismo", na minha humilde opinião devíamos aceitar a ajuda de quem quiser e não ficar preocupadas em rotular essa ajuda, ou "o que é mulher", tudo bem se questionar se uma pessoa nasce mulher ou se torna, mas precisa mesmo essa luta interna tão radical? Por que não focar nas causas que nos unem e deixar as polêmicas para depois que o machismo for derrubado?

E pelo que vejo no surgimento de novas Igrejas, o tanto de crianças nas escolas bíblicas e o tamanho das famílias tradicionais, os "crentes de direita" estão longe de se tornarem peças de museu.

Anônimo disse...

Eu acho que esse ponto levantado pela Lara é muito importante para a esquerda entender como conseguiu perder a eleição para o bozo. A explicação dos milhões de dólares de pessoas como o velho da Havan terem comprado robôs que enganaram as pessoas pode até ser verdade, mas isso somente não explica a eleição do bozo. Veja bem: o PSDB era o partido com mais grana, tanto no orçamento oficial quanto provavelmente no caixa 2, considerando que sempre foram amigos de empresários (até mais do que o próprio coiso).