sexta-feira, 6 de setembro de 2019

O OBSCURANTISMO RELIGIOSO CHEGA À BIENAL DO LIVRO DO RIO

A notícia que balançou as redes sociais hoje foi mais uma ação de censura no nosso Brasil atual da ditadura velada. 
Poucos dias depois do governador de São Paulo mandar recolher nas escolas livros que falam sobre a diversidade, o prefeito evangélico do Rio, Marcelo Crivella, determinou que exemplares da história em quadrinhos Vingadores: A Cruzada das Crianças fossem removidos e embalados em plástico preto, pois teriam "conteúdo sexual para menores".  "Precisamos proteger as nossas crianças", disse o prefeito crente do Estado Laico em vídeo. 
Dois dos personagens da história são namorados. Nas 264 páginas da graphic novel, os dois aparecem se beijando duas vezes. A Valéria do Shoujo Café explica todo esse absurdo direitinho.
A Lanika, especialista em quadrinhos, disse que "a Marvel é tão careta que esse único beijo aí só acontece como resposta a um pedido de casamento! 
"Eles mal se tocam no resto da revista. Crivella está chamando de pornografia um beijo (interrompido!) dado em resposta a um 'topa casar comigo?'" Ela acrescenta: "esses quadrinhos existem há dez anos, essa edição de luxo há três, não era lançamento, era venda de saldão. Isso quer dizer que a invasão à Bienal em nome do pânico moral já estava planejada, eles só precisavam arrumar uma desculpa pra justificá-la".
Esta ação patética do Crivella é, além de inconstitucional, homofóbica. E parece que homofobia é crime. Haveria como enquadrar o prefeito no crime de homofobia? Sabemos que o prefeito vem fazendo uma péssima gestão e que operações moralistas como esta contra a Bienal são formas de chamar a atenção do seu eleitorado. 
Crivella não apenas mandou recolher Vingadores (rapidamente transformando a edição em cobiçado bestseller). Agentes da secretaria de Ordem Pública do RJ foram enviados também para fiscalizar estandes da Bienal (leitoras e leitores, vale a pena prestar atenção nos livros brasileiros com temática LGBT). 
Várias editoras se manifestaram contra a medida, como a da Record: "A Secretaria de Educação passou no nosso estande na Bienal exigindo que todos os livros com conteúdo LGBTQS fossem lacrados e sinalizados como livros com conteúdo impróprio. [...] Vamos continuar lutando para que todos os jovens se vejam representados em nossas histórias". 
A Bienal do Rio emitiu esta nota, corajosamente se recusando a cumprir qualquer ordem do prefeito: "Este é um festival plural, onde todos são bem-vindos e estão representados. Inclusive, no próximo fim de semana, a Bienal do Livro terá três painéis para debater a literatura Trans e LGBTQA+. A direção do festival entende que, caso um visitante adquira uma obra que não o agrade, ele tem todo o direito de solicitar a troca do produto, como prevê o Código de Defesa do Consumidor."
É tão vergonhoso tudo isso! Eu me lembrei do magnífico filme Bacurau, que vi esta semana (farei vídeo sobre ele, prometo!). Numa breve cena, vemos que, num futuro próximo, haverá execuções públicas no Vale do Anhangabaú. E a queima de livros em fogueiras, começa quando?
Será que tudo isso é mais uma cortina de fumaça? Afinal, Bolso está preparando a venda do Serpro e da Dataprev, empresas que possuem dados sigilosos (que o contribuinte declarou no seu imposto de renda) de toda a população brasileira. 
O temor dos servidores e de especialistas é que essas informações sejam comercializadas para empresas privadas. E, claro, vazadas. Eu, como alvo frequente de quem tem quase todos os dados divulgados por uma quadrilha que me ameaça de morte e estupro há anos, detestaria ver minha declaração de imposto de renda na mão de channers (frequentadores de fóruns anônimos pra quem o sinistro da Educação costuma mandar abraços). 
Vivemos tempos realmente sombrios e perigosos.
 

7 comentários:

Rodrigo Lopes disse...

Censura?... Lamentável!

Anônimo disse...

Não sei se estamos em 1984 ou FAHRENHEIT 451!

Felipe Roberto Martins disse...

Não há o que falar. É censura gente... e não podemos aceitar, agora ao fim da noite a situação foi revertida, mas temos que tomar muito cuidado.

Anônimo disse...

Fiquei interessada em assistir Bacurau desde quando li um pouco a respeito no El Pais. Saiu uma série especial de reportagens no El País com o título Transacionais da Fé, pastores estado unidenses a tratar com políticos do alto escalão brasileiro, vale a pena conferir, ler e tirar suas conclusões. Cinemas, espaços culturais, lojas, livrarias transformados em igrejas evangélicas, espaços de canais abertos de emissoras de televisão cedidos para os mesmos, a emissora Record pertence ao bispo Pedir Macedo, fora outros canais, rádios do RR $oare$, $Ila$ Maracutaia. A cidade onde moro, embora seja predominante católica tem uma igreja evangélica em cada esquina. Muitos ficam sossegados porque a perseguição não chegou até elas, enquanto são depredados, destruídos terreiros de candomblé, centros de umbanda tudo bem, mas uma hora podem chegar em centros espíritas, igrejas católicas, detalhe, algumas cidades pequenas empresas Minas Gerais tiveram suas igrejas depredadas, por enquanto só denigrem com palavras espíritas, budistas, católicos, mas pode passar disso e tem gente que ainda não se conscientizou, sou espírita, embora esteja muito cética atualmente e percebo o comodismo de muitos espíritas que acham que a perseguição não chegará até eles, o mesmo com católicos. A intenção é fazer do Brasil um país evangélico nos moldes do que é o Paquistão atualmente, mas com segmento "cristão" , mas o deus da maioria dos evangélicos é perverso, vingativo, cruel, usurário, malévolo, então esperar o que de quem segue esse fundamentalismo religiosista? O pior. Quando li o livro "Eu sou Malala " a autora deixa bem claro o que aconteceu para o país dela estar envolto no fundamentalismo islâmico. Malala continua muçulmana, está exilada, embora descreva o seu país com orgulho, saudade, foi execrada quando veio ao Brasil e porque tal hostilidade? Muitos de seus agressores querem o mesmo que acontece no Paquistão, mas com fundamentalismo religiosista evangélico.

Anônimo disse...

Na verdade Crivela não praticou censura, pois isto é impossível, visto que a censura está proibida pela CF de 1988. O que o prefeito carioca está fazendo é chamar a atenção de seu eleitorado de modo a manter-se em evidência para a reeleição a que concorrerá no ano que vem. Esta é a estratégia que funcionou com perfeição e com excelentes resultados na eleição do ano passado. Claro que sem a ajuda do judiciário, do grande empresariado e da grande mídia, essa onda de obscurantismo não se sustentaria e nem sobreviveria!!!Criar cortinas de fumaça é a estratégia permanente de mobilização de suas bases eleitorais conservadoras evangélicas e neopentecostais de modo a garantir os 30% do eleitorado que garantam a reeleição, isto porque o índice altíssimo de abstenção e votos nulos(no Rio foi de quase 50%) permite se eleger com esse percentual.

Felipe Roberto Martins disse...

Urgente: nova decisão... censura de novo.

Anônimo disse...

a) Lola sou carioca a situaçao do Rio e desesperadora graças a desinformaçao e preconceito elegeram um incompetente a cidade esta abandonada este conservador de araque vive criando factoide para ficar bem com o eleitorado dele