segunda-feira, 5 de novembro de 2018

COMO EDUCAÇÃO PACÍFICA PODE EFETUAR MUDANÇAS SOCIAIS RADICAIS

Recebi este email da Denise:
"Li esse texto hoje e achei tão pertinente ao seu blog! Eu sou ferrenha defensora de peaceful parenting (ou positive discipline, ou attachment parenting –- criação com apego e disciplina positiva em português), mas nunca tinha feito essa ligação com o feminismo de como criamos nossas crianças. Por isso achei esse texto tão fantástico. Eu me orgulho em dizer que nunca bati, coloquei de castigo ou agredi verbalmente meu filho de quase 4 anos. E nas vezes em que perdi a calma e gritei, logo em seguida pedi desculpas a ele. Eu o educo com muita conversa, muita empatia, e não deixo de dar limites! 
Ele sabe claramente os limites (não machucar a ele ou ao próximo e não danificar o ambiente em que vive) e é um menino doce, empático, que limpa o que suja, é incapaz de agredir outra criança. Claro que ele faz birra, chora, às vezes não quer cumprir com a rotina, mas respondo com empatia e conversa, porém sem ceder nos limites. Me parte o coração ver crianças sendo ameaçadas (desde o clássico 'vou embora e te deixar aí' ao mais cruel 'vc vai ser levado pelo bicho papão' etc), agredidas física e verbalmente, ignoradas quando não conseguem controlar as emoções (muito adulto não consegue, mas exigimos das crianças que elas sejam um poço de paciência, autocontrole e serenidade). Enfim, achei esse texto bem interessante ao fazer a ligação entre feminismo e a forma como a sociedade educa as crianças. Espero que vc goste!"
Publico então este ótimo texto da Frida Be Mighty que a Denise traduziu (obrigada, Dê!): 
Por que o feminismo não pode mais ignorar a maternidade + como educação pacífica pode efetuar mudanças sociais radicais
O governo do Reino Unido define violência doméstica como “qualquer incidente de comportamento controlador, coercivo, ameaçador, violência ou abuso entre pessoas com 16 anos ou mais… O abuso pode abranger, mas não está limitado a: abuso psicológico, físico, sexual, financeiro e emocional.”
Você percebeu que a definição enfatiza que a violência doméstica é entre pessoas com 16 anos ou mais? E quanto às crianças com menos de 16 anos, as crianças que seguramente são mais vulneráveis devido a sua tenra idade? Você seria perdoado por pensar que a definição é ainda mais estrita para as crianças. Mas, na verdade, no Reino Unido, ainda é legal que os pais batam nos filhos como uma “punição razoável”. Sim, você leu certo. Um homem adulto bater numa mulher adulta é ilegal, e com razão, mas e um pai bater em sua filha? Legalmente, ele está amparado, desde que ele não use algum instrumento ou quebre ou marque a pele.
Também é legal -- e muito mais aceitável socialmente -- que os pais ameacem, envergonhem, punam e amedrontem seus filhos. Que gritem com eles, ignorem-os, menosprezem-os. Que retenham ou tirem seu dinheiro, ou confisquem suas posses. Que restrinjam sua liberdade de movimento, isolem-os, que impeçam que eles vejam seus amigos ou saiam de casa. Que coloquem à força roupa neles mesmo quando dizem que não estão com frio. Que os façam comer à força, controlem sua comida ou neguem-lhes comida quando estiverem com fome.
Substitua a criança nessas situações por “homem idoso”, “esposa” ou “amante”. Alguma dessas coisas seria socialmente aceitável se fossem feitas a outro adulto? Se a sua amiga lhe disser que o parceiro estava agindo dessa maneira em relação a ela, você não a aconselharia a sair de casa? No entanto, tudo o que você precisa fazer é abrir qualquer revista sobre criação de filhos ou ir a qualquer grupo de crianças para ouvir conversas casuais sobre o cantinho do pensamento, castigo, ficar preso em casa/no quarto ou a melhor maneira de ignorar uma birra. Imagine um homem aconselhando seu amigo sobre como ignorar melhor os soluços de sua esposa.
A verdade incômoda é esta: nenhum outro grupo na sociedade é tão marginalizado, oprimido e sistematicamente abusado quanto crianças. É um problema que atravessa classe, raça e gênero. Eu não consigo pensar em uma única criança -- incluindo, estou com o coração partido para dizer, minha própria filha -- que realmente não seria capaz de dizer "eu também".
Por muito tempo, o feminismo manteve silêncio sobre este assunto.
Agora, mais do que nunca, precisamos continuar lutando pelo fim da violência contra as mulheres. Mas agora, mais do que nunca, também precisamos começar a lutar seriamente pela redefinição da, e um urgente fim para, violência dos pais e da sociedade contra as crianças.
Como educamos as crianças -- individual e coletivamente -- é uma questão de justiça social. Como adultos, temos mais poder que as crianças. Como escolhemos usar esse poder importa. Ao usar nosso poder no lar ou nas escolas para controlar crianças, coagi-las, dobrá-las à nossa vontade, fazê-las obedecer, ensinamos a elas uma verdade simples: aqueles com mais poder podem legitimamente usar seu poder para controlar e coagir aqueles com menos poder.
É essa verdade simples, ensinada às crianças quando elas são muito jovens, que abre caminho para todo tipo de injustiça futura. O racismo é aquele com mais poder (pessoas brancas) usando seu poder contra aqueles com menos poder; a mulher no supermercado fazendo um comentário racista aprendeu essa verdade no início de sua infância. A violência contra as mulheres é aquele com mais poder (homens) usando seu poder contra aqueles com menos poder; o homem que agride sua namorada aprendeu essa verdade no joelho de sua mãe.
A maneira como criamos os filhos deve ser motivo de preocupação para todas as feministas e para qualquer pessoa que se importe com a justiça social e que deseje uma sociedade mais pacífica e igualitária. Porque uma coisa é certa: nunca teremos uma sociedade pacífica ou justa até que as crianças sejam criadas de forma pacífica e justa.
Para citar Gandhi: “A verdadeira medida de qualquer sociedade pode ser encontrada em como ela trata seus membros mais vulneráveis”.
Basta ir a qualquer parquinho ou escola e dar uma olhada ao seu redor. Pela medida de Gandhi, nossa sociedade não está se saindo muito bem.
As crianças aprendem com o que os adultos ao seu redor fazem, não com o que dizem. Gritar para que uma criança pare de gritar é, sem surpresa, uma maneira ruim de ensiná-la a falar com um tom de voz suave.
Dizer a um jovem que consentimento no quarto é vital é certo e correto. 
Mas se, quando menino, ele foi levantado por seus pais sem o consentimento dele, teve seu rosto limpo sem ser pedido primeiro, foi amarrado em uma cadeira alta quando ele gritou para sair, foi enviado para a escola quando implorou para não ir? Qual tem sido a mensagem consistente sobre consentimento que ele recebeu a sua vida toda?
Assim como os homens não são donos de suas parceiras, os pais não são donos das crianças com quem compartilham suas vidas. Embora possam tomar decisões no melhor interesse dessas crianças, as crianças são seres humanos individuais com direito à autonomia, liberdade e autoexpressão.
Se, como disse famosamente Marie Shear, “o feminismo é a noção radical de que as mulheres são pessoas”, então a criação com apego é a noção radical de que as crianças são pessoas e que, como tal, devem ser tratadas com a mesma gentileza, cortesia, respeito e empatia como trataríamos um adulto cuja opinião valorizamos.
O feminismo moderno está felizmente crescendo em conscientização quando se trata de interseccionalidade -- o reconhecimento de que diferentes grupos experimentam opressão de formas diferentes e às vezes em camadas, incluindo classe, idade, gênero, orientação sexual, raça, deficiência, situação financeira -- e as maneiras pelas quais os indivíduos podem ao mesmo tempo ser oprimidos e opressores. Mas um feminismo interseccional que também não presta atenção ao tratamento das crianças tanto por pais quanto por cuidadores femininos e masculinos não é de forma alguma um feminismo interseccional. É um feminismo que nunca pode realmente alcançar seus objetivos.
Embora a maternidade e certas versões do feminismo neoliberal às vezes pareçam coexistir em uma trégua desconfortável, o feminismo precisa abraçar as mães de braços abertos. Imagine se houvesse uma mudança em massa para pais feministas pacíficos, onde as crianças fossem influenciadas com consentimento, respeito, autoconfiança, coragem e bondade? Como poderia ser a sociedade? Quem perderia e quem ganharia?
Feministas -- sejam elas mães ou não -- precisam começar a ter conversas difíceis sobre paternidade, educação e a forma como as crianças são criadas junto com as conversas que estamos tendo sobre a diferença salarial, violência contra mulheres e meninas, e assédio sexual. Porque a menos que repensemos com urgência como tratamos as crianças, nada, mas nada, mudará verdadeiramente para melhor.
Quer tenhamos filhos ou não, todos devemos ter um profundo interesse em como as futuras gerações estão sendo criadas. Mas nem tudo é desgraça e melancolia. Não consigo pensar em nada que tenha um potencial mais radical de mudar a sociedade para melhor do que uma mudança imediata em como as crianças são vistas, tratadas, cuidadas e educadas.
Porque assim como a educação tradicional, com seus cantinhos do pensamento, gráficos de recompensa e palmadas no bumbum, ensina às crianças que a desigualdade de poder e o controle sobre o próximo são a norma, a criação com apego também ensina às crianças os valores de justiça, gentileza, empatia, liberdade e curiosidade.
Formas de educar que evita os métodos tradicionais de controle e coerção em favor da autêntica conexão e compaixão permite que as crianças prosperem e cresçam em seu eu único, seguras sabendo que são amadas incondicionalmente e livres para agir com autonomia e controle sobre seus próprios corpos.
A criação com apego não apenas permite que as crianças individualmente prosperem, como também estabelece a única base sólida possível para uma sociedade pacífica baseada nos valores de aceitação mútua e bondade radical.
É por isso que, por mais importante que seja, não basta apenas exigir o fim da violência física contra crianças. Todos nós precisamos começar a falar sobre paternidade de uma forma que abraça e apoia ativamente a paz. Eu acredito que podemos fazer isso. A maré está mudando. O número de livros para pais, blogs, pais e professores pacíficos por aí está crescendo a cada dia. Lentamente essas ideias estão ganhando força.
Eu testemunhei em primeira mão centenas de pais que estão dispostos a usar seu dinheiro, tempo e sua energia emocional onde precisam e investir em cursos e treinamento sobre criação com apego para apoiá-los nessa jornada. Eu trabalhei com pais que estão nadando contra a corrente de gerações de pais coercitivos e violentos para dar aos seus filhos -- e à nossa sociedade -- o presente de uma infância mais pacífica.
Há muito trabalho a ser feito. Mas também há esperança.
Pais, professores e cidadãos pacíficos ainda podem estar em minoria, mas somos vocais e corajosos e nosso número está crescendo.

54 comentários:

Anônimo disse...

Não gostei do texto, mulheres adultas tem maturidade para saberem o que é melhor para si crianças não. Será o que esse pessoal da"positive discipline" faria se a filhinha deles de 11 anos fosse seduzida por um pedófilo escroto de 50? A menina teria vivência suficiente para entrar em um relacionamento desses? E se ela acreditar que sim, os pais terão que aceitar a "escolha" dela?

Anônimo disse...

Quem se nega a disciplinar e repreender seu filho não o ama; quem o ama de fato não hesita em usar a vara para corrigi-lo.

Provérbios 13:24

Anônimo disse...

Nesse caso o errado seria o pedófilo, não a criança, o dever da mãe seria conversar com a filha e explicar a situação e denunciar o cara pro juizado da infância.

Unknown disse...

Toma cuidado pro seu filho não aprender a usar a vara ou coisa pior em você também. Criança aprende a praticar violência vendo os pais sendo violentos.

Anônimo disse...

Meus pais me batiam qdo eu era criança e nunca fui violento com ninguém, muito menos com eles. No meu tempo bastava o pai olhar pra eu saber que tava fazendo coisa errada e hj agradeço a ele por isso.

Marina disse...

Sério 11:21?C jura q foi isso q vc conseguiu extrair do texto?
No caso como o q vc narrou, existe uma infinidade de atitudes que os pais poderiam tomar, sendo os dois extremos narrados do texto:
1 - Bater na filha, trancá-la no quarto e prontacabô;
2 - Conversar, explicar a situação e o pq da impossibilidade disso acontecer e como a postura do cara é inclusive criminosa.

A possibilidade q vc aventou só é possível no seu mundo msm, onde as coisas são absurdamente distorcidas e bebês mamam em mamadeiras de pinto que não existem..Afe!!

Marina disse...

13:06, vc tem filhos?

Anônimo disse...

Marina, eu que escrevi o primeiro comentário e não é coisa da minha cabeça não, infelizmente acontece. Veja UM caso:

https://www.google.com.br/amp/recordtv.r7.com/cidade-alerta/videos/idoso-pedofilo-usava-brinquedos-e-doces-para-seduzir-criancas-no-interior-de-sp-20102018%3famp

E não sou defensor de espancar criança como o que citou a bíblia aí em cima, mas eu sei que tem que haver respeito sim, aa crianças não tem maturidade pra saber o que é melhor para si mesmas, nem os adolescentes, e se um adolescente tiver realmente apaixonada não importa conversar, eles estão ba fase de não ouvir conselhos e dominados pelos hormônios. Nesse caso, denunciar pra polícia vai ser visto por eles como uma violência contra suas escolhas, mas é o certo a ser feito.

Marina disse...

Mas 13:20, eu sei q pedófilos existem e tem táticas como essa para atrair crianças, não é esse o ponto. O ponto é daonde q vc leu no texto que caso sua filha de 11 anos queira ficar com um cara de 50 vc deve "aceitar a "escolha" dela"?O texto fala de coisas sobre não querer vestir casaco, não querer comer, birra em lojas, coisas assim. Não fala de situações limite como q a que vc citou.

Unknown disse...

Que bom que você não se tornou violento. Haja conforme seus pais fizeram com você e bata nos seus filhos. Com sorte eles vão se tornar adultos saudáveis que sabem resolver as coisas com diálogo e negociação e não com grito ou agressão física. Também não há qualquer possibilidade de se tornarem crianças tímidas com tendência a obedecer sem contestar mesmo quando é preciso fazer isso. Os seus filhos você cria como quiser. Se só sabe lidar com birra de criabças espancando-as poderá fazer isso com os seus. Pelo menos até que seja feita alguma denúncia sobre esse comportamento covarde.
Sou adulta sei o que é certo e errado. Meu pai nunca precisou bater em mim para me ensinar qualquer coisa. Minha mãe quis tentar esse caminho ácil às vezes. Foi desencorajada por ele e pelos meus avós todas as vezes. E pela minha desobediência todas as vezes em que ela tentava usar esse método. Acho tão covarde bater em um ser pequeno e frágil. Parece que os pais querem descontar suas frustrações nos filhos. Há tantas outras formas melhores de educar uma criança. Há muitas coisas boas no livro de Salomão. Bater em crianças não é uma delas.

Unknown disse...

Não, mas já cuidei de crianças desde o tempo de recém-nascido até os 4 anos. Cuidar mesmo! Também tenho formação em psicologia na qual se aprende alguma coisa sobre desenvolvimento e educação infantil. Mas não quero trabalhar com crianças. Não concordo com violência parental contra crianças como forma de "educar".

Anônimo disse...

Com certeza uma educação não violenta e mais empática pode fazer toda a diferença na vida adulta, não só do indivíduo mas o papel dele no mundo que o cerca.

Mas me parece que é conceito dificílimo de muita gente entender que educação sem violência não é permessividade. Desculpe, mas se criança todo dia não quer ir pra escola, ficar dias sem tomar banho ou só querer junk food, não seria função dos pais ter uma conversa mais séria (já prevendo explosão de anurismas - CONVERSA SÉRIA E IMPOSIÇÃO DE LIMINES É BRUTALMENTE DIFERENTE DE COAÇÃO E AGRESSÕES FÍSICAS E PSICOLOGICAS, ok? Tomaram o remedinho pra dissolver o aneurisma?) de que há coisas, que mesmo que a criança não compreenda, ela precisa fazer? Que é para o bem futuro dela? E que com 5-10 anos o indivíduo precisa de orientação e que é função dos pais prove-la? Afinal que é o adulto responsável da relação?

O problema dessa confusão é que volta e meia aparece moleque de 5 anos chamando a mãe de puta, cuspindo na cara dos avós e mandando o pai tomar no ** por falta de limites. Dizer não é criminoso, mas criar alguém que vai ameaçar o professor, agredir terceiros por fez algo que lhe contrariou é ok.

Jane Doe

Anônimo disse...

Lembro quando minha filha, um bebê ainda queria me bater no rosto e gritava quando contrariada. Toda vez que fazia isso eu segurava ambos os braços da bebê e dizia não, bem alto e bem séria. Num instante parou com isso. Funciona sem violência, só demora um pouco pra criança entender.

Vi país que deixavam essas pequenas violências acontecerem e logo a criança ficava insuportável. Culpa de quem? Deles mesmos.

Educar leva tempo e dá trabalho mesmo.

Unknown disse...

Concordo, Jane Joe. É preciso colocar limites, disciplina. Até o castigo na medida certa para a idade da criança. Mas o que certos pais fazem é crueldade física e abuso psicológico mesmo.

Anônimo disse...

Aí que está o problema,14:45, segundo o texto até o cantinho do castigo e os gráficos de comportamento que a Supernanny recomenda são considerados violência, imagina vc segurar as mãos e falar alto com um bebê!

Os dois extremos são errados, bater com raiva e espancar não é certo mas tentar conversar com uma criança birrenta tb não adianta.

Anônimo disse...

Muito lindo, mas n funciona sempre. N estou falando de agressão física e nem humilhação, mas castigo e falar alto é necessário com várias crianças.
Assim como os adultos, elas tem personalidades diferentes e se n da pra esperar respeito de muitos adultos, que dirá de crianças.
Tem criança que mesmo os pais berrando com elas estão pouco se lixando pro que eles pedem.
Acho que primeiro devem tentar o diálogo, se n der certo tem q por de castigo. Mas claro, sem nada violento, como ficar uma semana sem o brinquedo preferido. N da pra deixar a criança fazer o que ela quiser enquanto n entende as coisas.

Lembrei de outro post sobre mães q levam pra escola. Um dos comentários era sobre deixar a criança fazer o que bem entender e enquanto estivesse feliz e o resto q se dane. Loucura.

Anônimo disse...

Sobre maternidade e feminismo: (considerando que ainda exista algum resquício de vontade do movimento eu tirar de fato as mulheres de uma situação de desvantagem e não apenas usa-las como bucha de canhão para ideologias políticas)

A maternidade é um divisor de águas. Por mais que o tema seja o Lord Voldemort do feminismo e não devemos cita-lo esse é um dos últimos grilhões das mulheres- mães ou não. Hoje não há ABSOLUTAMENTE NADA na materniade que traga qualquer benefício para uma mulher. Mesmo em situações favoráveis ser mãe coloca pessoas numa situacao de extrema vulnerabilidade.
Se existe algo que o feminismo deve fazer em relação a maternidade é desconstruir o mito do amor materno. Não esperem qualquer evolução na condição da mulher enquanto existir essa imagem romantizada, perfeita e sacrossanta da mãe.

Outro IMENSO tabu: não faz absolutamente nenhum sentido falar sobre educação não violenta sem primeiro falar de parantagem responsável. Não haverá mudança nenhuma no trato com crianças e adolescentes enquanto o maioria esmagadora das pessoas que procriam nunca pararam pra refletir nem um único momento sobre a responsabilidade de se colocar (mais) um ser humano no mundo (por que tem poucos né? Enfim... assunto para os próximos capítulos).

Ainnn... bebezinhos rosas são fofinhos! (e não podem ser devolvidos na loja quando o encanto da pampers passa e ele berra a noite inteira)
Ainnn vou dar um filho de presente pro meu marido ( por que né, filho é coisa pra dar de presente);
Ainnn alguém tem que cuidarde mim quando ficar velho (já pensou em ser financeiramente responsável e quando precisar procurar por atendimento professional?);
Ainnn meu vazio existencial vai ser preenchido com filhos (spoiler alert - não vai);
Quem vai pagar a minha aposentadoria? (mais uma vez - responsa financeira mandou um abração)
Ainnn quero postar fotinhos no Facebook pra mostrar pro mundo que eu cumpri minha função biológica no mundo... (sem comentários)

Agora se perguntar se é do interesse da criatura que está por vir servir os desejos de terceiros, sem considerar que aquele é um indivíduo com aspirações próprias... aí não pode. Jesus não gosta, na bíblia tá escrito, isso é eugenia/genocídio/tudocídio...

Jane Doe

Anônimo disse...

Todo mundo que foi criado com violência pode dizer que houve trauma, alguns mais, outros menos. Quando os castigos físicos eram equilibrados com atenção genuína em outros momentos as pessoas não relatam trauma, é compreensível.

Mas quando os castigos físicos eram bem violentos e havia violência verbal e negligência no geral, a pessoa fica traumatizada sim. E todo mundo sabe a diferença entre um descontrole eventual e um massacre cotidiano.

Hoje os pais são mais esclarecidos, se batem sabem muito bem os danos que isso trará à criança no futuro. É preciso assumir as consequências de seus atos.

Anônimo disse...

Eu, e meus amigos, todos apanhavam. E com razao. Ahh tempo bom. Bom, todos sao pessoas normais, pais de familia, trabalhadores. Nenhum trauma, nenhum problema psicologico.

Michele disse...

Jane Doe se uma criança de 5 anos manda os pais tomar no cu e cospe na cara dos avós não é só questão de falta de limites, é questão de que tipo de exemplo essa criança anda tendo, pq crianças na maioria das vezes imitam corpotamentos. Em muitos casos podem existir exemplos ruins no meio que ela convive, ou pode ser o caso de falta de bons exemplos no caso de crianças com família ausente. Aquele tipo que da mais atenção pro celular do que pros filhos.

Educar com empatia não é ser permissivo ou apenas não bater, mas tbm ser presente e estimular o desenvolvimento saudável criança.
Óbvio que é impossível educar um filho sem perder a paciência de vez em quando, sem alterar a voz ou deixar fazer tudo o que querem, somos humanos. Mas por exemplo eu sei quando meu filho faz manha pra ir pra escola pq acabou de acordar ou quando eu realmente estou sem tempo pra ele e ele quer ficar comigo, daí dou um jeito de passar mais tempo com ele qndo possível.

Quando existe convivência e o entrosamento na família fica bem mais fácil resolver esses impasses com jeitinho sem precisar se comportar feito um ditador. Mas o que eu mais vejo são pessoas que fazem tudo de errado e cobram santidade dos filhos.

ibi disse...


Em tema correlato, recomendo “A ética do cuidado como teoria feminista”, de Tânia Aparecida Kuhnen.

A autora expõe e defende como a ética do cuidado, vista anteriormente como inerente ao “feminino” deve (em prol de um mundo melhor) ser estendida à formação dos meninos, estimulando neles o afeto e o senso de cuidado, para que homens desenvolvam a empatia e a humanidade que nós feministas queremos ver em todas as pessoas e para que, em sociedade, prevaleça a solidariedade como padrão de conduta e convivência.

Faz parte dos Estudos para a Paz (teoria crítica, que pressupõe atitude ativa, questionadora e politizada e não um comportamento zen e contemplativo, como o nome pode sugerir; o principal nome no mundo, na comunicação social e midiática, é Johan Galtung)


Artigo disponível em:


Para referência:
KUHNEN, Tânia Aparecida. A ética do cuidado como teoria feminista. Anais do III Simpósio Gênero e Políticas Públicas, ISSN 2177-8248 .Universidade Estadual de Londrina, 27 a 29 de maio de 2014 GT10 - Teorias Feministas – Coord. Márcio Ferreira de Souza e Silvana Mariano

Ibi disse...


Não saiu o link:

http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/GT10_T%C3%A2nia%20Aparecida%20Kuhnen.pdf

Michele disse...

Texto maravilhoso e também adoro os comentários da Denise! Tbm sou mãe e feminista e é exatamente o jeito que eu enxergo as coisas. Nós vamos repassando comportamentos através das gerações e não adianta tentar remediar depois uma semente que foi plantada desde o início.

Se vc imprime nos seus filhos o comportamento violento, a falta de empatia, de paciência, a demagogia de cobrar um comportamento que nem vc mesmo tem...não adianta reclamar depois de viver numa sociedade com essas características e tentar consertar isso com passeata e textão no Facebook. Se vc acha que tem o direito de agredir seu filho pq o enxerga como inferior, como vai reclamar de um homem que te agride exatamente pelo mesmo motivo?

E como sempre as pessoas têm uma capacidade enorme de distorcer tudo. Educar sem violência e com empatia não é dizer amém pra tudo o que os filhos fazem. Existem várias maneiras de se impor limites sem ser autoritário.

A parte mais importante disso tudo é os pais serem presentes e estimular o comportamento positivo através principalmente do exemplo. A educação tradicional foca muito mais nos erros e deixa esse lado a desejar,ou seja, pra algumas pessoas o corrigir é mais importante que o ensinar.

Obviamente existe uma grande distância entre a teoria e a prática. Já perdi a paciência algumas vezes, as vezes preciso falar mais alto pro meu filho me ouvir, mas eu tenho consciência que não sou mais importante que ele e não sou sua dona. Sou adulta e responsável por ele e meu papel é cuidar e prepará-lo pra vida, e por isso ele deve me respeitar e me ouvir, e não simplesmente pq eu mando nele e pronto.
Eu tento passar esse sentimento pra ele de alguma forma, procuro ouvir o que ele pensa e respeito as vontades dele dentro do limite necessário.

titia disse...

Bater é a solução dos folgados, dos preguiçosos, dos que querem "perpetuar" sua genética (que na maioria dos casos é uma bosta e tinha mais é que ter desaparecido mesmo) mas não ser pais. Minha mãe sempre disciplinou a mim e aos meus irmãos, nos botou de castigo, nos puniu por fazermos besteira e NUNCA precisou bater nem agredir emocionalmente. O que ensina criança é bom exemplo e uma relação clara entre erro e punição, algo que minha mãe sempre foi excelente em fazer porque não era uma preguiçosa que achava que filho era brinquedo.

Pra quem acha que educação sem violência é frescura, leiam o caso de James Fallon. O cérebro desse pesquisador americano funciona do mesmo modo que o dos psicopatas, e ele só não se tornou um criminoso porque foi criado num lar totalmente não violento. https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/12/131223_psychopath_inside_mv. Li em algum lugar no facebook que essa geração de hoje precisava de terapia porque são filhos de gente que também precisava mas fingiu que não. Concordo plenamente.

Anônimo disse...

Concordo com a parte de se refletir antes de colocar alguém no mundo, mas poxa dizer que não há NENHUM benefício na maternidade é forçar a barra. Sou mãe e posso te dizer que a grande maioria das dificuldades que uma mãe passa é mais pela indiferença da sociedade que está totalmente individualista do que pelo filho em si. Isso inclui o patrão que não entende suas dificuldades pq vc é só um número, os papais que acham que é só doar o esperma, a família que não é capaz de dar uma força pq acham que vc tem mais é que se ferrar e dizem que o filho é benção mas se comportam como se fosse castigo.

Sabe,e o feminismo não ajuda em nada a nossa situação pintando a maternidade como se fosse o inferno. Eu não sei se vc percebeu mas a sociedade já costuma tratar as mães como um bando de trouxas, ta bom já! Não precisa romantizar ou muito menos fazer isso.

Eu respeito quem não quer ter filhos, e acho que a mulher pode ser o que ela quiser, seja astronauta ou mãe. Mas mesmo pra quem não quer filhos não dá pra negar que a maternidade faz parte da nossa natureza e falar disso como se fosse ir pra forca não tem nada a ver e não contribui com nada.

Eu comecei a refletir bastante depois que assisti o "Conto da Aia", vc vê aquela sociedade que idolatra os bebezinhos, a "vida", mas trata as mulheres como um nada, e é exatamente esse o grande problema da maternidade.

Agora concordo totalmente que precisa pensar muito antes de trazer um filho pra esse mundo louco, mas as mulheres precisam se unir mais e devia existir mais apoio às mães no feminismo.

Denise disse...

Anônimo das 13:06: meu filho tb basta eu olhar pra ele pra ele saber q fez algo errado. Ele chora, pede desculpas (sem que eu o obrigue a isso) e vai tentar consertar o que fez. A diferença é que não precisei agredi-lo pra cultivar esse respeito. Bater quebra o comportamento no curto prazo, mas não ensina a criança a lição mais importante: que ela não pode fazer algo não porque vai apanhar ou ser castigada, mas porque aquela atitude prejudica outra pessoa ou o ambiente em que ela vive. Fora que tanto a criação violenta foi prejudicial que hj vc normaliza isso e não ve nada demais em um adulto agredir uma criança com a justificativa de “educar”…

Jane Doe – realmente as pessoas não conseguem dissociar criação não violenta de permissividade. Acho que a violência já está tao naturalizada na sociedade, principalmente contra as crianças, que as pessoas acham normal desrespeita-las a todo momento e agredi-las. Minha mãe mesmo, que me bateu muito qd pequena, acha uma afronta eu não bater nos meus filhos. É como se não batendo neles eu estivesse criticando a educação que ela deu pra mim.


Anônimo das 14:55: Vc já leu sobre disciplina positiva? Sim, eu acredito que cantinho do pensamento e os métodos da Supernanny são inúteis. Funcionam no curto prazo, mas não ensinam a criança a lição mais importante: que ela não deve agir de tal forma não porque será castigada ou porque ganhará premios, mas porque ela entende que aquele comportamento é errado e prejudica terceiros. Empatia é o que o mundo mais precisa, e o que os pais mais falham em ensinar pros filhos...

Denise disse...

Estamos juntas, Michele! É um trabalho louco, insano, cansativo, mas foi pra isso que tivemos filho, né? O mundo está tao ruim, tao violento, que tento ter esperanca de que meus filhos vao crescer pra mudar isso. Que meu menino vai ser um homem sensível, empático, curioso, questionador, e que minha filha vai ser empática, forte, corajosa, livre para escolher o que quiser ser.

Anônimo disse...

O texto é ridículo. Parece que foi escrito por alguém que não entende nada de desenvolvimento infantil.

É lógico que nenhum especialista vai aprovar castigos físicos, porém não usar nenhum meio de correção (falar firme com a criança, colocá-la no "cantinho do pensamento", retirar dela algo que valorize, como um brinquedo ou celular) quando tem algum comportamento indesejado é algo que pode ter um efeito funesto no futuro: formação de indivíduos incapazes de lidar com as mínimas frustrações e limites que fazem parte da vida.

E o texto não leva em conta que as crianças não são todas iguais. Os temperamentos delas variam. Algumas são naturalmente mais propensas a aceitar as regras enquanto outras vão buscar burlá-las com maior frequência. O que funcionaria com uma criança provavelmente não irá funcionar com a outra.

O pior é comparar relações entre adultos com o papel dos pais com seus filhos. É a ideologia tomando o lugar da psicologia e pedagogia.

Anônimo disse...

Agora com Bolsadebosta presidente não serão apenas os LGBTQi+, negos, indigenas, mulheres, favelados e ciclistas que sofrerão atentados contra suas exitência.

As crianças também vão sofrer, ou vocês acham que a eleição do boinossauro não vai incentivar os pais (principalmente os pais homems cis) a descer o cassete nos filhos????
O cara prega violência contra todos os os grupos marjinalizados e acha que ninguém sofre influência? Ah para né

Denise disse...

Excelente texto, titia! Eu amo criancas e convivo com muitas, e e tao facil ver a co-relacao de como elas sao criadas com o comportamento delas. Concordo em genero numero e grau com o James Fallon: "O jeito de mudar o mundo é educando".

Anônimo disse...

Vocês são muito behavoristas, muita coisa é inata e mesmo entre dois irmãos às vezes o que funciona com um não funciona com o irmão.

Por isso tem criança que aprende pelo exemplo, que dá pra explicar que tal comportamento é prejudicial que ela vai aprender mas tem criança que precisa aprender que se ela fizer coisa errada vai ter consequências e ser castigado é a consequência do mal comportamento.

Ninguém conhece mais os filhos que os pais e não é certo impor sua visão de mundo na educação do filho dos outros.

Anônimo disse...

A maioria destas especialistas em educação não tem filhos, mas querem ditar aos outros como eles têm que educar seus filhos...querida, primeiro tenha um filho depois a gente conversa sobre educar filhos...

Anônimo disse...

Querida, posso até não ter filhos, mas já que sou obrigada a conviver com as crias mal educadas dos outros todo santo dia, tenho direito de opinar SIM!!!!! Se não sabe educar, que não os tenha, ou os tranque dentro de casa e poupe a sociedade de aguentar os ataques de pelanca dos seus rebentos insuportáveis!

Anônimo disse...

Quanta besteira , o estado natural humano e a barbárie. O primeiro estagio do desenvolvimento humano esta ligado ao Id. Ou os pais impõem limites com amor, ou o mundo impõe com a violência que lhe e natural.
São os limites que "colam" o pacto social e de convivência entre nós e não ideologias.

Anônimo disse...

Só quem nunca viu uma criança morder ou puxar os cabelos de um coleguinha por puro "sadismo inocente" pode acreditar em um texto destes.

Anônimo disse...

Concordo que essa é uma maneira eficiente de parar com esse comportamento, que não é legal.
Mas tbm acho importante entender que quando um bebê ou criança bem pequena faz esse tipo de coisa como bater e gritar, não é pra te desrespeitar, mas é um jeito deles de comunicar insatisfação, já que eles não falam. E o certo é ensinar que não pode mesmo, mas é bom observar pq em certos momentos a criança se estressa por sono, fome, ou até por sair da rotina. É importante tbm entender as necessidades e os incômodos que eles sentem e evitar algumas situações estressantes.

Anônimo disse...

Exemplo não é só o jeito que vc se comporta na frente das pessoas, exemplo é vc mostrar de forma prática as atitudes que vc espera dos seus filhos. Por exemplo, vc desde cedo ensinar a colocar os brinquedos no lugar ou guardar os sapatos. Vc primeiro mostra como faz, pede ajuda e faz junto com ele, até ele acostumar e se tornar automático. Para isso vc precisa conhecer bem seu filho pra fazer ele ter vontade de participar. Crianças pequenas no geral são muito colaborativas e por isso é importante começar a educar desde cedo, ensinando de acordo com a idade e capacidade da criança. Precisa calma e persistência pra repetir o comportamento muitas vezes até ela internalizar aquilo.
Muitos pais não se dedicam a ensinar nada de bom, nunca têm tempo e acham que educar é só cobrar algo que nunca foi ensinado, essa é a questão.
Crianças são muito visuais e é importante não só falar mas mostrar as coisas, explicar o porquê de forma simples.

Jane Doe disse...

Anon.19:24

Eu pessoalmente não acredito que enquanto existir o mito do amor materno, haverá progresso na situação da mulher - mãe ou não. É uma coisa que me questiono - fosse a situação mais favorável, teríamos menos mulheres abdicando de todos os seus projetos de vida quando engravidam? Mais mulheres ganhando Nobel nas ciências, comandando países, assumindo cargos estratégicos em indústrias ou governos? Por que às vezes essas coisas parecem incompatíveis. Mesmo quem tem toda uma rede de apoio a maternidade é uma grande peneira. Não estou condenando quem escolhe por livre vontade abandonar tudo para ter filhos. Só que eu quero essa imagem de mulher=mãe, mãe=mártir separada uma da outra. Por que não impacta somente quem escolheu deixar tudo de lado, mas impacta mulheres que, como eu (e mães que não aceitam esse como seu único nem mesmo o mais importante papel da sua existência), tem outros projetos e esbarra no mito de que um dia vamos encontrar nossa "verdadeira missão" que é procriar, então não vale a pena investir recursos e esforços nessas mulheres...

E talvez a maternidade como conhecemos hoje não seja tão natural assim... nem nos animais é.


Mas concordo com você numa coisa: o inferno são os outros. Todas as minhas amigas e ex-colegas de faculdade ou já tiveram filhos ou estão grávidas. E ironicamente eu, o demônio fascista, anti-esquerda, anti-natalismo irresponsável, anti-mito do amor materno fui a única pessoa que as abraçou no momento de desespero e disse que elas estavam fazendo um excelente trabalho. Que seus bebês tinham sorte de tê-las e seus maridos como pais.

É algo que eu não compreendo: muitos pais estão lá dando duro para fazerem seu melhor, mas o julgamento, condenação e execução da pena sem direito à defesa é implacável com eles.
Cantinho do pensamento é tortura, deixar dormir no berço é abandono de incapaz, dar mamadeira é tentativa de infanticídio. Porém quando surgem fatos reais de abuso, todo mundo se faz de cego/surdo/mudo/retardado.
Conselho tutelar devolve a criança para seu algoz, certos grupos vão até o inferno pra defender a mulher que prostituiu a filha em troca de uma pedra de crack - pois né, pobre vítima inocente do sistema.
Mas deuzulivre impor limites... aí não pode! É criminoso e sádico...

Anônimo disse...

Esse artigo é ótimo para alimentar sentimento de culpa nos pais. É óbvio que se o bebê de 2 anos não se comporta como deveria depois de uma conversa super empatica, o problema está nos pais.

Anônimo disse...

Eu vi várias falhas no texto:

1. A falsa simetria e infantilização da mulher, compara mulheres adultas que sofrem abusos com crianças que foram castigadas pelo pais esquecendo que as crianças não são adultas e por isso não podem se autotutelar. Ao afirmar que é a mesma coisa, está mesmo que indiretamente afirmando que as mulheres devem ser educadas pelos parceiros porque são como crianças que precisam de educação.

2. A ideia de que todas crianças são iguais, cada ser humano é diferente e aprende de forma diferente, então não há fórmula pronta para educar todas crianças.

3. Culpabilização dos pais (ou pior, da mãe) querer transmitir às mães todos problemas dos filhos é injusto, como já falado antes, muita coisa é inata e muito é aprendido na escola com colegas ou amigos, pesquisas sugerem que a influência dos pais vai até os 5 ou anos no máximo, depois ela diminui gradativamente e a dos colegas e outras pessoas aumenta. O texto sequer considerou que as pessoas podem ter traumas de outras relações.

4. Conclusão precipitada, a autora não demonstrou nenhum estudo com metodologia científica que endossa suas teorias, ela ACHA que a educação é assim porque aparentemente funcionou com os filhos, mas não mostra nenhuma evidência disso. Isso é mais lugar comum que científico.

titia disse...

Denise eu não tenho a menor dúvida de que violência é algo que se combate desde o berço. É só ver que praticamente todos os criminosos, serial killers, desajustados tiveram a violência como base familiar. Não se acha UMA pessoa plenamente saudável em lares baseados na violência, e o caso de Fallon é uma prova de como é possível SIM reduzir a criminalidade e a violência social através da educação e do cuidado responsável. E sem precisar de ninguém pra "salvar a pátria" nem de um cataclisma mundial à lá apocalipse zumbi.

Mas aí dá muito trabalho, né? Ser exemplo é chaaaaaato, cansa, você tem que fazer a sua parte. Dá menos trabalho agir como um completo babaca e depois cobrar que seu filho (que aprende pelo exemplo mais do que por qualquer outra coisa) aja como um cidadão de ouro. É de lascar viu? Por isso que não importa quantas pedras me joguem ou quantas carteirinhas me cassem, eu defendo que exista algum teste ou avaliação psicotécnico pra ter filho, tipo fazem com quem quer dirigir. Não passou, não tem. Pra mim direito reprodutivo - ou melhor, direito de colocar uma cópia genética no mundo pra alimentar um ego narcisista, que é o que a maioria faz - NUNCA vai ser mais importante que os direitos de uma criança NASCIDA VIVA que precisa de amor e cuidado responsável.

Anônimo disse...

O problema da maternidade é que a maioria das mulheres tem filhos por pura obrigação. Porque acham que devem e pra agradar macho. Ou porque "aconteceu". Difícil ver uma com um desejo real de ter filho.
Vi uma matéria bem escrota da record, que só demonizaram a mulher que n quer filhos. Somos frias, temos problemas pscicológicos, problemas com os pais, vamos nos arrepender muito... Um monte de merda.
E uma das mulheres na matéria já era ligada e estava lá morrendo de arrependimento, e tudo porque se casou de novo e o traste sonha em ter filhos. Ela mesma n queria, tanto é que se operou, mas como o cara quer, acha que é obrigada a parir.

Anônimo disse...

Essa idéia de que a pessoa tem que ter um filho pra agradar marido já está mudando, aos poucos, não em todos os lugares mas já está mudando, por isso a preocupação de redes conservadores de reenquadrar a mulher no papel que a "sociedade " considera certo pra ela.

Só que o mundo muda e não tem volta, muitas mulheres jovens e esclarecidas percebem que se a maternidade não for um desejo próprio não vai dar certo. A opção de não ter filhos já está na mesa , gostem ou não os conservadores

Anônimo disse...

Jane Doe novamente concordo em partes. Não se deve romantizar a maternidade, é um trabalho duro de dedicação, mas eu me pergunto, porque eu preciso abdicar de todos os meus projetos pra ser mãe? Pq essa visão de que pra ser mãe minha vida tem que acabar? Lógico que fica tudo mais complicado, principalmente nos primeiros anos, mas acho que se a sociedade desse mais valor e compreendesse o papel das mães, tudo podia ser mais fácil.
Concordo que a mulher jamais deve ser vista como uma parideira, se ela quiser abdicar da maternidade e se dedicar exclusivamente a qualquer outra coisa é um direito que deve ser respeitado. Não só respeitado mas estimulado em todas as meninas desde cedo a total liberdade de escolha.
Mas eu tbm quero ter a liberdade de escolher ser mãe e ter meus projetos.
Eu não acho que é o mito da maternidade que nos aprisiona, o que aprisiona é a desvalorização da mulher em todos os sentidos.
Eu virei feminista exatamente depois de ter filho pq eu senti essa desvalorização de forma brutal. Pq de repente eu não tinha mais o corpo de antes, vivia cansada, então comecei a ser traída. Me separei, então senti meu valor decair perante a sociedade por ser mãe e não ter um homem do lado. E as pessoas ao meu redor me tratam como se eu devesse me anular completamente só pq tive um filho.

E a parte da educação que vc citou, não é só questão de julgar os pais que estão fazendo o seu melhor, mas de evoluir. Acho que o texto mostra que tentar ensinar apenas se baseando em punições pode fazer a criança obedecer só por medo de ser punida, mas sem entender o porquê não é legal fazer coisas erradas. A criação com apego passa a ideia de uma educação que visa criar valores positivos, desculpe mas não acho um absurdo.
Eu sei que as vezes a teoria é diferente da prática e nem tudo precisa ser levado ao pé da letra, eu mesma não vou mentir que muitas vezes preciso falar grosso aqui em casa. Mas incorporei na minha forma de educar essas ideias novas e pra mim tem sido positivo, tentar ensinar mais o que é o certo do que focar no errado e lidar com as consequências do erros.
Vou citar um exemplo, meu filho uma vez pegou um balde com água que eu disse que ia cair, e caiu. Eu com a maior calma do mundo não briguei, só dei um rodo na mão dele e disse pra limpar. Ele limpou numa boa e direitinho, e olha que só tem 3 anos. Assim aprendeu duas coisas de uma vez só, lidar com as consequências e limpar um chão. Eu podia ter ficado ofendida, gritado, colocado pra pensar ou sei lá o que...mas o que ele teria aprendido, a me obedecer cegamente? E qndo eu não tiver perto como ele vai agir? São questões pra se refletir, ngm é obrigado a agir como eu, o como o texto propõe, mas é bom trocar ideias e abrir a mente.

Anônimo disse...

Titia nesse ponto vc tem minha admiração. Sempre vejo vc falando que não quer ter filhos e mesmo assim sempre comenta a favor de uma educação mais responsável por parte dos pais, pq muitas vezes nem quem tem filho se importa com isso e acha que é tudo mimimi.

titia disse...

Obrigada, 13:05. Um dos motivos pelos quais eu não tenho filhos é justamente porque fui filha de pais despreparados, que tiveram filho por acharem que "não ia acontecer com eles" e não usaram proteção. Minha mãe melhorou depois de um tempo, se tornou uma excelente mãe, mas bem nos anos mais importantes pra formação da personalidade (até os sete anos mais ou menos) meus pais foram um completo desastre nessa função. Por saber como a falta de capacidade deles afetou a mim e aos meus irmãos que eu não quero cometer o mesmo erro, e quero que outras pessoas reflitam e se esforcem por ser bons pais, ou não tenham se não se sentirem plenamente capacitados; porque não quero que as crianças carreguem os traumas e as sequelas de uma criação ruim como eu carrego.

Meio que off topic, lembrei agora daquele pessoal que faz drama quando os outros reclamam do filho mal educado deles e sempre vem com esse chororô "Vocês já foram crianças um dia, como se atrevem a não achar nossos filhos a coisa mais maravilhosa do mundo?"... mas que fazem questão de esquecer que eles mesmos foram crianças, e do quanto sofreram nas mãos de pais tão negligentes e despreparados quanto eles. Aí vão e fazem a cagada de ter filhos só pra repetir os erros dos pais e estragar mais uma geração. Eu tento não pensar de forma extremista, mas cada vez mais acredito que reproduzir-se simplesmente NÃO PODE ser um direito.

Anônimo disse...

Titia eu acho feio criança que fala palavrão, xinga os outros, bate, não respeita...mas tem o outro lado tbm de pessoas que consideram ser mal educado coisas idiotas como correr, fazer barulho, chorar e fazer manha, que é coisa de criança mesmo. Eu vejo muita gente que critica as crianças sem moral nenhuma, vou te dar um exemplo:
Meu filho é pequeno e começou a pegar birra do meu pai, isso porque meu pai tem problemas com bebida e acho que meu filho começou a estranhar o jeito que ele fica qndo bebe, pq antes ele adorava o avô. Mas ele não desrespeita, ele só chora e manda o avô sair de perto.
Daí outro dia veio minha mãe e meu irmão reclamar, que isso era falta de educação e eu devia brigar com ele. Só que assim, minha mãe vive xingando meu pai pelas costas e meu irmão evitava até de comer na mesa com ele, pq realmente é difícil conviver com um alcoólatra. Mas na cabeça deles meu filho tem que engolir só pq é criança e está no manual da boa família que tem que gostar do vovô.
Eu até incentivo e converso com ele, pq apesar de tudo meu pai não é nenhum monstro. Mas assim, eu não posso obrigar meu filho a gostar de ninguém, apenas respeitar e isso ele faz. Meu pai que é adulto e devia ter noção de se afastar dele quando beber. E se não tem, fazer o que, deve arcar com as consequências do seu vício que afasta a família mesmo. Agora eu que não caio nessa conversa de cobrar maturidade de uma criança mas passar pano pra adulto irresponsável, como minha mãe fez qndo éramos crianças e a gente tinha que fingir que estava tudo normal.

titia disse...

15:24 e você está certíssima. Crianças berram, choram, correm, isso é absolutamente normal e deve ser tolerado em lugares públicos. Criança não é brinquedo que se pode desligar nem vem com botão de mudo. Tratar criança como mini adulto, sejam os pais ou os estranhos que façam, é absurdo.

E você está absolutamente certa em respeitar a vontade do seu filho de não conviver com o avô bêbado. Infelizmente a sociedade ainda vê criança como posse, como objeto, não como ser humano com vontades e direitos próprios, além de hipocrisia ser a pedra fundamental da "família tradicional brasileira", resultando em situações como a que você e seu irmão passaram quando crianças. Continue assim, seu filho certamente será um adulto muito mais saudável e criará filhos (se ele decidir ter) igualmente saudáveis e produtivos.

Unknown disse...

Não tenho nenhum trauma nem problemas psicológicos. Não precisei levar uma surra sequer para isso. Agradeço ao meu pai que não é psicólogo, mas me criou sem tomar uma surra sequer e muito bem. Obrigada!

Unknown disse...

Eu terei se um dia eu achar que devo fazer isso. Não se preocupem tanto com minha vida pessoal. E como eu disse pra acima, já cuidei de crianças, portanto sei do que estou falando. Procriar, parir, nunca foi atestado de competência pra criar filhos. Primeiro começa a entender um pouquinho essa realidade e então a gente conversa, querida! O que mais existe no mundo é pai incompetente e tão infantil quanto os proprios filhos. Primeiro mostra o seu nome e a sua cara. Eu não gosto muito de conversar com quem não tem coragem para se mostrar.

Unknown disse...

Aí está o ponto. Os pais perdem a paciência, o que é normal, e berram. Não adianta nada. Berrar mais alto vai ajudar? Não.

Unknown disse...

"O que ensina criança é bom exemplo e uma relação clara entre erro e punição, algo que minha mãe sempre foi excelente em fazer porque não era uma preguiçosa que achava que filho era brinquedo."

Ótima, colocação titia.

titia disse...

Obrigada, Cristiane Lira. Não sei como as pessoas tem filhos desde que o mundo é mundo mas ainda não entenderam que criança não é brinquedo.

Anônimo disse...

Eu concordo e discordo com tanta coisa no texto e nos comentários. Ótima e necessária discussao! Agora comparar relacionamento entre pais e filhos com relacoes entre dois adultos capazes nao foi nada OK. Filhos precisam ter tutoriados. Mulheres adultas nao.

Para mim é libertador saber que aconteca o que acontecer eu nao vou bater nos meus filhos ou falar coisas que os degridam. Agora com um menino que questiona toda e qualquer coisa e outro que além de ser uma mula de teimoso vive se colocando em situacoes perigosas nao consigo sempre ensinar pacientemente (o mundo nao para!) e já rolou alguns empurroes, apertar a mao até abrir (normalmente para acudir o bebê ou impedir alguma agressao).
Rola da minha parte (e da do marido) muitas ordens, porques sim, gritos de isso nao é uma democracia, quem decide sou eu porque eu sou a mae. Aliás eu dou bastante liberdade, mas acho importante liberar a crianca de tomar decisoes de adulto.

A verdade é que educar dá um trabalho do cao. Cada crianca definitivamente é de um jeito. Meu filho mais velho de 5 anos tende a botar para fora qualquer insatisfacao já me (e ao pai e à avó) bateu, atirou coisas, chutou (até hoje), cuspiu, mordeu, chama de palavrao (o do momento é pum) e parece que quanto mais eu fico doida com o comportamento mais tempo demora para passar. Na casa dos outros ele é uma santa criatura. O mais novo nao faz essas coisas, mas é capaz de ficar choroso e emburrado a tarde inteira porque foi obrigado a lavar as maos.