terça-feira, 14 de agosto de 2018

A LUTA POR UMA REVOLUÇÃO HUMANA E PROGRESSISTA

Publico aqui o texto do graduando em Ciências Sociais João Paulo Jales dos Santos, colaborador frequente do blog

Existe um discurso usado por reacionários, e também até por alguns moderados, de falar que quando uma minoria pleiteia uma causa, essa causa corre o risco de provocar divisão na sociedade. Exemplo disso são as cotas raciais. Ouve-se dizer que as cotas transformadas em direito constitucional- institucional podem desencadear divisões raciais na sociedade. E quem são culpados(as) por desencadear a divisão? Os negros e grupos progressistas que pleiteiam o direito as cotas raciais -- é o que dizem muitos daqueles que são contra as cotas. 
E o quê o uso desse discurso de se culpar os negros por querer o direito às cotas raciais revela? É simples, e bem objetivo. Culpar os negros por querer um direito de reparação histórica significa culpar as vítimas por simplesmente desejarem direitos para se viver com dignidade numa sociedade estruturada no racismo. Além de se culpar as vítimas, aqueles que dizem que o uso das cotas raciais pode fazer acender uma polarização racial na sociedade nada mais querem que perpetuar o racismo enquanto estrutura hierárquica. 
Se faz essencial dizer: minorias não têm culpa por discriminações, minorias são vítimas do preconceito ideário que possui efeitos práticos de quem faz uso desse preconceito para manter uma estrutura opressora. Os culpados são, portanto, aqueles que se incomodam com os avanços em direitos para minorias e que querem frear esses avanços.
Exemplifico cotas raciais, mas pode-se exemplificar com o direito ao reconhecimento civil equitativo entre gays e héteros; com o direito em políticas públicas sociais e reprodutivas para mulheres; com o direito ao reconhecimento de cidadania para pessoas trans e travestis; e tantos outros avanços nas conquistas em direitos para populações e comunidades que são vítimas de uma sociedade que as discriminam. O avanço nos direitos para minorias é um passo inicial que se dá para que se possa posteriormente alcançar uma sociedade mais justa e igualitária, onde a diversidade não possa ser um instrumento de opressão, mas sim uma garantia de justiça e igualdade. 
O gênero, a identidade de gênero, a raça, a cor da pele, a orientação sexual, a etnia, são marcadores sócio-políticos da diferença que delimitam o que você será numa sociedade opressora. São marcadores da diferença de espaço e de estilo de vida. E o são porque carregam consigo toda uma história social e política de como determinados grupos e determinadas comunidades viveram na sociedade. 
A mulher negra, vítima da escravidão e do estupro por parte dos senhores escravocratas, será sempre vista numa sociedade racista como uma pessoa de categoria subalterna, de cidadania restrita e muitas das vezes negada. À mulher negra serão delimitados todos os espaços de vida. Desde seu nascimento, sua posição racial, de classe e de gênero será milimetricamente definida numa sociedade racista e sexista. Para ela serão reservados empregos de ocupações com baixa remuneração. 
A mulher negra sofrerá intensa discriminação e preconceito para com a cor da sua pele, seu cabelo, seu corpo, porque ela carrega consigo marcas históricas da escravidão e do patriarcado. A mulher negra no sistema escravocrata era estuprada, seu corpo sistematicamente violado para servir como mão de obra barata e para prazer sexual. São palavras fortes, mas que precisam ser usadas. Porque a mulher negra de hoje carrega consigo todas essas marcas de um passado não tão distante de escravidão e que ainda teima em perpetuar suas opressões na sociedade contemporânea. 
Marcadores sócio-políticos da diferença são instrumentos que minorias devem fazer uso para ressignificar e revolucionar suas posições de subalternização numa sociedade. Usar esses marcadores para revolucionar estruturas, modificá-las, quebrá-las, para que se possa viver com dignidade de direitos humanos, sociais, políticos e econômicos. É uma luta árdua, incessante, e sim, que às vezes pode chegar a cansar, mas que é necessária para que indivíduos oprimidos possam desfrutar de viver com felicidade. Que corpos de sujeitos não sejam instrumentos a serviço do racismo, do patriarcado e de estruturas opressoras. Que o corpo e a essência humana possam ser fatores tão somente de igualdade e justiça com todos aqueles que formam uma sociedade. 
Existe uma aflição, um sentimento de rapidez que arrebata todos comprometidos com a quebra de uma sociedade estruturada numa lógica opressiva. A quebra dessa opressão não vem rapidamente, é uma luta que muitas vezes demora, é um processo que não é linear, é feito com avanços progressistas e reações regressivas reacionárias. É uma caminhada longa, e muitas vezes tortuosa. E que se é trilhada no seio de estruturas opressivas. Ou seja, as revoluções progressistas e de humanidade se dão dentro do sistema opressor que se quer abolir. 
É um processo de ruir o sistema de dentro para fora. Nessa luta, são necessárias alianças, diálogo com aqueles comprometidos em modificar a lógica do sistema. Nenhuma minoria avança sem a dialogicidade com aqueles que estão no poder. É uma aliança daqueles que estão à margem do poder, as minorias, com aqueles que estão no poder e que, portanto, tomam e deliberam decisões. 
A luta pela mudança revolucionária é política. A luta pela revolução traz consigo uma consciência sócio-civil dos grupos marginalizados. É um processo histórico. Com negociações difíceis, que às vezes avançam e outras vezes não. A quebra de estruturas opressoras não somente emancipa as vítimas dessas estruturas. 
Também emancipa o homem branco- heterossexual- cristão, que mesmo senhor mantenedor de uma sociedade racista, patriarcal e anti-LGBTQ, é vítima das próprias opressões que cria e mantém. A revolução progressista liberta a todos. É uma revolução de humanidade. Que faz do sujeito humano um ser livre para se viver com plenitude em sua alegria de ser e fazer aquilo que se quer. 
Hoje a luta por direitos humanos sofre um backlash, uma reação conservadora e reacionária. Infelizmente faz parte do processo, isso escapa as nossas mãos. O essencial é que se tenha consciência de que apesar dessa reação reacionária haverá espaços dentro do sistema opressivo para que se continue a luta emancipatória. Que se perceba que as lutas revolucionárias criam possibilidades de atuação em novos espaços. Portanto, que todos aqueles comprometidos com essa luta por humanidade ocupem os espaços dentro do sistema, para que se possa destruir as estruturas opressoras de dentro para fora. 

57 comentários:

Anônimo disse...

Eu apoiaria cota para pobres, agora para negros?!
SIMPLESMENTE UM ABSURDO!

Anônimo disse...

Nem todo branco é/foi descendente de opressor.
Nem todo negro é/foi descendente de oprimido.

Se o objetivo das cotas é trazer justiça: "errou feio, errou rude."

Uma solução simples é dar cota para pobre, a maioria dos pobres são negros, mas existem negros ricos, existem negros descendente de senhores de escravos, é no mínimo injusto que o negro rico se beneficie de cotas, assim como é injusto que o pobre branco não tenha direito a nada, é a minoria, mas também são gente.

Anônimo disse...

Ao ler o texto tive um déjà-vu vu.

Essa luta de: Oprimidos X opressores, explorados X exploradores, dividas históricas X reparação, com uma luta revolucionaria progressista e .....
Já vi isso acontecer e até sei como este filme termina.

Onde passou esse filme? Na antiga URSS de Stalin, na China de Mao, no Cambola de Pol Pot, na Coreia do Norte de Kim Il-sung e .........

Só mais um déjà-vu.

Anônimo disse...

Pra começar, dívida histórica e reparação para os negros NADA tem a ver com URSS, China, Coreia do Norte ou Camboja. Estudar um pouco de história curaria o seu déjà-vu cuja origem está na desinformação. Sou completamente a favor de cotas, mas pra pobres pois sei que há negros ricos e brancos pobres. Então acho que as cotas para pobres é mais justa pois beneficiaria pobres de qualquer cor. É preciso tomar cuidado com programas sociais pois há casos como o programa ciência sem fronteiras que deveria ter beneficiado pobres mas acabou beneficiando a classe média que pode estudar no exterior. Lolinha cuidado! Esse comentarista 15:52 provavelmente é fã do cabo Daciolo e está vendo fortes indícios do URSAL neste post.

Anônimo disse...

Falácia do espantalho. Cria um falso argumento para depois repate-lo.
Lendo Schopennhauer, né danadinhx...

Anônimo disse...

Que bom que o texto incomodou, se incomoda, é só mais uma comprovação que a luta social e política contra as opressões é urgente e universal. E se houve incômodo, mostra que os incomodados, via de regra, fazem parte dos que oprimem. Os negros foram escravizados durante 3 séculos neste país, trabalharam forçosamente, de graça, nas piores condições humanitárias possíveis, enriqueceram este país sem nada ganhar em troca, mas não se pode falar de reparação, porque o incômodo por parte dos racistas é enorme. 3 séculos de escravidão, e enriquecendo o país, falar de cotas sociais é ainda muito pouco para os negros, que tanto fizeram economicamente por esta nação, e são tratados pelos racistas como seres preguiçosos de segunda categoria. E como é de praxe, lá vem o imbecil de direita falar de URSS, comunismo... Vamos deixar explicito uma coisa aqui, o comunismo nunca existiu. Nenhuma nação conseguiu seguir a risca os preceitos de Marx na fundação de uma sociedade comunista. O que houve foi experiências centralizadoras de um autoritarismo estatal. E outra colocação, se quisermos contar o número de mortes entre regimes "comunistas" e capitalistas, façamos a conta estatística correta. Sociedades "comunistas" corresponderam a um número pequeno de populações quando se compara com aqueles países que adotaram o regime capitalista, várias das sociedade "comunistas" ruíram, enquanto as capitalistas ainda existem aos montes, atualizando a conta para os dias de hoje, o capitalismo matou muito mais pessoas que as experiências "comunistas". Não dou atenção para ter que escrever sobre esse tipo de coisa, ainda mais para refutar papo de direitista reacionário, mas como é necessário, então que se faça as colocações adequadas.

Anônimo disse...

"...o capitalismo matou muito mais pessoas que as experiências "comunistas"." (sic)

Este ser "esclarecido" esquece-se que as experiencias"comunistas" não estiveram em guerra externa quando mataram milhões. Talvez ele tenha esquecido também que os assassinatos da experiencia "comunista" foram cometidos por seus nacionais e contra seus nacionais.

O interessante é que: Antes das denúncias de Nikita Khrushchov, a URSS era comunista no moldes de como Marx idealizou, mas depois do "discurso secreto" o Marxismo verdadeiro nunca foi implantado. Com a queda da cortina de ferro tudo não passou de uma experiencia "comunistas".

Adoro isso.






Anônimo disse...

"Os negros foram escravizados durante 3 séculos neste país, trabalharam forçosamente..."

Pelo visto o que incomoda não foi a escravidão africana feito por africanos entre os séculos II AC e o XIX DC. , mas a escravidão de africanos feito por portugueses e neste pais entre os séculos XVI e XIX.

O tráfico transaariano de escravos africano feito por africanos entre os séculos VII e XIX não incomoda, mas o transatlântico entre os séculos XVI e XIX sim.

Entendi.








Kasturba disse...

Eu sou a favor de cotas raciais, mas sou contra cotas sociais (para pobres).
Explico meu ponto de vista:

Cotas raciais não existem para fazer justiça social aos negros, descendentes de escravos. Até porque, muito "branco" no Brasil também é descendente de escravos. Eu mesma estou nesse bolo; minha pele é bem clara, olhos castanhos, cabelos castanhos claros ondulados. Segundo os critérios brasileiros, sou "branca", mas meu avô paterno é negro, descendente de escravos. Ao mesmo tempo que meu avô materno era loiro dos olhos azuis, descendente de senhores de escravos. Mas eu nunca fui escravizada, e nem escravizei ninguém. Não me sinto endividada e nem credora de ninguém.
Mas as cotas raciais nada tem a ver com isso. A escravidão humana ocorreu, foi errado, e nada mais pode ser feito para desfazer o que houve. Mas até hoje esse erro traz reflexos na nossa sociedade: O racismo. E é isso que as cotas raciais visam corrigir: O problema PRESENTE do racismo. Algo que os negros de HOJE sofrem.
E o racismo atinge todos os negros: Pobres, ricos, descendentes de escravos ou de senhores de escravos negros. TODOS sofrem com o racismo. Óbvio que o negro pobre (e em particular A negrA pobre) sofre mais, por estar em uma posição mais vulnerável, mas todos são vítimas do racismo.
Já estudei com a filha de um embaixador de um país africano quando criança. Ela não era descendente de escravos (era até mesmo de uma família rica e tradicional em seu país), e era rica. Eu, classe média e descendente de escravos. Mas adivinha qual das duas sofria racismo? Ela, óbvio. O racismo não está relacionado a seus antepassados ou classe social. Está relacionado unicamente a quanta melanina você tem na sua pele. Só. Simples.
(continua...)

Kasturba disse...

(...continuando)

E o racismo surge exatamente das nossas experiências diárias: O usual é vermos o pobre negro e o rico branco. O motorista negro e o empresário branco. A babá negra e a madame branca. Isso vai se interiorizando, de forma que achemos que há algo de "natural" no negro assumir papéis de menos prestigio na sociedade. E é exatamente isso que as cotas raciais vão (e já estão) fazer: Miscigenar ad classes sociais. Impulsionar mais negros para cargos de maior prestigio na sociedade, e para as classes mais altas, de forma que acabe a realidade "pobre negro x rico branco". E assim acabar com nossa "visão natural" de que negros estão sempre em posição de menor destaque, e finalmente extirpar o racismo de nossa sociedade.

(continua...)

Kasturba disse...

(... continuando)

Diferente disso são as cotas sociais, que, ao meu ver, não corrigem nenhum problema.
Primeiro, acho difícil se falar em "estudante rico" e "estudante pobre". Estudante não tem salário. Quem é rico ou pobre são seus pais, e esses nem sempre estão dispostos a auxiliarem seu filho universitário, por diversos motivos.

Mas o maior motivo que eu considero cotas sociais sem propósito de ser, é o seguinte: Vivemos em um país cuja estrutura é construída por ricos e pobres, na proporção "tal". Impor cotas sociais não vai estar alterando a nossa estrutura social, e sim somente revezando quem vai assumir qual papel na sociedade: O filho do pobre vai ter mais oportunidades e provavelmente assumir o futuro papel de rico, e o filho do rico vai ter menos oportunidades e provavelmente assumir o futuro papel de pobre. E assim as classes vão se revezando, sem resolvermos o problema da pobreza e sem nenhum propósito definido.
Em vez de cotas sociais, o que deve-se fazer é lutar para diminuir (quiçá exterminar) a pobreza. E essa receita todos sabem, mas alguns fingem não conhecer: Educação pública de qualidade, diminuição das desigualdades salariais entre cargos mais e menos "nobres", políticas públicas de inclusão social, etc... Assim se ataca a pobreza, possibilitando a todos uma vida digna. Cotas sociais são somente uma forma de iludir o pobre (e alguns ricos também) de que o problema da pobreza está sendo combatido.

Ezco Musaos disse...

Toda vez que um lixo reaça de internet (redundância) começa a defecar pelos dedos "União Soviética, buábuá, Coreia do Norte, buábuá", demonstra apenas o quanto esses seres são abjetos. Não entendo como podem existir "pessoas" que se agarram tão fortemente à defesa de preconceitos e opressões diversas em nome de uma ideologia tão doente quanto o conservadorismo.

Anônimo disse...

Eu sou o típico brasileiro, descendo da miscigenação do negro, índio e branco, e em minha face essa miscigenação é nítida.
Minha pele beira o vermelho dos índios, tenho olhos verdes do branco e meus cabelos são crespos como os negros.
Eu acho cotas para negros NAS UNIVERSIDADES uma tremenda injustiça num país miscigenado como é o brasil.
Apoiaria 100% cotas para pobres.

Agora, cota para negros EM CONCURSOS, essa eu apoio!
Não, não sou concurseiro, tive a sorte de ter um pai empresário e trabalho nessa empresa privada, mas é uma realidade que os traços negros são mau vistos e portanto eles têm menos oportunidades no mercado de trabalho.
Meu pai mesmo me critica por usar dread no cabelo, diz que esse não é o cabelo de alguém que queira trabalhar.

PS: Meu pai é negro com índio e minha mãe parece ser 90% branca.
É que meu pai deixa o cabelo sempre raspado.

Kasturba disse...

Anônimo das 07h16:

Por que você é contra as cotas raciais em universidades e a favor em concursos públicos?
Não consigo entender muito bem qual seria a diferença... Poderia me explicar? (não estou sendo irônica, a pergunta é sincera)
Obrigada!

Kasturba disse...

Anom das 05h31:
Isso já foi explicado tantas vezes aqui nesse blog. E em muitos e muitos outros meios. Acho bem pouco provável que você nunca tenha se deparado com a explicação da sua grande questão, mas aqui vai mais uma vez:
Toda forma de escravidão humana é errada. Toda escravidão que ocorreu (independente de quem eram os escravos ou os senhores, e em que período da história foi) é condenável.
A diferença crucial é que única que provocou consequências vividas ATÉ HOJE por todos os NEGROS QUE VIVEM NO BRASIL é a "escravidão de africanos feito (sic) por portugueses e nesse país entre os séculos XVI e XIX".

Não é a escravidão que está sendo discutida e combatida (isso, acredito eu, já é uma opinião comum - ou você é a favor de retornarmos ao regime de escravidão?) O que está em pauta são os EFEITOS gerados HOJE, AQUI no Brasil, e o que pode ser feito para corrigi-los.

Ficou claro, ou precisa desenhar?

titia disse...

Ainda tem gente fazendo mimimi por causa de cota e por direitos femininos e LGBTs? Caralho, é muito vagabundo com preguiça de estudar nessa vida, muito macho inútil que não sabe misturar leite e Nescau com medo de não conseguir uma substituta pra mamãe, e muito enrustido se ressentindo dos que tem coragem de sair do armário e vivem felizes enquanto ele se afunda sozinho na miséria e na covardia. Melhorem, povo, melhorem.

Ao chorão "Mimimi comunismo matou muito": coloque na conta das sociedades capitalistas essas mesmas guerras em que os comunistas mataram, as vítimas de tráfico humano e de órgãos, as pessoas que morrem na porta de hospital porque não tem médico, equipamento nem remédio, a mortalidade infantil, as vítimas de escravidão moderna, as que morrem por ter a saúde comprometida pelo excesso de trabalho, as que são forçadas a trabalhar sem equipamentos de proteção e segurança pq o patrão tem que trocar de carro todo mês, os japoneses que literalmente trabalham até a morte e as vítimas de latrocínios. Ah, e acrescente os mortos das ditaduras direitistas, que foram maioria na América Latina e no mundo. Lembre-se sempre disso amorzinho: uma sociedade onde o ser humano é mercadoria a dar lucro ou prejuízo é uma sociedade genocida. Você querer que o comunismo seja o grande vilão não vai mudar o fato de que as sociedades capitalistas sempre causaram e ainda vão causar muito mais mortes do que as repúblicas comunistas (já extintas, como disse o João Paulo) causaram.

05:31 os brancos ESCOLHERAM VOLUNTARIAMENTE escravizar negros. Não importa se os negros escravizavam outros negros, na hora em que os brancos decidiram (por livre e espontânea vontade, ninguém foi obrigado a acorrentar um negro e chicoteá-lo) fazer o mesmo eles são igualmente culpados e devem SIM uma reparação, especialmente nessa sociedade racista de merda que nós temos.

Botem gelo nas bolas todos vocês chorões e aceitem que dói menos.

Anônimo disse...

Então Kasturba,

Concurso público é uma busca por emprego, seja você rico ou pobre, se tem traços de negro e a pele mais escura você sofre sim certa discriminação, mas a educação não escolhe cor de pele, ela é, ou deveria ser acessível a qualquer um.

Nas universidades trata-se de uma busca por melhor educação, o pobre que tende a vir de escolas públicas é quem tem menores chances de ingressar em uma universidade, nesse caso pouco importa sua cor de pele.


PS: Sou grande amigo de um dos funcionários de meu pai que é branco, e ele me confessou que estudou em escola pública e por ser a única criança branca em sala sofria preconceito.

Anônimo disse...

Para acabar com essa polêmica sobre cotas sociais, cotas raciais e qualquer uma que seja.

19% de cotas para negros
19% de cotas para pobres
19% de cotas mulheres
19% de cotas para homossexuais
19% de cotas para a esquerda
05% de cotas para o masculino, o branco, o hétero, o rico, o conservador e seus correlatados.







Marina disse...

Anônimo das 16:50, qual o problema do Ciência Sem Fronteiras ter beneficiado (tbm) pessoas de classe média?A educação pública é (ou deveria ser) para todos e MUITAS pessoas de classe média, apesar de viverem em boas condições no Brasil, não tem recursos para estudar fora por conta própria, fz um intercâmbio, etc. Não vejo absolutamente problema nenhum nisso. O Estado é pra quem precisa (de novo, deveria ser), não somente para as classes B,C, D, etc. O pior é que no Brasil, o Estado é somente para os ricos e super ricos, em forma de desonerações gigantescas de impostos, perdão de dívidas tributárias, etc, etc.

Luima disse...

Mas anônimo das 11:10, concurso público também não vê cor de pele, entra quem passa nas provas e obtém a pontuação necessária. Pelo menos assim deveria ser, embora saibamos dos concursos de fachada, que só passa QI, politicagem etc. mas aí é outra história...

Nesse caso,faz mais sentido as cotas nas universidades, pois aumenta o acesso aos estudos e, consequentemente, dá maior preparo para fazer e passar nesses concursos. Opinião minha.

E Kasturba: obrigada por mostrar seu ponto de vista sobre cotas raciais, nunca tinha pensado dessa forma que vc colocou, mudou totalmente meu modo de ver a questão. Eu também tinha esse discurso de "cotas raciais não, sociais sim". Vou refletir melhor essas questões, valeu mesmo.

Sergio Costa disse...

11:29 Eu sou um homem branco de cabelo ondulado, atualmente estou no terceiro semestre do curso de Segurança do Trabalho, por isso sou estagiário na construção civil. Não recebo nada pelo estágio, precisei da ajuda da minha família para pagar o meu curso, no entanto jamais terei acesso as cotas, pois as mesmas são raciais. O meu bisavô foi escravizado no Brasil, enquanto eu trabalho gratuitamente, sem poder dizer, tenho direito à uma bolsa de estudos, já que o estado é irracional ao ponto de supor que apenas uma etnia foi sangrada no Brasil. Minha noiva vive situação semelhante. Analisando as arquiteturas sociais do Brasil percebemos as suas assimetrias, suas fundações escravagistas, mas não podemos nos esquecer dos miscigenados de pele clara tratados como privilegiados, apenas por terem pele clara.Futuramente serei poderoso o bastante para ajudar os desfavorecidos socialmente, para que os mesmos possam acessar as oportunidades necessárias em suas vidas. A sabedoria reconheçe á justiça.

Anônimo disse...

Gente, eu queria fazer uma observação que, pra mim, é de extrema importância.

O texto infelizmente coloca no mesmo balaio pessoas que são contra direitos LGBT e pessoas que são contra cotas raciais.
E é um equívoco tremendo.

Os direitos LGBT se inserem em direitos denominados de primeira geração, associados às liberdades individuais frente os abusos do estado e, mais recentemente, aplicados também para as relações horizontais (entre particulares, não apenas entre o indivíduo e o estado). É uma limitação ao poder do estado, um limite para que ele não interfira na nossa vida privada, garantindo o direito, por exemplo, de nos casarmos com quem quisermos, de ir e vir, de expressar nossa fé, nossa opinião, de realizar um protesto nas ruas, entre muitos outros.

Eu, pessoalmente, liberal que sou, defendo quase que irrestritamente os direitos de primeira geração (e não irei me alongar nisso porque é um assunto extremamente complexo para se falar em um comentário: limites a liberdade de expressão é o mais polêmico, sem dúvida).

Ja as cotas raciais são inseridos nos direitos de segunda geração, ligados à igualdade, e consistem - ao invés de uma omissão, um deixar de fazer por parte do estado, como ocorre nos direitos de primeira geração -, numa atuação positiva (políticas afirmativas) por parte do estado, corrigindo eventuais desigualdades, coibindo algumas injustiças, prezando pela igualdade material (e não só formal). O escalonamento do imposto de renda, o bolsa familia, o sus, e cotas raciais são exemplos de um estado interventor, que usa seu poder para interferir em resultados.

Eu, sinceramente, tenho muitas ressalvas quanto a adoção de tais medidas e penso que elas deveriam ser consideradas apenas em caso de extrema vulnerabilidade, como no caso de pessoas em situação de rua, passando fome, sem acesso a alfabetização, por exemplo. Aí sim, o estado deve - ate como questão moral e humanitária- intervir. Agora, cota para passar em concurso? Realmente o estado precisa intervir em uma situação dessas?
O problema é que as pessoas querem uma situação de total igualdade e isso é, no mínimo, utopico. A igualdade plena é impossível de se alcançar (as vezes até entre dois irmãos gêmeos criados na mesma casa!). Milhões de fatores influenciam o que você se tornará no futuro.

Entao, eu proponho, por que ao invés de buscarmos a igualdade, não buscamos a dignidade? Enquanto nos irritarmos porque existem ricos e pobres, estaremos olhando o problema de forma equivocada. Não eh ruim wie existam ricos e pobres (desigualdade), desde que os "pobres" tenham uma vida digna (que significa: ter uma fonte de sustento - um trabalho, um teto, comida, crianças na escola, lazer). E daí se fulano mora numa mansão? Se todos tiverem uma vida digna, não ha problema na riqueza.
Até porque, em todas as vezes que a humanidade tentou implementar um sistema de igualdade, o que aconteceu foi que todos eram pobres (a ponto de passar fome muitas vezes), e não ricos.

Enfim, claro que ações afirmativas podem ser positivas algumas vezes (pessoas com deficiência por exemplo). Mas, em regra, vejo com ressalvas essas políticas públicas.

Alicia

Anônimo disse...

Kasturba, concordo com seu ponto de vista sobre cotas raciais. Acho que já tinha lido esse ponto de vista anteriormente, em uma entrevista com o Joaquim Barbosa (que defende as cotas raciais).

Mas discordo em relação a cotas sociais. O filho do rico não vai ficar pobre porque não tem cota para ele. A questão levantada pelo colega estagiário não-remunerado, apesar de socialmente relevante, foge do contexto no sentido de ser um problema de mercado (p.ex: estagiárias de enfermagem PAGAM para fazer estágio). Do mesmo modo, as cotas sociais (por renda) cumprem função bem distinta das cotas raciais. Enquanto estas buscam mitigar o racismo de origem histórica, aquelas buscam permitir que pessoas de niveis sociais menos favorecidos possam competir com menos desvantagens, aumentando a mobilidade social. Nesse ponto, é mais similar a programas como micro-crédito, que permitem costureiras/artesãos/pequeno produtor rural/etc adquirir uma "facilidade" que o grande empresário tem automaticamente (o crédito).
Veja que é uma questão econômica também. Ao permitir que mais gente tenha acesso aos mesmos recursos, aumenta a competitividade (por exemplo, a filha do pobre que seja tão capaz quanto a filha do rico, mas que vai agarrar a oportunidade com unhas e dentes, será no fim das contas um grande "ativo" para a sociedade). Nesse aspecto, a cota social cumpre tanto papel social quanto econômico.

Anônimo disse...

18:33 alguem poderá te responder quando você souber, no mínimo, escrever um comentário inteligível.

Anônimo disse...

'O filho do pobre vai ter mais oportunidades e provavelmente assumir o futuro papel de rico, e o filho do rico vai ter menos oportunidades e provavelmente assumir o futuro papel de pobre. E assim as classes vão se revezando, sem resolvermos o problema da pobreza e sem nenhum propósito definido.'


Kasturba, achei essa declaração arbitrária, sem base na realidade. Não há nenhuma prova de que as cotas iriam colocar um rico ou classe média em um papel de pobre gerando um revezamento nas classes. Por outro lado, as cotas sociais abrem oportunidades que de outra forma os pobres não teriam por falta de dinheiro. É muito dificil, alguem de classe baixa ascender socialmente e isso se deve a falta de dinheiro. Está falta de dinheiro afeta pessoas de qualquer cor. O que não tem base na realidade é essa noção de que pra alguém ganhar outro tem que perder. Continuo contra as cotas raciais porque as cotas raciaur acabariam beneficiando também negros ricos que não precisam delas. Isso acontece muito nos concursos públicos. Como o salário dos servidores públicos é pago pelos impostos da sociedade, fatalmente tira-se dinheiro de brancos e negros pobres para negros já endinheirados. As cotas sociais beneficiariam os negros de qualquer forma (já que boa parte da população negra é pobre) trazendo os benefícios das cotas raciais sem beneficiar os negros que não precisam disso.

Anônimo disse...

Então a mortalidade infantil entre outras mazelas é culpa do capitalismo?

Não. Tudo isso é culpa da pobreza. A pobreza não existe por existir riqueza. Ao contrário, uma sociedade em que se produz riqueza, ainda que ela não seja igualmente distribuída, permite que a miséria deixe de existir. Porque o problema é a situação de miserabilidade e não a desigualdade.

Alicia

Anônimo disse...

Há todos os problemas possíveis, Marina. O ciências sem fronteiras beneficiou muita gente que poderia pagar para estudar fora. Fora que pessoas de classe média tem muito mais chances de conseguir um bom emprego do que pessoas pobres. Então não concordo que o estado ainda banque o diferencial do estudo no exterior para essas pessoas quando pessoas pobres poderiam ser beneficiadas com o que elas jamais poderiam pagar. Sou contra todas as medidas que transfiram dinheiro dos mais pobres para os mais ricos.

Anônimo disse...

Alícia não concordo com todo o seu comentário porque sou a favor de cotas sociais, mas foi muito bem feito. E eu tambem não tenho nada contra a desigualdade, mas contra a pobreza extrema. Para mim é dever do Estado combater este problema.

Anônimo disse...

Olha anon 17:10, vc tá com o raciocínio errado. O Estado oferece bolsas a TODOS que possam concorrer e que PAGUEM IMPOSTOS para que tais bolsas possam ser financiadas, o que coloca a classe média na frente de todos, sempre foi a classe que mais PAGA impostos, ela é descontado na folha, no IR, nos impostos embutidos....
Acho uma graça essa ideia de que os outros paguem, eu aproveito os benefícios, ideia recorrente de muitas pessoas pobres e que faz muito mal a nossa sociedade
Quem paga imposto usufrui de benefícios, nada mais justo

titia disse...

Alícia esse é o problema do capitalismo. O sistema se preocupa apenas em produzir riquezas, inclusive pela exploração máxima e injustamente ou mesmo não remunerada do trabalho alheio (Hello, Vagas Arrombadas!) mas caga e anda pra distribuição. TODO regime econômico que se preocupe apenas com produzir riqueza mas não com o modo como ela é produzida nem com a sua distribuição equânime é culpado sim por milhões de mortes. E o capitalismo ainda tem o detalhezinho escuso de considerar o ser humano como mercadoria ou ativo a dar lucro/prejuízo, normalizando crimes como a exploração sexual infantil e o tráfico humano - que podem até ser ilegais ou imorais no papel, mas na prática é feito, tolerado e consumido porque dá dinheiro. Se nem capitalismo nem comunismo funcionam, então que se invente algum outro sistema onde as pessoas não sejam valorizadas apenas pelo que tem na conta bancária. Continuar do jeito que está é que não dá.

titia disse...

Pobre também paga imposto, viu coleguinha? Quem mais quer que os outros paguem pra ele(a) aproveitar, quem mais vai nessa de "Estado mínimo na hora de contribuir, Estado máximo na hora de aproveitar" é classe média pão-com-ovo que adora pagar de membro da corte, que reclama de imposto e taxa mas quer emprego público e tomar vacina de graça no posto de saúde.

Anônimo disse...

Então que a classe média lute contra a carga de imposto que paga e não para ganahr privilégios do governo quando pode pagar por eles. Sim, boa parte da classe média que pegou o ciencia sem fronteiras são um bando de parasitas que podiam pagar por isso e ainda assim mandaram nas tetas do governo. Os mesmos que reclamam do bolsa-familia para pobres. Anon, eu conheci muita gente que se beneficiou desse programa e TODOS podiam pagar por isso.

Anônimo disse...

Pois é titia, como eu disse TODOS que pagam impostos devem poder usufruir dos serviços do governo, se vc paga vc usufrui, simples assim.
Acho que os seus conhecidos de classe média são bem diferentes dos que eu conheço, todo mundo paga mas reclama, por óbvio, TODO mundo reclama de pagar a alta carga de impostos deste país. Não tem ninguém sonhando com emprego público tb, todos na iniciativa privada, nenhum eleitor do Bolsonaro, etc.
O que não é possível é achar que uma classe média como a nossa, explorado até o osso não deveria ter direito a nada. Pensamento tosco esse seu e do anon das 17:10 achar que só os pobres iriam ter direito aos serviços do governo.

Anônimo disse...

Tbm sou tão a favor de cotas sociais quanto raciais, apesar de que esse argumento do negro rico não convence, pois há poucos negros ricos em comparação dos brancos e esses poucos negros ricos raramente querem utilizar as cotas, quem utiliza mais as cotas são os negros pobres mesmo.

Que conversa é essa de que ''o pobre ficaria rico e o rico ficaria pobre''? Que coisa mais sem noção é essa? Ninguém deveria ficar pobre.

O capitalismo é mau? É! Mas existem países capitalistas sem corrupção e com excelentes equidades sociais e nem todos esses países colonizaram a África e a Ásia ou a América e mesmo assim são bastante desenvolvidos. E qual seria o país perfeito para essa turma revolucionária? Cuba e cia? Eu preferia morar no Canadá ou na Dinamarca que em Cuba ou Venezuela e acho que muita gente revolucionária aí iria preferir também.

Rafael disse...

As cotas no Brasil chegaram atrasadas,primeiro pq diploma universitário não significa mais ascensão social e segundo vaga em universidades não é mais problema e,convenhamos,as exigências para entrar no ensino superior são mínima s.Infelizmente;são uma vitoria de Pirro.

Anônimo disse...

Qual a solução?

REVOLUÇÃO

1. Reação não é revolução. Não é sinal de revolução os oprimidos adotarem as maneiras dos opressores e praticar opressão em seu próprio favor.... Guerra é a admissão de derrota face a interesses conflitantes: pela guerra o problema é entregue à sorte, e a suposição tácita de que o melhor homem vencerá não é de modo algum justificada. Guerras não podem ser ganhas.... Mulheres que adotam atitudes de guerra em sua busca de libertação, condenam-se a imitar a última perversão da virilidade desumanizada, que só tem um desfecho previsível: o fim especificamente masculino de suicídio.

2. Se as mulheres ao menos oferecerem uma alternativa genuína à violência, o mundo poderia respirar um pouco com menos dor. Se as mulheres se negarem a ser espectadoras de lutas, a indústria da guerra e da violência entraria em colapso; se os soldados tivessem de enfrentar com certeza a retirada de todos os favores femininos como Lisístrata observou há tanto tempo atrás, haveria de súbito menos encanto na luta. Não somos húris, não seremos a recompensa do guerreiro.

3. A perversão masculina da violência é uma condição essencial da degradação das mulheres. O pênis é concebido como uma arma.... O processo a ser seguido é o oposto: as mulheres precisam desarmar o pênis, tirar dele o aço e fazê-lo de novo carne.... E com isso não quero dizer que a lesbianidade em larga escala devesse ser adotada, mas simplesmente que a ênfase deve ser tirada da genitalidade masculina e recolocada sobre a sexualidade humana. Os órgãos femininos precisam assumir seu papel.

4. As mulheres precisam deixar de lado sua desesperada necessidade de admirar um homem, de adulá-lo ou favorecê-lo, e aceitar o papel mais gentil de compreendê-lo e assim quem sabe chegar a amá-lo de fato.... Se as mulheres estão para efetuar um melhoramento significativo em sua condição, parece óbvio que devem se recusar a casar. Se a independência é concomitantemente necessária da liberdade, as mulheres não devem casar. A libertação das mulheres, se abolir a família patriarcal, abolirá uma subestrutura necessária ao Estado autoritário. Por que a moça média casa? A resposta provavelmente será dada: — amor. O amor pode existir fora do casamento — na verdade por longo tempo supôs-se que sempre existia assim. O amor pode tomar várias formas; por que precisa ser exclusivamente atrelado ao casamento? Segurança? Segurança é uma quimera inimiga, especialmente se supõe-se que significa a preservação de um estado de "feliz comunhão" que existe por ocasião do casamento.

Se uma mulher se casa porque está farta de trabalhar, ela merece tudo o que arranja. Oportunidades de trabalho devem ser melhoradas, não abandonadas.... A negociação entre gente casada geralmente funciona de modo desigual: a mulher finalmente descobre que sua vida mudou de forma radical, mas não a de seu marido.

5. Na medida em que o ímpeto da população feminina cresce, é de se esperar que vários tipos de empreendimentos cooperativos surjam para reforçar a independência individual.... O principal valor de uma organização não é a formação de uma frente política, mas sim o desenvolvimento da solidariedade e ajuda mútua.

Anônimo disse...

6. O fator essencial na libertação da mulher casada é o entendimento de sua condição. Ela deve combater a culpa por ter fracassado num cenário impossível, e examinar o cenário. Ela deve ignorar descrições interessadas de sua saúde, sua moralidade e sua sexualidade e examiná-las todas por si mesma.... Ela precisa analisar seus hábitos de compra, suas desonestidade e evasões do dia-a-dia, seus sofrimentos, e seus sentimentos reais para com seus filhos, seu passado e seu futuro. Suas melhores auxiliares em tal avaliação são suas irmãs. Ela tem de essencialmente recapturar sua própria vontade e seus próprios objetivos e a energia para usá-los.

7. As mulheres também devem rejeitar seu papel de principais consumidoras no estado capitalista....

Na medida em que os cosméticos forem usados para adorno de uma maneira consciente, criadora e criativa, eles não serão emblemas de inautenticidade: é quando são apresentados como a coisa real, cobrindo invisíveis "defeitos", disfarçando alguma coisa "repulsiva" de modo que ela seja aceitável para o mundo, que sua função é profundamente suspeita.

O meio principal das mulheres se libertarem é substituir compulsoriedade e compulsão pelo princípio do prazer. A essência do prazer é a espontaneidade. Nestes casos espontaneidade significa rejeitar a norma, o padrão segundo o qual se deve viver e estabelecer um princípio auto-regulador.

8. O medo da liberdade é forte entre nós, mas o próprio medo precisa ser entendido como sendo um dos fatores implicados na manutenção e na duração do status quo. Uma vez que as mulheres se recusem a aceitar a polaridade essencialmente hierárquica do masculino-feminino, elas têm de aceitar a existência do risco e a possibilidade de erros.... O abandono da escravidão é também o banimento da quimera da segurança. O mundo não mudará do dia para a noite, e a libertação não ocorrerá a menos que mulheres individualmente concordem em ser proscritas, excêntricas, pervertidas ou o que quer que os poderes constituídos as denominem.

9. A chave da estratégia para a libertação reside em expor a situação, e a maneira mais simples de fazer isso é ultrajar os letrados e os especialistas por clara imprudência de fala e gestos.... A arma das mulheres é tradicionalmente a língua e a principal tática revolucionária tem sido sempre a difusão da informação.

Anônimo disse...

10. As mulheres representam a classe mais oprimida de trabalhadores vitalícios não pagos, para quem a palavra escravo não é uma descrição por demais melodramática. São o único verdadeiro proletariado que resta, e são por uma pequena margem a maioria da população, então o que as está detendo?

Não precisamos desafiar ninguém para combate aberto, pois o método mais eficiente é simplesmente retirar nossa cooperação na construção de um sistema que nos oprime, a válida retirada de nosso trabalho.

As irmãs mais velhas precisam ensinar-nos o que descobriram. Em todas as ocasiões precisamos aprender com as experiências das outras, e não julgar apressada e pretensiosamente, segundo critérios masculinos. Precisamos lutar contra a tendência de formar uma elite feminina, ou uma hierarquia de autoridade do tipo masculino em nossas próprias políticas, e lutar para manter a cooperação e o princípio feminino de fraternidade.

11. O guia mais seguro para a correção do passo que as mulheres dão é alegria na luta. A revolução é o festival dos oprimidos. Por um longo tempo pode não haver recompensa perceptível para as mulheres a não ser seu novo sentido de propósito e integridade. Alegria não quer dizer júbilo clamoroso, mas significa o emprego propositado da energia no empreendimento escolhido. Significa orgulho e confiança. Significa comunicação e cooperação com outras baseada na delícia de sua companhia e na sua própria.

Ser emancipada de desamparo e necessidade e andar livremente sobre a terra é seu direito de nascimento.

Recusar peias e deformidade e tomar posse de seu corpo e se glorificar em sua força, aceitando suas próprias leis de amabilidade. Ter algo para desejar, algo para fazer, algo para realizar e por fim, algo genuíno para dar. Ser livre de culpa e vergonha e da incansável autodisciplina das mulheres. Parar de fingir e dissimular, de adular e manipular, e começar a controlar e simpatizar.

12. A primeira descoberta importante que faremos enquanto trilharmos nosso caminho feminino para a liberdade é que os homens não são livres, e que eles tentarão fazer disto argumentos de porque ninguém deve ser livre. Apenas podemos responder que ter escravos escraviza seus senhores, e assegurando nossa libertação vamos mostrar aos homens o caminho que eles podem seguir quando pularem fora de seu próprio moinho.

O que fará?

Anônimo disse...

Então eu vou melhorar o meu argumento. Existem negros ricos (poucos) e de classe média que vivem bem e pega vaga de concurso público. Esses tem dinheiro pra bancar cursinhos e saem na frente de outros pobres com as cotas. Do Meo jeito que não acho justo a vantagem de brancos que podem pagar cursinhos também não acho a de negros. Para mim as cotas sociais atingem os objetivos das cotas raciais e eliminam os problemas com estas. Fora que não vai ter engraçadinhos alegando que negro ganha cota porque não tem inteligência - o que significa não ter inteligência devido a raça.

Anônimo disse...

Quando falo 'rico' não estou dizendo ricaço porque esses nem procuram carreira pública. Estou falando dos que estudaram em boas escolas e tem dinheiro pra bancar cursos preparatórios. E eu já vi vários nos cursinhos.

Anônimo disse...

A começar por mim, eu iria preferir Canadá e Venezuela.

Anônimo disse...

O pior é que negro e branco pobre, paupérrimos mesmo nem sequer tentam concursos. Daí eu ser a favor da assistência social e das cotas sociais. Porque até pra estudar é preciso comer.

titia disse...

21:21 que bom então que a maior parte das pessoas que você conhece não é metida a membro da corte, sabe muito bem que é povão, porque o que eu mais tenho visto por aí é isso mesmo. Tipo uma comentarista daqui que defende capitalismo selvagem e neoliberal mas largar o emprego público e ir distribuir currículo nas empresas não quer.

E não, não acredito que a classe média não deve se beneficiar dos impostos pagos, afinal eu mesma me beneficio deles todos os dias (e pago, também). O ridículo é reclamar que só a classe média é onerada e ficar repetindo feito besta que pobre não paga imposto nem contribui - quando o imposto incide sobre o consumo e até mesmo o mendigo da esquina que comprou um pão e uma lata de refrigerante no fim do dia paga imposto. Os únicos que não sofrem por causa de imposto nesse país são os ricos, coleguinha, que não tem suas fortunas taxadas nem contribuem de forma proporcional, e usam a briguinha classe média x povão (como se os dois não fossem a mesma coisa) justamente pra desviar a atenção dos patos da desigualdade social criada e mantida pra beneficia-los.

Anônimo disse...

"Alícia esse é o problema do capitalismo".

Não. esse não é o problema do capitalismo, porque isso não é um problema. Como disse no outro comentário, a produção de riqueza é sempre positiva. Não devemos buscar a igualdade entre todos os seres humanos (no sentido econômico, só pra deixar claro. Na questão de direitos, todos somos sim iguais, ou deveríamos ser). Devemos sim, almejar que toda e qualquer pessoa tenha acesso ao mínimo necessário para viver com dignidade (o que, ao meu ver, significa ter um trabalho como fonte de sustento, um teto, não viver em uma zona de guerra, poder se alimentar diariamente, ter acesso à cultura e lazer, etc.). Você prefere que tenhamos pessoas ricas e pessoas vivendo dignamente, ou que todos estejamos em situação de miserabilidade? (estou te dando as opções possíveis: as utópicas, de todo mundo viver no luxo, eu passo).

Se hoje somarmos toda a riqueza produzida no mundo, alcançaremos um numero consideravelmente maior do que a soma de riquezas de dois séculos atrás. Você acha que é coincidência que hoje uma pessoa de classe média ou mesmo pobre - uma pessoa que more numa periferia - viva de modo muito melhor do que um rei do século XVII?
Temos banheiros, água potável, ônibus e não cavalos.
Isso não se deu graças a qualquer revolução que tenha visado a distribuição de renda (de riquezas), e sim ao simples fato de EXISTIR mais riqueza no mundo hoje.
O que não existe não pode ser usufruído.

E como produzir riqueza? livre iniciativa. Se hoje você passa o dia no sofá e amanhã decide produzir brigadeiros para vender na porta da escola, parabéns: você fez do mundo um lugar mais rico. Temos todo o pib do mundo mais o seus brigadeiros. Deixar que alguém produza o que outro alguém quer comprar é o melhor jeito de produzir riqueza, e não precisamos tanto do estado para isso, concorda?

Não significa que o estado deva deixar de existir. Embora tenha quem assim pense, não é meu caso. Existem sim atividades essenciais: prestação jurisdicional, segurança pública (não irei adentrar muito nisso, só quero deixar claro que não sou nenhuma anarco-capitalista). Penso apenas que o estado não interfira onde ele não for estritamente necessário, porque ele é ineficiente e produz riqueza fictícia (vide Venezuela), dando a sensação de que todos podem viver bem, sem produzir. Isso não existe e sempre será temporário.

Repito: as políticas afirmativas são necessárias quando a pessoa está em situação de miserabilidade, sempre. A dignidade da pessoa humana tem que ser objetivo máximo. Isso é o oposto de medir o valor das pessoas pelo que ela pode produzir. Pessoas incapazes, crianças e idosos inativos precisam ser igualmente respeitados em seus direitos, a despeito de não produzirem.

Por fim, devo dizer que não acho nada contraditório o fato de eu ser funcionária pública e liberal. Eu não vivo no mundo que eu gostaria e preciso pagar contas todo mês. Assim como comunistas que não distribuem seus salários aos mais pobres e usam o dinheiro para consumir produtos que existem graças ao capitalismo, eu não vejo mal em fazer parte do estado quando penso que ele deveria ser menor.
Eu não sei onde que ser servidor público é ser metido a membro da corte, só se for lá em brasília, porque o meu cargo é acessível a todos os brasileiros.

Alícia

Marina disse...

Anôm das 17:10 e titia. Enquanto vcs estão aí fomentando a briga entre pobres e classe média, os ricos e super ricos tão lá, pagando menos impostos que todos nós e usufruindo mto mais (ou td né)!
É exatamente o que a elite que manda no país quer, que nós fiquemos aqui brigando pra ver quem fica com a maior migalha ou pra ver quem se fode mais na roda do capitalismo, enquanto os bonitos tão lá, só chicoteando nas costas de todos nós e gastando a riqueza que a gente produz em proveito próprio!Vcs não vão chegar a lugar nenhum assim, nós não vamos chegar a lugar nenhum assim. O pobres e a classe média devem se unir, temos um explorador em comum.

Anônimo disse...

Exatamente por isso que a grande maioria da classe média brasileira é conservadora e liberal na economia, muitos irão votar no bolsonaro para termos a redução do estado e dos impostos.

titia disse...

"o meu cargo é acessível a todos os brasileiros" Claro, Alícia, porque todos sabemos que o sujeito que estudou na escola pública e teve que trabalhar desde os 16 pra ajudar nas contas da casa tem a mesma chance que o filhinho de papai que estudou a vida toda em escola particular, nunca precisou trabalhar e pode ficar quatro ou cinco anos só estudando pra concurso porque tem quem pague as contas. E isso sem considerar o QI, o pistolão e outras coisitas más que pesam muito mais do que a competência na hora de botar alguém num cargo - que o digam os parentes do Bolsonaro e o diretor presidente da multinacional do papai.

O que leva uma pessoa com trinta anos na cara a ainda ter essa mentalidade de criança que acredita em Papai Noel e Fadinha do Dente?

Essa é a mentalidade classe média metida a membro da corte que eu detesto, ou ao menos parte dela. Quer neoliberalismo total e capitalismo selvagem, que o Estado seja o mínimo do mínimo, que investimento em bem estar social seja um crime... desde que a exploração e a miséria sejam só pros outros. Madame e coronel tem que ficar bem confortáveis, com emprego estável e bom salário, e a 'plebe' que seja explorada por um salário de fome que mal supre suas necessidades, em condições análogas à escravidão.

Vê, é por isso que a humanidade não tem futuro. 100 mil anos e ainda não saímos mentalmente da porra da selva.

Anônimo disse...

Alicia deseja que a humanidade continue sendo escrava e acha que as coisas vão permanecer para sempre do jeito que ela acha mais conveniente e que ela está mais acostumada.... Alicia sonha em ser uma "nobre" madame coberta de privilégios, vantagens e mordomias que tem pessoas a quem ela pode olhar de cima com desprezo, milhares de pessoas em condições precárias, miseráveis, pessoas escravizadas que ela pode pisar como vermes... que criaturinha mais bonitinha, fofinha, amável e adorável a menina Alicia, né gente?

Anônimo disse...

Não acho, Rafael. Além das cotas em universidades públicas houve também as vagas em universidades particulares. E muitos pobres se beneficiaram disso.

Anônimo disse...

Eu não quero fomentar briga entre classe média e pobres. Estou falando do que eu vi e não gostei nenhum pouco. E eu vi gente que PODIA bancar estudos no exterior se aproveitando de um programa do governo que na minha concepção deveria ser para aqueles que não teriam condições de pagar por isso. Estou dizendo que a classe média inteira teria condições? Não! Mas acho que deveria haver um critério de renda mais justo para que alguém viesse a ser beneficiado pelo programa.

Anônimo disse...

O comentário da Alícia foi muito lúcido sobre o capitalismo. Com certeza o capitalismo trouxe muito mais benefícios que malefícios. A riqueza aumentou para todos, mas querer acabar com a desigualdade é utopia e acabará em uma completa desgraça se a via escolhida para isso for o comunismo. Ainda assim fico com a titia no que concerne as políticas sociais. Sempre serei a favor.

Anônimo disse...

Rsrsrs vai esperando que bolsonaro vai reduzir o estado! Vamos esperar ele ser presidente e vc vai ver qual vai a redução do estado. Bolso não pretende vender a Petrobrás e ainda quer estipular renda minima. Bolsonaro é conservador nos costumes e não é nunca será liberal na economia. Só na cabeça de uma classe média burra, estúpida que não enxerga um palmo a frente do nariz e não sabe distinguir A de B, bolso é liberal. E quem disse que a classe média é de costumes conservadores?/ Muito pelo contrário, são os pobres que são muito mais conservadores e religiosos que a classe média. A classe média, juntamente com os ricos, é mão de vaca. Não quer dividir com os pobres.

Anônimo disse...

Que feio falar assim da colega só porque ela tem uma opinião diferente da sua! Sabe, esse seu comentário não parece vir de uma feminista. Tanto sarcasmo e desprezo por outra mulher parece coisa de mascultroll e não de feminista. Nem as radfems eu vejo falar desse jeito com a Alícia. Fica quieto mascul.

Anônimo disse...

(Repito: as políticas afirmativas são necessárias quando a pessoa está em situação de miserabilidade, sempre. A dignidade da pessoa humana tem que ser objetivo máximo.)

Foi essa parte do comentário da Alícia que vc não entendeu, mascul? Vc é imbecil ou só finge que é?

Anônimo disse...

Obrigada pelo apoio anon 20h59 r 20h56. Não respondo a esse tipo de comentário mais, porque vem de gente que não quer diálogo, troca de informações e opiniões.

Já a Titia eu sempre respondo, apesar de não concordar com quase nada do que ela fala.

Titia, você e eu sabemos que a culpa do brasil estar do jeito que está não é minha nem de gente como eu. Eu não sou madame. Eu não fiquei cinco anos sendo bancada pelo meu pai p/ ser aprovada em concurso. Eu trabalhei desde o primeiro dia da minha faculdade, inclusive com carteira assinada. Eu vendi bolo gelado na faculdade. Meu pai me ajudou? muito, a vida toda. Eu sei que tenho um lar estruturado, uma família que valoriza a educação, eu sempre tive muitos livros a minha disposição, orientação, escolas boas e isso é mais do que a maioria tem. Mas nunca sobrou. Eu voei de avião aos 19 anos, mesma idade em que vi o mar pela primeira vez.

Mas mesmo que eu tivesse sido uma garotinha rica e mimada com todas as condições pra passar no concurso que eu quisesse, ainda sim, a culpa do brasil estar ruim como está não seria minha. Não vamos demonizar pessoas que estudam e querem ter um bom salário, isso deveria ser incentivado.

Eu compartilho a opinião de quem acha que a estabilidade no serviço público é superdimensionada. Não deveria ser assim. Alguns cargos precisam desse tipo de garantia (juízes, promotores, delegados, por exemplo), mas é minoria.

Titia, essa igualdade que você almeja é utópica, mas o bom é que ela também não é necessária para que todos possamos viver uma vida digna (a não ser que a sua ideia de dignidade seja muito diferente da minha).

Alícia

titia disse...

Não sei se minha ideia de dignidade é diferente da sua, Alícia, porque pra mim dignidade vai muito além de ter um teto sobre a cabeça, roupa pra vestir e comida. Para o ser humano, dignidade vai além da satisfação das necessidades básicas, mais animais, e negar isso é burrice ou mau caratismo. O que eu almejo é utópico? Provavelmente. Mas não é por isso que vou dar OK pra exploração e escravidão, e se esse não dar OK envolve sumir com o capitalismo e arranjar um novo regime que funcione melhor, que seja. Porque dizer que o capitalismo é o regime "que mais deu certo", desculpa, só alguém que não se dá ao trabalho de ir na janela e olhar o mundo real lá fora acredita.

E só porque eu sou má mesmo e quero irritar os neoliberalistas defensores de rico explorador, o capitalismo VAI cair, pessoas. Tão inevitavelmente quanto a morte e os impostos, o capitalismo vai cair. Seja por colapso social ou ambiental, o amado regimezinho econômico de vocês não vai durar pra sempre, não; vai entrar em colapso e cair. Vocês talvez ainda estejam aqui pra presenciar isso, talvez não. Mas que vai cair, ah, isso vai. Resta apenas decidir se a humanidade cai junto com ele ou se finalmente os macacos bípedes pelados resolvem evoluir de verdade.

Anônimo disse...

Eh uma possibilidade que não descarto. Eu não amo o capitalismo e nao torço p ele vencer.
Eu amo pessoas e torço p elas viverem com dignidade, seja em qual formato econômico for. Só acho que - dentre os disponíveis - o capitalismo faz menos feio.
E em tempo: tbm não acho que viver com dignidade eh so ter comida e casa. Acima eu falei rm cultura, lazer, acesso a educação...


Alicia