sexta-feira, 30 de março de 2018

SE LIGUEM E APRENDAM COM UMA ALUNA DA 5A SÉRIE

Prova da aluna Yasmim, do 5o ano do ensino fundamental num Ciep da zona oeste do Rio. Ao responder "Que conselho você daria a uma pessoa que não respeita as diferenças?", ela escreveu, para desespero do Escola sem Partido e demais reaças: "Acorda pra vida porque você vai toma um seliga".

quinta-feira, 29 de março de 2018

CHEGA DE ATENTADOS CONTRA A DEMOCRACIA

Manu, Lula e Boulos representando a resistência ao fascismo

Segunda à noite, no debate na UFRGS com a maravilhosa Manuela D'Ávila, pré-candidata à presidenta pelo PCdoB, uma moça da plateia me perguntou o que eu achava das agressões que a caravana do Lula vinha sofrendo. Eu respondi que não estava acompanhando muito bem, que só tinha visto páginas de direita comemorando um lunático dando chibatadas em manifestantes, mas que logicamente eu condenada essa violência e a via como um atentado à democracia.
A caravana Lula pelo Brasil começou a percorrer a região Sul (uma região que conheço bastante bem, pois vivi em Santa Catarina durante quinze anos, e adoro, mas sei também que lá há mais fascistas que em qualquer outra região do país) no dia 19 de março. Logo de cara os senhores ruralistas do Rio Grande do Sul fizeram barricadas com tratores para barrar os ônibus. 
Homens de extrema direita perseguiram a comitiva, jogaram paus, rojões e pedras (pedras! Que tipo de cidadão esses pais estão formando, incentivando os filhos a tacarem pedras num ônibus?), agrediram manifestantes que apoiam o PT (em Cruz Alta, quatro mulheres apanharam de fascistas; em Santa Maria, milicianos invadiram o campus e bateram em estudantes e professores que aguardavam a caravana; 
em Bagé, homens à paisana que sacaram armas contra integrantes da caravana eram soldados da Brigada Militar). Isso é totalmente inaceitável. Seria inaceitável qualquer que fosse o candidato ou o partido.
Enquanto isso, os reaças na internet comemoravam os ataques, celebravam a "macheza" dos gaúchos, lamentavam que a "reação" tivesse ficado só em socos e pedras. Queriam mais. 
Um policial quebrou seu cassetete
na cabeça de Mateus, que protestava
na greve geral de maio de 2017, em
Goiânia. Reaças festejaram
Os mesmos que festejaram a execução de Marielle e em seguida espalharam mentiras para "justificar" essa comemoração, os mesmos que festejam sempre que alguém de esquerda é assaltado, ferido ou morto, querem mesmo -- de verdade, não de brincadeira -- o assassinato de Lula (assim como os mascus que me atacam e ameaçam a mim e a minha família querem mesmo a minha morte). Sim, é esse o nível: estamos vivendo num país tão anti-democrático que você ser de esquerda faz com que reaças queiram mesmo te matar. Tipo, literalmente.
Na terça, os reaças que "pediam mais" (pedras não eram suficientes) foram atendidos: dois ônibus da caravana de Lula foram alvejados com quatro tiros entre as cidades de Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no Paraná. Antes, os milicianos haviam colocado "miguelitos" (cruzes formadas por pregos entrelaçados para furar pneus de automóveis, forçando-os a parar) no trajeto, no que pareceu uma emboscada. Agora já há fortes indícios que os ataques foram premeditados.
Ainda que o atentado (ou querem chamar como? De brincadeirinha inocente?) esteja gerando repercussão internacional (atiraram no veículo de um ex-presidente da quinta maior nação do mundo duas semanas depois que uma vereadora de esquerda foi executada), as notícias aqui no Brasil ainda não chamaram a mesma atenção que, digamos, a bolinha de papel de que Serra foi vítima na campanha de 2010 (mas também: jogar bolinha de papel em tucano merece mais plantão especial que atirar em ônibus de petista). 
E, por incrível que pareça, o delegado que atendeu a ocorrência dos tiros foi afastado pela Secretaria de Segurança Pública do PR por classificar o caso como tentativa de homicídio. Para a Secretaria tucana, o caso é apenas de "disparo de arma de fogo e dano". Foi só um carinho na lataria dos ônibus, ora! Se tivesse acertado alguém, seria um mero acidente, claro!
Alckmin, que a mídia trata como "centro" mesmo sendo claramente de direita (e que eu já falei: "picolé de chuchu" é um apelido muito fofo e meigo para esse fascista), realizou a façanha de fazer uma declaração ainda mais rábida que o candidato que lamenta que a ditadura militar não tenha matado e torturado mais gente. Segundo Alckmin, "PT colhe o que planta". Mais tarde, Bolso correu atrás do prejuízo de ser superado pelo seu coleguinha reaça e fez gestos de tiros para um boneco de Lula num comício.
Bolsonazi em Curitiba
Os reaças da internet riram e aplaudiram o atentado, que obviamente para eles não foi atentado. Primeiro negaram que os ônibus foram atingidos, depois, diante das evidências, andam jurando que os tiros foram dados pelos próprios petistas (é, somos nós de esquerda que passamos o dia fazendo campanha pra liberar armas de fogo). Da mesma forma, eles dizem que Marielle foi morta pela esquerda para incriminar a direita, e que eu sou a autora das milhares de ameaças de morte a mim. Ou seja: são tão covardes que nem assumem o que fazem. Só comemoram. Escondidos, por trás de fakes. 
Para repudiar toda essa violência, a esquerda se uniu para um comício em Curitiba ontem à noite. Estavam lá Lula, Manu, Boulos, e um monte de gente. A hashtag Atentado Contra a Democracia liderou os TT no Twitter desde as 3 da tarde. Mas está horrível isso que estamos vivendo. Imaginem como será mais próximo das eleições (se houver eleições). É realmente este o país que queremos? Um país em que fascistas atiram em políticos e batem em manifestantes? Isso parece uma democracia pra vocês?
Manifestantes pró-Lula no sul:
repercussão internacional
Não há possibilidade de diálogo com quem acha ok matar uma ativista ou atirar num ônibus em que vai gente (qualquer gente, até os fascistas que atiram ou os que comemoram). Que a internet é uma terra sem lei, isso sabemos. Mas nosso "mundo real" parece ser também. Não podemos aceitar essa escalada da violência. Não é assim que se constrói um país. Pelo contrário: é assim que golpistas estão conseguindo destruí-lo. Não podemos deixar. 

quarta-feira, 28 de março de 2018

GUEST POST: NÃO COMPARE O PREÇO DA BARRA COM O PREÇO DO OVO DE CHOCOLATE

Gostei muito desta thread que Jana Bianchi publicou no Twitter. Chegou até mim e eu achei interessante reproduzi-la aqui, até porque eu sou dessas que sempre dizem pra não comprar ovo e sim barra de chocolate porque é tudo a mesma coisa. Ela mostra que não é.

Disclaimer: apesar de ser engenheira de alimentos (ou talvez POR ISSO), não venho defender a indústria, até porque não ganho com isso. A indústria como um setor é cruel, aproveitadora e preocupada unicamente com o lucro —  ou seja, uma entidade capitalista em sua forma pura. Mas isso já sabemos, né? A importância de um sistema de produção em escala suficiente pra alimentar os mais de sete bilhões de pessoas que atulhamos nesse planeta é discussão pra OUTRO tópico, mas nessa thread eu quero sim partir do princípio que a indústria nos manipula.
OK, dito isso: pelo amor da lógica, parem de comparar um quilo de chocolate com um quilo de ovo de Páscoa. Sério. O chocolate é mais caro do que deveria? Claro, e o que não é nesse país insano em que os impostos são majoritariamente cobrados sobre o produto e não sobre a renda?
A indústria se aproveita das crianças que querem o f*cking ovo do Frozen e do espírito pascoalino (?) pra enfiar a faca? Claro, os culpados são basicamente a sazonalidade e a lei da oferta e da procura, e nem de longe essa é uma mecânica exclusiva do preço de ovo de Páscoa.
Mas comparar um quilo de chocolate com um quilo de Páscoa é tão inteligente quanto comparar um quilo de aço com um quilo de uma Ferrari. Ou um quilo de papel com um quilo de livro. Ou um quilo de plástico com um quilo de brinquedo. Vocês entenderam.
No caso específico do ovo de páscoa: em termos econômicos, produzir chocolate em forma de ovo é provavelmente uma das ideias mais estúpidas que já se viu. Fazer é uma merda, embalar é uma merda, estocar é uma merda, transportar é uma merda.
Tudo começa na necessidade de adaptar uma planta inteira para a produção desse formato, que só é produzido em uma determinada época do ano (meses antes da Páscoa). Trocar moldes de linhas de envase geram custos de tempo de planta parada, energia e engenharia.
Depois vem a hora de embalar os ovos. A embalagem, geralmente, é manual. O que significa mais gente na linha de produção só pra fazer isso, o que qualquer pessoa que já tentou ter uma empresa sabe que é uma pancada de gasto adicional. E mesmo que exista uma máquina de embalagem: essa máquina (que obviamente seria gigante pra comportar a vazão dos ovos) ocuparia um espaço corno no chão de fábrica se ficasse instalada pra sempre (e, portanto, vazia em parte do ano). E uma fábrica não é uma casa de Lego que você pode montar e rearranjar em dez minutos.
Pra instalar uma máquina nova dentro de uma planta tem todo um trabalho imenso de procurar por interferências, quebrar parede (ou vocês acham que a máquina passa pela portinha?), reinstalar linhas de energia, ar, água e outras utilidades...
Então acho que já convenci vocês que o custo de embalagem já justifica o ovo custar mais que a barra, né? 
Pois bem, agora é que vem a treta. Vocês já imaginaram o quanto custa a mais pra GUARDAR e depois TRANSPORTAR um troço gigante e desajeitado que ainda por cima é quebradiço? O Brasil é reconhecidamente um dos piores países do mundo pra se transportar coisas. Nossas estradas são uma merda, o combustível é caro, não tem trem, não tem hidrovia, tem pedágio caro e pra piorar o país é quase um continente.
Aí imagina que se pra transportar uma tonelada de chocolate em barra você precisa de X caminhões, pra transportar uma tonelada de chocolate em forma de ovo você precisa de MÚLTIPLOS xis (não vou chutar um valor, mas é só olhar uma barra e um ovo que dá pra entender).
Detalhe: tomando cuidado extra porque uma barra dentro de uma caixa é difícil de quebrar, e mesmo quebradinha de boa, dá pra comprar. Um ovo quebra fácil, e quebrado ele certamente não vai vender (talvez só lá no saldão pós Páscoa).
Se estivermos falando daqueles ovos com alguma porcaria dentro, tipo um brinquedo e tal, acrescenta aí o valor do brinde, das pessoas pra colocar esse treco manualmente dentro do ovo, etc.
Além disso tudo, temos que contar com uma coisinha que se chama: valor agregado. Ele pode vir tanto da simples transformação de um produto em outro (um pedaço de madeira e uma tábua de carne têm preços diferentes majoritariamente por isso) quanto de aspectos externos.
Aí entra marca (uma roupa qualquer e uma "de marca" têm valores diferentes), trabalho/ tempo pra fabricação (uma colcha qualquer e uma de fuxicos costurados à mão têm valores diferentes), sazonalidade que já mencionamos, licenciamento (produtos com franquias e personagens), etc.
Em resumo: não, um quilo de ovo de Páscoa não custa o mesmo que um quilo de barra de chocolate, simplesmente porque isso não faz absolutamente NENHUM sentido dentro da economia que vivemos. Agora: devemos achar isso normal?
Não. Aí já é outra história. Primeiro: compra quem quer. Tem gente que dá valor pra simbolismos diversos, ovo de Páscoa seria só mais um deles. Eu não compro ovo de Páscoa há um tempo porque pra mim não é importante, e beleza. Conheço muita gente que também pensa assim.
"Ah, mas se eu não comprar meu filho vai chorar/ sofrer bullying": aí já são outras questões, como marketing focado em crianças (o que é proibido em alguns países), cultura do consumismo (que bosta de mundo é esse em que uma criança sofre bullying porque não ganhou ovo?), etc.
Mas nunca a questão vai ser que o quilo de barra de chocolate é muito mais barata do que o quilo do ovo. São reclamações muito "maiores", vê? Não conhecer da onde as coisas vêm e como as coisas são feitas limitam muito o nosso poder de reação.
Enquanto a gente acha que alguém-sem-rosto fala: "hum, deixa eu pensar, coloca a barra a R$2 e o ovo a R$75" e reclamando disso é que as coisas vão mudar, a gente tem uma sociedade doente sendo alimentada por processos doentes dos quais a indústria é apenas uma pecinha.
Vale finalizar dizendo que o maior protesto que você pode fazer é simplesmente NÃO COMPRAR. Lembra da lei da oferta e da procura? Então. A indústria é tudo, mas não é burra. A hora que fazer ovo não for mais produtivo, as indústrias vão simplesmente parar.
Compre a barra, compre ovos de produtores artesanais locais e VALORIZE esse trabalho (até porque provei aqui por A + B que é um trampo desgraçado) e seja feliz. Mas não compare o preço da barra com o preço do ovo de chocolate. 

terça-feira, 27 de março de 2018

YAGO, VÍTIMA DA HOMOFOBIA QUE MATA

Depois de três tentativas de suicídio, o jovem Yago Oliveira, de Sapé, Paraíba, se enforcou no dia 14 de março. 
Sua família, muito religiosa, não aceitava sua orientação sexual. Dois meses atrás, ele escreveu o relato abaixo. Leia e reflita: até quando vamos permitir que a intolerância e a homofobia matem?

Sei que roupa suja se lava em casa, mas vamos lá.
*Meu avô paterno se casou com a minha avó quando ela tinha 12 anos de idade e ele 30, ela se urinou com medo na primeira noite que dormiu com ele.
*Minha avó traiu o meu avô e eles se separaram, minha avó largou todos os filhos pelas casas das irmãs e não criou nenhum deles, assim como meu avô que começou a tratar os filhos do primeiro casamento como estranhos sem nem cumprimentar quando passava por eles na rua.
*O irmão do meu avô teve uma filha esquizofrênica, a qual como ele mesmo disse uma vez “deu fim”, ninguém nunca soube o que aconteceu com ela.
*O meu tio que é pastor evangélico teve seis filhos, com três mulheres diferentes, dos seis ele só criou dois, pagava 50 reais de pensão para a primeira esposa criar os seus outros filhos e achava um absurdo esta quantia e vivia atrasando a pensão.
*Esse mesmo tio que é pastor fugiu da Paraíba perseguido por um membro da igreja após esse membro descobrir que sua esposa estava tendo um caso com ele.
*Um outro tio abusava sexualmente da minha tia.
*A minha tia dizia que tínhamos que chamar a empregada doméstica de “Maria” porque empregada doméstica não tem direito a nome, como ela mesmo disse uma vez.
*Minha avó deu de presente para o meu primo um diploma do ensino médio falsificado, depois d'ele ter reprovado milhares de vezes na quinta série e todos concordarem que meu primo era um caso perdido.
*Outra tia minha enterrou viva uma ninhada de oito cachorros que sua cadela deu porque simplesmente os cachorros nasceram todas fêmeas.
*Para o meu pai todo negro é marginal, todo serviço mal feito foi feito por negro e todas essas coisas racistas que já conhecemos…
Mas segundo todos esses que eu citei anteriormente a vergonha da família sou eu, pelo simples fato que sou gay. Afinal, como eles dizem, ser gay é pecado, mas ser racista, corrupto, assassino, estuprador, pedófilo e não criar os filhos tá de boa, o importante é você não ser gay.

segunda-feira, 26 de março de 2018

EIS QUE O DIFAMADOR PROFISSIONAL E CRIADOR DE FAKE NEWS É ELE MESMO FAKE

Coxinha na versão extra frita


Claro que fico satisfeita quando um ser vil que me persegue há anos se dá mal. 
O biltre da vez é Luciano Ayan, autor da página de fake news Ceticismo Político, entre outras. Este não é o seu nome verdadeiro, o que dificultava processá-lo. Mas agora ele revelou sua identidade: Carlos Augusto de Moraes Afonso, de 45 anos, consultor de informática.
Comentário de 2005 sobre
Luciano Ayan (clique em
qualquer imagem para ampliá-la)
"Luciano Ayan" é um velho troll de internet que age desde 2004. Sempre foi um reaça e, desde a época do Orkut, tinha inúmeros fakes. Era desses trolls que botavam seus fakes pra debaterem entre si, como conta um relato antigo (e longo, já que a ficha corrida biografia do cara é longa). 
Eu nem sei quando ele usou uma de suas páginas pra me atacar pela primeira vez. Obviamente que ele não me atacou por me conhecer ou por ter algo pessoal contra mim, e sim por eu ser feminista e ele, um reaça que, entre outros alvos, ataca feministas. Tipo: alguma mulher cortou o pênis do parceiro? Luciano vai publicar a notícia no seu site afirmando que tal mulher é feminista. É da estirpe que chama feminista de "prostituta ideológica" e, óbvio, "feminazi". 
Em janeiro de 2015 ele usou um ataque gratuito do reaça mau caráter disfarçado de humorista Danilo Gentili para me xingar. Gentili divulgou para seus milhões de seguidores a montagem que mascus fizeram com um cartaz que fiz e carreguei na Marcha das Vadias de 2013, em Recife. 
É o que eles fazem -- não te atacam pelas coisas que você faz e diz, mas pelas mentiras que espalham sobre você. E fica a pergunta, mais uma vez: se eu sou um ser tão abjeto como eles dizem, se eu sou um demônio que prego o mal, se eu sou um "monstro moral" (nas palavras do cidadão de bem Luciano), por que cargas d'água eles precisam inventar coisas sobre mim? Ué, não bastava usar o que eu falo de verdade? Precisa fazer montagem em cartaz, precisa criar site e tuítes falsos, precisa alterar as minhas fotos e textos? 
De todo modo, Luciano se aproveitou do ataque de Gentili para escrever um texto cheio de mentiras e ofensas sobre mim. Se você digitar meu nome no Google, o texto difamatório aparece em quarto lugar na busca. Um dos mascus criminosos que me ameaçam há anos gosta de dizer que, sempre que é chamado pra depor pela polícia, mostra o texto de Luciano pro delegado. Porque, pro mascu, o texto é prova não de que Luciano é um difamador profissional sem qualquer escrúpulo, mas que tudo que está escrito lá é a mais pura verdade.
Blogueira feminista diz...
exceto que ela não disse
Na páscoa de 2015, Luciano foi ainda mais longe. Uns mascus de uma página misógina e racista no FB fizeram uma montagem de um tuíte com meu nome e foto (em que "eu" celebrava a morte do filho de Alckmin num acidente de helicóptero) e inventaram que eu havia publicado aquela aberração no meu Twitter e apagado logo em seguida, mas eles foram rápidos e printaram. Ninguém teria visto essa montagem se não fosse pelo trabalho árduo de Luciano no seu blog (então chamado Crítica Política), e de um outro reaça asqueroso chamado Edmilson Papo 10, no Twitter. Eles se encarregaram de espalhar a mentira, que me rendeu centenas de ameaças de morte e insultos. Luciano fez uns três posts em cima de uma imagem fake. Ninguém pode dizer que ele não é esforçado.
Eu acho curioso como reaças sempre sabem o que rola entre os mascus. Pode ser uma página mascu sem seguidores -- pode ter certeza que os reaças a conhecem e se abastecem dela. A ideologia é a mesma: extrema direita misógina, racista, lgbtfóbica. Deve ser por isso que nenhum reaça jamais se manifestou pra condenar as milhares de ameaças que seus coleguinhas mascus fazem a mim e a outras ativistas. Muito pelo contrário: num de seus posts contra mim, Luciano lamenta que eu ridicularize esses "garotos que postam em fóruns" e que eu use "táticas de violência psicológica" contra eles. Depois somos nós que somos vitimistas!
Pouco depois, em julho, Luciano publicou num de seus sites uma extensa entrevista com um mascu, o ex-presidiário Emerson, arrotando mil e um delírios, e, óbvio, me difamando. Talvez a mentira mais bombástica era Emerson dizendo que ele era Nessahan Alita, um ridículo guru mascu desaparecido há anos. Nem os outros reaças acreditaram nas baboseiras de Emerson, e Luciano tirou a entrevista do ar. Serião: quando um site que só publica fake news tem que remover um post em que ninguém acredita, é porque o negócio tá feio mesmo.
Mas por que estaríamos falando do Luciano, um inútil tão completo que só é levado a sério por reaças (e diz muito sobre os reaças que eles compartilhem tanto um site que basicamente só publica mentiras)? Porque, segundo um estudo da Universidade Federal do Espírito Santo, suas postagens caluniosas sobre Marielle Franco foram fundamentais para propagar mentiras sobre ela. 
O jornal O Globo fez o que os "blogueiros sujos" (ou seja, a blogosfera de esquerda) deveriam fazer -- o mínimo de trabalho investigativo que rendeu duas matérias que desmascaravam completamente o site de Luciano e o MBL (que espalhou todas as mentiras do Ceticismo Político, e depois as deletou). Do MBL acho que nem preciso falar nada, né? Ontem a própria Veja, que até pouco era revista de cabeceira da turma reaça e hoje é chamada por eles de comunista (ha ha), fez uma matéria curta sobre o modo de agir do MBL. 
MBL e outros reaças não são exatamente conhecidos pela sua transparência. 
Eles não revelam quem os financiam, quanto ganham, pra quê. Suas páginas de fake news (MBL chama agências de checagem de fatos de "censura") são hospedadas fora do Brasil, o que dificulta processos por calúnia e difamação (os mascus que me atacam também fazem isso). A gente espera que o PSOL, que já recebeu mais de 17 mil prints de conteúdo difamatório contra Marielle, processe todos eles. A Polícia Civil já abriu inquérito para responsabilizar criminalmente quem divulgou os boatos sobre Marielle.
Pegos na mentira, MBL e Luciano se enrolam cada vez mais. Primeiro o MBL disse ao jornalista do Globo não conhecer Luciano Ayan ("não conhece" mas o retuita com enorme frequência e rapidez). Luciano também disse não ter relações com o MBL (mas, curiosamente, respondeu às perguntas que o Globo mandou pro email do MBL). 
Agora já se sabe que Luciano, ou melhor, Carlos Afonso, é sócio em uma consultoria de Pedro D'Eyrot, líder e um dos fundadores do MBL. Até o início do mês, Carlos era sócio também de Rafael Rizzo, coordenador de comunicação do MBL. São várias ligações perigosas pra quem diz à imprensa não conhecer um ao outro. 
Rafael Rizzo, coordenador de
comunicação do MBL (sim, esse
cargo parece que existe)
Numa matéria do Globo, o jornalista perguntou por que o MBL publicava conteúdos de quem dizia não conhecer. Renato Battista, um dos coordenadores do MBL, respondeu: "Porque a gente prefere compartilhar o que bem entende e prefere acreditar na mídia independente do que no Globo". Deixa eu ver se eu entendi: o MBL, que é altamente patrocinado por bilionários americanos, se considera independente?
Um outro reaça já havia revelado tudo isso há duas semanas:
No sábado, o Facebook removeu o Ceticismo Político (já que a página havia sido aberta por um fake, Luciano), e outras duas ligadas a Luciano. 
Com isso, o Ceticismo (cujo domínio do site é registrado por uma empresa na Dinamarca no nome do fake Luciano Henrique Ayan; antes, quando tinha .com no nome em vez de .org, era hospedado no Canadá) vai sofrer, já que 80% de seus acessos vinham do FB. E a pergunta que não quer calar: por que o FB não removeu antes uma página difamatória de um fake? Tenho certeza que o Ceticismo já havia sido denunciado inúmeras vezes antes de sábado. 
Diante do desastre, Luciano, agora Carlos Afonso, escreveu no seu site revelando sua identidade. O trecho mais incrível é este:
Trocando em miúdos, Carlos Afonso tem um outro nome para troll profissional divulgador de calúnias e fake news: "métodos para a guerra política"! 
Parabéns, você é um mentiroso!
Na carta, ele revela também que o Ceticismo Político "passou a ser monetizado em meados de 2017", mas, como é do seu feitio, não diz quanto nem como nem de onde. E, no vitimismo típico dos reaças, Carlos Afonso se diz alvo de calúnias por ter usado um fake! (não que ele se aproveitou de usar fakes para caluniar pessoas de verdade -- como eu -- à vontade). 
Não sei se foi nessa "carta" ou num outro post recente que vi Luciano dizendo que é um erro considerar o Ceticismo Político um site de notícias. É apenas um site que comenta notícias, segundo ele. Nisso eu concordo! Mas então por que os outros reaças e o próprio site (sem contar o MBL) divulgam notícias do Ceticismo como se fossem fatos super verdadeiros, e não opiniões reaças?
E, cá pra nós, o pior é que não são opiniões -- são calúnias. São mentiras. Você não faz três posts baseados num tuíte claramente fake para atacar uma feminista e chama isso de "apenas minha opinião". Você não pode dizer que Marielle era um cadáver comum ligado a traficantes e tentar se refugiar no velho "só minha opinião". Isso é difamação, e faz de você um difamador. Você não coloca as palavras altamente preconceituosas de uma desembargadora no seu site e chama de "desabafo". Não é desabafo, é mentira!
Ninguém que se veja como um "cidadão de bem", um "homem honrado", seria capaz de fazer isso:
No post, Luciano, aka Carlos Afonso, espalha um dos fake news (aquele que dizia que Marielle e Marcinho eram um casal) para sugerir que crime mesmo é ser uma ativista e ser do PSOL, não ser um traficante condenado. 
Neste post, Luci in the Sky with Diamonds (porque ele deve ter tomado alguma substância psicodélica pra mentir desse jeito) chama o jornal El País de "jornal de extrema esquerda" e distorce a verdade (falsa acusação de notícia falsa?) para que ninguém repare quem realmente está afundando "ainda mais no esgoto" (quem cria e divulga fake news ou quem denuncia fake news?).
Parece, Carlos Afonso, que quem vai se dar mal não é o PSOL, mas quem criou e espalhou mentiras sobre Marielle. Não posso dizer que fico triste com o fim da carreira de um mentiroso.