domingo, 23 de julho de 2017

DESCOBRIMOS O PARAÍSO

Semana passada eu e o maridão aproveitamos as férias de julho para passar três míseros dias num lugar que ainda não conhecíamos.
Chama-se Barra Nova e fica em Cascavel, cidade de cerca de 70 mil habitantes a uns 60 e poucos quilômetros de Fortaleza. (Aviso: apesar de eu mencionar várias praias neste post, todas as fotos são de Barra Nova. E todas foram tiradas pelo Silvinho, vulgo maridão).
A primeira das cinco praias de Cascavel que conhecemos foi Águas Belas, em janeiro de 2014, se não me engano. O lugar é divino e fantástico, exatamente do jeito que eu gosto (encontro do rio -- Malcozido -- com o mar), mas a primeira pousada que ficamos não era legal. 
Não tinha nada no quarto, nem mesa, nem cadeira, nem criado mudo, só a cama mesmo, mas o pior não foi isso. É que todo o café da manhã para todos os hóspedes devia ser feito em uma hora, o que causava longas filas, e nem havia mesa pra todo mundo. Além disso, havia gatos enjaulados na pousada. E era caro. Fomos porque encontramos uma promoção na época num desses sites de ofertas coletivas, mas o preço normal era o dobro. E a pousada, apesar da localização (em frente ao rio), certamente não valia aquilo.
Voltamos a Águas Belas, ficamos em outra pousada, bem melhor. Mas o local tem uns problemas. Comer lá não é fácil. Não há infra-estrutura. Sem falar que a água que sai das torneiras é meio rançosa.
Depois ficamos diversas vezes em Caponga, que é pertinho de Águas Belas. Nos hospedamos numas três ou quatro ocasiões na pousada de um simpático dono, mas desistimos definitivamente depois que ele tratou como exceção um bando de baratas que encontramos no banheiro. E isso que nas outras vezes também teve baratas lá. Demos várias chances. Não damos mais.
Até o céu nublado fica lindo!
Depois ficamos no melhor hotel da região, Jangadas da Caponga. É excelente, tem três piscinas, café da manhã incrível, mas não é barato (cerca de R$ 250 a diária). 
Da última vez que ficamos lá, no feriado da Páscoa, em abril, não tivemos qualquer problema com o hotel (muito pelo contrário), mas Caponga e Águas Belas nos decepcionaram. Além da habitual dificuldade para encontrar restaurante ou lanchonete pra comer, nos dois lugares que fomos nos irritamos com o barulho. Havia carros com paredão de som. Não sei se vocês fazem ideia do quanto odiamos isso. E tinha carro de som na praia também. 
Ou seja, a praga tá realmente disseminada. E a gente reclama, mas as donas dos restaurantes dizem que os caras que fazem o barulhão também são clientes, e elas não querem se indispor com eles (e são sempre homens. Eu os comparo com cães machos que querem marcar território com sua urina. Os caras marcam território com seu barulho insuportável). 
Um rio dourado pelo por do sol
Agora pra julho queríamos um lugar rápido, próximo, e barato -- não podemos gastar muito porque estamos guardando pra nossa viagem caríssima para Colômbia e Cuba (e acho que veremos uns pedacinhos da Jamaica e Ilhas Cayman também) em dezembro. Ainda precisamos reservar quartos através do AirBnb e comprar euros pra levar. 
O maridão, olhando no Booking, encontrou a pousada Escape Kiteschool em Barra Nova (onde nunca tínhamos ido) e perguntou o que eu achava das fotos. Confesso que nem vi as fotos direito -- eu queria muito ir a um lugar novo, e estava barato (R$ 350 por 3 diárias, com café da manhã). 
Sabíamos de antemão que o quarto não tinha ar condicionado (só ventilador e mosquiteiro), TV, frigobar ou água quente (tem wi-fi). Mas nada disso é problema. A gente geralmente prefere ventilador a ar condicionado (aqui em casa nem temos ar), frigobar só faz falta pra ter água gelada, 95% dos chuveiros de Fortaleza (incluindo os daqui de casa) não têm água quente, e aparelho de TV só vale alguma coisa, pra gente, se tiver entrada visível pra pen drive (o que a maior parte dos aparelhos não têm, já que costumam ficar presos na parede). 
Mas nos surpreendemos com o quarto -- espaçoso, bem decorado, com criados mudos, estantes e abajours, muito limpo, o banheiro também (que não tem box, mas tem cortina). Tudo dentro de uma bela pousada, colorida, arejada, com quatro gatos e uma cachorra pra fazer companhia, e uma vista espetacular. 
Não sei se já tínhamos ficado numa pousada tão em frente da praia assim. Era só descer a varanda que já estávamos na praia. Primeiro, o rio Choró. Ao fundo, o Atlântico. No meio, bastante areia, dependendo do horário, e piscininhas naturais. 
O cenário vai se transformando durante o dia, de acordo com a maré. À noite e bem de manhã quase não tinha água no rio, mas depois ia enchendo, e lá pelo horário do almoço já havia lugares que não dava pé. 
Eu não canso de repetir que essas praias que têm rio e mar são as que eu mais gosto, porque dá pra aproveitar melhor, escolher as águas, variar. 
Meu lindo homem
E tem outra coisa também: em praticamente todos os rios, lagoas e mares que já fiquei (e quando eu digo ficar é ficar mesmo, tipo horas dentro d'água), sempre tem algum bichinho que te bica, um peixinho desavisado que quer provar um pedacinho de você, um siri que não gosta de ter seu habitat invadido. 
Mas em Barra Nova, nos três dias que ficamos, isso não aconteceu nenhuma vez, nem comigo, nem com o maridão. A água do rio muitas vezes era transparente, e dava pra ver que havia vida lá embaixo, mas eles nos respeitaram (e vice-versa. Eu fiz alguns discursos sinceros pros caranguejos deixando claro que não fazemos parte da cadeia alimentar um do outro). 
Teve um dia que um turista a vários metros da gente estava apontando pro fundo e mostrando pra família, "Olha, uma arraia!", mas felizmente não vimos nem sentimos nada. Deve ter arraia, até porque Barra Nova organiza um Festival Gastronômico da Arraia todo julho. Mas desde já aviso as arraias que está tudo bem entre nós (eu não como nada que venha da água, e gostaria que fosse recíproco). 
E digo mais: tirando a primeira noite, em que um grilo apareceu do nada e decidiu usar o meu pé como plataforma de salto, não vimos nenhum outro inseto. Nossa casa em Fortaleza ultimamente tem poucos pernilongos (apesar da epidemia de zika, dengue e chikungunya), então dormimos bem -- melhor em casa que nos hotéis e pousadas --, mas se eu vi quatro pernilongos no nosso quarto e banheiro durante esses 3 dias em Barra Nova, foi muito. 
Pra não dizer que foi tudo perfeito, havia um paredão de som numa das barracas de praia. Como eu amo o silêncio! O pessoal de lá realmente precisa começar a se impor pra proibir carros e pick-ups na praia. E som deveria ser banido e ponto final. 
Fomos muito bem tratados na pousada. O café da manhã era ótimo, muito completo. Não jantamos lá porque eles ofereciam o jantar muito cedo, até às 19:30, mas lá perto há uma boa pizzaria. 
O dono da Escape Kiteschool Pousada é Daniel, um austríaco que fala português muito bem e que, antes de comprar a pousada, era professor de kite surfing em Uruaú (já estivemos lá, muito bonito também, mas sem comparação). Ele já tem a Escape há uns 8 anos e recebe vários hóspedes estrangeiros. 
A gente amou o lugar e vamos voltar sempre que possível (o que quer dizer, pra gente, nos feriados prolongados. Vamos até tentar passar o carnaval lá. Faz dois anos que desistimos de viajar no carnaval porque é sempre uma barulheira infernal e gente demais, muitas vezes alcoolizada. Mas vamos dar uma chance à Barra Nova). E não sei quais feriados teremos agora no segundo semestre, só sei que quero estar em Barra Nova em todos. 
Maridão sem querer apertou o zoom e captou todos os nossos cabelos brancos
Foi bem divertido ver a reação dos meus inimiguinhos por eu sumir por três dias. Mascus acharam que eu tinha morrido ou largado a internet pra sempre devido às ameaças de morte (ha ha). Outros reaças fizeram vídeos me xingando, me caluniaram no Twitter, fingiram ser eu no Curious Cat (mandando mensagens de cunho sexual pra menores de idade). Enquanto isso, eu estava aqui, ó:
Quero dizer, quem vive melhor? Gente ruim que gasta todo seu tempo ocioso (que, eu sei, é gigantesco) e energia me atacando, ou euzinha, que, quando não estou incansavelmente lutando por um mundo melhor, fico namorando o maridão numa praia paradisíaca?
Hoje, daqui a pouco, vamos pra Tabuba, CE (é no município de Caucaia, pertinho de Fortaleza; estivemos lá no Corpus Christi). Não é nem de longe tão maravilhosa quanto Barra Nova, mas vamos ter mais três dias de férias românticas e sonhadoras. Aí eu volto com energias renovadas para o próximo semestre.
Espero que as queridas e queridos leitores do blog -- que é pra quem eu escrevo, não pros haterzinhos patéticos -- também tenham férias divinas! Vou deixar posts agendados. Quarta eu tô de volta!
Eu no meio da imensidão de azul e verde

13 comentários:

Anônimo disse...

obrigada Lola, por compartilhar momentos tão mágicos!
Ah, sem esquecer de dizer que o Silvinho leva jeito para fotografia. Lindo olhar!
Bom domingo pra vocês!
Beijo grande,
Iza

Anônimo disse...

Obrigado por compartilhar!

Anônimo disse...

Querida Lola, fico muito feliz de ver você ter férias tão tranquilas. Definitivamente, os reaças são infelizes e ridículos. Adoro você! Beijos e ótimas férias!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

O Ceara é show de bola

Anônimo disse...

Com todo o respeito, teu marido é lindo mesmo!
Não na cara de quem acha que feminista e tudo lésbica e mal-amada. Haha

Felipe Roberto Martins disse...

Lugar lindo! Excelente escolha.

Anônimo disse...

Realizou-se recentemente em Manágua, na Nicarágua, a 23.ª edição do Encontro do Foro de São Paulo, o convescote anual de partidos ditos de esquerda da América Latina. O que de lá emana evidencia a teimosia de não ver que o mundo mudou e, principalmente, que os chamados líderes de esquerda já perderam toda a aura de proeminência, alheios como estão ao destino e às aspirações da população que eles insistem em dizer que representam. São hoje pessoas enredadas em sérios problemas com a Justiça de seus países, como Cristina Kirchner e Lula da Silva, ou simplesmente assumiram, sem qualquer pudor, sua vocação autoritária, como é o caso de Nicolás Maduro, na Venezuela.

Deve-se reconhecer que o problema do anacronismo do Foro de São Paulo não é de hoje. Sua história mostra que ele já nasceu atrasado, a partir de uma visita em 1990 de Fidel Castro a Lula da Silva em São Bernardo do Campo, com o ditador cubano instando a que as forças de esquerda da América Latina oferecessem uma reação à queda do Muro de Berlim, ocorrida meses antes. A ideia foi criar essa instância de debates, para combater o “neoliberalismo” que “ameaçava” dominar a comunidade latino-americana.

As quase três décadas de debate não contribuíram, no entanto, para que essa turma percebesse que o mundo mudou. Continuam teimosamente presos a uma visão de mundo simplista, dividindo-o entre revolucionários e capitalistas. O documento preparatório da reunião é um conjunto de fórmulas feitas, com críticas, por exemplo, às “políticas que favorecem o monocultivo e a exportação exclusiva de matérias-primas e produtos básicos”. Conclamam a necessidade e a urgência de “formular e instrumentar um novo modelo econômico e social, cujo eixo seja pobreza zero” e admitem expressamente que ainda insistem “no sonho da Pátria Grande, única e indissolúvel, segundo os ideais de nossos próceres”.

Evidenciando sua cabal incapacidade de realizar qualquer autocrítica, o encontro abriu seus trabalhos com uma “Homenagem ao Eterno Comandante Fidel Castro Ruz”. E como dias antes um dos seus fundadores, Lula da Silva, havia sido condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, a reunião em Manágua serviu para os mais variados atos de desagravo ao ex-presidente brasileiro. “A condenação de Lula se inscreve nos atos contra a vida democrática institucional do Brasil, quebrada já pelo golpe de Estado parlamentar contra a legítima presidenta Dilma Rousseff, ao que agora se soma a parcialidade do juiz Sérgio Moro, assim como a ausência de provas contra Lula”, disse, entre outras vozes alienadas da realidade, o Partido da Revolução Democrática (PRD), do México. Estão ainda hoje presos aos grilhões de uma ideologia que permite tão somente repetir que “Lula é inocente”.

Estivesse a influência do Foro de São Paulo restrita a essa ignorância voluntariosa, menos mal causaria. O grave é que a entidade, ao contribuir para a difusão de políticas, supostamente sociais, que só serviram para manter a população cada vez mais dependente das chamadas lideranças e organizações sociais, foi elemento de atraso econômico e social em boa parte da América Latina. Felizmente, o continente se vê cada dia um pouco mais livre dessa estreiteza de visão, com a ignorância ideológica de coloração marxista sendo cultivada apenas em guetos, como é o Foro de São Paulo.

A irrelevância do convescote em Manágua pode ser avaliada pelo fato de que a principal presença brasileira foi a da senadora Gleisi Hoffmann, ré em processo da Lava Jato. Entre outros objetivos, a presidente do PT foi manifestar “apoio e solidariedade” ao governo de Maduro, frente ao que chamou de “violenta ofensiva da direita”. Como fica evidente, as chamadas lideranças progressistas são cada vez menos populares. É o bom sinal de que a população latino-americana percebe, com nitidez crescente, que essa turma formada sob as barbas de Fidel Castro pouco entende de progresso. O seu legado é um tremendo atraso, que a muito custo se tenta agora remover.

Denise disse...

Que delícia, Lola! Aqui tá um frio do cão, como eu queria estar num paraíso assim nesse momento. rs Mas ano que vem passo minhas férias de inverno no Brasil, sem falta, quero muita praia, mar e calor pra fugir desse frio e doenças de inverno. Divirtam-se na outra viagem!

Anônimo disse...

Puts... pra ficar nuns lugares vagabundos desses prefiro ficar em casa mesmo.

Anônimo disse...

Quer dizer que em Fortaleza é considerado 'normal' não ter água quente no chuveiro?

Onde eu moro, seria considerado condições de vida desumanas.

Depois nós que somos preconceituosos contra nordestinos.

Anônimo disse...

Eu sou do centro-oeste e até o chuveiro do acampamento feminino tinha água quente

Anônimo disse...

Estuda ignorantes, a maior parte do nordeste fica situada próxima ao trópico de câncer é uma região muito quente,pra que irão querer agua quente se precisam se refrescar do calor. Ah e enfie seu preconceito no cu ,que ninguém precisa de sua simpatia seu lixo.