terça-feira, 21 de junho de 2016

GUEST POST: AS MULHERES SEM ESCOLHAS DA COMUNIDADE

Domingo, no Twitter, uma leitora me enviou alguns tuítes sobre a objetificação das mulheres nas comunidades do Rio.
Pedi para que ela desenvolvesse suas ideias num texto. Deixo aqui com vocês o guest post de Fatima Lima, que é bastante polêmico mas faz pensar.

Divido com vocês, com humildade e sem intenção de menosprezar, julgar ou diminuir ninguém, e na esperança de que o debate possa contribuir para uma vida menos dura para todas as mulheres, algumas observações que fiz sobre a questão do feminismo no que diz respeito à violência contra a mulher e a cultura de submissão, sobretudo nas periferias e comunidades onde o Estado não chega.
O estupro é proibido. Porém, fora o estupro, a lei nas comunidades repete o que diz o ditado: briga de marido e mulher, ninguém mete a colher. As relações de poder são absolutamente desfavoráveis às mulheres, e há vários fatores envolvidos nisso.
A falta de estrutura financeira e familiar destrói o ânimo de lutar. São preocupações de ordem de sobrevivência: pagar aluguel, comer, vestir-se, preocupações básicas que preenchem a cabeça das mulheres desde muito cedo lhes subtraindo a esperança.
Na prática, o Estado não proporciona o acesso à educação e aos direitos básicos, que são garantias constitucionais. Então, de cara, temos um número muito alto de mulheres desinformadas de seus direitos. Outra parcela conhece seus direitos mas, ao lutar por eles, é ignorada e negligenciada pelas autoridades e às vezes, não poucas, pela família e vizinhos também.
As autoridades parecem não se compadecer quando a mulher está em grau crítico de vulnerabilidade. Ou seja, se é "favelada", o discurso dela já perde credibilidade. Se ela também for negra, se expressar com dificuldade, estar "desarrumada", de chinelos, é ignorada. Suas denúncias, quando acontecem, se perdem num mar de: volte pra casa e se entenda com seu marido, ele só estava nervoso, já se arrependeu.
As meninas crescem por aqui ajudando as mães na casa, na rua com trabalhos diversos e cuidando dos irmãos. À escola vão, se der. Quase nunca dá.
A gravidez não tarda, assim como uma vida inteira de submissão e desprezo, em casa e na sociedade.
Poucas famílias têm um pai presente, pai no sentido amplo da palavra, não apenas o que gera ou o que apenas suga o que a família produz, pois outro grande problema que a ausência do Estado traz é a dependência química, pesadelo de muitos lares.
A falta de educação gera uma cultura machista e de culto à violência. Ora, se a violência é cultuada, aceita e incentivada, por que haveríamos de nos preocupar com a violência contra a mulher? O que esperar? Estamos aqui, pobres, também, de argumentos!
Como argumentar se não fui apresentada às opções da vida, ou melhor dizendo, se as opções de uma vida melhor não me foram apresentadas? Ignora-se a perspectiva de uma vida diferente da que ali se apresenta.
Além do mais, ainda que haja uma consciência, como colocar em prática nossos anseios diante de tamanho caos? Não há sonho que resista!
Sou lésbica, de trejeitos masculinos e, ainda por cima, feminista.
Para o senso comum por aqui, assim como por aí, o que me falta é homem. Tem coisas que não mudam, independente do povo ser letrado ou não. Às vezes parece que até pioram. 
Estava eu com uma amiga, em sua casa, tarde da noite, em uma varandinha discreta que dá visão pra ladeira, e havia um casal na rua brigando. Minha amiga, antecipando-se ao meu questionamento, logo informou: "Não invente de se meter! É bandido e não se pode falar nada, se falar, apanha você e ela". E continuou: "Elas apanham e depois voltam. Mesmo com a cara toda arrebentada, continua do lado dele".
Eu pensei bem mais tarde, naquela madrugada: mas o que ela poderia fazer? Ir pra onde? Só conhece essas ladeiras! Nunca sai da comunidade e, quando sai, vai pra outra comunidade. Todos que ela se relaciona se relacionam com ele. Aqui ninguém liga, ao contrário, aplaude se quem apanha é mulher de bandido. A escolha foi dela! Ela que se vire. Não quero problema pro meu lado! Se ela estava apanhando, mereceu!
Triste.
Ela levou muito na cara. Puxões de cabelo e depois foi arrastada morro acima! Nenhum barulho na rua, na ladeira.
A ladeira silencia! A ladeira é conivente! Covarde. Mesmo que ela quisesse, jamais poderia denunciar! Assim como eu e minha amiga não pudemos denunciar por ela.
Outro ponto que queria falar: a apologia à objetificação da mulher, expressada nas inúmeras letras dos funks proibidões, é aceita, divulgada e enaltecida pelas próprias mulheres das comunidades e -- aqui eu fico chocada -- nos "Bailes de Favela" da Zona Sul da elite branca carioca.
A primeira vontade que dá e pega-las pelo  braço e dizer: mulher, ele está dizendo que vai te comer, te lanchar na madrugada e depois te largar, te xingar e te difamar. Não te amará jamais! Pare de rir e rebolar com essa música agora!
Aí, você reflete e não sabe mais por onde começar. Quem escreveu a letra? Quem pula, canta e dança? Eu já dancei isso? Ela que escolheu essa vida? Ela teve escolha? Existem escolhas? 
Como podem elas permitirem tanto desprezo? Qual o papel do Estado? Como elas entoam aquelas letras com tanto orgulho de sua própria humilhação e redução a uma coisa?
Ficam as perguntas. Aqui, o funk seguiu até às quatro. Um verdadeiro Kama Sutra! Só que com desprezo e deboche pelas mulheres. Tesão nenhum!

67 comentários:

Anônimo disse...

Para as pessoas que defendem o funk: Funk insulta adolescente vítima de estupro coletivo.

http://brasil.estadao.com.br/noticias/rio-de-janeiro,vitima-de-estupro-coletivo-e-insultada-em-letra-de-funk,10000054840

Sim eu sou feminista e exatamente por isso que nunca vi com bons olhos as letras do funk que ofendem e objetificam as mulheres. Só por ser uma "cultura" não significa que não pode ser criticada, até porque se aceitássemos essa cultura do estupro nas letras das musicas, teríamos que aceitar o estupro,morte,decapitação,castração de mulheres no oriente médio,África e sudeste asiático.

Anônimo disse...

Leiam o excelente texto "O funk que estimula estupro de meninas" da Ruth de Aquino

epoca.globo.com/colunas-e-blogs/.../o-funk-que-estimula-estupro-de-meninas.html

Raven Deschain disse...

Esse post exemplifica perfeitamente bem o porque o meu ranço com feminismo de facebook. Feministas de facebook se preocupam em problematizar o pôster do X-man. Se preocupam em difamar trans-ativista. Se preocupam com seus dces, sua faculdades, seus namorados que querem que elas depilem a buceta e bem, há pautas mais importantes. Feminismo desvinculado de luta de classes não é empoderador. É burro. E só faz desserviço.

Eu me faço os mesmos questionamentos todos os dias. Como as mulheres da periferia podem se empoderar enquanto toda uma cultura luta contra elas? Nessas condições é impossível.

E quem tem a informação, quem poderia ajudá-las, tá na internet preocupada com "protagonismo" e "local de fala".

Anônimo disse...

"A gravidez não tarda, assim como uma vida inteira de submissão e desprezo, em casa e na sociedade."

Realmente isso é verdade, agora o casal tem responsabilidade nos filhos que geram sem condições de ter como criar, todo mundo sabe como ocorre a gravidez e o que é preciso fazer para engravidar,
esse papo aiiinnn eu era desinformada e por isso engravidei cedo para mim não cola, todo mundo, pode ser analfabeto, pobre, rico, morador de favela, sabe como se engravida.

Anônimo disse...

Estou escrevendo uma dissertação sobre isso, quem quiser me ajudar, podemos debater.
Vi isso aqui http://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/18/politica/1466209242_070599.html acho que dialoga com o seu texto
A socióloga defende que ser filha de cadinho e ir sem calcinha no baile funk é liberdade sexual.
Será?
Aí leio o texto da sister dizendo o contrário e me solidarizo mais com essa visão
Mas é complexo

Alessandra

Anônimo disse...

"quem apanha é mulher de bandido. A escolha foi dela!"
Tá, não justifica mas explica. Ontem saiu a noticia que o goleiro Bruno se casou na prisão em uma linda cerimonia...com uma jovem dentista linda de 26 anos.
????
O cara mandou matar picar e dar para os cães a mãe de um filho dele, e dai vai uma lá e se casa com um homem destes? E milhares de casos de mulheres jovens e lindas que se relacionam com bandidos de todos os tipos mesmo sabendo da índole dos caras, alguém por favor me explique o que diabos muitas mulheres vêem nestes caras?

Anônimo disse...

o que impera nestes lugares ausentes de tudo e a cultura do primitivismo, e no primitivismo o mais forte e violento subjuga as mulheres, e as mulheres vêem no domínio emocional do mais forte e violento uma forma de poder sobre as demais. Simples assim.

Anônimo disse...

"Aqui, o funk seguiu até às quatro. Um verdadeiro Kama Sutra! Só que com desprezo e deboche pelas mulheres. Tesão nenhum!"

Tesão nenhum? Eu já fui num baile funk e sei que tesão é o que não falta.

Cada uma sente tesão da sua forma. Fazer o que?

Anônimo disse...

Olá. Com relação ao trecho final do artigo pensei em duas coisas: 1) hoje em dia tem uma certa "cultura" de que mulher tem que ser meio "babado, confusão e gritaria", ou seja, muito ousada, que fala na cara e tudo o mais. Um pouco dessa questão com certas letras pode ser disso (tipo aquela música do "sou cachorrona mesmo e ninguém vai me segurar") o que me pergunto até que ponto a mulher é empoderada e até que ponto ela está servindo de objeto. 2) eu tenho a teoria do capitão do mato pra explicar mulheres machistas: tem-se essa cultura machista que a mulher com suas atitudes produziria reações nos homens (vide n casos de abuso com esse tipo de justificativa). Muitas mulheres pensam que sua conduta seria aquela que não produziria reações de violência sendo que as demais seriam as que provocariam isso. Seria como o capitão do mato que também é escravo mas se considera em uma posição superior. Mas no fim todas são escravas.

Anônimo disse...

Primeiramente que texto fantástico, do ponto de vista da construção claro, porque os fatos são terríveis. Não sei o que dizer. Existem uma solução?

Devo falar no entanto que muitas mulheres a despeito da aparente incongruência encontram apoio nestas comunidades justamente nas igrejas evangélicas. Aliás muitas pessoas de comunidades quebram o circulo quando adentram alguma religião mais sistematizada. Mas isso é apenas uma observação solta.

“segundamente” anônimo em 13:31 vi essa notícia e quase cai pra trás. Também não entendi naaada. Como alguém se relacionada com um homem daquelesssss? O mesmo para o caso da richthofen lá. Olha eu sou cristã, sei que o arrependimento e o perdão são possíveis (isso não altera em nada o fato de que a pessoa tem que cumprir pena) mas sinceramente, namorar, casar, ai já é d+ p mim viu?!

Sandra

Fatima Lima disse...

Boa tarde!
Um adendo para o leitor que comentou sobre minha conclusão: "Tesão nenhum." Bem, ali eu quis falar do meu sentimento, não o das pessoas que se divertem nos bailes! Eu em casa, oprimida por aquela letra, pensava: "Que bad horrível!" (Tesão nenhum!)

Anônimo disse...

Escrava é a palavra-chave aqui. Essas mulheres, homens e crianças estão no dia
15/15/1888, dia seguinte à abolição da escravatura; os que subiram
os morros, lá estão até hoje, em condições similares à das senzalas,
tudo debaixo do nosso nariz. Lá imperam as leis da natureza, pois o processo
civilizatório não chega até lá. Saudações.

Anônimo disse...

Não vi uma feminista aqui criticando as péssimas escolhas da moças, mas se ocorrer algo ruim, vai chover feminista criticando os homens em geral. Aliás aqui está a prova que muitos crimes passionais contra as mulheres poderiam ser evitados por elas mesmas, bastava apenas não se relacionar com homens com histórico condenável, mas não, até assassino de mulher consegue mulher para casar. Depois não reclamem.

Anônimo disse...

15/15 que data é essa?

Anônimo disse...

Raven, olhe aqui um vídeo de uma feminista de face ;D
https://www.youtube.com/watch?v=eatv24iiChs

Achei que poderia gostar.

Anom. 15:30
"péssimas escolhas das moças" escolhas? de meninas adolescentes que não conhecem outras possibilidades de vida? e as escolhas dos marmanjos que se aproveitam delas são menos condenáveis?

é claro que são, né, seu pedófilo (no mínimo defensor de pedófilo, o que dá na mesma).

Roberta.

Anônimo disse...

A questão é: As mulheres da periferia estão sem qualquer ajuda da civilização no que diz respeito a violência contra mulheres,estupro,educação precária,etc. Até aí ok. Mas o que poderia ser feito para mudar essa situação?

Anônimo disse...

Essa mulher que casou com o Bruno é burra,fez uma péssima escolha e provavelmente vai ser morta. feliz com isso anônimo das 15:30? E digo mais: muito provavelmente ela deve ser mais uma antifeminista que perdoa todos os erros masculinos, assim como todo homem deseja para continuar com suas babaquices. Não é isso que os homens querem? "pecado para as mulheres,perdão para os homens". Quero que o feminismo aja contrário a isso, que faça cada vez mais as mulheres ficarem longe dos homens de má influencia,que por sinal são a maioria.

André disse...

O que o funk faz hoje o sertanejo, o brega, o pop e o rock já fizeram antes.

B. disse...

Alessandra, essa matéria que você citou é um lixo! É bem como vc falou, um texto defendendo a "liberdade sexual" da mulher da favela, que nós não podemos nos meter e nem criticar NADA que venha da periferia, pq não é nosso local de fala. Concordo 100% com a Raven, essa feminismo de Facebook tá um lixo, só ficam falando em "local de fala", "protagonismo", "todas as culturas são iguais" "homem negro com mulher branca é palmitagem"...

Anônimo disse...

Esse comentário é tão racista que chega doer.

Anônimo disse...

(Viviane)
Raven, estava sentindo sua falta aqui no blog!
Sobre o tema, seu comentário pode ser resumido em uma frase: "classe média sofre". E aí não é só no facebook, mas é o problema geral de quem é incapaz de sair de sua "bolha de proteção"...

Anônimo disse...

"O que o funk faz hoje o sertanejo, o brega, o pop e o rock já fizeram antes." e nem por isso deve ser ignorado. E nem por isso as feministas não criticam o sertanojo entre outros tipos musicais que tem muita merda nas músicas.

Anônimo disse...

Essa mulher que casou com o Bruno é burra,fez uma péssima escolha e provavelmente vai ser morta. feliz com isso anônimo das 15:30?

Eu ficaria feliz se vc falasse isso DEPOIS que ela morresse e não se revoltasse com o Bruno.

Anônimo disse...

Raven, tenho o mesmo pensamento mas não só sobre feminismo de facebook, pois lá tem grupos para mulheres pobres e periféricas eu participo de um ótimo onde mulheres se ajudam
Agora esse feminismo coletor menstrual e cabelo colorido é de universidade onde a maioria é garotas brancas e classe média.

Anônimo disse...

Vc voltou Raven.

titia disse...

Quem está comentando aqui, minha tia avó de 80 anos? Quer dizer, estão aqui falando em escolha das mulheres quando a última coisa que essas mulheres tem é escolha. Porque claaaaro que a menina vai escolher desde pequena; ela escolhe ficar ralando junto com a mãe e cuidando dos irmãos enquanto o irmão joga futebol e brinca na rua. Ela escolhe apanhar todo dia que diz um ai contra sua posição na família. Ela escolhe não ir pra escola, já que trabalhar feito escrava em casa é mais divertido. Ela sai pra rua por um minuto pra respirar e escolhe sofrer um abuso do pedófilo asqueroso 30 anos mais velho do que ela. Ela vai escolher sair da escola quando engravidar, por que ficar estudando quando ela pode depender de uma alma sebosa pra tudo, né? Tudo escolha, essas mulheres burras e irracionais... People, a vida não é um filme da sessão da tarde nem um desenho japonês. A gente não aprende do nada, a gente aprende do nosso meio e das pessoas que vivem nele. Ninguém é "iluminado" de uma hora pra outra e passa a ver que tudo está errado num estalo, ou vocês não mais que de repente se tornaram feministas tarimbadas ou precisaram de um meio e de pessoas que levassem vocês até o feminismo?

12:40, caro filho dum puto do baixo meretrício, vá tomar no cu e pare de trollar o blog. De nada.

Raven Deschain disse...

Oi Viviane! =D

Oi Anônima, vou ver o vídeo sim, valeu.

B do céu. A primeira vez que ouvi falar em palmitagem quase morri de rir. Levei meses pra entender que aquilo era sério.

Anônimo disse...

a) Sou professora e posso afirmar que a solução é o ensino integral com artes e esportes no currículo devemos mostrar as adolescentes outras possibilidades.

b) Mas existe nas comunidades meninas com outras visões e aspirações são minoria mas estão lá necessitamos trabalhar estas meninas

Raven Deschain disse...

Anônima, acabei de ver o vídeo. Concordo plenamente com o que ele afirma sobre liberalismo e como estamos sendo cooptadas pelo capitalismo.

Mas há pontos que preciso discordar. Ela foi desonesta ao dizer que o radfem não é racista. A teoria radfem realmente não o é. Mas a prática radfem é. A minha crítica cabe ao rad tb. A falta de interseccionalidade vai acabar matando o movimento. Quanto a questão dos pronomes, concordo, acho bobagem se preocupar com isso. Tão bobagem que me pergunto qual a dificuldade de falar A travesti então? Era de se esperar que essa parte do debate já estivesse superada. Discursos matam. Eu me utilizar de minha teoria pra ser transfóbica é me tornar responsável pelas mortes de transgêneros.

Quanto ao resto do vídeo, intocável. Qual o nome dela?

Anônimo disse...

Concordp totalmente. É por aí mesmo. E vc aí de baixo que mandou esse comentário ir tomar no c*, vai vc primeiro, viu!

Anônimo disse...

A esquerda as vezes consegue ser tão preconceituosa quanto a direita quando fica estereotipando as pessoas pobres e/ou interioranas com a mesma visão das novelas globais que inclusive traz uma visão ridicularizada do povo pobre e do interior.

Nem todo mundo que mora na favela gosta de pancadões, baixarias e bandidos. Assim como nem todo mundo que mora no interior (especialmente o NE) vive naquele cenário apocalíptico e miserável das novelas da globo.

O ''funk'' carioca é uma criação da rede globo baseado no estilo miami bass, o pancadão de miami que sempre explorou letras machistas e pornográficas que não tem nada a ver com o funk original. O ''funk'' carioca não foi criado nas favelas como eles gostam de vender. Os fanqueiros e fanqueiras querem e estão comemorando, ostentando e luxando com os barões da mídia. Só usam o povo pobre para se promoverem e posarem de ''vítima dos intelectuais''. Sinto muito mas essa turma do ''funk'' carioca é oportunista e estão do lado dos interesses da elite.

As fanqueiras tbm não estão ligando para feminismo e quando conseguem fama com o marketing das feministas, abandonam o feminismo e vão puxar saco da rede globo até aparacer nas revistas da editora. Vemos fanqueiras associadas ao feminismo viajando para a Disney com o patrocínio da globo e sem fazer qualquer declaração sobre o caso do estupro coletivo na favela carioca. Se enchem de plásticas, lipos, popozão e silicones para nenhum machista botar defeito e eternizando o perverso mercado machista que as feministas diziam ser contra.

O "funk" cria um escudo ideológico que permite devolver ao público as baixarias que os movimentos sociais com muita dificuldade tentava combater. Daí os 33 estupradores de uma moça que vieram do "nada" de um subúrbio carioca. Até esse episódio acontecer, a intelectualidade "bacana" definia as periferias como inocentes paraísos em que o grotesco e a licenciosidade ocorriam "sem culpa". Contraditoriamente, os fanqueiros, depois dessa ocorrência dramática, tentaram dizer que o "funk" não veio de Marte, que reflete a realidade do país, que o machismo era culpa da sociedade, etc. Mas o "funk" prometia combater tudo isso. Afirmava-se "feminista", "pedagógico", "cidadão".

Quando tudo estava bem, as periferias podiam ser machistas, pornográficas, embriagadas etc que a intelectualidade etnocêntrica, no alto de seus apartamentos confortáveis, afirmava que tudo estava culturalmente às "mil maravilhas". Como o fato do estupro repercutiu mal, os fanqueiros se calam, a intelectualidade "bacana" se esconde e ninguém assume a responsabilidade de defender tantos retrocessos sócio-culturais em nome do povo humilde.




Anônimo disse...

O sertanejo, o ''forró'' eletrônico e outros estilos tem muito machismo sim, mas o ''funk'' carioca até pouco tempo atrás era ''muy amiguinho'' das feministas e da esquerda. O resultado se vê.

Anônimo disse...

RAven:

Que bom que vc gostou do vídeo, mas por que vc diz que a prática rad é racista? Alguma experiência tua? Tenho visto muita negra saindo do feminismo liberal/intersec porque se vê melhor representada no rad.

Tenho pra mim que essa coisa do racismo é meio que lenda transativista, mas sempre pode ser que tenha algum fundo de verdade.

Questão de pronome, acho bem tenso a pessoa se dizer mulher porque passa a usar roupas consideradas femininas e maquiagem. Acho que não é só desrespeitoso (sério, o que Laerte, depois de uma carreira de sucesso numa área bem cruel com mulheres, entende sobre o que é ser mulher?). Se ele dissesse que sabia o que era ser mulher antes de passar a usar roupas femininas, alguma feminista levaria a sério? Basta mudar o visual para ter a mesma experiência de opressão estrutural?

Além disso, implica apagamento das mulheres das estatísticas, dirão que há representatividade feminina onde de fato há pessoas do sexo masculino que de uma hora pra outra mudaram o gênero.

Pessoas comentando sobre palmito. Vcs não acham que mulheres negras já são ridicularizadas demais?

Mulheres negras são as últimas na cadeia alimentar, são as meninas que os meninos ficam escondido, pra abusar, e depois namorar e casar com brancas. Estatisticamente, são as mulheres que ficam sozinhas, que cuidam dos filhos sozinhas.

O que há de errado em problematizar uma "escolha individual" a contextualizando numa estrutura opressiva para um determinado grupo?

O termo palmitagem vem disso - contextualizar essa escolha, e problematizar. (claro que se vcs estão com a Tacher e acreditam que "não existe essa coisa de sociedade", tudo é escolha individual, nem tem mesmo o que argumentar).

E além do mais parece que vcs acreditam que essa bobagem do amor romântico atinge os homens da mesma forma que a nós - eles são muito, mas muito mais calculistas na escolha das parceiras.

Gente, eles abandonam mulher e filho porque o filho é doente (vide o caso da Zika, foram vários, até notícia no jornal teve)! eles abandonam mulher com câncer (conheci dois casos)! Não consigo acreditar nessa ingenuidade de vcs.

Roberta

Anônimo disse...

De esquerda sim mas de feministas já é um pouco mais complexo. Umas defendiam mais por ser "a cultura da periferia", outras sempre criticaram o funk por objetificar as mulheres, a erotização precoce de meninas e por incentivar o estupro.

Lygia disse...

Texto excelente!

Gostaria apenas de comentar sobre a gravidez dessas meninas.
Muitas vezes a gravidez é desejada, pois ser uma mulher grávida nessa situação é uma forma de status (ela deixa de ser a "meninna"/criança/filha e passa a ser "mulher grávida"/futura mãe), e principalmente de proteção. Ninguém agride mulher grávida na rua e fica impune. Ainda mais se o filho é do traficante poderoso.

A questão não é o desejo de ser mãe. Muitas vezes elas não querem ser mães. Querem estar grávidas.
E quando o filho nasce e a cobrança vem monstruosa, junto com mais agressões, vem também a depressão pós parto (altíssimo índice nessas meninas), e o desejo de engravidar novamente em busca daqueles 9 meses...

Anônimo disse...

Não acho empoderador essas músicas de funk para as mulheres. Não somos cachorras.
Estamos num periodo de muito retrocesso, já não bastasse a Dilma que queimou o filme das mulheres em cargos de poder, temos que ficar aguentando essas músicas de péssima qualidade.

Anônimo disse...

As letras de funk não falam das mulheres de forma geral, mas sempre se focam eu ALGUMA mulher.Falar de uma não quer dizer falar de todas.

Anônimo disse...

A Lygia tem razão!

Nunca conheci de perto a periferia de uma grande cidade, mas vim de uma cidade pequena e predominantemente rural do sul do país.

Muitas meninas vem de famílias numerosas (mais filhos = mais forca de trabalho para a lavoura/gado/trabalho doméstico). Elas criam desde muito pequenas os irmãos mais novos, tomam conta da casa, do gado e da lavoura junto com os pais. Muitas vivem em situação de abuso e única forma de "fugir" dessa realidade é casando e/ou engravidando.
E aí começa o ciclo infernal all over again.

Eu vim a mesma cidade delas. Mas minhas situação foi bem diferente (fora a parte do abuso emocional, mas esse ponto fica pra próxima). Elas não são menos inteligentes do que eu, ou menos capazes. Só nunca lhes foi apresentado algo diferente daquele mundinho minúsculo em que vivem...

Jane Doe

André disse...

Não importa muito como surgiu o funk, ele se tornou coisa de periferia e agora está se glamourizando novamente, coincidentemente quando as letras deixaram um pouco de lado a violência no morro e passaram mais a objetificar as mulheres. Mas me parece que tem um tiquinho de preconceito de classe nessa crítica ao funk.

Mila disse...

É aqui que eu puxo a orelha tanto do movimento negro quanto do feminismo.
Do movimento negro pq se nega a olhar para as necessidades da mulher de periferia - maioria negra. Falta mais empatia em reconhecer que os homens negros também são parte da violência e opressão sofrida pela mulher negra e pobre. A Eliane Dias, esposa e empresária do Mano Brown, falou muito bem sobre isso: que a mulher negra tá criando os filhos sozinha já que o homem (negro ou branco) não tá assumindo. Os homens do mov negro dizem que somente que esses homens estão morrendo, convenientemente esquecendo os órfãos de pais vivos. Quando o moleque comete delinquência, a culpa sempre é da mãe, que tá ralando e ganhando pouco para muito trabalho.
Falta empatia em se reconhecer também como agressor dessas mulheres e meninas, que casam cedo, que têm de ficar em casa cuidando do filho fruto de gravidez precoce e principalmente em não tratar a menina da favela como promíscua (né, sr Emicida?).

Do feminismo de classe média também tá faltando empatia e mais compreensão com as meninas de periferia. A gente tá permeada ainda de pensamento elitista e escutando pouco o feminismo que é feito dentro da favela.

Raven Deschain disse...

Oi Roberta.

Sobre o racismo no rad, basicamente é experiência pessoal sim. Tá rolando um post que diz que mulheres brancas, de jeito nenhum sob nenhuma circunstância oprime homem negro. Bobagem. Isso é ignorar recorte de cor e classe. Uma Angelina Jolie com certeza não é mais oprimida que um Amarildo ou Rafael Braga.

Agora, quanto a palmitagem, incrível, eu sou negra e passei na pele o preterimento que mulheres negras sofrem, tanto de homens brancos quanto negros, concordo com a problematização. Não concordo com o termo. Não vou reduzir outras mulheres a "palmito". Sei e entendo que somos influenciados pela sociedade enquanto indivíduos e que o problema da solidão da mulher negra está longe de ser resolvido, mas não vejo como ir na página do criolo chamar a mulher dele de "ventre sujo" resolve alguma coisa.


Mila, concordo muito. Estava comentando com uma amiga como o movimento negro se faz basicamente por mulheres pois homens visam apenas a manutenção de seus privilégios dentro dele.

Mila disse...

Raven, uma vez estávamos falando sobre esse assunto e a Vicky sugeriu um termo melhor, que é a afetividade da mulher negra. Coisa que concordo bastante, acho o termo bem mais inclusivo e que permite pensar em outras situações. Exemplo: a mulher negra está em um relacionamento abusivo onde o homem - branco ou negro - a oprime e a humilha pois sabe que ela é preterida. Aquele negócio de "estou fazendo um favor, pois ninguém iria te querer". Esse tipo de manipulação, acredito eu, é possível de ocorrer com a mais bela das mulheres, porém no caso de mulheres que diariamente têm sua autoestima devastada há gerações, faz com que essa parcela da população esteja sujeita a mais abusos.
Só não concordo quando se propõe relacionamentos afrocentrados como a solução dos nossos problemas de afetividade. Um homem negro não necessariamente será menos racista e menos abusivo que um homem branco, então, em relação à palmitagem, acho arriscado resolver nossos problemas jogando na mão de homens negros. Mesmo os ativistas usam o movimento negro para manter seus privilégios.

Sabrina disse...

"Ain, mas funk é uma manifestação cultural dos oprimiduuuuuuus"
Se fosse um branco classe média cantando as letras de funk, cês iam problematizar até a alma do cara.

B. disse...

Esses sociólogos "de esquerda" que ficam dizendo pra gente não criticar cultura da periferia, que não temos vivência e local de fala pra criticar, que só alguém lá de dentro pode falar, que os trenzinhos são "cultura", me parecem que esses caras não querem acabar com os problemas da favela, sabe, parece que querem sempre um "zoológico" pra poder visitar de vez em quando e escrever teses sobre.

Anônimo disse...

Gente branca achando que palmitagem é zueira é de matar, hein!
Depois dizem que racismo não existe. Jura? Quem dera, viu pq o que mais tem por aí, incluindo no feminismo, é gente que acha que o povo negro tá de mimimi.
Palmitagem é real e atinge em cheio mulheres negras de todas as classe sociais. Não venha inferiorizar a luta da outra só pq vc nunca passou por isso, logo na sua visão limitada é irreal.

B. disse...

"Palmitagem é real e atinge em cheio mulheres negras de todas as classe sociais. Não venha inferiorizar a luta da outra só pq vc nunca passou por isso, logo na sua visão limitada é irreal."

Ok, então a solução são relacionamentos afrocentrados. Branco com branco e negro com negro. Nos anos 50, tinha gente tb que pensava bem parecido, sabia? Também tinha um austríaco famoso que defendia a pureza da raça...a história se repete.

B. disse...

""Ain, mas funk é uma manifestação cultural dos oprimiduuuuuuus"
Se fosse um branco classe média cantando as letras de funk, cês iam problematizar até a alma do cara."

Eu tenho é certeza!
Cara branco cantando abobrinhas: esculacham até a alma (em muitos casos com razão!)
Cara negro ou mulher negra (tipo a "empoderada" Tati Quebra Barraco): nossa, cultura da periferia!

Anônimo disse...

Comunidade não existe, se trata de um eufemismos, existe favela.

Sabrina disse...

"Palmitagem é real e atinge em cheio mulheres negras de todas as classe sociais"

Brancos e negros não podem mais namorar, então? Você acha que segregando as cores o racismo vai acabar? O que aconteceu com "toda forma de amor é válida"? O que aconteceu com "miscigenação é lindo e legal"? Esqueceu que brasileiros tem sangue europeu E africano E indígena nas veias?

Ativista radical é uma coisa patética, mesmo. Depois acham ruim quando recebem críticas.

Anônimo disse...

"Não venha inferiorizar a luta da outra só pq vc nunca passou por isso, logo na sua visão limitada é irreal."

Luta? Amigx, você escreve textão na internet, no conforto da sua casinha classe média. Luta é o pobre honesto da periferia que pega três busão pra ir pro trabalho ganhar menos que um salário mínimo, e mesmo assim não cai nas garras do mundo do crime.

Anônimo disse...

"O que aconteceu com "miscigenação é lindo e legal"? Esqueceu que brasileiros tem sangue europeu E africano E indígena nas veias?"

Embora o preterimento da mulher negra seja real, eu, pessoalmente, não concordo com o termo palmito, nem acho que relação afrocentrada é solução definitiva para os problemas da mulher negra.

Mas essas afirmações acima são lugar comum. Miscigenação lindo e legal? Não. Somos um país miscigenado em grande parte porque os senhores brancos estupravam mulheres negras e indígenas. E essa ideia pacífica da mistura de três raças já foi bem desconstruída.

Raven Deschain disse...

Eu sou branca, minha filha? Se teu problema é com "local de fala" saiba que não sou branca, mon amour.

E releia meu comentário, faz favor. Em nenhum momento neguei que o fenômeno exista, mas como disse e repito, não vou reduzir outras mulheres a palmito e nas tem militância online que me obrigue. E como disse a colega: tua luta é textão. Tem nada a ver comigo.

Anônimo disse...

Gente, vocês estão vendo apenas uma parte da "palmitagem" que é a proposição de relacionamentos intra raciais. Estão esquecendo o que gerou esse problema, que é uma opressão estética e social em cima das mulheres negras.
Sabe aquilo do cara até transar com a negra mas casar com uma branca? Sabe aquele negócio do cara ter vergonha de apresentar a namorada negra pra família e sempre com aquele warning Ela é negra viu? Sabe aquilo de mulheres negras ouvirem das sogras brancas que não querem netos do cabelo pixaim? E também os próprios homens abandonarem suas mulheres negras pq ele vai ser o garanhão se desfilar com a loira por aí? E velhos brancos tarados cantando "as morenas", já que elas são fáceis igualzinho aos senhores que usavam as escravas para fim sexual? Ah, e claro, a funkeira branca universitária é empoderada e a negra favelada é mãe de futuro bandido, promíscua, etc? Tudo isso é problematizado dentro da palmitagem. A solidão da mulher negra é muito mais sobre o porquê de mulheres negras serem ainda mais menosprezadas que as brancas.
Bora deixar os privilégios de lado e ouvir pq as meninas negras estão reclamando disso? Menos pedras, mais ouvidos gente. Não precisa concordar, basta ouvir.

Anônimo disse...

É muito engraçada essa logica de que não criticar cultura da periferia já que não temos vivência local que só alguém lá de dentro pode falar.
Partindo deste principio ninguém NUNCA pode criticar um empresário que toma determinada atitude a não ser quem já abriu uma empresa, a registrou na JUCESP, pagou encargos tributários draconianos, encargos trabalhistas... enfim viveu toda dificuldade de um empreendedor que paga seus impostos nesse pais onde a media de sobrevivência de uma empresa é de dois anos.
Ou então para criticar uma igreja , deve ter no minimo vivido o dia dia da sua diocese, mais especificamente da sua paróquia no caso da cristã por exemplo, saber todas as dificuldades enfim viver esse efetivamente seu dia dia para saber o por que se toma determinada atitude.
Então chegamos a conclusão que ninguém não pode falar de nada a não ser do seu restrito mundinho, sem nunca meter a colher na vida do outro a não ser que se tenha vivido EFETIVAMENTE suas agruras, não é mesmo ?

Anônimo disse...

Estes caras ressentidos, porque certamente não pegam ninguém, que ficam falando sobre as mulheres que mandam cartas e cartas para maníacos presos (e dispensam os "bonzinhos", como eles), provavelmente não sabem que a Suzane, culpada pelo o assassinato dos pais, recebia também cartas de rapazes na cadeia. E também não lêem as reportagens ondem os leitores falam que a pegariam de toda as formas possíveis. Ah, teve também aquela moça psicopata que matou o namorado a facadas, logo depois de ter relações sexuais com ele. Os comentários dos homens? Uns falavam até em casar com ela! Isso só porque ela é bonitinha. Acordem, pessoas sem caráter existem em AMBOS os sexos. Parem de usar isso como desculpa por não conseguirem ninguém. A questão é que nenhuma mulher quer vocês. Nem as "mulheres que prestam" nem "as mulheres que não prestam". O problema está em vocês, sorry.

Débora

Luana disse...

"estupro é proibido" Ê LENDA URBANA DO CARALHO!!! TRAFICANTE ESTUPRA SIM! Eles não querem que ninguém entre no terreno deles pra fazer qquer coisa q seja, mas todo mundo sabe que uma das punições pras pobres criaturas que caem na mão desses imundos é a violência sexual.

Raven Deschain disse...

Meodeos lembrei pq parei de comentar.

Vamos lá: EU NÃO DISSE QUE DISCORDO. Repitam até entender.

Anônimo disse...

Inclusive, a Suzane foi assediada por um Promotor de Justiça na cadeia e agora namora um cara evangélico, que planeja se casar com ela. Isso depois do crime hediondo que ela cometeu. Mas ninguém sai dizendo por aí que homens só se interessam por mulheres que não prestam, que só olham aparência e pouco se importam com o caráter. Não há generalização, como fazem com as mulheres. Por que será, né?

Débora

Anônimo disse...

Muito bom o texto. E estudando a escravidão, a realidade das classes populares (e quase sempre negras) não mudou em quase nada. Mas vendo alguns comentários...apenas parem de falar de "primitivismo" ou "não chegou a civilização". Esses tipos de termos são tão século XIX quanto à condição dessas pessoas. Parem simplesmente de pensar que essas pessoas são incapazes, de vê-las como vítimas, como "primitivas". Tudo é uma questão politica de acesso... Tudo é uma questão de chances iguais a todos. Tudo é uma questão de falta de escolhas, como disse a autora.

Anônimo disse...

É dificil, porque não adianta nada de feminismo e discurso empoderador com o tráfico comendo solto, violando direitos humanos diariamente, portanto, o feminismo é inútil nas comunidades dominadas por esses bandidos, fica a dica para maconheirazinha de dce "preocupada" com a questão, vc está pagando pelo poder dos traficantes.

Unknown disse...

Vc falou TUDO.

Anônimo disse...

Sei que o assunto é a periferia, mas achei um absurdo desvalorizar a luta 'branca de classe média, que fala de coletor'. Gente, no meu mundo o que me afeta é: coletor menstrual, diferença de salario, poder ir pra escola de short. Eh menos grave que apanhar do marido e não ter o que comer? Claro que sim! Mas quer dizer que não posso lutar por poder usar short i até que toda a periferia tenha resolvido todos seus problemas? Então fodeu.

vou fiar esperando, e quando ver homens chamando mulher de piranha porque sai na rua de saia, vou ficar quieta, pois ' tem coisa mais importante no mundo'.

Anônimo disse...

Nasci e cresci na periferia. Engravidei aos vinte, relativamente velha pros parâmetros de lá. Casei e me divorciei depois tive mais uma filha de outro namoro. Virei mãe solteira. Demorei pra entender o que é empoderamento. Lembro vagamente de uma professora tentando explicar isso mas na época não dei bola. Minha família ne jogou pro primeiro cara que apareceu pra se livrar de mim e do gasto que eu dava. Mas tive que trabalhar pra me sustentar por que nada foi como pensei. Apanhei e numa briga com ele sofri um acidente. Nu ca fui ensinada da importancia do estudo. Não fiz faculdade. Sempre fui uma boa aluna na escola mas nunca fui i canto cada. Comecei a ler e estudar quando me divorciei. Tive sorte

Anônimo disse...

Pra mim essa é a geração da falsa liberdade sexual.
A princípio parecem libertários, mas uma análise rápida das letras mostram que tem a cabeça mais conservadora de que seus bisavôs. A diferença é que eles não cantavam, reservavam seus preconceitos pra falar baixo na mesa do bar.
A mulher canta que é gostosa, boa de cama, gosta de sexo. A maioria talvez nunca tenha tido um orgasmo.
Um horror.

Anônimo disse...

A verdade é que daqui 100 anos o Brasil vai estar a mesma bosta(ou pior).

Afonso disse...

Interessante !

Confusa demais disse...

Sinceramente, eu sou contra a objetificação da mulher e não consumo funk. Mas eu me questiono todos os dias: será que o funk não é um reflexo do que é a realidade dessa sociedade? É difícil para quem não frequenta a periferia conhecê-la, claro, mas se pesquisar sobre verá o crime, a violência, as interferências militares e muito mais. Como estes moradores devem se sentir constantemente? Eu acredito que com medo.

Ai entramos em outro assunto polêmico: repressão/criminalização do funk. Eu acredito que não dá e nem vale a pena reprimir o funk, se não há mudança na realidade que aqueles que o consome vivem. De que adianta colocá-los, por exemplo, para escutar uma música sobre como a vida é linda se a deles não é?

Muitos perguntam também como uma mulher x é capaz de estar com um homem que a agride diariamente, mas quais oportunidades estas mulheres possuem? Elas tem alguma chance REALMENTE de sair de lá? Se sim, quantas? A maioria? Com certeza não.

A questão é: tem como ajudar essas mulheres sem criminalizar o funk?

Alguém pode por favor me esclarecer isso? Estou realmente confusa