terça-feira, 17 de novembro de 2015

GUEST POST: O HORROR DAS ESCRAVAS SEXUAIS

Semana passada publiquei um texto da Camila Ribeiro sobre prostituição. Desta vez ela colabora com um post sobre uma temática relacionada. 
Camila é formada em jornalismo, viaja muito, e passou sete meses no sudeste asiático. Escreveu um texto sobre escravas sexuais, algo bastante comum por lá (e, obviamente, não só por lá. Incluí algumas imagens daqui e de outros países ocidentais).  

Ao ler o livro Escravas Sexuais (Sexual Slaves) de Louise Brown, fiquei perplexa com a imensa rentabilidade desse mercado!
O tráfico de mulheres é um problema que atinge dimensões titânicas. Segundo dados da Organização Mundial do Trabalho, quase um milhão de pessoas são traficadas anualmente, com a finalidade de exploração sexual. Em 98% dos casos as vítimas são mulheres.
Pagar por sexo ou comprar
sexo aumenta o tráfico
humano, diz campanha
O tráfico chega a movimentar 32 bilhões de dólares por ano, sendo apontado como uma das atividades criminosas mais lucrativas.
Confesso que durante a leitura desse livro fiquei bastante perturbada. Tráfico de mulheres até então para mim se limitava à novela da Glória Peres, onde a mocinha é traficada para a Turquia e obrigada a se prostituir. Resolvi ir a fundo nesse tema ao visitar países muito pobres e ver de perto a prostituição, não podendo assim me furtar dessa realidade que me saltava aos olhos, permeando os aspectos cotidianos ao meu redor.
O mais cruel de tudo isso é que esse é um tráfico caracteristicamente silencioso, de difícil captura, velado, escamoteado, disfarçado, que passa despercebido pelos noticiários, por sua vez inundados com notícias sobre o tráfico de drogas e outras ilegalidades.
A máquina que move esse mercado é eficiente e silenciosa, a engrenagem funciona com precisão e o combustível é feito geralmente de meninas muito, mas muito pobres, que são facilmente esquecidas pela sociedade. Muitas moram em vilarejos miseráveis e não têm nem RG ou qualquer certidão.
Cartazes como o da foto ao lado são corriqueiros nos hotéis em Camboja: "Stop human trafficking and exploitation" (pare com o tráfico humano e a exploração).
Entendendo a engrenagem:
Tudo começa pela compreensão de que o casamento em boa parte da Ásia não tem nada a ver com amor e muito menos com empatia sexual, química, ou seja lá o que for. 
Trata-se de uma instituição secular: constituir família. E dentro desse acordo o homem tem uma espécie de aval para ser infiel, até porque a vida sexual com sua esposa muitas vezes é enfadonha ou inexistente.
No entanto, é preferível que o marido procure uma prostituta para aliviar suas vontades à uma amante, pois a segunda poderia extraviar o dinheiro destinado ao sustento do lar. Ainda assim a busca por esse tipo de serviço tem que ser feita à maneira asiática, com total discrição e zelo, em clubes fechados, muitas vezes camuflados como karaokês, dificilmente notados a olhos nus.
Campanha contra tráfico sexual em
Cingapura (bastante gráfico, clique
para ampliar)
O combustível desse mercado perverso é onde mora o problema, ou melhor, o tráfico. Agentes espalhados pela Ásia procuram pelas presas perfeitas, na maioria das vezes jovens virgens e muito pobres, que moram em pequenas vilas no interior da Índia ou do Camboja, mal têm dinheiro para comer, e sonham com condições melhores.
Campanha em Luxemburgo
Suas famílias as vendem para os agentes, que na maioria das vezes prometem que serão empregadas em casa de família, só que na verdade são trancafiadas em bordéis até se "acostumarem" com o novo ofício.
Outras vezes são ludibriadas com promessas de casamento e fogem com o noivo, que após um mês de pseudo matrimônio as vende ou vira uma espécie de cafetão.
Essas mulheres, muitas vezes crianças, são tudo, menos senhoras do seu destino. Esquecidas pelo governo, subnutridas, muitas vezes um estorvo para as famílias que, além da obrigação de alimentá-las, precisa pagar o dote para que elas se casem, sendo consideradas um fardo por terem nascido com dois cromossomos x,  acabam sendo alvo do tráfico de mulheres, tornando-se escravas sexuais.
Campanha na África do Sul: ela não
pode pedir ajuda
Uma das partes mais complicadas é o transporte dessas mulheres. Muitas vezes os agentes têm esquemas com os guardas das fronteiras e um preço é acertado, ou melhor, uma propina; outras vezes as meninas acabam passando despercebidas. Algumas vão por livre e espontânea vontade, acreditando que serão empregadas como garçonetes.
Em alguns casos vão sabendo que trabalharão como prostitutas, principalmente no Japão, só que chegando lá são exploradas e ameaçadas pela Yakuza, diluindo o sonho de autonomia profissional e ganhando muito aquém do combinado.
Outra maneira asquerosa de induzir uma mulher à prostituição, sobretudo na Índia, é através do estupro. É impensável nesta parte da Ásia que uma mulher se case não sendo mais virgem, quando vítima de estupro então, perde completamente sua honra, não existindo outra solução senão aderir ao mercado da prostituição, já que dificilmente irá se casar ou constituir família.
Vou traduzir aqui um dos depoimentos do livro sobre escravas sexuais de uma mulher de Bangladesh.
Campanha israelense pede
para que não sejamos
cúmplices do tráfico sexual
“Trabalhei num fábrica durante três meses e ganhei aproximadamente 50 reais. Eu dividia o quarto com uma garota, mas ela me disse que não queria mais dividir o quarto comigo porque eu não ganhava dinheiro suficiente. A partir de então eu não tinha mais onde dormir. Estava muito triste e andando pelas ruas quando uma mulher começou a falar comigo. Ela disse que poderia me arranjar um emprego, então eu a acompanhei. Ela me levou até um quarto e me deu comida, então duas outras mulheres chegaram e ela me disse para acompanhá-las, que elas me mostrariam a cidade. 
"Estava escuro e elas me colocaram numa moto. Nós fomos para um lugar bem movimentado com muitas garotas vestindo roupas estranhas e maquiadas. Quando saímos de lá uma mulher puxou o meu sari e disse que não precisaria mais usar aquele tipo de roupa. Então elas me levaram até um prédio e ficaram falando com uma outra mulher sobre mim. Eu estava muito assustada. Elas me deram uma pílula e perguntaram se eu estava me sentindo zonza. Eu não estava, mas elas me levaram para dormir.
"Na manhã seguinte um monte de meninas vieram falar comigo e disseram que eu estaria bem se fizesse o que me mandassem e acabaria me acostumando. Não entendi muito bem o que elas queriam dizer. Me disseram também que aquele lugar era bom e que eles me dariam roupa e comida.
"Naquela noite uma mulher me trancou num quarto pequeno e um homem veio e tentou me estuprar. Eu briguei com ele e ele ficou muito bravo e me disse que pagou por mim e tinha direito de fazer o que bem entendesse. A madame ficou tão brava que me bateu com cabo até meu braço ficar cheio de hematomas. Alguns clientes eram bons, quando eu dizia que não queria fazer sexo com eles, eles prometiam não contar nada a madame. Mas outros não, eles contavam para ela, que vinha e me batia de novo. Depois de cinco dias apanhando eu acabei aceitando isso″.
Em outro depoimento uma nepalesa conta: “Eu fiquei no lugar por 3 anos e durante 2 deles eu nunca saí para ver o sol. Eles nunca me deixavam. Ficava num quarto pequeno com outras duas garotas e não tinha janela. Era sempre escuro. Frequentemente nós conversávamos e gostávamos de imaginar como era lá fora com o luz do sol. Eu pensava na minha casa, mas isso só me deixava mais deprimida.”
Essa história faz parte da aclimatação da mulher no mundo da prostituição, é assim que elas acabam se conformando com o destino que lhes foi forçado. Se não bastasse isso, acumulam dívidas com os donos do bordéis, como roupas e comida, e dessa maneira entram num círculo vicioso e nunca conseguem pagar o que devem para se verem livres. Muitas vezes quando conseguem quitar suas dívidas já estão em idade avançada e não têm a mesma facilidade para atrair clientes.
Da campanha "Nenhuma criança à
venda": Crianças a partir dos 6 anos
são vendidas para o tráfico sexual"
Aliás, o fator idade é fundamental no mercado asiático de prostituição. Enquanto os homens ocidentais priorizam uma mulher experiente, os asiáticos preferem as mais novas, inexperientes, que assegurem que sua performance será satisfatória, não provocando insegurança. Aos 23 anos a carreira de uma prostituta já está quase no fim. As mais caras e cobiçadas são as virgens de pele clara, que podem valer uma nota preta.
Muitos japoneses ricos ou chineses pagam uma bagatela para tirar a virgindade de uma menina, ainda mais com a certeza de que ela é livre de doenças sexuais. Essa obsessão por virgens acaba freando alguns estupros, pois se uma virgem é prometida e sofre estupro, a reputação do traficante é manchada.
Algumas prostitutas acabam conseguindo juntar dinheiro e abrem um salão de beleza ou algo de gênero. Outro número representativo acaba contaminado por HIV ou outras doenças sexualmente transmissíveis.
Uma prostituta de Bangladesh revela: “Nós temos comida boa aqui no bordel, mesmo assim eu continuo perdendo peso por que eu sempre tenho alguma doença sexual. Me sinto doente e não consigo comer. Alguém nos traz um monte de remédios diferentes porque nós não podemos ir a um médico.”
A maioria não consegue voltar para a vila da onde foram tiradas, pois serão humilhadas e sofrerão preconceito, só encontrando aceitação no mundo da prostituição, sua "nova família". Como narra essa mulher: “Eu não gosto desse trabalho, mas não existe nada além disso que eu possa fazer, eu não tenho marido nem família. Sou uma mulher ignorante. Esse trabalho, entreter homem, é a única coisa que eu sei fazer.″
Como se reinventa uma mulher vítima do tráfico? Quais oportunidades lhe são dadas? Para a grande maioria o fim é triste. Isoladas da família, muitas com DSTs, procuram ONGs ou algum tipo de ajuda para não morrerem de fome. 
Outras, a minoria, acabam se tornando agentes e são promovidas de vítimas a algozes, perpetuando assim esse ciclo malévolo, usando sua experiência para encontrar as presas perfeitas e tornarem-se "madames" dos bordéis. 
E assim o mercado continua aquecido.
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Campanha contra o turismo sexual
Saiba mais sobre tráfico humano usado na prostituição: neste post de 2012, comento alguns números aterrorizantes no mundo. Este texto em inglês trata da colonização do corpo feminino.
Esta campanha alemã de 2009 colocou uma loira numa mala para mostrar o terror do tráfico sexual. 
Este comercial britânico diz: 
"A cada minuto, uma pessoa é usada para tráfico sexual. Não feche os olhos para os perigos do tráfico humano. A cada minuto, outra jovem é traficada pela exploração sexual. Você pode parar isso". 
Há campanhas mais recentes, como a Nenhuma Criança à Venda. Nesta matéria há vários outros exemplos.
Aqui há uma lista de filmes e documentários sobre tráfico humano e escravidão moderna. O mais famoso talvez seja Nascidos nos Bordéis, da Índia. Outra lista aqui.
O filme Desaparecidos, de 2007, não é muito bom, mas trata de um assunto terrível que poucos conhecem: todo ano, 50 mil mulheres e crianças são trazidas ilegalmente pros EUA para serem escravizadas sexualmente. Ou seja, o tráfico humano para exploração sexual está longe de acontecer apenas no sudeste asiático...

222 comentários:

«Mais antigas   ‹Antigas   201 – 222 de 222
Vicky_ disse...

 (Sim, eu reaparece, deu vontade de responder)

Rafael, você está melhorando. Concordo com 95% das medidas que citou, creio que algo semelhante ao modelo nórdico e mais algumas medidas ajudaram na vida de mulheres prostituídas. Para que os números possam despencar num futuro infelizmente não tão próximo.

 André/Donadio: NÃO é igual a um emprego, nos empregos estão lhe pagando pela sua capacidade em usar sua parte física, mental e psicológica para exercer uma função, seja organizar e catalogar documentos, lavar pratos e servir mesas ou descobrir formas eficientes de contornar problemas econômicos sob contrato. 

A prostituída tem seu corpo vendido, por um preço que varia pela sua necessidade (Uma viciada que mora perto da cracolandia e uma com uma mínimo de instabilidade econômica), para um homem que a valia de acordo com tudo que o Patriarcado lhe favorece: A maquiagem dela, o peso dela, a bunda dela, os peitos dela, a étnia dela, o quão submissa ela é capaz de ser, o quanto a ingenuidade dela permitirá que seja manipulada ou passada a perna.

O feminismo radical concorda nisso: Não é que a pobreza que faz a situação da prostituição insalubre, é a pobreza e a baixo auto estima que são empuradas para mulheres de todo mundo, lhe restando recorrer a prostituição, onde deixam seus corpos disponíveis para homens que possuem o mínimo de poder econômico, muito deles com tendências sádicas. É o irmão que faz cafetinagem da irmã desde que ela tinha 13 anos, é o pai que vendeu as filhas para o tráfico de mulheres para que os filhos homens possam ter algum patrimônio, são os homens que empurraram um conceito de virgindade inteiramente desnecessário, separando a população feminima da sua cidade em Santas do Dia, Putas da Noite e Mendigas/miseráveis que eu sequer lembro que existem.

Parem de ignorar relatos, prostitutas de esquina nunca queriam estar naquela situação, pra início de conversa, elas sabem sobre os homens podres de sua região, mas jamais podem denunciar, pois para a própria população do lugar, os "clientes"(agentes ativos do Patriarcado) são apenas homens que tiveram que suprir sua necessidade por sexo, e elas, umas Putas de esquina sem vergonha na cara.

Vocês não fazem ideia de como uma "regularização bonitinha" só seria uma situação um pouco menos pior para o Patriarcado, depois de um tempo surgiriam uns zé manés dizendo que sofrem preconceito por USAREM prostitutas e a sociedade os julgarem por isso, eles, tardinhos, que estão fazendo algo completamente legalizado, que nunca namorariam ou teriam amizade sem julgamentos com uma prostituta, mas enfim. 

Prostituição é mais uma das partes do sistemas Santas x Putas empurrada, mulheres assediadas que só transaram com uns 2 e querem muito se casar, não importando as saidinhas que o noivo fazia, e as putas, que serão assediadas também e jamais namoraram/casaram mantendo o "emprego", mas imagina, é uma  atividade igual qualquer outra. 

Aquela menina de 13 anos, agora adulta, pode estar desejando ser um manicure ou secretaria para não ter que continuar se vendendo em esquinas escuras e pelo celular, porém, como a mulher do post, nunca aprendeu outro ofício se não o de se vender, num ciclo vicioso e auto destrutivo. 

Acham mesmo que mulher alguma ama ter que se vender? Prostituição de luxo ama a grana, não os safados que vão a procura dela, prostituição de esquina não quer defender sua "profissão", ela gosta do dinheiro (capitalismo) que permite que ela não morra de fome naquele mês ou que permita que ela fume mais um cigarro pra esquecer os problemas.

Chamar feminista contra prostituição de Dondoca é simplesmente muito Iuzomismo.

André disse...

Vicky

Eu não disse que a prostituição é igual a qualquer emprego, embora tenha muitas semelhanças. Também sou favorável à politicas públicas que de opções para que as mulheres não sejam empurradas para a prostituição. Mas muitas prostitutas defendem a regulamentação, vamos ignorar a opinião delas?

Anônimo disse...

(Viviane)
E quem chamou feminstas contrárias de "dondocas", Vicky? Sério, fiz questão de procurar pelo termo na busca do Google e a única ocorrência desse termo que aparece nesta caixa é... DO SEU COMENTÁRIO. A não ser que você esteja se referindo ao post da semana passada, sobre o mesmo tema, nem você nem ninguém precisa de subterfúgios como esse para expor seu ponto de vista.
Bem, mas para quem "fez a ofendida", dizendo que não ia mais voltar e voltou, isso não é nada, né?

Anônimo disse...

Mola, que "tão estigmatizadas " são essas? Atualize o discurso: tem virgens procurando perder a virgindade para ficarem "normais "!

Vicky_ disse...

André, é que para mim, essa regularização que elas expõem que querem ter é como um um grupo de escravos dizendo que querem senhores menos crueis. A maioria das prostitutas não é ativista, mesmo as de luxo, ou seja, elas só estão exigindo o mínimo do mínimo ao expor essas coisas.

Como o Rafael disse, apoiar esse tipo de medida é como dizer que a prostituição é um mal necessário a humanidade (mulheres) e que devemos somente diminuir a angústia das mulheres que ficaram por baixo da sociedade (mais baixo ainda do que as mulheres não prostituídas).

Não quero torna a prostituição menos horrenda, quero diminuir dramaticamente o número de mulheres tendo que recorrer a esse meio ou semelhante.

Anônimo disse...

Viviane, não vejo a Vicky usando subterfúgio nenhum. É nítido que ela disse isso por causa do comentário do Donadio no outro post, sobre prostituição:

"Obrigado, Lola.

Como disse a Roxy, o classismo tá violento por aqui. Querem passar a patrola por cima das prostitutas, como se o patriarcado fosse culpa delas, e ainda posar de boazinhas que só querem "proteger" as moças.

Impressionante como ser de classe média pode fazer mal à cabeça."

Está vendo? Você estava nessa discussão, então, com certeza, lembra disso. E, para começar, a própria Vicky já disse que é pobre, por isso esse argumento de que é fácil às "dondocas" serem contra a prostituição é totalmente falho. Na verdade, tô vendo que é o pessoal de classe média que está mais a favor da regulamentação nessa discussão. Nessa, não quero generalizar.

De qualquer forma, a Vicky é uma excelente comentarista, que sempre expõe os seus argumentos de forma clara e empática. A propósito, autocrítica é sempre bom, Viviane, você diz que a Vicky tá usando subterfúgios, ignora o texto enorme que ela fez com uma série de elucidações, mas para quê? Cadê os seus argumentos? Vi você preocupada em citar, num comentário anterior, quem expôs bem sua visão, como a Roxy, Carol etc, todavia você mesma só tá mais preocupada em fazer papel de juíza por aqui. É bom olhar para si antes de falar dos outros.

Ainda bem que a Vicky voltou, todo mundo volta atrás, fico contentíssima que ela também o tenha feito. É impressionante a lucidez que ela tenha sendo tão jovem. Bem-vinda de novo, Vicky!

Anônimo disse...

que ela tem*

Vicky_ disse...

Viviane, quando falei de Dondoca me refere EXATAMENTE ao comentário do Donadio no post da prostituição no Sudoeste Asiático. Nunca disse o contrário.

Obrigado pelo comentário, são pessoas como você que me fazem ter certeza sobre o tipo de pessoa que não quero ser, por exemplo, eu coloco um link de outra conta(do Fórum Assexual, atualmente) quando comento por aqui, mas você é uma pessoa muito mais legal por me chamar de covarde, enquanto só coloca um nome qualquer no comentário, por que uma anônima como você sabe mais sobre o que as prostitutas querem do que eu, mesmo que, assim como eu, nunca foi prostituta, nunca conversou com prostitutas do sudoeste asiático, fale me mais sobre como é a vida de uma prostituta e sobre como sou uma cagadora de opiniões.

Sem me alongar, vá pela sombra e tente ser menos chata.

Se a Lola não quiser mais meus comentários por aqui, ela começará a apagar todos, o que não está ocorrendo, só isso. Mas se acha que não sou humana o bastante para me magoar as vezes, saiba que seu comentário me machuca tanto quanto xingamento de Troll em partida de MMORPG.

Meu humor as vezes é ácido, mas eu sou como um Elástico, você me força e eu chicoteio de volta. (Acho que ouvi muito Elastic Heart pra um ano...)

Anônimo disse...

Essas briguinhas de adolescente s que só querem ganhar a discussão a qualquer custo cansa.

Roxy Carmichael disse...

Vicky tenho a impressão que é um consenso a necessidade "de diminuir dramaticamente o número de mulheres tendo que recorrer a esse meio ou semelhante". Ao menos entre as pessoas minimamente sensatas, ou seja, grande maioria das que comentaram aqui. Muito se fez referência quanto à motivação dos homens que comentaram ser defender o "direito a consumir prostitutas". Fato é que não há evidencia nenhuma que os comentários foram motivados por esse interesse específico.

O que o donadio e eu concordamos é que outras profissões que aparecem como alternativas às mulheres que se prostituem não constituem necessariamente uma escolha, ou mesmo uma alternativa a essas mulheres.

Quando o filme Que horas ela volta estreou muita gente perguntou qual seria o problema de ser empregada doméstica se está é uma profissão digna. Penso eu que sim é digna e não, não há problema nenhum em exercê-la. O problema está em que esta seja a unica opção acessível a determinado grupo de mulheres, enquanto ser advogada-arquiteta-psicologa-engenheira aparece no horizonte de outro grupo. A questão é questionar e destruir esse modelo, democratizando as alternativas, só então será possível falar em escolhas.

Além de questões estruturais de desigualdade social e racismo, essa diferença ainda vem atrelada a toda uma concepção do trabalho como produto, sujeito às demandas do mercado que por sua vez, quer cada vez mais flexibilizar, precarizar e reduzir garantias dos trabalhadores, produzindo cada vez mais instabilidade, excedentes e diminuindo cada vez mas os salários.

O que eu acredito é que só uma revolução completa no trabalho, na distribuição de riquezas associada a uma revolução feminista e anti-racista poderá diminuir dramaticamente a exposição das mulheres à prostituição e outros trabalhos mal remunerados. Sinceramente, nesse contexto a questão da abolição ou da regulamentação me parecem menos relevantes. O que eu penso é que tanto proibição quanto regulamentação não produziriam efeitos desejados se não viessem integradas a outras políticas. E entendo que tanto proibir quanto regularizar são as medidas mais fáceis de serem tomadas, no entanto, isoladas, pouco mudariam o panorama das mulheres que se prostituem. Difícil mesmo (mas não impossível) é fazer todo o resto. Ainda assim, acredito que alguns de nós enxergam na regulamentação um caminho para desestigmatizar as mulheres que se encontram atualmente nessa situação. Fato é que dificilmente só a regulamentação vai resolver essa questão do estigma. Também dificilmente irá oferecer a essas mulheres um atendimento justo em casos de violência. Digo isso porque mulheres de todas as profissões ainda são vistas com desconfiança no sistema judiciário ao denunciarem violências sofridas. Mas pode ser um primeiro passo.

Quanto ao "classe média" no comentário do Donadio penso que deve ser melhor contextualizado. A expressão fazia referência direta a comentários eurocêntricos e orientalistas, que foram abundantes naquela discussão.

Anônimo disse...

Cara B.,

Li seu relato, mas sou obrigado a divergir em alguns pontos. E gostaria de dar um ou outro conselho também.

A primeira impressão que tive de seu namorado é que ele é uma boa pessoa, pois você bebeu além do que alguém responsável beberia, e mesmo assim ele a deixou em casa sem problemas, ou seja: ele foi muito respeitador e responsável.

Ele e o amigo lhe chamaram de puta e que não deveria ser lavada a sério. Mas será que não houve um bom motivo? entenda, B., eles só pediram o “vale night” pra você por que sexo fora do relacionamento para os homens é totalmente diferente do que para as mulheres. Os homens não estão traindo ao fazer isso, eles estão apenas relaxando e não há envolvimento emocional algum, na verdade o cara está transando com a amante, mas ele ama mesmo é a namorada. Já o envolvimento extraconjugal da mulher é sim traição, pois a mulher costuma a se apaixonar pelo amante. Vê que são duas coisas completamente diferentes?

Em relação a ser “sorte sua” ter encontrado um namorado como ele, eu devo concordar. Você preferia que fosse um homem que tivesse abusado de voce bebada ao inves de leva-la pra casa?

Eu não achei legal da parte dele a inveja de vc ter ficado com muitos caras, esse sentimento de inveja é muito ruim. Mas vc devia sim, deixa-lo e incentiva-lo a chegar em outras garotas no carnaval, para ficar uma relação mais igualitária, poxa, vc acha justo vc ter ficado com, sei la, uns 200 caras e ele ter ficado só com umas 5?

Justamente isso deve deixa-lo inseguro, talvez por isso ele tenha levado os foras. Neste caso, vc poderia ter falado com alguma amiga sua para fazer sexo com ele, seria muito melhor do que se ele fizesse isso com uma desconhecida. E ele seria GRATO a você, e a balança não seria favorável somente à mulher, mas sim aos dois.

Em relação ao KY, vc preferia que não existisse? Não entendi qual o problema.
Enfim, reflita o seguinte: quem está certo? só você? ou ele, todos da familia dele, e eu?
As vezes, se o mundo inteiro parece ser errado e só a gente certo, pode significar justamente que apenas nós estamos errados.

Volte para seu namorado, é meu conselho.

Anônimo disse...

(Viviane)
Olha, espero que Vicky seja de fato seu nome, porque me criticar por um "anonimato" em que ponho meu prenome é um pouco demais, não? Já expliquei em outro post porque faço isso, mas lá vai, de novo: não quero comentar com meu perfil do Google e não consegui usar a opção Nome/URL no tablet. E não, não vou criar outra conta pra comentar só porque você quer.
Quanto ao teor do seu comentário, quero que copie e cole onde eu te chamei de covarde. No outro post eu disse que você (e a B.) Distorceram os argumentos do Donadio, mas nunca disse que você ou qualquer outra pessoa é covarde.
E sobre o comentário dele sobre a classe média, também não chamou (e nem eu) a ninguém de dondoca. Isso é distorção sua e da sua amiguinha anônima para tentar validar seus comentários.
Concluindo, até hoje não tinha o costume de responder aos xingamentos que já me fizeram aqui, mas, como já vi que não adianta, vou responder:
Garota, cresce e pára de achar que o mundo gira em torno do seu umbigo. Mais, querer mentir sobre um texto escrito (ainda mais na internet) é mais do que má-fé, é burrice!
Agora pode voltar a brincar pra não atrapalhar a conversa dos adultos.
Em tempo: não vou sair daqui porque você quer. Não fiz isso nem na treta com a Roxy, quanto mais pra agradar uma adolescente mimada.

Vicky_ disse...

Roxy, mas era bem isso que eu estava dizendo, que uma só medida, ainda mais a regulamentação, não resultaria em melhoria, se não deu minimamente certos em países de primeiro mundo, já podemos pegar o fio da meiada por aí.

Por um breve período, já fui a favor da regulamentação, mas para falar a verdade, no fundo, no fundo, sempre sentia que prostituição é uma violência contra qualquer mulher. Hoje em dia, é que realmente não consigo ser a favor disso, me dá um tilt contra tudo que defendo.

Anônimo disse...

(Viviane)
É nessas horas que eu queria muito saber rastrear IPs... pra tirar essa dúvida se você É a Vicky.
Enfim, não vou afirmar algo que não posso provar, mas a má-fé é bem parecida, a ponto de copiar o comentário, onde foi usado o termo "classe média" e confundir isso com "dondoca".
Mas, como disse o anon das 19h39, brigas de adolescentes cansam... não tenho mais idade nem paciência pra isso...

Anônimo disse...

Viviane, você tá achando que eu, que postei o comentário das 19:14, sou a Vicky?

Anônimo disse...

Viviane, você não percebeu que o comentário do Donadio estava carregado de ironia? Ele deixou claro que estava havendo uma postura protecionista de um pessoal da classe média, como se essas pessoas se julgassem iluminadas e estivessem falando, por isso, em nome das mulheres mais carentes. Ou seja, como se estivesse havendo roubo de protagonismo. E, na minha opinião, não há muita diferença entre dizer isso e chamar essas mulheres de dondocas, afinal qual é a definição de dondoca? É alguém de classe média alta, que não faz nada, que, geralmente, tem uma postura arrogante...Não entendi por que você invocou com essa palavra.

De qualquer forma, acabou ficando nítido que não são só essas pessoas financeiramente privilegiadas que defendem o fim da prostituição. Logo, não dá para dizer que só a classe média defende o fim pela falta de conhecimento de causa; na verdade, eu acho que o mais comum é que ela queira igualar esse "serviço" aos outros justamente por não o conhecer tão bem. Mas aí estou fazendo um juízo de valor e por isso posso incorrer em faltas, uma vez que "classe média" não é um grupo homogêneo. De qualquer maneira, acho que as pessoas que possuem melhor condição financeira nem estão tão preocupadas com as prostitutas....

Não sou a Vicky, só me manifestei, pois realmente não entendi sua postura. Você simplesmente ignorou o comentário enorme que a Vicky fez, não debateu o assunto em questão, e já partiu para a ofensa. Sim, você ofendeu, disse que ela usa subterfúgios, "se faz de ofendida", enfim não foi legal. O pior é que sei que vc não voltará atrás, não repensará sua postura, uma vez que, em uma das suas argumentações, usa o fator idade como o diferencial. Sabe, idade realmente não diz nada; há muitas pessoas com muitos anos por aí e que, infelizmente, não conseguiram se tornar uma pessoa melhor. E não, não me refiro a você, pois não te conheço, não sei sua idade, tampouco como é sua vida.


Enfim, discussões desse tipo na internet costumam ser improdutivas mesmo, principalmente quando cai o nível. Assim mesmo, acho sempre bom que repensemos nossa postura, não faria mal nenhum a você repensar a sua. E já que, devido à sua experiência de vida, você acredita ter mais a oferecer num debate, faça isso então, talvez, assim, você possa contribuir com outro ponto de vista. É mais legal agir assim que se portar como juíza.

André disse...

Vicky,

Eu também gostaria que nenhuma mulher fosse empurrada para a prostituição. Mas hoje a regulamentação, além de ser uma reivindicação de muitas prostitutas, contribuiria para reduzir a exploração e exposição das prostitutas à violência.

Vicky_ disse...

Obrigado, anon das 21:37, é difícil manter um diálogo em Blogs Feministas, mas discussões online nunca foram essa maravilha de praticidade. :/

Anônimo disse...

O jovem comentarista nunca ouviu falar de acidentes de trabalho, exposição a óleos e gases tóxicos, policiais que escondem a profissão e diferenças de prestígio entre assalariados diferentes. Ele nunca ouviu falar de vendedores e recepcionistas escolhidos pela aparência. Que tal discutirmos o que é honestidade intelectual?

Rafael disse...

Amiga(o) das 10:17 - Antes de falar em honestidade para os outros, deve-se sê-lo consigo mesmo.

Como eu disse acima, a menos que esteja havendo desrespeito à lei, nenhum trabalhador deve estar deliberadamente exposto a agentes tóxicos.

Para isso existem máscaras e vestimentas adequadas.

Perceba também que da mesma forma que escrevi acima, usei a palavra "deliberadamente". Acidentalmente é outra história. Acidente é acidente.

Uma prostituta (mesmo que um dia regulamentada, como querem muitos) fazer sexo (COM camisinha) com um cliente e contaminar-se com herpes não é acidente. É deliberado. Violência deliberada.


Conseguiu compreender ou vou precisar desenhar?

Thata disse...

Donadio 18/11 14:09
A classe trabalhadora não é "uma só", outras desigualdades afetam as pessoas tanto quanto a classe social.
Você, como homem, nunca saberá (dentre outras experiências de discriminação que as mulheres têm de suportar) o que é uma mulher pobre desempregada ouvir de um moleque (cujo discurso é socialmente aprovado e tido como não violento) que você tem como alternativa "se tornar prostituta"/ ser prostituída. Ou seja, dispor-se a servi-lo sexualmente - por conta de uma HIERARQUIA social e SEXUAL que o privilegia.
Ainda que ele pertença à mesma classe social que a mulher
¿Por que? é tão difícil enxergar tal desigualdade, ainda mais dado que a esmagadora maioria das prostituídas são mulheres, e NÃO homens.
Ambos os fatos, demarcações claras, RADICAIS, irredutíveis, viscerais, de desigualdade DE GÊNERO, considerando particularmente as mulheres pobres (prostitutas a la Bruna Surfistinha, **nesse sentido**, não são nada representativas)
(Isso bem "resumido" porque não adentrei questões raciais, desigualdades regionais etc.).

Thata disse...

Exatamente, Anon 18/11 21:07
Quem sustenta o tráfico sexual mundializado, quem perpetra os estupros contra mulheres escravizadas sexualmente, crianças e adolescentes prostituídas, dentre outras condições, são os tais "homens de bem", "normais", e não desconhecidos na penumbra das madrugadas (O estereótipo).
Concordo, estão nem aí pra tráfico, cafetinagem, escravidão sexual, abuso etc. Mulher traficada estuprada 20x por dia e espancada, não tem como "não perceber". Tem MUITO homem sustentando isso, pode ser qq um, e bem próximo de cada uma de nós.
Assim como a quantidade absurda de estupro por homem que a mulher conhece (não desconhecido, não um estranho), "date rape" e similares.
Enquanto, é claro, "protegem" (=controlam a sexualidade, ou tentam) as que consideram na obrigação de representar "santas" "virgens marias": esposa, filha, irmã, mãe.
Si fudê tudo isso, viu....
Não por coincidência, não concebem mulher ter prazer no sexo, não entendem *como* pode uma mulher transar muito e ~~não cobrar~~ (literalmente, comentários no blogue da Nádia Lapa/vida de Letícia)
Largar o osso de tamanho privilégio, por espontânea vontade, não vão mesmo.

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