domingo, 30 de novembro de 2014

MORALISMO É SEU PAU DE ÓCULOS

Eu nem ia falar mais nada sobre o professor intelectual de esquerda que tem o estranho costume de mandar selfie de pinto, mas algumas coisas ficaram tão ridículas que quero falar mais um pouquinho sobre o caso.
Umas pessoas não muito inteligentes disseram (não pra mim, mas de mim): Como é que ela ousa denunciar isso? Isso num tuíte. Poucos tuítes depois, vem este: Ela sabia do caso desde julho e não denunciou por quê? Omissa! 
Isso da mesma criatura. Mais de uma, até.
Agora pra críticas mais sérias. Respeito a Cynthia, mas acho que desta vez a amizade dela com o professor falou mais alto (leia aqui). 
Primeiro que não se deve generalizar a reação como ação de um feminismo misândrico e punitivista. Tirando mascus, que juram que eu sempre escrevo que "todo homem é um estuprador" (provem, por favor: um print só de algum texto meu já basta), quem acompanha este blog sabe que não sou feminista radical, que defendo que homens podem e devem ser feministas, que acho que punir nem sempre é a melhor opção, e mil e um outros posicionamentos que desagradam muitas feministas mas me deixam tranquila com a minha consciência.

É até divertido às vezes, porque, enquanto sou vista como A Feminista Radical por quem não entende absolutamente nada de feminismo, sou vista pelas feministas radicais como aquela uma lá que tenta agradar o patriarcado. Como se eu estivesse aqui pra agradar alguém! Se eu quisesse popularidade, seria uma reaça machista.

No seu texto, Cynthia diz que "falta alguém" com formação terapêutica para ponderar as emoções envolvidas e evitar ações precipitadas", assim como "falta alguém" com formação jurídica "para avisar que o método escolhido é inadequado" (aqui tem uma excelente resposta a este ponto, esta sim escrita por uma radfem).


Eu concordo. Falta muita gente pra acolher mulheres mesmo. Eu tento há anos incentivar alunas de Direito de várias universidades onde palestrei para fazerem um site com orientações online gratuitas. Para muitas vítimas que me procuram e que estão na universidade, recomendo sempre o coletivo feminista daquela universidade.
Mas tudo que vi neste caso foi gente dizendo que divulgar o ocorrido não foi o certo -- sem propor o que poderia ser feito. Denunciar a quem? Denunciar o quê? Eu sou uma das que acham que não houve crime. Não sei se mandar foto não solicitada do pau seja crime (mandar pra menor de idade é crime sim, mas não sei se o professor fez isso com a menina de 15 anos).

Mas, tipo, não é bacana. Vi feminista dizendo que isso não tem nada de mais, que faz parte da revolução sexual. Ahn, olha, pode ser que muita mulher e feminista adore abrir seu computador e pimba, encontrar lá um pênis inclinado à esquerda. Nada contra quem sinta tesão por isso. No entanto, em geral esta artimanha é usada como opressão, não como algo libertador. E como exibicionismo. E sim, poupem-me de explicar que tem gente com fetiche em exibicionismo, em sadomasô, em cuckold etc. Claro que tem, mas tudo deve ser negociado antes. Não foi o caso. Não é difícil de entender.

O fetiche do professor parece ser justamente a submissão, o controle, a humilhação, o poder sobre as mulheres com quem ele se correspondia/corresponde e, principalmente, sobre os maridos delas, "cornos" que ele queria amansar. Se ele só fizesse isso com quem quer participar desses fetiches, ótimo, maravilha, nem estaríamos aqui discutindo. Mas teve muita mulher que não gostou, que se sentiu abusada. São elas que denunciaram.

E acho absurdo a Cynthia dizer que é contra um feminismo que trata as mulheres como vítimas imbecis indefesas (também sou contra, e não vejo qualquer corrente feminista fazendo isso) ao mesmo tempo que ela sugere que as garotas que denunciaram foram "incentivadas" a tornar o caso público, como se elas não tivessem autonomia pra decidir. Cynthia sugere que elas foram vítimas da "manipulação da fragilidade alheia" -- manipulação não do professor, que escolhia as mulheres a dedo, procurando sempre as fragilizadas, as com culpa religiosa --, mas dessas perversas feministas que só querem fortalecer um "movimento político misândrico". 
Pelo que sei, cinco das muitas mulheres que o professor assediou se reuniram através do Facebook, e juntas, sozinhas, resolveram o que fazer. Só tenho contato com uma dessas cinco. Eu fiz o que podia fazer: a escutei, fui solidária, respeitei seu pedido de "por favor, não conta pra ninguém" (ela me enviou o primeiro de muitos emails no final de julho). Eu pensei que isso tudo nunca iria vazar, já que tanta gente conhece as histórias há dez ou quinze anos, e nunca houve denúncias, só fofocas (pra não perder a fé na humanidade, fiquei sabendo que muitos homens de esquerda já não gostavam do professor por causa dessas histórias).

Quando a moça que tinha me contatado em julho fez o Tumblr -- junto com outras mulheres --, ela me pediu ajuda para divulgá-lo. A intenção dela(s) é que outras moças saibam que aquele professor respeitado, feminista, de esquerda, que vive fazendo julgamentos morais em público, em particular contradiz tudo o que diz. E vira um predador, ao ponto de enviar para uma menor de idade prints de um caso de "amansar corno" do qual ele mais se orgulha: o de um policial que apontou uma arma na cabeça da esposa que o traía. Porque violência doméstica e ameaça de feminicídio são não apenas piadas, como também estratégias para seduzir uma menina de 17 anos.
E como se pode falar em "ações precipitadas", se essa menina passou por esse assédio há três anos? Se a moça que entrou em contato comigo guardou a história -- que pra ela foi uma violência -- durante meses? Anos, meses em silêncio. Elas não me pareceram exatamente precipitados.
E assim, true story: uma feminista nada radical, ao conhecer os detalhes da história, contou para as vítimas que, quando conheceu o professor pessoalmente, anos atrás, já tinha ouvido falar bastante sobre ele mandar fotos nu para várias mulheres. Ela perguntou pra ele por que isso, e ele negou, constrangido, e disse que tinha um casamento aberto. A explicação não a convenceu e, a partir de então, essa feminista tentava avisar discretamente qualquer menina de quem ele se aproximava. Segundo ela, se ela soubesse da "abordagem tão agressiva", teria se pronunciado há mais tempo.

Porém, pra um montão de gente, principalmente os amigos e amigas do professor, e os inimigxs de tudo quanto é feminismo em geral, tudo isso jamais deveria vir a público. O cara deveria poder curtir a vida adoidado tranquilamente, sem ser incomodado por essas beatas moralistas que fazem o maior escândalo ao ver um pau. Nunca viram? Não gostaram? É só deletar, ora! Deixem o cara tão liberado em paz, suas mal-amadas!
Que outras bobagens li e ouvi? Ah sim, a maior de todas deve ter sido esta, vinda de um outro professor universitário, amigão do arauto da revolução sexual: 

Certo. Tudo não passa de um plano sórdido do PT para difamar seus inimigos. Não existem mulheres que se sentiram agredidas e o denunciaram, não existem prints (é tudo forjado ou, no mínimo, editado), não existem relatos, é tudo criação de uma petista (eu!) calhorda e moralista (eu! eu!). É, o cara me chamou de bispa calhorda antes de deletar seu perfil no Twitter.
Como eu não tenho cojones mas tenho peito, e como não sou obrigada a ouvir esses desaforos com um sorriso no rosto, vou responder: cara, calhorda é você, que faz e fala qualquer coisa pra blindar o amigo. E nem você nem ninguém me intimida. Sou professora universitária que nem vocês! Vá abusar das relações de poder com suas alunas!
Ok, fim da carteirada no carteirudo ignóbil. That felt good!
Eu realmente tenho muito poder. E alguns dizem que o feminismo é vitimista.
Bom, não vai dar pra comentar um por um dos absurdos. Só que o Nassif não perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. Ao linkar meu texto, ele aproveitou para dizer que, tadinho, em 2010 foi alvo de linchamento de feministas comandadas pelo professor. É impressionante: o tempo passa, o tempo voa, mas o machismo sem noção do jornalista continua numa boa. Putz, Nassif: o professor não comandou coisa alguma. 
Foi a Cynthia (que ultimamente deu pra crer que mulheres precisam ser comandadas) que chamou a atenção pro seu deslize. Aí euzinha escrevi um post. Seu problema não foi ter colocado a palavra feminazi no título (aliás, é muito difícil decifrar ao que um termo como feminazi se refere? Gayzista e Gaystapo também?), foi ter publicado todo um post misógino de um mascu no seu site. Daí, quando contestado, agiu com agressividade típica
O professor só entrou na onda duas semanas depois. Inclusive, ele escreveu um bom texto sobre quem estava considerando os questionamentos a você, Nassif, um linchamento. Reproduzo uma parte daquele texto aqui. Vai que pode ser didático pro caso de agora:

Sim, de fato causa constrangimento ver críticas de feministas sendo tratadas como linchamentos. Nisso concordamos.
Pra terminar o surrealismo, Túlio, marido da Cynthia, também escreveu um texto, que pode ser resumido em poucas frases: "Não quero falar do meu amigo, mas nada do que ele fez é crime e como não é crime vocês não podem falar sobre isso e como falaram vocês vão ser todas processadas".
Bela forma de mostrar empatia por mulheres que se uniram pra denunciar o que elas consideram um abuso! Espero que, algum dia, essa esquerda feminista dedique às mulheres (inclusive a mulheres feministas que são xingadas, julgadas moralmente, ameaçadas de morte e estupro, sem que ninguém diga nada ou ofereça assessoria jurídica) um décimo da defesa que oferece ao amigão que teve cassado seu livre direito de enviar selfies de pinto. 
Sim, coragem continua sendo enfrentar todo um sistema que insiste em perpetuar preconceitos. E moralismo é seu pau de óculos. 

246 comentários:

«Mais antigas   ‹Antigas   201 – 246 de 246
Anônimo disse...

"ser vítima não significa ser incapaz, inválida, fraca e irracional"

Exatamente. Ser vítima é ser coagida, ameaçada, drogada, embebedada, espancada, ser submetida pela força e todos esses casos que já conhecemos.
Errar, fazer um julgamento errado e depois se arrepender não é ser vítima. É ser humana. E ainda bem que somos todos humanas, passíveis de erros e além de apontar o dos outros, temos que ser conscientes dos nossos.
Eu erro muito, graças a deus, não sou vítima da vida por causa disso.
Não vou achar bonito o que o professor fez, mas não vou entrar nessa de que toda mulher é uma vítima toda vez que erra ou passa por uma situação ruim.

Anônimo disse...

A história está tão maniqueísta que até o fato da menina dizer que estava mantendo a paquera porque queria ajuda pra entrar no mestrado, está sendo relativizado, vitimizado.
Daqui a pouco vai ser digno de palmas...
Que ele seja punido por se envolver com menores de idade, que seja visto como o idiota que realmente é e não como o que fingia ser.
Mas essa história de manipulação e sedução de mulheres casadas tá parecendo coisa lá da década de quarenta, cinquenta, quando homem podia denunciar o outro porque havia seduzido a sua mulher.
Se eu fosse amiga de uma delas, já tinha chamado pra uma rodada de chopp e pra uma boa conversa. Elas precisam é de empoderamento e não de tapinhas nas costas que não fazem ninguém sair do lugar.


Anônimo disse...

"Se fosse uma mulher, professora, blogueira famosa metida nisso a conversa dos defensores do prof. seria totalmente outra... e duvido que iam deixar de publicar as fotos onde ela tivesse se exposto mais..."

FATO

Anônimo disse...

Anônimo disse...


"Não é pedofilia. Não existe crime de pedofilia.

A lei não trata nada como pedofilia, porque não existe pedofilia na lei. Não existe nenhum crime na lei denominado "pedofilia".

Não existe nenhuma definição legal para a palavra "pedofilia".

Pare de se basear na televisão, que chama de "pedofilia" várias coisas nada a ver, só para polemizar e aumentar a própria audiência.

Pedofilia é apenas a atração primária por quem não alcançou a puberdade (gente com menos de 9 ou 10 anos). É uma definição médica de uma parafilia e só."


Corretíssimo, porém tem gente que tem dificuldade de entender o óbvio.

Você sabia que a maioria dos formados em universidades são analfabetos funcionais?

Pedofilia também é bastante usada para xingamentos.

Esse pessoal destrói os conceitos das palavras. Pior é ver psicólogos e advogados usando mal o termo que deveria ser restrito ao uso clínico.

Nunca vi ninguém falar que alguém foi preso por "cleptomania", ou xingar alguém de "cleptomaníaco"

Deve ser por que furto, roubo, ladrão são palavras mais fáceis de falar. Sorte da palavra "cleptomania", e suas variações, que pode descansar em paz no seu ambiente clínico, sem ninguém para corrompê-la em usos indevidos.

André disse...

Até agora os defensores do prófi podem ser divididos em três grupos:
1) Os "corajosos", que o defendem abertamente.
2) Os sutis que "não são machistas, mas (porrada nas moças)" ou "não querem discutir o caso, apenas uma questão pontual (em geral alguma incoerência da moças)".
3) E os covardes, que ficam quietinhos mas linkam os textos do segundo grupo.

André disse...

Anônimos,

Assimetria sempre existe, mas se um cara xingar a parceira de chorume humano por não querer realizar uma fantasia sexual dele eu duvido que tantos doutores e feministas saiam em sua defesa. Por isso que a assimetria nesse caso não é pequena.

André disse...

Anônimo,

Acho que todo mundo já entendeu que o crime de pedofilia não está no CP. Mas pra que tanta insistência, qual a importância disso? Quantos comentários cobraram que ele fosse processado por pedofilia? A pedofilia como um comportamento errado não existe? Se existe a pessoa não pode criticá-lo?

Patrick disse...

Nunca antes na história deste blog as vítimas foram alvo de tantos ataques.

A maior parte deles se concentrando no fato de que a primeira vítima a vir a público era casada.

Sendo casada, pode ser abusada, é isso?

"Não, seu bobinho, lembre que ela não rechaçou ele de cara, apesar de ser casada".

Ah, tá, depois do primeiro sim vale tudo, né, afinal ela era casada!

Esperava esse raciocínio dos mascus, mas de tanta gente "descolada", pra mim é uma surpresa.

E depois a Lola é que é moralista, hein?

roseanjos disse...

Mulheres que tem fotos vazadas na Internet mereceram, são vadias, não merecem respeito...
Agora, só porque denunciaram um homem que envia pinto e abusa psicologicamente de mulheres é esse alvoroço.
Realmente, coitadinho.

roseanjos disse...

Pois é, se fosse uma mulher seduzindo um garoto de 15 anos, estariam aos brados pedindo cadeia. Que perdesse o emprego,a imoral.

Anônimo disse...

por que motivos foi apagado um dos relatos do tumblr?

Ana A disse...

As pessoas que defendem o Idelber costumam "esquecer" das menores na sua argumentação. Eu cheguei a ler ontem no facebook de um editor que as mulheres que fizeram o Tumblr eram "todas casadas". Como assim? Todas casadas? O sujeito não leu? É de uma má fé impressionante. O comentário do Patrick aliás, é perfeito.
Além disso, tenho a dizer que o feminismo não é mais necessário.

Afinal, se as mulheres podem se defender sozinhas, se era só terem dito não, pra que feminismo, não é?

Aliás, todas as lutas contra a opressão não devem ser mais necessárias. Vamos empoderar os sujeitos, considerá-los vítimas é muito mimimi.

Patrick disse...

por que motivos foi apagado um dos relatos do tumblr?

Pedido da própria vítima do relato. Não deve estar fácil enfrentar toda a solidariedade que o abusador está recebendo e o tanto de dedos apontando pras vítimas e passando pente fino em cada virgula dos seus relatos.

Unknown disse...

Lola você não publica vários comentários contrários a seu ponto de vista, quero ver se você publica este, vou fazer um print e jogar para todas as pessoas conceituadas do Facebook que estão no debate deste caso como o Pablo Villaça, Cynthia Semiramis e outros, para provar que você esta sendo tendenciosa e só publica os comentários que você concorda para assim induzir o leitor.

Caso tenha coragem para ser imparcial e publique, deixarei para os leitores que quiserem ler duas análises séria do ponto de vista de feministas sinceras e honestas com a realidade dos fatos neste caso e não apenas táticas de vitimização e infantilização da mulher que só diminuem as conquistas femininas e sua emancipação, leiam estes dois textos de feminista com F maisuculo e interessadas em discutir o fato com imparcialidade. Segue os links:

Link 1: http://cartacampinas.com.br/2014/12/e-preciso-falar-sobre-o-caso-idelber/

Link 2: http://panenopantano.cartacapital.com.br/2014/12/e-ai-resolvi-escrever-sobre-o-caso-idelber

Anônimo disse...

Patrick, eu reli o post e não encontrei o "não" depois do primeiro "sim".

"Não" depois do primeiro "sim" é o da moça que foi até o motel, não quis ser chamada de puta e depois foi desmoralizada por isso. Ou seja, abuso da parte dele.

Ou querer trocar sexo por vaga na universidade (que eu considero assédio e profissionalmente antiético), como ocorreu no outro relato.

Topar ter um caso com blogueiro famoso, machista e nojento (e decidir que não quer mais depois de um tempo) é um direito que todas temos.

Anônimo disse...

"Se ele só fizesse isso com quem quer participar desses fetiches, ótimo, maravilha, nem estaríamos aqui discutindo. Mas teve muita mulher que não gostou, que se sentiu abusada. São elas que denunciaram."

Eu concordo com isso, com um ÚNICO e ESSENCIAL problema: elas não demonstraram não gostar da conversa enquanto ela acontecia, só depois. Ou tem algum print secreto por aí que eu não li?

Anônimo disse...

Eu sou mulher e me sinto ofendida com os comentários do André, que insiste em nos ver como seres incapazes de tomar qualquer decisão.

Em nenhum momento as pessoas aqui aprovaram a atitude do tal professor, ela é condenável e nem tem que discutir isso.

O professor tinha uma posição mais alta que as das moças, mas não considero como uma relação de poder. Eles nem conviviam juntos, não é como um chefe e uma funcionária, onde ele poderia usar sua hierarquia para assedia-la.

As mulheres devem ter ficado impressionadas por um professor universitário tentar algo com elas, mas se elas o recursassem nada aconteceria. Era fácil elas simplesmente bloqueá-los, mas continuaram a conversa porque queriam.

André disse...

Eu sou hhc(homem, hétero, cis) e sim, admito, já sofri assédio sexual no trabalho e sim, já tive minha quotas de relacionamentos ruins ou abusivos que demorei para cair fora. Não é "exclusividade femininina"(Isso me faz ter empatia, não achar que assédio contra mulheres seja problema menor).

No caso citado, não estamos falando de apenas mais um tiozão tarado, mas de alguém com posição de poder. É óbvio que seria bem mais dificil para você se indispor com alguém que pode te emprestar prestígio ao te escrever a orelha de um livro ou que pode te ajudar a conseguir bolsas de estudo nos EUA.

Aliás, a reação dos amigos dele demonstra os problemas de se indispor com ele e de como não seria tão simples assim bloqueá-lo.

Anônimo disse...

Pompeu, obrigada por postar os links da Socialista Morena e da Maura.

Muito melhor do que ficar nessa caixa de comentário lendo homem pró-feminismo falando com tanta propriedade e insistência pra nós mulheres, o que é certo, o que é errado, como a gente tem que enxergar situação. (por isso fiz a ironia de entregar minha carteirinha de feminista pra eles)
Só discordo quando você diz que a Lola não publica comentários contrários ao posicionamento dela.

Anônimo disse...

Eu não conheço o Idelber, nunca tinha ouvido falar. Mas concordo com a maioria do exposto acima. Não creio que usar de sua fama e poder pode ser considerado crime. Se assim fosse qualquer mulher que tivesse ido para a cama com o Fábio Júnior, Luan Santanna ou Dedé Santanna poderia usar este argumento de que é uma "vitima" que foi seduzida por um homem poderoso. Menos, né? Excetuando-se casos de constrangimento, engano, má-fé, assédio, etc... não vejo como criminalizar adultos por entrarem em jogos sexuais consensuais. ENTRETANTO, falaram que uma vítima era menor. Bem, aí a coisa muda de figura, e isso é tipificado na lei. Não é admissível nenhum "joguinho", mesmo mostrar o pinto, quando se trata de menores.

Sempre tive bronca com caras que se aproveitam de sua posição para usufruir de vantagens sexuais. Lembro de conversar sobre isso com uma amiga americana quando da condenação de um médico americano por assédio sexual às pacientes. Disse a ela que esta assimetria de poderes, em função da posição de destaque do médico, colocava a relação como abusiva. Falei também que o mesmo podia ser observado na relação entre professores e alunas, principalmente o que eu soube que rolava com os "mestres" pop stars dos cursinhos pré-vestibular. Para mim era a mesma relação abusiva. Mas concordo também que isso não é um crime (entre pessoas adultas), mas uma agressão à ética.

Para mim este caso ficou claro: uma situação em que a sedução se fazia pela postura "superior", de uma pessoa aparentemente pareada com as ideias feministas e com uma visão de vanguarda. Vamos deixar claro: quem não? Quem não se seduziria com este tipo de discurso e atitude de uma celebridade? Quem não aceita "carinhos" de uma pessoa importante que parece nos notar? Quem não se envaidece com a atenção desses personagens? Aí é que entra o dilema ético, e aí é que Freud se mostra sempre atual: "Não vos deixei seduzir pelo discurso de suas pacientes, jovem doutores. Não é para vocês o elogio, mas para quem vocês representam". Assim, ao assumir esta posição fantasmática para a admiradora, ele (ab)usa de sua instância de superioridade para auferir vantagens de ordem sexual (mas poderia ser econômica ou política). O dilema, ao meu ver, é essencialmente ético.

Todos temos um "lado B", e isso não é crime. Alguém aí falou da frase do escritor Nelson Rodrigues "Se cada um soubesse o que o outro faz dentro de quatro paredes, ninguém se cumprimentava", mas o problema é "passar ao ato", constranger, humilhar e tirar vantagens com isso. Para mim atitudes sempre condenáveis. Sinto pelas mulheres que se sentiram manipuladas e traídas em sua confiança, mas também pelo professor, traído pela volúpia e pela insensatez. Que todos possam um dia se recuperar....

Anônimo disse...

Agora que li o comentário da anônima de 12:19.
Que bom que não sou a única incomodada.
Acho que esse é um momento ótimo pra mulheres se juntarem e discutirem seus posicionamentos, ainda que contrários.
Não é momento pra homem ficar postando duzentos comentários pra impor sua opinião.

André disse...

12:19,

Eu não escrevi isso em lugar nenhum. Só insisto que havia uma assimetria importante na relação. Isso não implica em crime nem que nenhuma mulher conseguiria resistir às técnicas do professor (que passou anos escrevendo sobre a opressão feminina e, segundo o próprio, participou pessoalmente de grupos de apoio à essas mulheres), tanto que nos próprios relatos algumas mulheres o fizeram. O que você está afirmando é que se não houver uma hierarquia tipificada, de modo a configurar um crime, então ninguém deve meter a colher?

Unknown disse...

O que torna o estranho caso do professor difícil de ser caracterizado é que ele transita no limiar entre crime e fetiche, entre assédio/abuso e consentimento. Uma abordagem legalista que se limite ao viés criminal é sabidamente insuficiente para tratar uma ampla gama de formas de dominação e violência, e o é neste caso também – embora em relação às menores de idade o enquadramento penal seja mais visível. Em relação às mulheres que não deram seu consentimento e não se abriram ao jogo do agressor, o crime de assédio sexual é também perceptível, e o fato de o ato de assédio ter sido praticado por meio virtual não descaracteriza o crime. Se eu mostro meu pau pra uma colega de trabalho ou para uma admiradora virtual, trata-se de assédio do mesmo modo. Mas houve mulheres que consentiram com esse jogo, e neste ponto o problema fica mais complexo e extrapola o campo jurídico. Alguém pode pensar que consentimento é consentimento e ponto, mas o consentimento, embora seja central em qualquer discussão sobre práticas sexuais, não necessariamente é expressão de uma vontade legítima. Nem todo consentimento formal é um consentimento substancial. A pergunta é: quando podemos considerar um consentimento manifesto ou implícito um não consentimento, um consentimento ilegítimo? Essa é uma pergunta complicada porque em tese só os sujeitos de uma relação consentida podem julgar seu consentimento, e julgar por eles é paternalismo e vitimização. Mas o limite da noção de consentimento esbarra no pressuposto de que o consentimento implica duas pessoas formalmente livres e iguais. Como materialmente as pessoas não são livres e iguais, e isso é ainda mais verdadeiro no caso das diferenças de gênero, o que aparece como consentimento na superfície pode esconder opressão e dominação em seu âmago. A questão avança, assim, para o terreno sociológico das relações de poder. O cerne da questão não está em que algumas mulheres consentiram e outras não, ou em que uma que havia consentindo decide interromper com seu consentimento e eventualmente não tem sua decisão respeitada; ele também não está no tipo de prática sexual que ele e elas estabeleciam, pouco importa se consideradas imorais ou não. Antes, o cerne da questão está em que o professor utilizava de sua posição de prestígio e influência, de seu capital cultural e social, para manipular, assediar e oprimir suas vítimas sexuais, barganhando ou não seu consentimento; este em que os valores e princípios defendidos publicamente pelo professor eram apenas uma fachada para seu comportamento privado antinômico, ou seja, além do assédio em si, o caso é agravado pelo discurso público feminista do professor, o que lhe permitia acesso às vítimas e conquistava seu respeito e admiração. O que eu estou tentando dizer é que o fato de algumas mulheres terem “consentindo com o abuso” (sic) não necessariamente descaracteriza o abuso. Somos em princípio contra linchamento público, e não se trata de fazer justiça com as próprias mãos como alguém pode supor. Mas essa é uma reação coletiva legítima de autodefesa de um grupo oprimido contra um indivíduo que participa dessa relação de opressão e que, ainda pior, pretendia se colocar do lado das oprimidas. Tal reação só pode ser pública, solidária, de denúncia e agitação, ainda mais no caso desse indivíduo em particular, que se escondia atrás de virtudes públicas para cometer vícios privados, e isso implica, sim, desconstruir sua imagem pública, sua reputação (falsa) e sua carreira.

Anônimo disse...

Patrick, todo mundo tem o direito de se solidarizar ou não com alguém fazendo merda. Gritar "vítima" e "feminismo" não é como invocar algum feitiço que simplesmente apaga a consciência das pessoas.

Anônimo disse...

Anon das 12:19, concordo com tudo

Roxy Carmichael disse...

andré e patrick:

amo vocês,mas acho que nesse caso específico vocês tão forçando a barra.

ao patrick sugiro que leia meu comentário no post anterior (é um dos últimos, pra ficar mais fácil de localizar :-)

andré:cadê o grupo das pessoas que acham que o cara é um tremendo porco chauvinista, e que defende que as mulheres tenham agência, se imponham por sua dignidade e pela dignidade daqueles que amam, e gozem de preferência sem culpa ao lado de pares/companheiros/címplices sejam one night stand ou não, e não numa relação assimétrica degradante que apenas reproduz o senso comum de que pra mulher "antes mal acompanhada do que só", "melhor ser a grande mulher por trás do grande cara do que ser simplesmente a GRANDE MULHER".

Porque outro dia veio um cara aqui falando que se sente maior incomodado com uma mulher mais atraente mais rica e mais inteligente que ele. Por que será? Porque um cara inseguro precisa de assimetria pra se autoafirmar. Mas já parou pra pensar porque tem um bando de mulher que não só banca esse tipo de raciocínio como adora ser a mulher menos rica menos inteligente do que o cara? Porque por incrível que pareça se afirma também nessa assimetria. Ela não se interessa tanto em ser o sujeito, e sim o objeto da cobiça do sujeito que se destaca quer pela beleza, ou riqueza, ou inteligência.

Então poxa, não é difícil de entender, eu pelo menos acho que esse depoimento da C. é exemplar na sustentação dessa dinâmica. E esse depoimento podia servir pra desconstruir essa dinâmica. Por que ficar abilolada por ser escolhida pela sub-celebridade, ao invés de preferir escolher? Escolher alguém que te trate bem te chamando de putinha ou não? Alguém que te faça rir e te faça se sentir confortável, insisto, chamando de puta ou não?

Vi num blog hoje um comentário que achei o mais acertado de todos: ao invés de se curtir com um par, buscou-se voluntariamente a assimetria. O cara poderia perfeitamente ser professor, blogueiro sub celebridade e ainda assim, ser simétrico, mas não era o caso, como foi demonstrando ao longo das conversas cada vez com mais intensidade.


então porra pera aí! feminismo é sobre direitos, responsabilidades, é sobre autonomia, é sobre liberdade. essas três palavrinhas não me parecem nem um pouco coerentes com uma postura condescendente (nesse caso, que fique bem claro!!!!) que tenta confinar mulheres ao papel de indivíduos sem capacidade pra reagir, se defender, se impor diante de uma manifestação de insulto, objetificação. Podemos discutir a clareza dessa manifestação? Claro que podemos! Podemos entender que diante desse terreno nebuloso - o tesão, o fetiche, a carência, a não clareza da manifestação de insulto - não foi possível esboçar uma reação mais afirmativa? Claro que sim. Mas essa linha de raciocínio envolve também a responsabilidade e o debate sobre os jogos de sedução recheados de assimetria, machismo, humilhação, e não, a exposição meramente catártica do cara e o apoio igualmente catártico, maniqueísta e condescendente às mulheres que o expõem.

Agora o que não se pode ignorar é algumas reagiram sim, e coincidentemente, numa situação que era bastante mais complicada: ao vivo e em cores, num motel. Falta de empatia com as outras? Definitivamente não. A empatia é tanta que se recomenda que elas reajam e desconstruam na prática mitos que vigoram há séculos com o único intuito de confiná-las nessa posição de passivas, de presa, de objeto e não de sujeito. E não digo nem em função da não reação, da não rejeição, mas no sentido dum gozo confuso e cheio de culpa. É preciso se conhecer, saber o que te faz gozar, quais são seus limites, com carinho, não com culpa, condescendência e repressão. E é só a partir desse conhecimento que será possível gozar com um putinha pronunciado ao pé do ouvido, ou ainda rechaçar o putinha pronunciado ao pé do ouvido (que fique claro que esse exemplo pontual não resume nem de longe a questão!)

Anônimo disse...

O fato dele ter a maior culpa não tira a responsabilidade e escolha do adulto quem quis continuar conversando com ele apesar da foto intima e da forma como ele falava. Mas também o fato da maioria querer continuar falando com ele não tira o fato dele ser abusivo e de ele estar errado. Mas os extremistas de ambos os lados não querem ver isso por opção. Preferem ficar nesse mesmo discurso de que "se não concorda comigo esta querendo culpabilizar a vitima e não tem empatia ou solidariedade" ou "se não concorda comigo quer transformar o cara no grande vilão", enquanto não é um lado dos dois extremos, tem que ser o outro lado. E assim caminha a humanidade.

Julia disse...

Anon 2 de dezembro de 2014 19:55


A Lola colocou um link para esse comentário no twitter, não passou despercebido.

Patrick disse...

Se alguém de boa fé (vai que, né?) estiver comprando esse argumento da "liberdade individual" para desacreditar as vítimas (bem em sintonia com nossa contemporaneidade neoliberal, como bem disse a Nádia Lapa no twiiter), segue sugestão de leitura aqui mesmo do blog da Lola: Até onde obedecer?

Anônimo disse...

A Lola escolheu o pior dos relatos para falar do caso, que foi o de uma mulher que apesar de saber o que ele queria quis continuar tendo contato por pelo menos algum tempo e quando deletava não resistia e aceitava voltar a falar com ele de novo. Foi uma conversa consentida na maior parte deste caso e que causou uma certa empolgação sexual nessa mulher por ele. Ao contrario do que algumas feministas acusam, não é uma questão de julgar a moral dessa mulher e sim de esclarecer que em alguns casos a conversa foi consensual entre adultos a partir do momento em que ela sabia o que ele queria. O relato serviu para alertar muitas mulheres que não gostam desse tipo de conversa para que elas caiam fora logo e denunciem. Teve casos de mulheres que cortaram logo a conversa, que se sentiram intimidadas por ele ou ate com medo dele. Ele assediava muitas mulheres, não importa se eram casadas ou não e alguns casos ate com menores de idade. O fato dele ser um homem poderoso e influente no meio intelectual e acadêmico no Brasil e exterior acabava sendo uma arma de sedução através do poder na qual ele se utilizava. Apesar de algumas mulheres terem se interessado de verdade por ele, não deixa de ter sido errado ele assediar sexualmente as mulheres mandando foto pelado do nada e vindo com conversas sexuais. Se ha tantas denuncias contra ele, santo ele não era. Então o errado foi ele, pois a maioria das mulheres odiavam o assedio dele, paravam de falar com ele e denunciavam ele pelas fotos dele de nudez. Elas já denunciaram ele e com razão. Em casos como esses a exposição acaba sendo inevitável por se tratar de conversar pela internet. Vamos ver o resultado.

Anônimo disse...

O fato dele ser um hipócrita que se diz homem feminista e na verdade é um mascu disfarçado não faz dele um criminoso. Mas ele se aproveitou da fama entre as feministas para assediar mulheres que na maioria das vezes desde o principio demonstraram que estavam desconfortáveis e constrangidas com isso.
Ele ser machista não foi o crime, mas cometer abuso sexual no mundo virtual sim e ele realmente fez isso de acordo com vários prints mostrados, incluindo com uma menor.

Anônimo disse...

Pois é, se fosse uma mulher seduzindo um garoto de 15 anos, estariam aos brados pedindo cadeia. Que perdesse o emprego,a imoral.

Atualmente sim, mas antigamente isso não era visto de forma negativa, ao contrario, o menino que fosse seduzido por uma mulher mais velha era premiado, era o machão. Tanto que vários machistas no passado levavam filhos netos de 11 anos de idade para perder a virgindade em bordeis com prostitutas. Ate mesmo o antigo crime de sedução só existia para a mulheres como as vitimas. E no caso do homem que matava o amante para limpar a honra da esposa seduzida ou no caso do pai para matar o sedutor que desonrou a filha dele.
Para meninos essas coisas de pedofilia relacionado a mulheres mais velhas seduzindo menino mais novo não existia e virou novidade agora.
No caso das mulheres ou eram as seduzidas ou eram a sedutoras que lavavam o homem a pecar, ou 8 ou 80 e algumas feministas parecem que estão querendo que o assedio na verdade se torne o antigo crime de sedução muito famoso ate a primeira metade do séc XX na qual a vitima geralmente virgem e menor de idade era enganada com promessas de amor eterno e casamento. No mundo atual a vitima neste caso, na maioria das vezes adultas, seriam enganadas com promessas de uma carreira acadêmica e profissional no exterior.

Anônimo disse...

não achei que fosse viver pra ver piroco virando rad

Patrick disse...

Patrick, todo mundo tem o direito de se solidarizar ou não com alguém fazendo merda.

Sim, e eu escolhi me solidarizar com a mulher que, por ser casada e adulta, está sendo trucidada por comentaristas em sua maioria ao amparo do anonimato.

Posso? Ou só é permitido ser solidário ao remetente de pintos não solicitados?

Preciso lembrar ainda que, ao invés de pedir desculpas, ele ameaçou processar as garotas? Puxa, como ele tá precisando de solidariedade, hein?

Agora, quer ouvir a opinião de Idelber Avelar sobre abuso sexual e "linchamento virtual"? Aqui vai: (fonte)

O que? “Perseguição”? Você chama um post investigativo desses de “perseguição”? Aponte por favor uma frase do texto que tenha conteúdo persecutório.

“Inveja”? De vocês? “Dor de cotovelo”? De vocês? EU? Rapaz, um pouquinho de senso do ridículo.

“Destruir, destruir, destruir”? Quer dizer que O PT-BH esconde (ou se omite ante, dá na mesma) um dirigente partidário condenado por estupro DURANTE CEM DIAS, sem fazer nada, deixa o cara lá assinando fichas de filiação, o cara É PRESO COMO ESTUPRADOR DE CRIANÇA, passam-se VINTE DIAS, o PT não dá uma satisfação, e quem está apurando fatos e relatando-os é quem “destroi”?

Cara-de-pau tem limite.


“Temos muitos inimigos pra cuidar”. É mesmo? Tão perigosos assim que não permitem uma declaração sobre um estuprador DE CRIANÇAS que dirigia o partido? Quem são esses inimigos? A Monsanto? O Sarney? A Kátia Abreu? A Camargo Corrêa? Ah, esqueci, esses são os amigos!

“Fogo amigo é nojento, asqueroso”? Quem é você pra determinar quem é meu amigo? Entenda: eu não o conheço, não sei quem você é, não sou seu amigo e não lhe dou a liberdade de determinar quem devem ser os meus.

Quando escrevo, meus amigos são minha consciência e meu compromisso com a busca da verdade.

Um espelhozinho de vez em quando é bom. Passar bem.

Anônimo disse...

Se a maioria dessas vitimas não perceberam o jogo de manipulação sem se interessarem nem um pouco pela situação, isso também é grave, pois a situação pode se repetir mais vezes com essas mesmas mulheres em outros casos.

Anônimo disse...

Acho complicado criminalizar relações virtuais entre adultos, mas as blogueiras feministas não iriam comprar esse barulho todo a troco de nada. Existia uma relação e uma das partes se sentiu assediada.

Anônimo disse...

Tem uma vitima que marcou um encontro com o professor e ele não compareceu e então ela resolveu denunciar?

Anônimo disse...

So a discussão de onde ate quando uma conversa entre adultos pela internet é assedio ate mesmo depois da conversa continuar apos a foto pornográfica ou se uma das mulheres se sentiu atraída pelo cara chegando ao ponto de marcar um encontro com ele já é motivo para vc ser automaticamente acusado de estar culpando as vitimas e defendendo o cara. Sendo que não culpou vitima nenhuma e nem se quer defendeu o cara. Comentários que questionam isso é logo bloqueado pelas blogueira feministas.

Para o pt isso é triste, um petista a mais sendo desmascarado como machista. Ja não basta tantos escândalos envolvendo o pt na corrupção. Esse dai acaba de virar companheiro do Netinho como as decepções machistas da esquerda. Mais uma baixa para o pt e a esquerda brasileira.

André disse...

Roxy Carmichael,

Sim, pode-se achar o professor um canalha e não ver algumas das moças do relato como vítimas. Isso não configura necessariamente uma defesa do professor, embora eu ache bem problemático ignorar que são vários relatos (alguns bem escabrosos, embora, talvez, não criminosos) e que cada mulher pode ter um nível de agência distinto. Acho muito indadequado o raciocínio "se fosse eu não faria ..." e se concentrar apenas no caso mais ambíguo (o que eu não consigo deixar de ver como uma defesa sutíl do professor).

Concordo que jogos de sedução recheados de assimetria, machismo, humilhação podem exigir debates mais aprofundados e que a catarse nunca é positiva. Mas em posts sobres PUAs costuma-se exigir isso de forma tão assertiva? Além disso, quanto da catarse que se formou nesse caso não foi fruto das defesas que o professor angariou? Não entenda isso como uma imposição de como as feministas devem agir, não é minha intenção, mas isso me parece um indício claro de que ficaria muito difícil que a denúncia fosse feita de outra maneira. Quinze dias atrás, sem os prints, eu teria sérias dúvidas sobre esses relatos.

Anônimo disse...

Lola, sou homem e já me relacionei com várias mulheres via internet, inclusive mandando selfie de pinto, de acordo com o termo que vc usou. Dei uma lida nos prints das conversas do prof. de esquerda e vc tá coberta de razão, não tem 'irmandade masculina' que justifique a defesa do que ele fez, não. Uma relação saudável entre duas pessoas é bem diferente de tudo aquilo que eu li ou sei lá, eu sou moralista, pq por mais que minhas conversas caiam em papos sexuais e sacanagem, o tom é diferente, é mais recíproco. Aquilo não soou nada recíproco, mútuo, mas imposto, forçado, sei lá. Me deu até um nó no estômago e estou avaliando os meus relacionamentos pra ver se em algum grau já agi dessa maneira e me retratar. Obrigado por expor essa questão.

Anônimo disse...

"Pois é, se fosse uma mulher seduzindo um garoto de 15 anos, estariam aos brados pedindo cadeia. Que perdesse o emprego,a imoral."

Você vive em qual planeta?

Tá cheio de rapazes por ai fazendo sexo com mulheres mais velhas (professoras, conhecidas, etc.) e eles se consideram sortudos por isso.

Já com a mulher, sempre há o moralismo medieval da "honra", do "ser usada", como se mulher não tivesse o direito de protagonizar a sua própria sexualidade. A mulher ser menor de idade é apenas a desculpa para justificar a repressão sexual.

A natureza não tá nem a para a maioridade civil.

A maioridade civil é um mero atributo social, de direitos e deveres de um cidadão. Não tem a ver, em nada, com sexualidade.

O país é laico e deve respeitar a individualidade de cada um, sem moralismos.

Anônimo disse...

Posso? Ou só é permitido ser solidário ao remetente de pintos não solicitados?

O problema é todo seu. Ninguém aqui veio querer te impedir disso, rapaz. Foi você que julgou os comentários alheios como se ninguém pudesse ter opinião diferente da sua e como se feminismo fosse atestado de doença mental.

Anônimo disse...

Todo mundo sabe que existe professor exigindo sexo para orientar alunas. Mas falar isso em público, principalmente do professor feminista, de esquerda, que vai até na marcha da maconha, é esculacho. Eu já estudei numa faculdade de humanas de uma universidade pública grande de SP. Com cartazes de feminismo, esquerda, trotskismo, que seja, todo esse romantismo acadêmico humanístico. Mas professor tarado que faz piada machista ninguém tem coragem de enfrentar. Quando um professor falou na sala de aula que as meninas bonitas se estivessem interessadas poderiam ir até a sala dele pra ter atendimento VIP, ninguém falou nada, todo mundo riu. Quando o mesmo professor faz piadinha clássica sobre mulher não entende nada de futebol, todo mundo ri. E enquanto isso as humilhações se perpetuam em um lugar que aspira ser "revolucionário".
No partido de esquerda um monte de esquerdomacho humilha garotas e todo o drama, depois, quando ele é esculachado, toda a censura cai nas feministas que "destruíram a carreira política de esquerda no pst** do moço".... Quando mulheres escrevem nos banheiros sobre estuprador que cursa Ciencias Socias, ouvi até mulheres falaram que isso é exagero, sendo que tal estuprador já me assediou e graças a DEUSA foi embora quando eu mandei ele ir. Esse feminismo de professor universitário não me convence. Muito menos esse discurso de esquerda vazio. Enfim, meu relato na FFLCH é muito longo, e eu se eu pudesse falar pras garotas que estão na universidade (ou qualquer outro lugar que seja): não acreditem em militantezinho de esquerda, não acredite em qualquer discurso libertário, em chapas, movimento. Quando eu entrei na universidade com 17 anos era muito ingênua na vida e essa loucura de política, militância e feminismo na universidade me machucou muito. Não sejam tolas para acreditar em qualquer homem que se diz feminista. Por mais bonita e livre que a universidade pareça, ela ainda está mergulhada em machismo. Tenham cuidado. As coisas não são perfeitas como querem que você acredite.

Lis disse...

O professor ~dito de esquerda~.
O professor supostamente ~de esquerda~.
O professor que se diz ~de esquerda~.

Gente, por favor, parem de botar ~a esquerda~ num pedestal. Parem de tratar a esquerda, inclusive a nível discursivo, como uma prerrogativa de superioridade moral. Porque não é.

Vocês estão cassando a carteirinha ~de esquerda~ do professor porque ele tem atitudes machistas nojentas? O que mais tem por aí é cara ~de esquerda~ tratando as mulheres assim. Camaradinhas ~de esquersa~ com destaque em DCE usando táticas bem parecidas ao tratar calouras, e por aí vai.

A verdade é uma só: a esquerda tem todo um histórico de machismo. Analisem os governos socialistas ao longo da história, a estrutura dos partidos de esquerda e por aí vai.

Então não existe lógica em ver contradição entre ~ser de esquerda~ e ser machista. Sejamos honestos.

A luta feminista é novidade na pauta da esquerda. E infelizmente uma bandeira que muitos homens têm levantado para ganhar pontos extras com as mulheres.

donadio disse...

Essa estória vai ser dolorosa.

Sem entrar no mérito do caso, algumas reflexões que o assunto me suscita.

1. Jogos de poder e sexo misturados: tem como não dar errado? Tudo bem, certas coisas são consensuais, mas consenso não é tudo (brincar de roleta-russa pode ser consensual, mas nunca vai ser OK, né?) Dá na verdade pra brincar com poder, ou poder é coisa séria? E dá pra separar as coisas, "até aqui é brincadeira, daí em diante é poder mesmo", ou a brincadeira, em si mesma, já abre as portas do que possa vir depois?

2. No código penal, algumas das condutas descritas me parecem se enquadrar nisto:

"Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público"

de forma que há hipótese de crime, sim. Mas a questão me parece ser outra: queremos que isso continue sendo crime?

3. Entendo quem diz que as pessoas precisam ser alertadas contra exibicionistas desse tipo. Mas não vivemos num mundo ideal, e as consequências podem ser desproporcionais.

Tipo: você denunciaria um batedor de carteiras? E se fosse um batedor de carteiras judeu, e estivéssemos na Alemanha em 1939? Você avisaria o seu melhor amigo se descobrisse que a esposa dele está tendo um caso clandestino? Mesmo que você desconfiasse que o seu amigo pode matar a esposa por causa disso?

4. Vejo algumas pessoas dizendo que sexo, quando envolve adolescentes de 15 anos é crime. Isso costumava ser assim - era o famoso crime de "sedução" - mas não é mais. Atividade sexual com menor de 14 anos é crime ("estupro de vulnerável") mesmo quando não envolve violência; mas atividade sexual consensual, que não envolva prostituição, com maiores de 14 anos não é crime. E a pergunta é, queremos a volta do crime de sedução? Ou as moças de 14 a 17 anos deveriam decidir elas mesmas sobre a sua própria vida sexual?

5. Nós acreditamos que as leis moldam a sociedade, ou que a sociedade molda as leis? Se vivemos em uma sociedade patriarcal, é possível que as leis tenham interpretações que não sejam patriarcais? Ou, em outras palavras, é possível que leis cuja intenção é proteger as mulheres não sejam usadas, no fim das contas, para tolher a liberdade delas?

Leda disse...

donadio, o crime de sedução era tirar a virgindade das moças. Uma forma de forçar o casamento. Pois o casamento anistiava qualquer crime sexual. Mesmo que a garota tivesse menos de 11 anos.
Qualquer cabra que "bolinasse" uma virgem era obrigado a casar.

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