segunda-feira, 4 de novembro de 2013

GUEST POST: OBRIGADA PELOS PEDAÇOS QUE FALTAVAM

A Julia me enviou este lindo email em agosto, quando eu estava em dúvida se iria ou não continuar com o blog. Agora não tenho mais dúvida: vou continuar. Pelo menos por enquanto. 

Ah, Lola, quando li sobre você estar em dúvida em continuar o blog me veio a cabeça a loucura que seria que você sumisse do "mundo virtual" e eu não tivesse a chance de repetir aquela palavrinha que você ouve (ou lê) bastante dos seus leitores: obrigada. Acho loucura que alguém que faz tanta diferença no mundo e no mundo de tanta gente, não esteja ciente de todo esse bem. Nada mais lógico que retribuir tudo isso lotando sua caixa de emails! 
Enfim, assim como tanta gente (aparentemente eu não sou muito original), eu não sabia bem o que era feminismo antes de conhecer seu blog. Ler sobre feminismo foi parecido com colocar óculos pela primeira vez: descobri que as coisas não eram assim tão embaçadas e confusas e que os horizontes eram não só maiores, mas muito mais bonitos do que eu estava acostumada a enxergar. Para mim, as luzes dos postes tinham um aro enorme de luz envolta da lâmpada e as árvores eram uma maçaroca de verde. Ninguém nunca tinha me dito que não eram e eu não via como poderiam ser de outro jeito, era assim que as coisas eram e pronto. Mas quando eu coloquei os óculos e vi que as lâmpadas eram só lâmpadas e que as árvores tinham folhas pequenininhas e passarinhos passeando nelas eu amei essa nova realidade com todo o meu coração.
Antes de colocar as lentes feministas em cima do nariz, eu passei por uma fase bem ruim. Dos meus 13 aos 15 anos (tenho 20 agora) fiquei muito deprimida, não sei o motivo exato, acho que foi um conjunto de coisas ruins acontecendo, assim, umas desventuras em série. Problemas familiares, problemas na escola (sempre tive dificuldade com a parte social da escola, mas nessa época foi pior), e ainda um abuso sexual -- tudo pareceu virar de cabeça pra baixo. 
Durante essa época, eu me senti muito só e me odiei bastante. Não me achava capaz nem merecedora de coisa nenhuma, nem das mais simples. Eu não acreditava, por exemplo, que eu podia ser bonita, mesmo se todos os caminhões da Avon estacionassem no meu portão. Quando eu ia a uma festa e passava mesmo que fosse só um batom, eu achava que estava ridícula, tentando ser algo que eu não era, ou seja, bonita. Também não acreditava que as pessoas pudessem gostar de mim pela minha personalidade e sempre achava que tinha algo errado com meus gostos e minhas idéias e acaba escondendo uma boa parte de mim de quem quer que fosse.
Eu ainda esperava que de algum jeito a vida ia ficar melhor, que um belo dia eu acordaria e tudo ficaria bem magicamente, mas enquanto isso, passava cada dia torcendo para que ele acabasse logo. Eu me magoava fácil, qualquer palavra maldosa me atingia em cheio e não foi pouco o tempo que gastei pensando nas babaquices que os outros diziam pra mim. Mesmo pensando que aquilo iria passar, às vezes eu tinha crises e me desesperava, perdia a fome, chorava, não queria fazer nada e passava horas com aquela dor no peito. Nunca pensei em me matar e a única vez em que tentei me cortar, acabei desistindo.
Quando eu tinha quinze anos eu me dei conta que não dava para continuar daquele jeito e de algum lugar eu tirei forças para tomar uma atitude. Eu percebi que aquele conselho mais velho que tem, sobre encarar seus medos para superá-los não podia ser mais verdadeiro e comecei a me forçar a fazer tudo o que eu "queria, mas hoje não ia dar". Comecei a ir a todas as festas e a pelo menos tentar conversar com todas as pessoas que se aproximassem de mim, ainda que me sentisse desconfortável. Comecei também a usar maquiagem, pintar as unhas e usar as roupas de que eu tinha vergonha antes. Hoje eu sei que autoestima não tem nada a ver com estar "arrumada", mas eram coisas de que eu me privava e eu precisava da possibilidade de escolha.
Eu entrei para o grupo de coral da minha escola e isso foi essencial pra mim. No coral, eu não me expunha muito e tinha oportunidade de desenvolver uma habilidade e ver que eu podia ser boa. De quebra ainda subia num palco uma vez por ano para uma apresentação, era um desafio. E eu acabei sendo uma das alunas mais elogiadas pelo professor, vejam só! 
Mas mesmo com toda essa melhora, eu ainda duvidada de mim às vezes, ainda dava um valor enorme para a opinião dos outros, tinha medo de fazer tudo o que eu queria e ser julgada. Esses julgamentos que eu temia eram na maioria machistas. Uma das coisas que mais me deixavam insegura era o fato de eu nunca ter tido um relacionamento, nem beijado ninguém, nem feito sexo. Aparentemente, minha timidez deixava isso tudo bem claro para todo mundo, e meus colegas brincavam sobre como eu era inocente e pura. Eu não achava essa classificação interessante. 
E o pior é que ser "santa" não é estar a salvo de julgamentos. Um garoto em quem eu dei um fora, porque não sentia nada por ele mesmo, me chamou repetidas vezes, durante anos, de assexuada, de forma pejorativa (e se eu fosse, e daí?). Me sentia presa nesse limbo e ainda tinha crises depressivas, menos frequentes, mas tinha, e eram desesperadoras, porque era assim que era o mundo, não era? A gente tinha que escolher entre uma coisa e outra, era a vida.
Depois que eu comecei a ler seus textos, Lola, esse último pedaço que faltava de mim se encaixou. Eu me juntei ao John Lennon, e imaginei que não existe céu e inferno, santa ou vadia, e vivi a vida em paz, ou melhor, em revolução feminista. Faz um ano e meio que eu não tenho uma crise daquelas, coincidentemente, mais ou menos o tempo desde que eu abri o link de um certo blog de fundo azul. 
Não me sinto uma outra pessoa em relação a quem era a uns anos atrás, mas sinto que era uma pessoa quebrada e agora estou inteira. Sem o feminismo, ainda faltariam muitos pedaços. Então obrigada, obrigada, obrigada.
Eu espero que o feminismo ajude mais e mais gente a se encontrar e pretendo fazer o possível para que a realidade seja mais favorável a isso. Tanta coisa já mudou, não é? 
E mesmo assim falta tanto pra resolver. Acho que a gente constrói o mundo todo dia e você com certeza, só de mudar a vida de tanta gente, já fez daqui um lugar melhor pra se viver. 
Um beijo, Lola, espero que você seja muito feliz em tudo o que fizer e se lembre sempre que tem muita gente que te agradece por tudo, provavelmente mais do que as te escrevem, pra quem você fez toda a diferença.

43 comentários:

Anônimo disse...

Que bom que vc não vai parar! #todxsgrita

Pandora disse...

"... lembre sempre que tem muita gente que te agradece por tudo, provavelmente mais do que as te escrevem, pra quem você fez toda a diferença." [2]

Faço parte dessa lista, não sou do tipo que comenta todos os posts, sou do tipo que ler, que usa o texto em debates off line e que sabe que pessoas como você tornam o mundo um lugar menos machista.

E é aquela coisa, é "inútil dormir que a fome não passa", se você silenciar a coisa não vai melhorar para a gente, então continua falando ai Lola.

Anônimo disse...

Em tempo(?)
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Larissa Petra disse...

Gente todo o dia já acordo pensando em ler meu textinho matinal da Lolinha. Então de verdade eu fico feliz por algo tão maravilhoso não acabar.
Obrigado Lola, por esse bloguinho tão especial !

Unknown disse...

Lola, fico muito contente em saber que vc nao vai parar!Sempre leio os seus posts e seu blog me dá cada dia mais força. Obrigada.

Elaine Cris disse...

Muito muito muito feliz que você vai continuar o blog.
Abçs e ótima semana.
Tomara que essa seja bem melhor que a última.

Diego disse...

Também agradeço. Sempre gosto de vir ler seus textos. Eles abrem a mente de uma forma única.

Obrigado!

Feminazi Satânica disse...

Se calar é fazer exatamente o que eles querem, e essa é uma das razões para continuarmos.

Resistência poética feminina já!

Anônimo disse...

Lola, nunca escrevo para você, mas leio seu blog diariamente. Aposto que muita gente anônima como eu também passa por aqui todo dia. Please, não abandone o blog. Beijos!

Unknown disse...

Decidir continuar alegra muitas de nós, mas isso tem um preço que sei ser um preço alto. Faz pouco tempo que acompanho o blog, mas jà vi o suficiente para deichar qualquer mulher em dúvida se continua ou não. Agressões verbais e ameaças constrangedoras . Eu não gostaria que tivesse um fim, mas se tiver entenderei, com lágrimas, mas entenderei. Se eu tiver direito a algum pedido peço-te: ESCREVA LOLA, ESCREVA.

Anônimo disse...

Lola,

Ontem, depois de ler tanto horror, eu também fiquei pensando 'será que agora a Lola vai parar?'. Fico feliz com a sua decisão de continuar, você é realmente corajosa. Eu também sou do time das que comentam pouco, mas estou aqui há anos, desde que segui um comentário seu no blog Síndrome de Estocolmo, você contava do tempo que tinha vivido nos Estados Unidos. Eu também vivi lá e gostei tanto dos seus comentários críticos a respeito dos país que vim dar uma olhada no blog e ele virou leitura obrigatória. Às vezes tenho vontade de comentar mais, mas me embanano com o sistema, muitas vezes o comentário não vai, faço uma bagunça. Outras vezes eu deixo pra lá porque outra pessoa já disse quase igual o que eu queria dizer. Mas hoje reitero, acho sua presença, seu blog super importante pra um monte de gente, homens, mulheres, adolescentes. Você é muito natural, direta, apesar de ser uma acadêmica consegue comunicar no blog de maneira a atingir que é quem não é acadêmico, é um talento e tanto...invejável.
Eu desejo que você continue esse trabalho lindo de ajudar as pessoas, de conectá-las e espero que esses imbecis te deixem um pouco sossegada.
Registroo meu muito obrigada.
Abraço
Leila

Sara disse...

Se puder contar Lola vai ver que é infinitamente maior o numero de pessoas que te agradecem e amam, do que aqueles q te agridem e desrespeitam.
Pra mim e pra muitos mais é uma ótima noticia que vc não vai desistir do trabalho que faz aqui.

Anônimo disse...

Olá Lola! Seu comentário a respeito de parar o blog veio de encontro com um dilema meu que foi parcialmente resolvido hoje.
Queria contar brevemente o meu caso para mostrar qual a relação dele com o seu blog.
Leciono História na rede estadual de São Paulo e quase todos os dias (hoje, inclusive) me deparo com situações bem chatas.
Antes de começar a dar aulas, acreditava na escola como instrumento para a emancipação social. Hoje, vejo que talvez a educação até seja uma forma de emancipação, porém a instituição escolar perpetua preconceitos ao invés de destruí-los.
Enfim, por várias vezes pensei em desistir e na verdade ainda me pego com essa ideia de vez em quando. Mas a educação carece (e muito!) de pessoas politizadas, que perspectivam mudanças sociais. Por isso, apesar de difícil, apesar de desgastante, apesar de às vezes parecer inútil, ser professor hoje no Brasil é um ato político e saber disso é o que me leva adiante.
Quero dizer que manter seu blog, mesmo com todas as ameaças e agressões desses pobres coitados reaças(não consigo nem sentir raiva deles) também é um ato político.
Por isso, eu aqui, dentre tantas outras pessoas, só tenho uma coisa para lhe dizer: Obrigada!

lola aronovich disse...

F, publico aqui seu comentário, sem o seu nome, porque vc deixou seu comentário com nome completo. E, como vc fala de coisas muito pessoais, isso é perigoso. Espero que vc comente sempre que quiser, mas falar de estupro é abrir a porta para muitos trolls que podem te perseguir. Eu já estou acostumada, sou casca grossa. Mas pra quem não está, pode ser assustador. Obrigada pelo carinho e espero que vc consiga sair dessa o quanto antes! Bom, aqui vai seu comentário, sem seu nome:

"Esses que criticam não aceitam que você, que nós estamos num patamar superior a eles, pior que homens ignorantes tem também umas mulheres que é a favor da censura agressiva, podem até silenciar uma, mas não silenciarão milhares. Eu não era quem sou hoje. Há pouco tempo atraz eu era os restos do que sobrou de mim após um estupro coletivo. Calada e acuada em meu quarto encontrei por acaso o ESCREVA LOLA e me encontrei após meses perdida numa amargura amarga feito fel. Sem apoio, vivendo numa cidade interiorana ondeta gente vale o gado que tem não adianta eu pedir socorro. Aqui encontrei refúgio e estou arriscando a tomar sol, dançar na chuva protegida pelos muros do quintal, mas um dia, breve estarei livre. De volta a vida e fora da cadeia. De onde vem a coragem? Da Lola que tenho como exemplo. Avante e em frente."

Ivan Ribeiro disse...

Oi Lola. Pelos comentários, a galera que lê e comenta pouco (como eu) saiu um pouco da toca para demonstrar todo o carinho que tem por você. Mais uma vez, obrigado pelo seu trabalho, sua dedicação e força. VOCÊ faz a diferença!!!! E damos graças por isso. Sem te conhecer, te admiro e te quero bem sempre!

Lígia disse...

Lolaaa,

Vou ler o post com calma agorinha, mas queria compartilhar com você e com os comentadores aqui do blog dois links que eu vi na minha timeline do facebook e que me deixaram abismada:

O primeiro é esse cartoon horroroso. Porque claro, mulher feia sai na rua atrás de ser estuprada:

https://fbcdn-sphotos-d-a.akamaihd.net/hphotos-ak-frc3/1381757_172290979633674_1154532616_n.jpg

E essa é uma reportagem da revista Time, que publica nomes e informações de mulheres que "destroem casamentos". De acordo com a reportagem, enquanto as mulheres são objeto de apedrejamento pelo site, os homens são vistos como vítimas, como incapazes de controlarem seus instintos:

http://newsfeed.time.com/2013/11/04/misguided-website-shames-mistresses-instead-of-philandering-husbands/

E ainda tem gente que fala que machismo e cultura do estupro é invenção!

Ivan Ribeiro disse...

Lola!! Parece que hoje o povo que sempre vem aqui e nao comenta (ex: eu..) veio para mostrar seu carinho.
Lola, te admiro e te quero bem! VOCÊ faz a diferença nesse mundo insano!

@dddrocha disse...

Lola, vou aproveitar o clima e dizer obrigada também.
Que post fofinho ^^

Lígia disse...

Ah, agora que eu li, posso comentar!

Espero que apesar de tudo, voce consiga manter o blog por muito tempo!

Eu sou mais uma que comecei a conhecer o feminismo por meio do seu blog, e só tenho a agradecer e engrossar o coro: "Fica, Lola, nós te amamooooos!!!"

Dandara Lequi disse...

Lola, quando você escreveu: "agora não tenho mais dúvida" eu meio que congelei com medo de saber a resposta. Mas ainda bem que continuará com esse blog maravilhoso, estou muito feliz!
Quanto ao post da Júlia: que lindo!
"Mas mesmo com toda essa melhora, eu ainda duvidada de mim às vezes, ainda dava um valor enorme para a opinião dos outros, tinha medo de fazer tudo o que eu queria e ser julgada. Esses julgamentos que eu temia eram na maioria machistas. "
Mulher, que coisa, parece que tá me descrevendo! Mesmo tendo superado uma série de julgamentos machistas, às vezes ainda me vejo jogando com os valores dessa sociedade opressora... Superar é sempre difícil, mas é o melhor remédio!

Anônimo disse...

Tambem acho que vc nao deveria parar. Eh isso que os machistinhas querem. Quem sabe apenas dar um tempo....

Bjs

Drica disse...

Te amo Lolinha! Seus posts são essenciais para nós!! Nao nos abandone please!! :)

Drica disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Lola, você é importantíssima, seu blog é importantíssimo. Lendo seu post de ontem, sobre os insultos e ameaças que recebe, fiquei imaginando no baita exemplo que você é pra cada menina que ousa questionar o mundo machista em que vivemos... Porque ela será submetida ao mesmo tipo de reação: em casa será aconselhada a se calar com condescendência e argumentos supostamente "superiores" e "de nível"; no grupo de colegas tentarão humilhá-la mencionando sua aparência, etc... Sua firmeza e suas respostas expondo o ridículo de quem te ataca ajudam inúmeras meninas -- e mulheres, como eu -- a se libertarem, a erguerem a cabeça. Você não pode parar. Porque daí eles terão vencido todas nós. Beijo grande e escreva,Lola, escreva sempre!!

Anônimo disse...

Sou mais uma da lista das que nunca comentam mas hoje tenho que falar, rsrs.
Também conheci o feminismo pelo blog da Lola, na época eu não sabia, mas eu era uma reaça de marca maior. Tenho vergonha de admitir agora, mas eu comecei a ler o blog alguns anos atrás porque eu achava ridículos os conceitos que a Lola pregava e meio que comecei a seguir pra "ver o quão absurda ela podia ser", sérião, bem troll mesmo (a única diferença é que eu não postava comentários xingando).
Mas depois de um tempo lendo o blog, foi como a autora do post disse, coloquei óculos que me permitiram ver melhor. Desculpe a comparação, mas foi como conhecer matrix. Na época eu tive verdadeiras enxaquecas (dor de cabeça no sentido literal mesmo) com todo o novo conhecimento que entrava no meu cérebro. A frase que melhor se encaixou com o que aconteceu comigo é: "A mente expandida por uma nova idéia não consegue nunca voltar às suas dimensões originais" (sorry, não sei de quem é), pois um mundo totalmente novo se abriu pra mim.
Ainda não acho que sou uma feminista exemplar, tem muitos aspectos que não consigo debater com machistinhas por não saber exatamente se está certo ou errado, mas que aprendi a questionar o status quo, ah isso eu aprendi!

Só tenho a dizer muito obrigada, você salvou (no mínimo) uma mulher machista do próprio calvário. Muito obrigada MESMO, Lolinda. =)

CR!

Anônimo disse...

Notícia um tanto velha, mas não deixa de ser revoltante:
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/moscou-escultura-de-soldado-sovietico-estuprando-mulher-causa-indignacao,ae2885c21a1c1410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html

Engraçado que o cara faz apologia ao estupro e será processado por "incitação ao ódio nacional ou racial". O que tá evidente ali, ninguém quer enxergar...

Marcelle

Bela Campoi disse...

Engrossando o coro mesmo: o post é um exemplo da sua importância, seja pro feminismo, pras esquerdas, para a luta por um mundo melhor, mais justo e igualitário... estamos nesta luta contigo, Lola!

Juba disse...

Essa comparação com enxergar, para mim, foi perfeita! Lola, que tal um livro com os posts de não-cinema do blog, agora? Utilidade utilíssima!

Bruna disse...

Lola, eu sou mais uma das zilhões de pessoas que entram, leem os posts avidamente (!), que não se identificavam como feministas antes de ler o seu blog, que sentiram as cabeça explodir (expressões em inglês ficam melhores em inglês na maior parte do tempo, hehe) diante do feminismo.
Posso dizer, sem sombra de dúvida, que a trajetória da minha vida não seria a mesma se eu não tivesse conhecido o blog, lá nos tempos que o babaca do Marcelo Tas tava querendo te processar.
Saí do armário do feminismo por sua culpa, Lola. E essa saída do armário me abriu portas para lutar em outras frentes. Me tornei socialista, revolucionária, e faço da mudança do mundo um projeto de vida. E tudo isso começou no dia que um amigo postou um link pro seu blog no Facebook.
Você é uma referência pra mulheres e, principalmente, pras jovens. Você consegue falar de feminismo de uma forma que qualquer um entenda, e isso já é um grande serviço ao feminismo, que tem tanta dificuldade de fugir da academia.
Eu sei que pode ser pedir demais, mas continue com o blog. Eu sei que outras mulheres vão sentir a mente explodir também, mesmo que não sigam a mesma trajetória que eu segui.
PS: Lola, eu conheço você pessoalmente (e preciso pedir desculpas por isso!). Te conheci no Congresso da ANEL.... você foi recebida pelo Lucas, um amigo meu, e eu, que tinha ido pra uma festinha na noite anterior e tava ainda podre, fui falar contigo. Acho que você ficou um pouco assustada (ou nem registrou muito, hehe).
PPS: essa Júlia escreve bem demais, gente!

Léty Hyuuga disse...

Lindo o texto da Julia!

Muito feliz por você ter decidido continuar, Lola. =)

Anônimo disse...

Somos doutrinados a achar que vivemos em um mundo de igualdade. Somos os chatos politicamente corretos. Somos culpadas pelos abusos que sofremos. Aí vem uma mulher em um blog e diz que não. E mostra porque não. E dá uma voz e um rosto a um universo de pessoas que sofrem e as ensina como se defender.
Minha mãe é uma senhora de 65 anos que se libertou a partir das palavras da Lola. Minha sobrinha de 9 anos lê o blog e já fez um trabalho para o colégio a partir de um post da Lola. Eu também aprendi muito por aqui. Acima de tudo sobre respeito. É por isso que fico tão consternada com essas ameaças, insultos e violência com a Lola: porque injustas com alguém que luta pelos outros e porque vindas de pessoas que nada acrescentam à sociedade.
Lola: venho em meu nome, da minha mãe e sobrinha dizer que nos sentimos representadas por ti, que és nossa voz e somos muito agradecidas por isso. Esperamos que possamos te dar toda a coragem que precisas para te manter nessa luta, porque se há uma chance de viveremos um mundo justo e igualitário, será porque pessoas como tu acreditaram nisso.
Abraços,
Fabi, Mari e Isabela

WICKED WOMAN disse...

Oi Lola, sou mais uma que lê o seu blog todos os dias. Você não faz ideia do quanto me ajudou e me fez mudar e crescer.

Camila disse...

Eu sou mais uma que sempre lê o blog, mas nunca comenta. Não sentia que precisava deixar um comentário pra te dizer como me sinto em relação ao seu blog, mas depois de ver a quantidade de coisas ruins que você lê, acho que comentários positivos podem te dar forças pra continuar o que você faz.
Mesmo sem concordar com tudo o que você pensa e escreve, o seu blog me ajudou muito a entender o que realmente é o feminismo, e o quanto o machismo fica camuflado no nosso dia a dia, prejudicando mais e mais mulheres, e homens também, claro. Confirmei que não preciso de uma carteirinha pra me considerar feminista, e que por mais que seja apenas uma dona de casa, posso ajudar o mundo, educando meus filhos pra que não se tornem machistas. Você abriu meus olhos pra essa categoria que se organiza pra maltratar e matar mulheres, e também pra política que era como um bicho de sete cabeças, continuo sem entender muita coisa, mas muito mais atenta ao que acontece no mundo, e tudo isso graças a você, obrigada!

Anônimo disse...

Lola, eu te amo

Talita disse...

Mais uma na lista das que lêem mas não comentam. Lola, seus textos, fizeram e fazem a diferença para mim. De verdade. Obrigada!

Unknown disse...

"Não me sinto uma outra pessoa em relação a quem era a uns anos atrás, mas sinto que era uma pessoa quebrada e agora estou inteira. Sem o feminismo, ainda faltariam muitos pedaços. Então obrigada, obrigada, obrigada."

Foi pelo seu blog que eu conheci o feminismo e me tornei uma feminista e depois espalhei o feminismo para o meu grupo de amigas e família, não comento sempre mas passo aqui todos os dias <3

@vbfri disse...

@Andre
Aproximadamente 90% da população carcerária brasileira é masculina. Dados do CNJ.
Por ano 5 mil mulheres no Brasil são assassinadas pelos seus maridos/companheiros/namorados. Isso você pode ver aqui: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/09/lei-maria-da-penha-nao-reduziu-morte-de-mulheres-por-violencia-diz-ipea.html
O Mapa da Violência, que você citou, tem um caderno bem interessante sobre o homicídio de mulheres. Dá uma olhada.

S. disse...

" e isso já é um grande serviço ao feminismo, que tem tanta dificuldade de fugir da academia.". Nossa, como isso é verdade!Tirando o blog da Lola e algumas páginas no Face, grande parte de sites feministas que conheço ainda são meio acadêmicos, não acessíveis a grande parte da população.

Lola, sei que grande parte de suas leitoras ( eu inclusa) são pessoas com um certo grau de instrução, etc...Mas fico pensando nas meninas mais humildes e tal...vejo que vc usa( as vezes) expressões em inglês que muita gente não conhece( uma amiga minha que me perguntou) e tb indica textos/artigos feministas em sites gringos. Nada contra, pois sei que a produção destes países é maior e tal, mas fico pensando no outro lado sabe, nas pessoas de classes mais baixas que sabem pouco ingles. Não estou criticando vc Lola, só comentando mesmo e claro, o blog é teu, só estou "refletindo" algo que vi em algumas amigas minhas...
PS: dos blogs feministas que conheço,o seu é o mais acessível, o seu jeito de escrever, como se estivesse falando, sua linguagem é mais do dia-a-dia mesmo. Beijos e desculpem qq coisa, não estou criticando, alfinetando sei lá...

André disse...

@vbfri,

O IPEA (reportagem que você linkou) diz que a estimativa do número de mulheres mortas é de 5600 por ano, o mapa da violência diz que é de 4300. O mapa da violência não diz quantos desses assassinatos foram praticados pelos cônjuges, mas traz a porcentagem das agressões em geral, 42% foram praticadas por maridos, namorados e ex's. Mantida essa proporção daria um total de 1800 assassinatos de mulheres por motivos "passionais". Já o Anuário das Mulheres Brasileiras (http://www.spm.gov.br/publicacoes-teste/publicacoes/2011/anuario_das_mulheres_2011.pdf pag279) diz que as taxas de agressão por parte do cônjuge são de 2% para homens e 26% para mulheres. Mantida essa proporção o número de assassinatos por motivos passionais seria de 900 homens mortos e 1100 mulheres mortas por motivos "passionais".

lola aronovich disse...

Tudo bem, S, sem problemas! Não entendi mesmo seu posicionamento como crítica e muito menos como alfinetada. Mas acho que há várias páginas no FB, blogs, tumblrs feministas e tudo o mais que não são acadêmicos. Sinceramente, acho o feminismo na internet bem acessível. Concordo que temos que ter cuidado pra não usar tantos termos em inglês, porque nosso idioma é o português e tem muita gente que não fala inglês. Alguns termos são difíceis de traduzir, como body shaming (com um M só; vejo um monte de gente escrever shaMMing, o que está errado), slut shaming, entitlement... Outros termos ficam com uma tradução meio feia, como empoderamento pra empowerment. Ainda outros dá pra adaptar um pouquinho, como homexplicanismo pra mansplaining, e por aí vai. O importante, a meu ver, é quase sempre tentar colocar uma definição pro termo, nem que seja um link que leve praquela definição. E não digo isso só pra termos em inglês, mas pra termos mais desconhecidos em português mesmo. Afinal, tem muita gente entrando no feminismo, e ninguém é obrigada a entrar sabendo tudo. Aliás, posts cheios de termos desconhecidos afastam leitorxs.
Quanto a links pra textos em inglês, eu penso assim: se um determinado assunto ou notícia em inglês tem um post em português sobre o mesmo tema (e, claro, eu sei da existência do tal post, e esse post não está em algum blog de quem me detesta -- porque não quero ajudar a divulgar blog de quem vive falando mal de mim e/ou de outras feministas), eu prefiro linkar pro post em português, não praquele em inglês. Tem muitas vezes que coloco mais de um link. Agora, se só tem texto em inglês vai só o link pro texto em inglês mesmo. Vc pode ver que aqui e em outros blogs tem feminista traduzindo artigos mais interessantes.
Eu percebo que há muito mais produção de textos feministas em português hoje do que há alguns anos atrás. Isso é ótimo!
Algumas vezes eu ouço críticas (válidas, a meu ver) que coloco muitas imagens em inglês pra ilustrar os posts. Tento o máximo possível colocar imagens em português, mas nem sempre isso é possível. E fico feliz quando estou pesquisando imagens pra ilustrar um post e encontro imagens em espanhol. Mas ainda é raro.
Algo que precisaremos discutir logo logo (estou atrasando essa discussão há mais de um ano e meio) é sobre a linguagem inclusiva, isso de usar x e @. Precisamos pensar melhor sobre isso! Será que consigo escrever um post sobre isso pra hoje?... Vamos ver. (ainda não tenho post pra hoje, nem pra amanhã, nem pra sexta). Abração!

lola aronovich disse...

André, há poucas estatísticas a respeito, mas esta matéria diz que, de cada dez "crimes passionais" noticiados -- quando uma pessoa enciumada mata o parceiro -- sete são protagonizadas por homens.
Pergunta a matéria: "E qual o motivo do desequilíbrio na balança? Análises psicossociológicas apontam na mesma direção: sentimento de posse que o homem tem em relação à mulher, principalmente no aspecto sexual, insuflado pelo ranço de uma sociedade ainda patriarcal, em que é dado ao homem e vedado à mulher o direito de ser infiel."

No livro A Paixão no Banco dos Réus, da procuradora Luiza Nagib Eluf, ela conta que, dos cem casos de crimes passionais que ela estudou, apenas dois foram cometidos por mulheres. É o sentimento de posse do homem sobre a mulher que causa os feminicídios.

André disse...

Lola,

Não duvido da proporção citada na reportagem, mas gostaria de saber de onde foi tirada. Mesmo porque a proporção apresentada (7 assassinatos passionais praticados por homens para cada 3 assassinatos praticados por mulheres) indica que o sentimento de posse e a violência não é exclusividade masculina.

Julia disse...

Que bom que você decidiu continuar, Lola!!