quarta-feira, 2 de outubro de 2013

ALGUNS PRIVILÉGIOS CIS

É fácil escrever sobre privilégios masculinos porque conheço as opressões que as mulheres sofrem. É certamente um privilégio poder sair à rua à noite e ter medo apenas de ser assaltado. Mas a maior parte dos homens nem percebe este privilégio, assim como não percebe como a eterna ameaça de estupro é opressora para as mulheres.
Já quando decidi escrever sobre privilégios héteros, não foi nada fácil, pois eu sou hétero, e pessoas que têm privilégios tendem a naturalizá-los, a não enxergá-los. O mesmo aconteceu quando escrevi sobre privilégios brancos
Já faz tempo que venho querendo falar sobre privilégios cisgêneros. Eu sou uma mulher cis, ou seja, uma mulher que foi identificada como mulher ao nascer e assim sou identificada pelo resto da vida. Entendo que ser cis é jogar a a vida no nível fácil. Duvida? Pense nas dificuldades que pessoas trans enfrentam. Pense em como é difícil pra uma pessoa trans conseguir emprego, ser tratada com respeito, ser chamada pelo nome.
Acho absolutamente inegável que pessoas trans são alvos de imensos preconceitos e discriminações. Sem querer entrar numa Olimpíada da Opressão, é muito visível que uma mulher negra sofre muito mais preconceito do que eu. Uma lésbica sofre mais preconceito. Uma mulher pobre sofre mais preconceito. E não tenho dúvida alguma que uma mulher trans e, inclusive, um homem trans (aquele que foi visto como mulher ao nascer, mas que se identifica como homem), sofrem mais preconceito do que eu.
Já vi feministas radicais, numa briga desnecessária importada dos EUA com transfeministas, dizem que mulheres cis não têm privilégios sobre mulheres trans. Pra mim, é óbvio que têm. Claro que algumas opressões não são exclusivas às pessoas trans (o estupro corretivo, por exemplo, é uma ameaça comum feita às lésbicas). E claro que algumas opressões acontecem num nível individual. Mas não são regras. E, pô, claro que mulheres cis sofrem opressões também. Não é uma competição! Trata-se só de reconhecer privilégios.
Reescrevi a lista de privilégios cis abaixo várias vezes. Numa outra versão, coloquei x para não fixar gênero. Mas quis deixar no feminino porque é uma lista de privilégios que eu, como pessoa cis, tenho. O que não quer dizer que essa breve lista introdutória não se aplique a demais mulheres e homens cis. 
Eis alguns privilégios que pessoas cis têm. E que pessoas trans definitivamente não têm. Privilégio cis é:

É ninguém insistir em me chamar com o pronome errado. Porque pra mim não há pronome errado.
É ninguém dizer que estou traindo meu sexo biológico.
É não ser reduzida ao meu órgão genital.
É não confundirem minha orientação sexual com meu gênero.
É não ser acusada de falsidade ideológica.
É as pessoas me chamarem pelo nome, sem perguntarem "Mas qual é o seu nome verdadeiro?"
É as pessoas não “desconfiarem” do meu gênero por causa da minha voz.
É não ter um monte de gente pedindo minha opinião sobre uma série ou novela com uma personagem cis.
É não ser considerada uma aberração só por existir.
É não ser tratada como piada o tempo todo.
É não ter que temer ser presa numa manifestação de rua e ir parar numa cela masculina.
É não ter que ouvir pessoas desconhecidas perguntarem sobre meus genitais, ou perguntarem se eu já fui operada.
É, sendo homossexual, ter o movimento LGBT para lutar por você (algo que muitas vezes o movimento se esquece de fazer pelxs Ts).
É não chamarem uma operação importante para minha vida de "mutilação".
É não ter que ouvir que estou enganando as pessoas e a mim mesma.
É não ouvir que irei pro inferno apenas por existir. 
É saber que não há gente que quer me bater e me matar apenas por eu ser como sou. 
É não correr o risco de ser estuprada por gente que quer me "corrigir".
É não ter minha vida constantemente policiada.
É não ser impedida de estar perto de crianças para não "contaminá-las”.
É não ter que me submeter a atendimento psicológico compulsório.
É não depender da aceitação de um psicanalista para obter cirurgia, hormônios, documentos civis.
É não precisar mentir para um terapeuta para poder “passar” e, assim, conseguir uma receita médica.
É não ser considerada doente por este psicanalista.
É, depois de finalmente ser aceita pelo psicanalista, não precisar contar com a boa vontade de um juiz.
É não depender de médico pra dizer se eu sou cis "de verdade".
É não ter que exagerar minha feminilidade, transformando-me num estereótipo feminino, pra convencer meu psicanalista de que sou mulher.
É não ter que ouvir feminista dizendo que eu tenho privilégios masculinos.
É, muitas vezes, não ser expulsa de casa pelos pais.
É não ser rejeitada na hora de comprar ou alugar um imóvel.
É não ser discriminada para vagas de trabalho.
É não ter toda uma cultura que acha aceitável me bater ou me matar por eu ter “enganado” um homem, “fingindo” ser mulher.
É ninguém supor que eu tenho apenas duas opções de emprego, prostituta ou cabeleireira.
É não ser rejeitada por planos de saúde.
É não ter que pagar o triplo para médicos particulares que não querem estar associados a mim.
É poder ir ao banheiro sem ser constrangida ou ameaçada.
É poder competir profissionalmente em esportes, sem que uma categoria me proíba, por exemplo, por eu não ser "realmente” mulher.
É não ter que explicar o que me faz mulher (ou homem).

94 comentários:

Bruno disse...

Travesti n é mulher e nem trans é.

Camila Fernandes disse...

Lolinha, chegar aqui e ver um texto lindo desses e saber que você estará em BH no dia 4, não tem preço! Vou te ver, claro!! E quero foto!! Que tipo de chocolate você gosta? :D

É sempre tão bom ver alguém reconhecer os seus privilégios. É o que você disse no outro post, reconhecer os seus primeiro, para então mudar o mundo. Sabe que eu mandei aquele texto para o meu irmão? Eu me preocupo porque ele e bastante machista, racista e homofóbico, no maior estilo Rafinha, e nem se dá conta disso. Eu já até surtei aqui nos comentários com isso, uma vez - risos. Mas ele curtiu o texto! Fiquei tão feliz, acho que abriu a cabela dele um pouquinho.

Camila Fernandes disse...

Ih, Lola, eu me enrolo para logar no Google e nunca sei se meu comentário foi ou se tenho que mandar de novo. O primeiro que eu mandei era dizendo o quanto é lindo chegar aqui e ver um texto desse, ainda mais quando você está vindo a BH! Vou lá te ver, claro. E eu sei que você já disse que não tem preferência em relação a chocolate, mas será que não tem mesmo? Nem um favorito? *risos*

É sempre bom ver alguém reconhecer os privilégios, assim. Eu me esforço para fazer esse exercício, também. E é como você disse no outro post, reconhecer nossos próprios privilégios para mudar o mundo. Mandei aquele texto para o meu irmão, porque ele é racista, machista e homofóbico no maior estilo Rafinha, e nem se dá conta disso. Eu já até surtei por causa dele aqui nos seus comentários, uma vez, desabafando mesmo, e o pessoal me deu boas dicas de como lidar com ele. Agora, mandei o post e ele gostou! YAY! Acho que foi otimo, abriu um pouquinho a cabeça dele.

:D

Camila Fernandes disse...

Ai, droga, agora eu vi que você aceitou o comentário, então eu não precisava mandar outro '-'

Estou floodando a sua caixa, desculpe por isso '-'

Um beijo!
:*

Leo Cordeiro disse...

E pra pessoas que costumam dizer "eu não tenho nada contra", mesmo que não venha um "mas..." logo em seguida, tem alguma coisa mal resolvida sim!
Pois, pessoas que não tem nada contra mesmo, não usam essa frase, aliás, elas nem se dão conta que existe alguma diferença.

Por exemplo:
- Eu tenho um amigo, ele é gay. Eu não tenho nada contra, ...

Ahan, sei.

Se a sexualidade do amigo não fosse mesmo um problema bastaria dizer:
- Eu tenho um amigo.

Unknown disse...

A pg "Transexualismo da Depressão" (tá "ISMO" pra deixar deprê mesmo) tb tem uma lista bem legal sobre isso:

https://www.facebook.com/transpatologico/posts/126559124166961

Alguns outros privilégios:
"- você pode andar como anônimo pelas ruas sem ser surpreendido com cochichos, ser apontado ou rirem de você por conta da sua expressão de gênero"

"- você não é abordado na rua por pessoas que acham que você é uma profissional do sexo, por conta da sua expressão de gênero"


e no face tem uns quadrinhos muito phodas tb:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=186702714808597&set=a.162797957199073.56835.162789823866553&type=1&theater

Jacques disse...

Cis? Quase caí da cadeira de tanto rir. Só podia ser feminista mesmo para criar estes termos. Ora, CIS. AUHAUHUAHUHAUHAUHU Vai lá e compra um lápis da Cis.

lola aronovich disse...

Obrigada, Sofia! Tenho certeza que existem várias listas mais completas de privilégios cis. Eu não quis ver nenhuma porque quis realmente forçar a mente e ver quais privilégios mais ou menos me tocam. Mas essa página é muito boa mesmo!


Jacques, vc sempre tem essa reação de cair da cadeira ao aprender alguma coisa nova?

lola aronovich disse...

Camila, querida, obrigada pelo carinho! Qualquer chocolate ao leite já está ótimo! Putz, é mesmo, já vou pra BH depois de amanhã! Não tenho NADA pronto... Mas vamos nos ver!


Bruno, quem morreu e te nomeou deus? Por que vc acha que tem algum poder pra determinar o que uma pessoa é ou não é?

Leandro disse...

Quer dizer que se eu abrir uma loja de roupas, e decidir que "só vendo lingerie para mulheres", mas aparecer um travesti para comprar lingerie, eu sou obrigado a violar meus princípios e vender lingerie ao travesti, ou terei minha loja fechada por homofobia e transfobia?

Fernanda disse...

Hahahahahaha o cara não conhece o termo e paga de idiota... Perdeu uma chance imensa de ficar calado, Jacques.

E Bruno, onde é seu escritorio? Tô em duvida com a meu gênero, você pode me dizer qual é? :D

lola aronovich disse...

Outro que mais uma vez perdeu uma imensa oportunidade de ficar calado é o meu troll libertário mascu de estimação, Mr. Leandro. Leandro, vc é totalmente incapaz de se colocar no lugar de outra pessoa, né? O post é sobre privilégios cis, e vc só consegue pensar em como vc é oprimidinho, né? Ninguém dá a mínima pra sua loja de lingerie hipotética. Aliás, algo me diz que, se vc tivesse alguma loja que vendesse qualquer coisa pra mulheres (cis ou trans), ela iria à falência, porque vc não entende NADA de mulher.

Anônimo disse...

Aproveitando o post passado, onde falaram que era justo valores diferentes de seguro de carro para homens e mulheres, não entendi a reclamação contra seguro de saúde.

Os valores e escolhas não são feitas para o lucro? Isso significa que há uma razão de cobrarem mais ou não aceitarem vender o seguro, afinal (até onde sei) pessoas transgêneras recebem doses de hormônios.

Outro problema é em caso de emergência, a pessoa ser homem e ter na carteira de identidade que é mulher, são detalhes que em um tratamento pode salvar vidas ( e que caso seja feito errado gera processo).

Alice disse...

Gente

Alguém sabe me explicar como que se da essa questão da transexualidade nos países que estão adotando pronomes neutros para tratar as crianças, como a suécia?

Se a criança é criada neutra, alguém sabe dizer como uma menina se identifica com o gênero 'oposto'?

Já li várias reportagens que pessoas trans dizem que se sentiam no corpo errado e etc. Por isso a dúvida.

Valeu!

Anônimo disse...

porque as loja do leandro seria hipotética?
Imagino um cara com alguma religião que simplismente pensa no tipo de cliente que frequenta sua loja.
É a mesma coisa que entrar um travesti numa loja de luxo, a gerente da loja não vai gostar nem um pouco.
Eu entendo a militancia so que vocês querem até escolher os clientes da loja alheia. Honestamente se eu tivesse uma loja dentro de um shopping ia detestar que algumas pessoas entrassem nela só pra causar.

Fábio disse...

Quando um homem afirma "ser napoleão Bonaparte" ou "uma coruja' ele e internado como portador de distúrbios mentais.

Mas quando um homem afirma ser uma mulher, quem não concorda e taxado como homofóbico.

Expliquem a logica disto.

Mariana disse...

Lola, mais um excelente post sobre privilégios! Realmente a gente quase nunca para pra pensar nos nossos privilégios cis e no quanto os não-cis são invisíveis até pra outros movimentos sociais...

Lendo o post, lembrei de outra coisa que é bem triste na vida dos transgêneros: eles não têm a nossa liberdade de se apaixonar por quem quiserem. Sempre que se apaixonam por alguém e tentam iniciar um relacionamento, existe o medo da rejeição do/a potencial parceiro/a, que pode pensar que foi "enganado/a", além da dúvida se contam ou não contam sobre sua condição de transgênero. É o dilema entre ser 100% sincero e o preço que essa sinceridade pode custar em termos emocionais. É foda, é uma coisa que nós cis sequer imaginamos. Somos rejeitados se não agradamos, mas não por nos acharem "mentirosos" ou "aberração".

Beatriz disse...

Ao anônimo das 15:29 que pergunta "porque a loja do leandro seria hipotética?"

Vamos consultar o dicionário o significado de Hipotético:

“Que se pauta em hipóteses ou suposições; suposto:
Que possui hipótese;”


Agora, leia com atenção o comentário do Leandro:

“Quer dizer que se eu abrir uma loja de roupas”

Ou seja, SE.... Percebe que é uma hipótese, uma suposição? A loja não existe. E mesmo que existisse, como disse a Lola, ia falir, já que esse mascu não entende nada de mulher. Então não precisaria ninguém fechar a tal loja.

Flavio Moreira disse...

Interessante como os posts sobre privilégios geram debates e, de fato, metem o dedo na ferida das pessoas.
Nos comentários há sempre os velhos sinais de falta de empatia, de reducionismo, de personalização dos problemas apontados.
Parabéns, Lola, por chacoalhar as nossas mentes.
Ninguém é obrigado a concordar com tudo o que você escreve (nem sempre eu concordo), mas gosto de poder pensar fora da "minha caixa", de ser tirado da minha zona de conforto intelectual e rever meus preconceitos.
Abraços, Lola!

Anônimo disse...

ser uma mulher que foge dos padrões de feminilidade é um privilégio tãããão grande, adoro kkkkkk

tanto que nao tenho nem coragem de sair na rua sem me depilar pra nao ser chamada de macaca rssrsrsrsrs

nem fazem piada de mulher feia que merece ser estuprada, de mãe que tem mamilo de rocambole e deveria amamentar no banheiro, né, lola? sdds CQC

nem de lésbica que precisa de pau para aprender a ser mulher, adooooro as ameaças de estupro corretivo kkkk ousadia e alegria

nem de gorda, né lola? você sabe bem como nós gordas nunca sofremos preconceito, a vida da gorda é um mar de rosas e respeito exalando pelos poros. nunca me chamaram de aberração, nunca me pararam na rua pra recomendar dietas, cirurgias, nunca me xingaram gratuitamente, nunca me desprezaram em entrevistas de emprego, todo mundo ama as gorda kkkkkkk

nem de negra, imagina, ser uma mulher negra é tão fácil que estamos aí dominando o mundo, como diria minha irmã beyonce: who run the world? black girls!!! deve ser por isso que a maioria das empregadas domésticas ou prostitutas são negras kkkkkk

não discriminam mulher no mercado de trabalho, nunquinha. nosso salário só é menor que dos homens e somos evitadas pq nos veem como uma licença maternidade ambulante que dará gastos para a empresa
e se a gente for gorda, negra e/ou masculinizada, aí é melhor ainda, nem contratam kkkkkkkkkkkk

tambem nunca reduzem mulher aos genitais, inclusive nosso amigo marcelo do silvio koerich que saiu da cadeia montou de novo um site dizendo que somos depositos de esperma. e a igreja e o estado nem consideram a gente um utero ambulante que vale menos que embriões, MAS ISSO NÃO É SER REDUZIDA A GENITAIS, OK???? é só amor aos fetos <3

mulheres tambem NAO sao mortas e espancadas por serem mulheres, gente, feminicidio nao existe, é tudo coisa da nossa cabeça CIS rsrsrsrs

mulheres nao sao expulsas de casa quando engravidam fora do casamento, ou quando os pais descobrem que ela te vida sexual ativa, ou qualquer merda que fuja do padrao patriarcado de qualidade acontece e decidem que ela nao é mais uma "mulher direita de familia"

ninguem policia o que mulher deve vestir, o que deve dizer, o que nao deve fazer, como deve ser o corpo dela, como deve ser o tom de voz, como deve ser a vida sexual. a vida das mulheres ta maravilhosa, inclusive pra que feminismo??? vamo deixar isso de lado

ana _lucia disse...

oi, Lola! passei aqui p/ dizer como é importante ter uma pessoa com a sua sensibilidade e compaixão escrevendo tão bem sobre as dores humanas..vc é mto especial!!Obrigada por manter o blog ( vida longa!!)
bjs,
ana

bruno disse...

paulo tarso a resposta é simples qualquer um q n concorde com tudo q as feministas acreditam e n ache tudo normal nesse mundo é tachado de homofóbico,preconceituoso,de falso moralista para baixo

vcs q estão indo contra a natureza e eu q to bancando deus?kkkkk
por um acaso um homem q se opera ganha um utero,trompas,menstrua,engravida? pq isso só ocorre em mulheres de verdade.
se o cara pensa q é mulher é uma coisa,agora ser de verdade,fisicamente,n é e nunca vai ser e apesar disso eu n acho q eles mereçam ser discriminados.


lembrei de um cara o "homem gato" q desfigurou o rosto ,acho q ja até morreu, pq queria se parecer com gato mas nem por isso se transformou em um,continuava sendo homem apesar da sua loucura.




Unknown disse...

Sinceramente, se um homem abrisse uma loja de lingerie, ele raramente conseguiria distinguir uma mulher trans de uma mulher cis ou mesmo de uma travesti. Vai por mmim, as trans e as travestis estão cada dia mais batendo um bolão!

donadio disse...

"Quando um homem afirma "ser napoleão Bonaparte" ou "uma coruja' ele e internado como portador de distúrbios mentais.

Mas quando um homem afirma ser uma mulher, quem não concorda e taxado como homofóbico.

Expliquem a logica disto.
"

Boooooooommmmm... acho difícil transformar um cidadão comum em Napoleão Bonaparte; seria necessário um golpe de Estado na França.

Mais: existe uma diferença crucial entre um homem que pensa ser uma coruja e um homem que deseja transformar-se fisicamente em uma mulher. O primeiro se ilude a respeito do que realmente é, o segundo não (sabe que tem um corpo de homem, e quer transformá-lo, não imagina, alucinatoriamente, que já tem um corpo de mulher).

Se fosse possível transformar um homem em uma coruja (o que, evidentemente não é - outra diferença bem grande), isso eliminaria todas as suas possibilidades como ser humano - não poderia mais ser um engenheiro, ou matemático, ou médico, ou músico. Aliás, eliminaria atpe mesmo sua possibilidade de se auto-iludir acreditando ser uma coruja. Corujas, afinal, não estão nem aí para o fato de serem corujas ou não - ser coruja não é uma construção social).

Mas é possível modificar o corpo de um homem para que se transforme em um corpo de mulher (e vice-versa). E, ao contrário, não parece possível tratar uma pessoa que se identifica com o sexo oposto para que passe a se identificar com o seu sexo de nascimento. Daí a opção é apenas entre essa pessoa minimizar sua infelicidade com uma cirurgia, ou maximizá-la tentando suprimir seus sentimentos a respeito de si mesma.

Então, qual é exatamente o problema? Devemos forçar as pessoas a serem infelizes? Te faz infeliz o fato de que seja possível minorar o sofrimento dos outros?

Leandro disse...

Hipotética ou real, a Lola já deixou bem claro em um post que não gosta de lingerie. E não é obrigada a gostar. Da mesma forma que uma loja de roupas femininas não é obrigada a vender para travestis (ou transex como vcs gostam de dizer).

E não existe isso de "cis", "trans". O que existe é homem e mulher. Travesti não é mulher. Travesti é só uma transformação artificial. Ele não possui o aparelho reprodutor feminino. Mesmo que travesti faça uma vagina artificial, ele não possui útero, não possui óvulo, não procria, o cromossomo continua sendo XY.

Miguel disse...

Oi, Lola!

Quase nunca comento no seu blog (ok, comentei uma vez só! rs.), mas dessa vez o post foi tão familiar que eu tive que vir me manifestar.

Sou um homem trans e sei exatamente o que cada item desses que você listou significa. Isso quer dizer que, várias vezes, espera-se que eu adote uma postura machista, pq se começar a questionar o machismo e toda a opressão relacionada à mulher, tenho minha identidade de gênero - que normalmente já é questionada - anulada de vez.

Por isso, é incrivelmente importante pra mim e pra centenas de outras pessoas trans* que pessoas como vc, esclarecidas e dedicadas, se proponham a conscientizar o restante da população. Pessoas como esse pessoal que vem aqui se manifestar de maneira tão desagradável só mostra como o seu trabalho é importante. Gostaria de aproveitar o espaço pra tb te agradecer. Conheci e construí meu feminismo através do seu blog e tenho certeza que serei um homem melhor a cada dia graças a pessoas como vc.

Ah, e pra Alice, que questionou sobre as crianças criadas de forma neutra. Falando sem qualquer embasamento teórico, só por experiência pessoal, as identidades "feminina" e "masculina" ainda existem nessas sociedades, mas a criança tem a chance de ser criada sem a pressão das expectativas. Assim, quando ela atingir uma idade em que tenha discernimento suficiente, pode identificar com qual papel social ela se relaciona. Isso, claro, se ela não se identificar como pertencente a nenhum gênero ou mesmo como sendo um pouco de cada.

Jéssica disse...

Uma das raras vezes que concordo com uma anonima, principalmente na parte que 'privilegio cis' só existe para quem se encaixa fazendo click nos esteriótipos de gênero, ou seja, segue um conjunto gigantesco de limitações, principalmente mulheres.

Adoro meu privilégio de ter meu potencial desvalorizado desde a infância por 'me identificar como mulher'.

Anônimo disse...

Como feminista preciso dizer porque um homem com todas as suas regalias gostaria de ser tratado como uma mulher?

Mauro disse...

"É poder ir ao banheiro sem ser constrangida ou ameaçada."

Hum, mas não haveriam mulheres e homens que se sentiriam constrangidos com a presença dessas pessoas? Não adianda dizer que esses homens ou mulheres deveriam deixar de ter preconceito - os direitos e a privacidade deles valem tanto quanto os de qualquer outro, e para exigir respeito é preciso respeitar. Isso me lembra aquele caso do Laerte, em que ele usou o banheiro feminino de um restaurante e fez uma menininha fugir do lugar. Quando os funcionários pediram que ele não usasse o banheiro feminino, ele fez mais birra que a menina, foi ridículo. Acho que o ideal seria ter banheiros específicos para elas/eles mesmo.

"É poder competir profissionalmente em esportes, sem que uma categoria me proíba, por exemplo, por eu não ser 'realmente' mulher."

Por outro lado, testosterona favorece esportistas de várias formas (mais notavelmente por favorecer o desenvolvimento muscular). Não tenho muito conhecimento sobre os nívels hormonais de pessoas trans, mas acho que é seguro supor que uma mulher trans tenha bem mais testosterona que mulheres cis. Será que isso não traria vantagens injustas a um time ou outro? Parece bobagem, mas é algo tão sério que o Comitê Olímpico Internacional já criou um mecanismo que pode identificar as atletas femininas com um "excesso de produção de hormônios masculinos" para determinar sua participação ou não nas competições olímpicas.

Adriana Silva disse...

Nossa como é bom ler esses textos para cada vez mais ser possível abrir minha mente.

Queria tanto uma palestra sua aqui em Teresina Lola <3 . Muito obrigada por me dar o oportunidade de ler esse blog todos os dias, é muito importante mesmo! Beijos Lola

Leandro disse...

É poder competir profissionalmente em esportes, sem que uma categoria me proíba, por exemplo, por eu não ser "realmente” mulher.

Me lembrei de um trans que lutava no MMA feminino e vencia as lutas fácil... Mas testosterona é bobagem. Não existe "macho" e "fêmea". É tudo "construção social".... Não é feministas?

Anônimo disse...

Gente, tem dó, vai. Boa parte das pessoas, que se declaram o ÓÓÓ das feministas, que SEEEMPRE estão certas, e o caralho a quatro tão sendo é hipócritas!

Reclamam quando os homens fazem discursos negando privilégios mas fazem igual quando se trata de privilégios cis.
Feminismo não é só pra cis.

Incrível. Acho que empatia pra vocês é assim "EMPATIA É SÓÓÓÓ PRA MIIIIM".

Mulher sofre? Sofre. Agora vem me falar que trans não é mais oprimido que cis? Ah não, pára!!!
Por acaso tem representação de personagens trans sem ser desrespeitoso, por exemplo? gente.
Que babaquice.

Pessoas trans ainda sofrem violência de parceiros que acreditam que foram enganados.. ah..

Nem vou argumentar aqui mais, porque na verdade boa parte de vocês entendeu o post SIM, maaaaas como bom opressor, não quer abrir mão dos privilégios.
Eu sou cis. E antes de conhecer o feminismo, por ter transfobia, machismo etc tão enraizados, nem percebia isso. O feminismo foi um tapa na cara e o momento de colocar a mão na consciência.

Se você achar super legal soltar chorume transfóbico e magoar uma pessoa porque nunca vai saber o que é passar por isso, espero realmente que você mude.

Se você só consegue pensar em você, talvez não deveria estar representando um movimento que cobra tanta empatia.

Abraços.

lola aronovich disse...

Quero muito ir pra Teresina, Adriana! O Piauí é meu estado vizinho e eu ainda não o conheço! Aqui no Nordeste, falta conhecer Piauí, Sergipe e Alagoas. É só chamar que eu vou.


Leandro, vc está trollando, só pode. O que vc está fazendo tem nome: DERAILING. Tirando dos trilhos. Vc que trouxe a "discussão" sobre lingerie, que não tem nada a ver com nada, e ainda vem dizer que eu não gosto de lingerie (tipo: o que isso tem a ver com qualquer coisa?).
Mas, já que outros trolls (ou talvez seja vc mesmo?) morderam a sua isca, é o seguinte: SE vc tivesse uma loja de lingerie e SE essa loja não fosse à falência em quinze minutos, e se SE vc realmente se recusasse a vender e ganhar dinheiro por uma questão de preconceitos, ops, princípios, o Estado não iria fechar a sua loja. Talvez uma consumidora trans se sentisse discriminada (COM RAZÃO!), e entrasse com um processo contra a loja por danos morais. Daí talvez vc perdesse e tivesse que pagar uma mixaria de indenização, já que as indenizações aqui costumam ser bem baixinhas. Quem sabe outras consumidoras, indignadas com o seu preconceito, promovessem um boicote a sua loja. Quem sabe esse boicote funcionasse e muita gente pararia de comprar na sua loja transfóbica. Tudo dentro da lei e do mercado, certo? É só acompanhar o que está acontecendo com a Barilla. O dono da marca de macarrão deu umas declarações homofóbicas. O movimento LGBT se revoltou. Outras marcas de macarrão decidiriam aproveitar e se manifestar contra a homofobia. E pronto. Não tem intervenção estatal nem nada. Está cada vez mais provado que preconceito é péssimo pra uma marca. Mas continue pensando em abrir uma porcaria de loja de lingerie hipotética, Leandro, que vc vai longe.

Guilherme Melo disse...

Não entendo como alguém pode negar todos estes privilégios.

A discriminação contra @s trans é, infelizmente, uma das menos combatidas, forçando a absoluta maioria a viver praticamente na clandestinidade - até porque a identidade d@s trans é um fato que se evidencia por si só a todo momento(diferente, por exemplo, da homossexualidade).

Reconhecer os privilégios, mesmo sendo vítima de alguma opressão, é essencial! Parabéns pelo enfrentamento, Lola querida!

lola aronovich disse...

Miguel, obrigada! Que bom que vc gostou! Peço desculpas pelo nível de alguns comentaristas por aqui. Tá dose hoje. Tem os mascus de sempre com sua ignorância proverbial e um ou outro comentário anônimo igualmente idiota que deve vir de radfem (espero estar sendo injusta, mas eu já ouvi essa "argumentação" antes). É muito preocupante quando a transfobia de mascus se confunde com as de radfems.


Mauro, pelamor, né? Quem se "constrange" com a presença de uma pessoa trans num banheiro público está sendo preconceituoso. Mais "constrangida" fica a pessoa trans, que ou é expulsa do banheiro aos berros ou espancada. E o que vc defende (banheiro só pra trans) cheira à segregação. Lembra quando havia banheiros e bebedouros para brancos e para os negros, nos EUA? A tal mentira do "separate but equal"? É isso que vc defende?


Mauro disse...

"Mauro, pelamor, né? Quem se 'constrange' com a presença de uma pessoa trans num banheiro público está sendo preconceituoso. Mais 'constrangida' fica a pessoa trans, que ou é expulsa do banheiro aos berros ou espancada. E o que vc defende (banheiro só pra trans) cheira à segregação. Lembra quando havia banheiros e bebedouros para brancos e para os negros, nos EUA? A tal mentira do 'separate but equal'? É isso que vc defende?"

Eu mesmo disse que essas pessoas são preconceituosas, Lola. Mas a questão não é essa. Se trans perturbam algumas pessoas no banheiro, porque não criar um para os próprios trans e evitar esses problemas? Do mesmo jeito que existem boates e bares especificamente para o público gay, como forma de criar um espaço em que se sintam mais a vontade. Ninguém defende que esse tipo de iniciativa é segregação.

De qualquer forma, não sou trans, tampouco você é. Não acho que ambos possamos dizer o que pessoas trans achariam da idéia de um banheiro separado, embora eu ache que ficariam divididos - alguns provavelmente achariam ofensivo, e outros (esses, provavelmente os que tiveram mais experiências ruins com banheiros públicos) podem achar uma opção perfeitamente aceitável. É difícil falar sobre as idéias do movimento como um todo, mas só quero deixar uma coisa bem clara: quando escrevi meu comentário anterior, não estava pensando em segregar ninguém. Se fiz isso, foi inconscientemente.

Anônimo disse...

Mauro,

é seguro supor que uma mulher trans tenha bem mais testosterona que mulheres cis.

Mulheres Trans tem níveis de testosterona geralmente menores. Os tratamentos hormonais clássicos tendem a por os níveis de testosterona numa trans igual aos das cis, mas ai as trans gostam de fazer sobredosagem por fora, de forma que os níveis de testosterona chegam à metade de uma cis. Desculpa por estourar tua bolha.

Anônimo disse...

Anon das 18:37
Como feminista preciso dizer porque um homem com todas as suas regalias gostaria de ser tratado como uma mulher?

Por que o Mundo é mais que meia dúzia de regalias hipotéticas, mas interessante contemplar o fato de que tu abririas mão de teu próprio "eu" para ter regalias se tivesse coragem. (:

@dddrocha disse...

Gente, por que essas pessoas preconceituosas frequentam o blog?
É sério, não entendo a lógica disso. Eu por exemplo, não frequento blogs que eles escrevem, mas eles estão aqui todo santo dia, enchendo o saco da Lola e do resto do pessoal que tá no debate, que tá discutindo de forma adulta e coerente.
Ficam aí dizendo que homem não pode ser mulher e mulher não pode ser homem, que coisa mais fraquinha e bobinha. Parece bullying da pré-escola.

lola aronovich disse...

Anônima das 16:27, seu comentário não é mascu, mas é tão ignorante quanto. Me diga QUEM está negando que mulheres cis são oprimidas, por favor. Porque o post fala textualmente que mulheres cis SÃO oprimidas. Mas não, vc realmente quer entrar numa competição. E se vc simplesmente admitisse que pessoas trans SOFREM preconceitos? Por que negar isso? Por que vc precisa colocar as opressões das mulheres cis acima daquelas sofridas por pessoas trans? O que vc ganha com isso, exatamente? Por que o feminismo não pode também lutar contra a discriminação de outros grupos, inclusive de mulheres trans? As suas colocações são absurdas. Pra começar, vc fala como se não existissem trans que são negras, ou trans que são lésbicas, ou trans que são gordas.
Aí vc parte pra comparações ridículas. Ganhar 30% de salário é bem diferente de não conseguir um emprego, de um emprego ser negado a vc porque o empregador não te considera homem ou mulher.
Ninguém está negando que algumas mulheres cis também são expulsas de casa (assim como pessoas gays e lésbicas em geral), que feminicídio não existe, que mulheres cis são policiadas. Mas o policiamento que trans sofrem é muito mais institucional que o nosso. A gente não precisa fazer terapia forçada pra provar ser mulher, precisa?
E o que o “nosso” amigo Marcelo tem a ver com a história? Tá cheio de cara misógino por aí. E vc deveria saber que esses mesmos caras também são transfóbicos, homofóbicos, racistas, gordofóbicos, enfim, tudo de ruim. Não os use como parâmetro de qualquer coisa. Sem dúvida, mascus reduzem mulheres cis a b*cetas ambulantes. Mas felizmente mascus não são o padrão da sociedade.
Dá pra fazer “e eu? E eu?” com cada um dos privilégios que coloquei. Por exemplo, a questão dos nomes. Eu também tenho dois nomes, Dolores (o oficial) e Lola (com que sou chamada desde bebê e com o qual me identifico). E no documento eu sou Dolores, e muita gente me chama de Dolores, e eu não gosto. Mas, sabe, e daí? É um caso individual. Não é que alguém está dizendo que não posso ser o que sou ao me chamar de Dolores.
Pense: por que o seu feminismo depende de negar que pessoas trans sofrem opressões? O que reconhecer esse fato tão óbvio interfere na sua vida?


Gente, viajo daqui a pouquinho, ainda tenho um monte de coisas pra preparar, inclusive a palestra de sexta. Alguém por favor venha ajudar a responder esses preconceituosos? Please? Pretty please?

Anônimo disse...

obrigada, jessica. e eu nao me identifico como mulher, eu sou identificada e reconhecida como mulher pelos outros, e a partir daí passam a me exigir uma feminilidade estereotipada a qual eu nunca conseguirei atender, e e em razao disso eu sofro violencia. se isso é um privilegio, gostaria de nao te-lo.

anonima das 19:38, eu nao nego que trans sofrem, que sao oprimidas, que precisam de apoio, que o mercado de trabalho as discrimina, que sofrem violencia (seja a violencia homofobica que homens gays considerados afeminados sofrem, seja a violencia misogina que mulheres em situaçao de prostituiçao sofrem).

oq eu nego é essa tentativa de negar misoginia e lesbofobia ao criarem a figura ficticia de privilegio cis. oq existe é privilegio masculino, o qual trans deixam de fazer jus em razao da dita feminilidade que a sociedade reconhece nelas. oq eu fiz foi listar as nossas especificidades, que nao sao mais nem menos graves que a das trans, mas sao coisas distintas (e obviamente nao sao privilegios, a nao ser que voce considere abusos sofridos desde a infancia uma forma de privilegio bizarra que nos machuca e oprime)

Mauro disse...

"Mulheres Trans tem níveis de testosterona geralmente menores. Os tratamentos hormonais clássicos tendem a por os níveis de testosterona numa trans igual aos das cis, mas ai as trans gostam de fazer sobredosagem por fora, de forma que os níveis de testosterona chegam à metade de uma cis. Desculpa por estourar tua bolha."

Engraçado você ter esquecido de citar certas partes que eu disse. Aqui está o que eu escrevi, simplesmente copiei e colei:"Não tenho muito conhecimento sobre os nívels hormonais de pessoas trans, mas acho que é seguro supor que..."

Você não estourou bolha nenhuma, você demonstrou não ter muita afinidade com a leitura.

De qualquer forma, como tenho algum interesse pelo tema, poderia me dizer as fontes que lhe deram tais informações?

Anônimo disse...

lola, respondi à outra menina antes de ver sua resposta, mas serve aos seus questionamentos tambem. obrigada pelo dialogo.

Bruna disse...

Eu venho falar aqui como militante feminista e como comunicadora da importância deste post.
Felizmente a questão trans* está saindo do espaço escuro a que tem sido destinada há tantos anos e começando a apontar nos debates políticos, mas infelizmente ainda está muito longe de ter o espaço que merece ou ao menos conseguir resultados significativos na vida das pessoas trans*. Mas penso que sim, o primeiro passo é reconhecer nossos privilégios cis que nos parecem invisíveis, que são tão difíceis de explicar, principalmente quando convivemos somente com pessoas cis. E pensar e repensar todos os dias como contribuímos com a transfobia e tentar desconstruir essa contribuição e sermos, como feministas, as primeira aliadas das pessoas trans em sua luta. Não é fácil, mas nada, nada, nada no mundo me parece ser mais difícil do que ser trans* e assim sendo meu maior objetivo é demonstrar para as pessoas trans* e para todas as pessoas bem intencionadas que venham a ler este post meu apoio, meu reconhecimento da premência da luta contra a transfobia e meu apoio. Que sejam criados e que criemos mais espaços para discutir a questão trans*, principalmente tendo trans* como protagonistas.
Aliás, faço parte da revista Vírus Planetário (www.virusplanetario.com.br) e estamos de portas abertas para se alguma militante trans* quiser contribuir com uma coluna sobre o assunto pela necessidade que há deste debate estar presente na mídia.

(quanto aos mascus e congêneres, eu primo por ignorá-los)

Mauro disse...

Em adição, mesmo que uma trans tenha níveis de testosterona baixos, existem certas parte do corpo (particularmente a estrutura óssea) que não mudam após a puberdade, mesmo com cirurgias e tratamentos hormonais, e só isso poderia oferecer vantagens em certos esportes.

Leandro disse...

Mas o Barilla é uma marca de macarrão, o que é muito diferente. Todo o mundo consome macarrões, tanto os homens, como as mulheres, compram. (Ainda assim, isso foi marketing para a empresa: veja, nunca falou tanto sobre Barilla como agora. E os consumidores mais conservadores, vão comprar só Barilla...)

Já lingerie é diferente. É um tipo de roupa 100% voltada para o público feminino. Alguém espera homem comprando lingerie? Talvez de presente para a esposa/namorada. Mas um travesti comprando pra ele? Imagine a seguinte notícia: "Travesti revoltado porque loja se recusou a vender lingerie". O caso seria tratado como piada pela opinião pública. Então, são casos diferentes.

Anônimo disse...

Gente, não tem nada a ver com o post, mas uma anônima disse que o Marcelo Vale está solto, é verdade? E já imagino que blog é esse. Isso é muito sério e representa um risco real para as pessoas ameaçadas por eles, principalmente os alunos da UnB.

Cyberia disse...

Lola & outros que entendam do assunto, especialmente os trans. Uma ajudinha por favor:

Sou servidora pública, trabalho diretamente com o atendimento ao público e hoje atendi uma mulher que vive com a companheirA. Ela mesma ficou sem jeito de me dizer diretamente que vivia com outra mulher, e eu percebi que devo alterar um pouco meu modo de atendimento, as minhas perguntas, para facilitar a manifestação das pessoas GLTB. Mas não é bem sobre isso que quero perguntar.

O caso é que pouco depois de atender esta mulher, bastante identificável como mulher cis (mas posso estar errada) e lésbica, sua companheira apareceu por lá. Ela, visualmente, parece um rapaz. Eu sabia que era uma mulher por que havia falado com a companheira antes, e a voz também deixava transparecer. Minha dúvida é: como devo tratar essas pessoas? Eu não SEI de fato se ela ´w trans, ou se é lésbica e simplesmente gosta de parecer daquele jeito. Devo tratar como elA, ou como elE? Porque infelizmente nessas horas eu preciso escolher um tratamento, e não acho que eu tenha como saber num caso assim a menos que pergunte diretamente, coisa que não me sinto a vontade em fazer...

Quem tiver alguma dica, algum@ trans que queira se manifestar sobre isso, eu agradeço. :) Percebi hoje que preciso prestar mais atenção nisso e melhorar, se for possível.

lola aronovich disse...

Cyberia, legal vc estar preocupada com isso! Essa companheira deu um nome? Se ela se identificou como companheirA da outra, é mulher, trate como mulher. Na dúvida, talvez possa ser bom perguntar: "Por que nome devo te tratar?". Se alguma pessoa trans puder ajudar a responder a Cyberia, seria ótimo.


Leandro, vc é uma piada. Só permito que vc comente porque vc proporciona uma ótima dose de comédia involuntária. Sem comentários. Continue falando de lingerie.

Anônimo disse...

Ficam aí dizendo que homem não pode ser mulher e mulher não pode ser homem, que coisa mais fraquinha e bobinha.

tem razão,biologia,genética são argumentos fraquinhos e bobinhos,ontem mesmo eu era homem,agora sou mulher,tudo com o poder da minha imaginação,q transformou meu corpo por inteiro,talvez depois eu me transforme em coruja....

a ignorância é de vcs,n tem como homem virar mulher e vice versa.

Fernanda disse...

Uma salva de palmas pra Laerte, que representa muito bem os trans, que se engajou completamente na causa e que é simplesmente adoravel, mostrando até pro ser humano mais mediocre que delicadeza, força, consciência não tem gênero.

Clap, clap, clap. Te amo, Laerte. Você me transformou.

(Lola, também te amo e você também me transformou, mas a homenagem era trans, ok?! Hehehehe!!!)

Fernanda disse...

Sobre o Marcelo Valle:

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2013/02/18/interna_cidadesdf,350223/justica-condena-reu-que-mantinha-site-de-odio-a-negros-nordestinos-e-gays.shtml

Anônimo disse...

Lola, privilégio não é poder sair apenas com medo de ser assaltado. Caso contrário, poderíamos dizer que mulheres são privilegiadas por serem menos assassinadas do que homens. E, não, não é o caso. Privilégio é ter mais acesso a emprego, educação, bons salários, estímulos etc. somente por ser homem. Por favor, utilize os termos com mais cuidado.

Anônimo disse...

lola, amei o post, mas alguns comentarios sao de chorar.

muita falta de empatia, principalmente de homens, claro, mas tambem de algumas mulheres.

esse leandro so pode ser troll querendo se aparecer.

e pra quem falou que "trans perturbam". meu caro, reveja seus pré-conceitos. se uma pessoa se sente "perturbada" na presença de uma trans (coitadinha), o problema esta na pessoa, e nao na trans, que nada faz de mal, além de existir.

entrar num banheiro, mijar, cagar, é um direito basico. todo mundo é a mesma merda, mas todo mundo se acha melhor que o outro.

carmen

Mariana disse...

Lola, amo o blog, me ajuda horrores com várias questões, os posts e maioria dos comentários são um belo exercício intelectual... Mas, por outro lado, como tem gente BURRA insistindo em vomitar merda na caixa de comentários, às vezes tenho que conferir se não mudei pro G1 sem querer... Esses bem que podiam parar de vir cagar nesse espaço que é um alento na internet

Lain Cyberia disse...

Lola, obrigada pela resposta. Acho que as vezes não tem muita solução a não ser perguntar... Não, a companheira da moça que atendi não chegou a se apresentar dessa forma, ela só passou por lá para perguntar se a moça ainda estava lá ou já tinha saído, então eu não a atendi. AINDA. Mas sou o tipo de servidora que, de mim, ninguém escapa. Eventualmente todos da região vão passar por ali, então fiquei pensativa quanto a isso. Mas acho que ao menos estando mais consciente desses casos não vou ser pega de surpresa e despreparada. Afinal, todo mundo paga pelo serviço público, e merece o melhor que a gente puder oferecer.

Mauro disse...

Para quem tem algum interesse nos problemas da participação de transgêneros em esportes, recomendo que leiam esse artigo (em inglês): http://www.bloodyelbow.com/2013/3/9/4080712/dr-benjamin-not-on-board-with-transgender-female-fallon-fox-fighting

Anônimo disse...

Leandro, na boa, cara, vai estudar e ler pra parar de passar vergonha. Identidade de gênero diferente do gênero dos genitais e dos cromossomos não é capricho ou fruto da imaginação, como vc diz ao falar de virar coruja (não tem como não rir dessa parte da coruja). Vc acha mesmo q alguém vai escolher ter um gênero diferente daquele com que nasceu só por capricho? Vc acha mesmo q é fácil ser esculachadx por uma sociedade escrota cheia de gente como vc e q é fácil fazer uma operação de mudança de sexo depois de tomar vários hormônios e passar por terapia? Acorda pra vida e vai estudar pra deixar de ser imbecil!
E vc se recusar a vender lingerie pra travesti vai te fazer perder dinheiro, se bem que é complicado acreditar que alguma mulher cis compraria qqr coisa de um boçal machista e descerebrado como vc!

Anônimo disse...

Entendo que o cerne da questão - e que contempla todos os envolvidos em uma sociedade democrática - é a diferença de privilégios, a "escadinha". Exemplificando de forma resumida: Pessoas cis masculinas tem mais privilégios, liberdades e liberalidades que pessoas cis femininas, que por sua vez tem mais que pessoas trans*. Isso sem contar as complexidades de ter mais ou menos melanina na pele, mais ou menos adiposidade e por aí vai...

Miguel disse...

Não precisa se desculpar, Lola! Eu estou acostumado rs. O que me espanta realmente é o que leva uma pessoa com visões de mundo tão limitadas a vir comentar em um blog tão feminista.

Cyberia, sei que a Lola já te respondeu maravilhosamente, mas vim aqui dar minha opinião da mesma forma rs. Nesses casos, o melhor é realmente perguntar o nome da pessoa, mas nem sempre isso resolve. Se a pessoa for trans*, pode ficar intimidada e acabar dizendo o nome de registro, ao invés do social, por medo. Eu sei porque passo por isso diariamente. Uma outra alternativa é você perguntar algo como "Com qual gênero você se identifica?" ou "Em qual gênero você prefere que eu lhe trate?". São cinco minutos de embaraço, mas um alívio gigantesco para a pessoa em questão.

Outra coisa, para o pessoal que debate como adultos e está aberto a rever seus privilégios e preconceitos, que todos nós temos. Transexuais não são só mulheres que foram identificadas como homens ao nascer. Existem também os homens trans, identificados no nascimento como mulheres. Não entrando na Olimpíada do Preconceito que uma galera ai parece curtir, mas se vocês acham que as mulheres trans já sofrem preconceito, imaginem se a gente continuar fingindo que os homens trans nem existem.

Ah, e um adendo. De forma simplificada, falar que mulheres trans* têm privilégios masculinos é o mesmo que falar que as mulheres se beneficiam por aquela estupidez que é o convite mais barato na balada.

Leandro disse...

“Leandro, na boa, cara, vai estudar e ler pra parar de passar vergonha. Identidade de gênero diferente do gênero dos genitais e dos cromossomos não é capricho ou fruto da imaginação, como vc diz ao falar de virar coruja (não tem como não rir dessa parte da coruja). Vc acha mesmo q alguém vai escolher ter um gênero diferente daquele com que nasceu só por capricho?”

Não é capricho? Oh, claro! Afinal, seus "estudos" comprovaram que fazer uma vagina artificial não é um capricho, é uma "necessidade vital". Um direito natural e fundamental. Gay não vive sem uma vagina artificial, né? Por isso que o SUS tem que pagar pro travesti fazer uma vagina artificial.


“Vc acha mesmo q é fácil ser esculachadx por uma sociedade escrota cheia de gente como vc e q é fácil fazer uma operação de mudança de sexo depois de tomar vários hormônios e passar por terapia?”

Oh, claro. Não se pode nem criticar.... Entendí. O taxpayer tem que pagar pro travesti fazer uma vagina artificial e não tem que falar nada. Senão é transfobia....


“E vc se recusar a vender lingerie pra travesti vai te fazer perder dinheiro”

Agora não se tem o direito de colocar os princípios acima do dinheiro.... Que coisa, capitalistas sempre foram criticados por só pensarem em lucro e em dinheiro... Contraditório de sua parte....

Alice disse...

Obrigada, Miguel.

Fico um pouco confusa pq já li que a transexualidade não está exatamente ligada ao 'papel' do gênero... Pq afinal de contas, o que é se sentir mulher? Certamente não é andar maquiada e de salto...
Sei lá... Se a Lola conseguisse um depoimento, seria interessante.

lola aronovich disse...

Leandro, vc só está trollando, eu sei, porque não é possível que alguém tenha tanto orgulho da sua ignorância. Quer dizer, vc já deixou claro em várias ocasiões que nunca lê os posts, nem lê os comentários, só vem aqui despejar toda a sua idiotice. Mas, sei lá, vc não passa nem os olhos no que está escrito? Nem nas imagens? Porque, se passasse, saberia que pessoas trans e homossexuais são bem diferentes. Uma se refere à identidade de gênero, a outra, à orientação sexual. A maior parte das pessoas trans não é homossexual, é hétero. Sei que é difícil pra sua cabecinha binária entender, mas se uma mulher trans sente-se atraída por homens, ela é hétero. Se ela sente-se atraída por mulheres, é lésbica. Se ela sente-se atraída por qualquer gênero, é bi. A última coisa que um homem gay quer é uma vagina artificial, acredite.
Além do mais, há pessoas trans que não querem ser operadas. A maior parte das travestis têm o pênis, por exemplo. Talvez porque, por total falta de opção, a maior parte tenha que se prostituir para sobreviver. E 90% dos seus clientes estão interessados justamente no pênis.
Vc é 100% transfóbico, Leandro, e sabe muito bem disso. E homofóbico, e misógino, e gordofóbico, enfim, vc é tudo que não presta. Leve o seu discursinho doentio de taxpayer pra outra freguesia, vai.

Anônimo disse...

Leandro

Sem querer dar corda pra sua loja de lingerie, já dando, um estabelecimento é proibido de se negar a vender qualquer coisa a qualquer pessoa que tenha como pagar. Mesmo em casos do tipo "não vou te vender pq não tenho troco".

Bom, um homem pode comprar uma lingerie pra esposa e usar ele mesmo. E uma trans pode comprar uma lingerie pra uma amiga, pro chá de lingerie de alguém que vai casar, enfim... é bem idiota você ficar fazendo suposições de qual será a finalidade daquela peça.

Por fim, se você cogitasse agir assim por 'princípios' religiosos, eu posso te garantir que você faz mais mal pra sua alma com esse tipo de comportamento cheio de juízo temerário, do que vendendo a bendita da lingerie. Não cabe a você cuidar da 'salvação' alheia.

Unknown disse...

Esses posts sobre privilégios estão maravilhosos, Lola. E como é DIFÍCIL reconhecer nossos privilégios, né? Recentemente eu estava refletindo justamente sobre isso, pois estou acompanhando o Blogueiras Negras e várias coisas que elas relatam que acontecem com elas, cotidianamente, me parecem um tremendo absurdo. Coisas que eu achava que nem aconteciam mais! Como uma vizinha achar que a mulher, só por ser negra, é faxineira, e isso acontece todas as vezes que elas se encontram, há cinco anos. Minha vivência de mulher-cis-branca-classe-média não me permite enxergar isso. A gente nunca vai saber exatamente como é. Podemos ter uma pálida ideia, mas é uma ideia mesmo, muito abstrata, do que é passar por essas situações que negros, trans, homossexuais passam. Parabéns pelos posts, estão excelentes!!!

Anônimo disse...

Leandro é daqueles que acham que alguém acorda e fala: "ai, minha vida tá tão sem graça, hoje decidi virar homem/mulher pra ter emoções fortes"! Pffffff, como se tudo fosse fricote ou uma escolha simples! Ah, get a life! Vai passear, ninguém te quer aqui!

Leandro disse...

“Quer dizer, vc já deixou claro em várias ocasiões que nunca lê os posts, nem lê os comentários, só vem aqui despejar toda a sua idiotice. Mas, sei lá, vc não passa nem os olhos no que está escrito? Nem nas imagens? Porque, se passasse, saberia que pessoas trans e homossexuais são bem diferentes. Uma se refere à identidade de gênero, a outra, à orientação sexual. A maior parte das pessoas trans não é homossexual, é hétero.”

Lola, eu lí o texto, mas por mais malabarismo retórico, trans não é mulher. Trans é um homem que se veste e se produz como mulher. Então, um trans que gosta de homem é homossexual sim.

Isso de identidade de gênero constitui um projeto de engenharia social para extinguir as distinções biológicas de gênero. Todos nós nascemos macho ou fêmea, ou em termos humanos: homem ou mulher. Ninguém nasce "trans". Trans se transforma por meio de processos artificiais como injeção de hormânios, cirurgias estéticas, remoção do órgão genital, etc....


“Sem querer dar corda pra sua loja de lingerie, já dando, um estabelecimento é proibido de se negar a vender qualquer coisa a qualquer pessoa que tenha como pagar. Mesmo em casos do tipo "não vou te vender pq não tenho troco".”

Um ato de compra e venda só pode ser efetuado se AMBAS as partes concordarem. Do contrário é coerção. Isso é o básico do básico, mas o governo, com sua ânsia de controlar a vida das pessoas, jamais respeitará isso.

Anônimo disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAAHHAHA, agora Leandro tá confundindo trans* com gay! Nossa, mais BURRO do que eu pensava!
SAIBA: existem mulheres trans* que, mesmo depois da cirurgia e do tratamento, continuam a se relacionar com outras mulheres. Com homens trans* a mesma coisa pode acontecer. Porque IDENTIDADE DE GÊNERO e ORIENTAÇÃO SEXUAL são duas coisas completamente diferentes, que podem vir juntas ou não. Mas é CLARO q vc não sabe disso e prefere ficar cagando pelo teclado. Por isso te mandei ler, vai te fazer ser menos imbecil!

Anônimo disse...

"Mulheres Trans tem níveis de testosterona geralmente menores. Os tratamentos hormonais clássicos tendem a por os níveis de testosterona numa trans igual aos das cis, mas ai as trans gostam de fazer sobredosagem por fora, de forma que os níveis de testosterona chegam à metade de uma cis. Desculpa por estourar tua bolha."

Referências? Gostaria de ler mais sobre isso, sou mulher cis e feminista, mas não acho que uma mulher trans possa competir com mulheres cis e não é só por causa dos hormônios, e a estrutura óssea? São diferentes e proporcionam vantagens em certos esportes.

Anônimo disse...

E mais. Não sei se vc reparou, Leandro, mas vários gays NÃO QUEREM mudar de gênero! Ooooooooooooh! Um homem gostar de homens nao significa q e QUER SER MULHER e o mesmo pra lésbicas. É tão mentecapto q é hilário, tenta consertar (aka falar mais burrice e senso comum) e fica ainda pior!

Anônimo disse...

SAIBA: existem mulheres trans* que, mesmo depois da cirurgia e do tratamento, continuam a se relacionar com outras mulheres. Com homens trans* a mesma coisa pode acontecer.

ERRATA: existem mulheres trans* que, mesmo depois da cirurgia e do tratamento QUE REMOVEM OS GENITAIS MASCULINOS, continuam a se relacionar com outras mulheres [...]. E, sim, como disse a Lola, uma mulher trans que vai se relacionar com um homem é HÉTERO! Ou seja: trans* podem ter várias orientações sexuais, assim como os cis!

Miguel disse...

Pra Anônima das 13:11. O tratamento de reposição hormonal vai fazer exatamente isso, repor o hormônio em falta no organismo. No caso da mulher trans, vai repor o estrogênio e abaixar a testosterona, até que os níveis fiquem iguais aos de uma mulher cis. Igual a reposição hormonal de mulheres cis na menopausa. É esse o procedimento. O mesmo para homens trans, onde a testosterona aplicada vai diminuir o estrogênio no organismo até os níveis hormonais serem os de um homem cis.

Com isso, TODA a musculatura vai mudar. No caso da mulher trans, a gordura vai ser redistribuída, os músculos vão enfraquecer e diminuir, a força vai diminuir, enfim, tudo igual ao de uma mulher cis. A não ser que essa mulher trans faça musculação, o que uma mulher cis tb pode fazer. Enfim, o ponto é que fisicamente a única diferença entre essas mulheres seria que a mulher trans não teria um aparelho reprodutor feminino completo.

Quanto a estrutura óssea, essa realmente não muda, mas não sei em qual esporte isso seria uma vantagem. Além do que, mulheres cis tb podem ter uma estrutura óssea maior do que a maioria por n motivos.

Anônimo disse...

"Quanto a estrutura óssea, essa realmente não muda, mas não sei em qual esporte isso seria uma vantagem."

A estrutura óssea está ligada, por exemplo, a força nas articulações e a resistência a lesões.

Anônimo disse...

Obrigada pela resposta, Miguel, mas gostaria de referências sobre esse assunto. Existem diferenças que mesmo com a reposição hormonal não mudarão. Gostaria que alguém dessa área comentasse sobre isso.


Livia Siqueira disse...

Leandro,

COMERCIANTES não podem se recusar a vender suas mercadorias a quem quer q seja, ok? Olha só, tem até lei pra isso: Lei Delegada Nº 4, de 26/09/62, e Lei Nº 7.784, de 28/06/89.

Agora vai lá comer seu mingau. Ou seria tomar seu Toddynho? Ai, gente, me perco com esses mascus.

Anônimo disse...

Então Leandro, qnd você tem uma loja onde coisas estão a venda, é pq vc não está sendo coagido a vender... bom, você deve saber de tudo isso.
Agora pq você não acata a sugestão da Lola, pega esse seu papinho de 'governo esquerdista controla nossas vidas' e vai conversa com seus amiguinhos tradicionalistas? não deu pra sacar ainda que você não vai convencer ninguém aqui?

Hamanndah disse...

Na Alemanha de Hitler os comerciantes eram proibidos de vender algumas coisas aos Judeus. Hitler mandou que os judeus usassem a estrela de davi para que todos soubessem que a pessoa era judia, dessa nao negociar com elas..,,.e muitos comerciantes aplaudiam Hitler

Voce está agindo igual a eles

So falta vc querer que os trans usem a letra T na roupa para serem reconhecidos

depois as feminazistas somos nós

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Leandro disse...

“Então Leandro, qnd você tem uma loja onde coisas estão a venda, é pq vc não está sendo coagido a vender... bom, você deve saber de tudo isso.”

- Mas eu vendo para quem eu quiser. Eu tenho o direito de selecionar os clientes. Não é porque eu abrí uma loja que eu devo ser obrigado a vender para qualquer um. Vou repetir: um ato de compra e venda só pode ser efetuado se AMBAS as partes estão de acordo. Então, se eu abrir uma loja, você só compra na minha loja se eu quiser vender pra você. Não é porque você tem o dinheiro, que eu sou obrigado a aceitar o seu dinheiro e vender o produto pra você. Vou lhe citar um exemplo: se uma mulher vende serviços sexuais (uma garota de programa), e aparece um cara com dinheiro, mas ela não quer fazer programa com o ele, ela é obrigada a fazer programa com ele mesmo não querendo? Segundo o seu raciocínio, sim. Afinal, ela vende escancaradamente serviços sexuais e não pode selecionar clientes (tá na lei)... Viu pra onde este tipo de raciocínio leva?

Engraçado que vocês gostam de gritar bem alto "Meu corpo, minhas regras", mas por que não se pode dizer: "Minha loja, minhas regras", "Meu shopping, minhas regras?, "Meu restaurante, minhas regras"

Anônimo disse...

Ué, se a reposição hormonal enfraquece os músculos de um homem até a força diminuir a níveis semelhantes aos de uma mulher, porque a Fallon Fox bate como um homem? Alguém me explica, por favor?

http://youtu.be/O63KAKFPC7g

Até onde sei, o corpo masculino somente seria alterado se a reposição hormonal fosse feita ANTES da puberdade.

Anônimo disse...

A força que a mulher tem nos braços é menos que a metade da de um homem. Homens tem ossos mais longos, ou seja, alavancas mais potentes. O mais próximo seria a força das pernas, porém veja que a comparação seria entre um homem e mulher de mesma massa muscular. Mas o homem médio e mais alto e tem mais músculos, ou seja.

Livia Siqueira disse...

"Mas eu vendo para quem eu quiser. Eu tenho o direito de selecionar os clientes."

NÃO, NÃO TEM. É ilegal.

Puta merda, o nível dos mascus q comentam aqui já foi mais alto, hein?

Leandro disse...

"Na Alemanha de Hitler os comerciantes eram proibidos de vender algumas coisas aos Judeus. Hitler mandou que os judeus usassem a estrela de davi para que todos soubessem que a pessoa era judia, dessa nao negociar com elas..,,.e muitos comerciantes aplaudiam Hitler

Voce está agindo igual a eles

So falta vc querer que os trans usem a letra T na roupa para serem reconhecidos"


- Mas quem aqui falou em criação de leis estatais para discriminar travestis? A propriedade privada é um Direito Natural e Inalienável. Começando da propriedade sobre o próprio corpo, até sobre bens adquiridos de forma pacífica (voluntária, sem roubar ninguém). A partir do momento que você tira, coercivamente (sem o consentimento dele), a liberdade do proprietário legítimo de agir da forma como ele bem entender em sua propriedade, você está violando os direitos que ele tem sobre a sua propriedade. Agora a partir do momento que se OBRIGA os donos dos estabelecimentos comerciais e/ou industriais a seguir determinado comportamento (como aceitar pessoas que ele não deseja lá, ou proibí-lo de aceitar pessoas que ele deseja), o dono não é mais dono. É apenas um mordomo, um gerente do negócio para quem manda sobre ele (no caso, o governo). Era isso que os empresários eram na Alemanha Nazista (Mises que foi perseguido pelos nazista explica detalhdamente como era a propriedade na Alemanha Nazista). Veja que Hitler violava a liberdade e a propriedade privada dos comerciantes, já que os comerciantes não tinham a liberdade de comércio (se eles quisessem vender aos judeus, iriam para Auschwitz)...

Graciema disse...

"Agora a partir do momento que se OBRIGA os donos dos estabelecimentos comerciais e/ou industriais a seguir determinado comportamento"

- É, uns comportamentos do tipo respeitar direitos trabalhistas, leis ambientais, responsabilidade social...

Esses governos esquerdistas, que ousam ir contra o direito divino, sagrado e inalienável da propriedade individual, deveriam todos ser fuzilados mesmo.

É exatamente por isso que as armas são priorizadas pelos governos esquerdistas (afora não deixar as mulheres de defenderem, pq onde armas de fogo são liberadas, como nos EUA, estupros não acontecem). Para não podermos fuzilar esses esquerdistas do inferno.

É claro também que vender serviço é EXATAMENTE a mesma coisa que vender mercadoria. Como esses esquerdistas malditos marxistas-gramscistas ousma interferir na sagrada relação de lucro???

(ok, eu sei...don't feed the trolls...mas num resisti dessa vez)

Gabi disse...

A caixa de comentários do post sobre veganismo estava ruim, mas essa daqui está tenebrosa! Eu sei que a Lola tem lá seus motivos pra deixar aberta, mas me sinto lendo notícias no site da folha, onde a regra é pular os comentários pra não passar raiva. Mas enfim...

Vim com uma questão. Não entendo muito do assunto, mas estive recentemente em um evento sobre demografia e um dos comentários de uma palestrante foi algo do tipo: em demografia a questão é sexo biológico e nada de gênero ou qualquer outra coisa dessas.
Achei discriminatório, custa colocar uma caixinha trans lá e marcar x mulher x trans? Não é uma representação mais correta (sem falar em mais justa) da realidade? Alguém sabe se existem discussões na demografia sobre isso? Afetaria de alguma forma algum tipo de cruzamento de dados?

Anônimo disse...

comerciante que não quer vender é, no mínimo, burro... está fadado à falência mesmo...
leandro, além de hipotético comerciante burro, iria hipoteticamente preso por discriminação... simples assim.
mas freud explica essa "obsessão" por travestis...elas realmente "violam os princípios"...medo de adorar, né querido?

Anônimo disse...

Leandro, serei rápida e pragmática: Discriminação de Gênero no comércio é CRIME, se achas inconstitucional, deves entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF, e não reclamar em caixa de comentários de blog feminista.

Julia disse...

Não vi a Fallon Fox bater como um homem. Vi ela ganhando uma luta. Aliás, nas lutas masculinas um dos dois homens sempre perde, não?

Anônimo disse...

Fallon Fox batendo como homem? Segundo a Teoria Feminista, ela deveria ter ganhado com um peteleco, não é mesmo? Mas aparentemente, ela teve bastante trabalho.

Carina Rocha dos Santos disse...

Gostei muito do texto! Mas agora fiquei mais intrigada ainda com uma questão: de que forma eu revejo e abro mão de meus privilégios como mulher cis? isso é algo que me deixa muito frustrada, é bastante difícil né.

Mari disse...

Lola, amei seu texto! Muito obrigada por abordar essa discussão tão importante. É pela falta deste tipo de discussão que tantas vezes vemos esse tipo de opressão sendo reproduzida. Leandro e cia, suas Cis-Tears regam meu jardim, bjos. ;*

Beth Dell'art disse...

Olá, gostaria de descobrir, qual privilégio cis que eu tenho, em ser uma mulher, lésbica, negra, pobre, cis e butch? Será que o privilégio cis que tenho, é poder ser estuprada não só pelo ânus, mas também pela vagina?

Beth Dell'art disse...

CUIDADO, o que eu vou dizer é forte, mas é real! Tem uma frase bem forte aqui no meio, pode ser ACIONADORA, mas é REAL!.Essa frase não é a que se repete. Pois privilégio CIS não existe quando se é mulher e isso é incontestável, essa não é a frase forte, entenderam?
Privilégio CIS não existe quando se é mulher!
Privilégio CIS não existe quando se é mulher!
Privilégio CIS não existe quando se é mulher! Entenderam?
Vou repetir!
Privilégio CIS não existe quando se é mulher!
Ou será que o privilégio cis que tenho, é poder ser estuprada não só pelo ânus, mas também pela vagina? Ou seja, um privilégio que eu estaria compartilhando com homens trans, é isso? Como querem me convencer disso? É violento! Qual o sentido disso, me digam? Onde está meu privilégio CIS? Eu não consigo enxergar. Eu sou mulher, eu sou lésbica, e já me confundiram com homem no banheiro, no supermercado, na fila do pão, já me chamaram de macho, e juro pra vocês foi horrível, ainda é, sempre vai ser, mas ainda assim não foi mais horrível do que os abusos que sofri por ser mulher durante toda a vida! Hoje eu tenho força pra falar disso, mas dói, e é desesperador eu ainda ter que ficar explicando essa porra, é um inferno eu ter que ficar explicando que não tenho porra de privilégio CIS nenhum!
Privilégio CIS não existe quando se é mulher!
Privilégio CIS não existe quando se é mulher! Entenderam?

Pa. disse...

Privilégio cis de mulher não existe!!! Isso aí!!

Anônimo disse...

Eu como MULHER lesbica butch "cis" tenho tanta coisa pra falar sobre isso. Sobre o "privilégio" de nao ser confundida, de ter sua genitália "corrigida" devido as roupas e um comportamentos não padrao q a socidade me impôs. Mas vou me silenciar pq meu discurso distorce o discurso de uma pessoa portadora de próstata. Lola, vc precisa urgentemente saber o significado de privilégio social. Afinal branco não tem privilégio pq gosta de ser branco, pq se for assim preto q gosta de ser preto tbm tem privilégio? Privilégio é vc ter uma posição social politica privilegiada. Esses "privilégios" q vc citou ai ta mais pra satisfação pessoal, e é um ato irresponsável colocar como algo social de uma mulher. Ok?
NAO EXISTE PRIVILÉGIO CIS PARA MULHERES. Seja consciente de quantas mulheres lésbicas sao obrigadas a silenciar.