domingo, 28 de abril de 2013

SAIU A REIMPRESSÃO DO LIVRO! GUEST POST PRA COMEMORAR

Gato da Shey expressa opinião sobre meu livrinho

Pessoas queridas, finalmente, até que enfim, aleluia, tenho mais livros pra vender! A primeira edição se esgotou ano passado, e agora saiu a reimpressão. 
Não é chamada de segunda edicão porque nada foi mudado, mas tá lá escrito, "primeira reimpressão 2013". É quase certeza de que será a única reimpressão, então, por favor, garanta o seu exemplar. 
Estou falando do meu livrinho de crônicas de cinema. Juro que todo mundo que comprou adorou! Tenho fotos e palavras pra provar. Muitas mesmo, e espero poder publicar mais fotos de leitorxs felizes logo logo.
Pra comprar meu livrinho e ganhar a dedicatória mais longa e pessoal já vista neste mundo, é só depositar R$ 30 (ou R$ 26,30, se preferir por registro módico) na minha conta corrente do Banco do Brasil, agência 3653-6, cc 32853-7, ou Banco Santander, agência 3508, cc 010772760. Aí você envia pro meu email (lolaescreva@gmail.com) um comprovante de pagamento ou printscreen, seu endereço (com CEP), e algumas linhas sobre a sua pessoa, para que eu possa me inspirar na hora de escrever uma dedicatória (veja aqui como fazer pra comprar se você mora fora do Brasil, ou se você quer comprar dois ou mais exemplares). Daí é só esperar que em até dez dias o livro chega na sua casa.
Por favor, compre mesmo, que o Dia das Mães vem aí, e o meu livrinho é um presente bacana pra mães cinéfilas. E também porque agora preciso vender duzentos livros!
Sobre as linhas que você deve me enviar pra que eu me inspire, não precisa ser nada tão elaborado quanto este lindo relato que a Cássia me mandou em julho, quando comprou meu livro.

Lola, encontrei seu site este ano [2012], quando tava dando uma lida sobre cinema.
Tava lendo "como ver um filme", passei para um sobre roteiros (coisas básicas, nada muito teórico), e achei um post seu sobre os filmes do Oscar, a visão masculina predominante...
Daí foi uma libertação e um resgate, porque quando eu era criança, era a mais inteligente da sala, tirava as melhores notas sem esforço, não dava problema de comportamento pras professoras, não compactuava com a falta de educação dos colegas.

Como as pessoas me viam naquela época (e como se lembram de mim)? Como a gorda, a feia, a que usava óculos, a que se vestia de bermuda e camiseta e não de vestidinho, a que não era romântica (poxa, quem não quer ser amada?), a que não enfeitava o cabelo, a que não usava maquiagem, a que era a pior na educação física, a chata que se empolgava nas aulas de filosofia, a chata que sempre queria atacar o que achava errado (machismo, racismo, bullying -- e sem nem saber o que tudo isso significava direito).
Fiquei adolescente, emagreci uns 7 quilos, passei a usar lentes de contato, tirei o aparelho dos dentes e fiquei badalada. Ah, aí sim eu tava legal. Eu me lembro que fiz amizade com uma vizinha de quem eu gostava muito. Aí vieram uns amigos me falarem pra parar de andar com ela porque era "o maior queima filme". Hein? Eles tiveram que explicar, porque eu não entendi. A lógica era a seguinte: eu era (sou) branca, bonita, do cabelo naturalmente liso. Ela, morena, do "cabelo ruim", gorda e feia. E que se eu continuasse andando com ela, como ela era feia e espantava os homens (sério?), eu acabaria sozinha também, porque ninguém ia se aproximar de mim quando eu estivesse do lado dela. Detalhe: duas dessas criaturas que me deram tão bom conselho passaram depois um tempo na cadeia por furto, roubo e tráfico de drogas. Gente de classe média, bonita, não-negra, e cheia de bons conselhos pra dar.
E outras coisas aconteceram, minha mãe um dia me proibiu de sair porque eu disse que iria só eu e uma amiga -- no caso, negra, gorda, cabelo rastafari -- e ela disse que não era companhia pra mim. A gente fazia inglês juntas, tinha as mesmas amizades, morava perto, mas... ela era "inadequada".
Teve também o dia que o meu professor de química passou dos limites comigo. Estávamos no laboratório de informática, a turma toda, eu na última cadeira. Ele se sentou ao meu lado, fingiu dar atenção ao meu colega e enfiou a mão por debaixo da minha blusa e ficou acariciando minha barriga. Poxa, eu tinha uns 15 anos e ele, uns 50. E ninguém viu. Pedi conselho pra minha mãe, e o que ela disse? Deixa pra lá. Já que não tinha como provar, e como eu já me sentia culpada mesmo sendo vítima, deixei. Contei pra duas amigas, chorei, mas não toquei no assunto com a direção.
E voltando ao peso, mesmo na época em que eu estive mais magra (52 kg, ossinhos), ainda assim eu nunca fui magra o suficiente. Eu me lembro de depois ter ficado sabendo do comentário do meu namorado à época para o namorado seguinte (é, eles eram amigos) de que eu era linda de rosto. Sabe o que me custou ficar tão magra? Eu ficava feliz quando adoecia e secava mais. Mas ainda assim, não tinha o corpo bonito o suficiente -- isso para duas pessoas que em tese sentiam atração física por mim.
Depois veio o meu casamento de quase dez anos com um babaca. Ele achava que o papel do homem era de provedor, e, o da mulher, de gostosa (detalhe: mesmo achando que homem era provedor, ele nunca pagou as contas sozinho. Nem te conto o prejuízo que eu tive). E como eu tava gorda, ele me insultava quase todos os dias. E, por eu ter tido namorados antes dele, me tratava com uma violência verbal inacreditável. Eu aguentava tudo, pensando que era melhor estar com a coisa do que voltar a morar com minha mãe. Meu pai, meu irmão, o povo do trabalho, todo mundo que eu convivia (até desconhecidos na rua), achavam que eu tinha que tomar vergonha na cara e emagrecer, mas ninguém queria saber de verdade o que eu estava passando.
A última agora foi o cara com quem eu tô saindo (hoje eu tô com uns 84 kg) virar pra mim e dizer que, num jogo de futebol de faculdade, tinha uma menina caloura torcendo contra o time dos veteranos e que ela era muito chata, e que por isso ele resolveu testar uma coisa: o homem pode ser xingado de qualquer coisa, mas chamar a mulher de gorda é o pior insulto do mundo. E ele então xingou a menina de gorda na frente de todos, os amigos dele riram, os dela também. Ele ficou satisfeito porque "ela tava enchendo muito o saco", mesmo admitindo que não foi bonito o que ele fez. Lola, demorou dois dias pra digerir a história e ter uma reação. Há requintes de crueldade da sociedade contra a mulher tão enraizados, que as pessoas já interiorizaram tanto, que nem percebem mais.
Enfim, aconteceram muitas coisas na minha vida, e eu muito raramente me lembrava daquela criança que eu fui, inconformada com as coisas. Acabei empurrando vários dissabores pra baixo do tapete e vivendo acomodada. Com o seu blog, resgatei essas histórias e voltei a refletir, a questionar. Descobri que existe violência obstétrica, e que o que eu passei no parto da minha filha não foi um choque de culturas entre uma menina mimada e um corpo médico atarefado, mas sim uma violência institucionalizada que nos atinge no momento de maior fragilidade.
Apesar de todas as lágrimas dessa terapia forçada, amei conhecer seu blog e, mesmo o livro não sendo sobre feminismo, e sim sobre cinema, fico muito feliz em poder estar em contato com alguém que não se recusa a pensar.
Sobre a dedicatória, pode ser apenas "com carinho". Porque é isso que falta nesse mundo.

15 comentários:

Náy Rocha disse...

Me identifiquei muito com o post.É incrível a cobrança cruel e os vários tipos de violência a que nós, mulheres, somos submetidas.Algo que eu achei interessante também é a questão do machismo que afirma que o homem tem que ser provedor, mas que, em contrapartida, pressiona a mulher a colocar comida dentro de casa também.Notei que isso está muito comum de uns tempos para cá.Vejo essa situação até mesmo na minha casa: homem que se diz o machão, o provedor, mas faz a esposa, que também trabalha, arcar com parte(ou todas) as despesas.É muito injusto.

Luiz Ricardo disse...

Lola, a favorecida da conta Santander é Dolores A Aguero? Beijos e boas vendas!

Unknown disse...

Qualquer que seja não duvido que o conteúdo seja bom se foi escrito por você, mas não consegui ter uma ideia do que se trata? Acompanho o blog a pouco tempo.

Unknown disse...

Lola, qual a favorecida da conta do Banco do Brasil?

caso.me.esqueçam disse...

oba! ja garanti o meu, com direito a autografo fofo e tudo! ;) (vale a pena, gente!) ;)

Rafaella disse...

Oi, Lola =D!
Meu comentário na verdade não tem nada a ver com o post. É que eu li esses dias um texto que gostei muito sobre a nova propaganda da Dove. O comercial é super bem intencionado e confesso que logo que vi até achei super legal. Mas se a gente prestar atenção, infelizmente ele só reitera a mentalidade da nossa sociedade de reduzir a mulher à beleza. Eu sei que vc é super ocupada, mas como li e gostei, achei que tinha o dever de recomendar pra quem se interessasse também. Aí vai um trecho:

"It doesn’t really tell us that the definition of beauty is broader than we have been trained to think it is, and it doesn’t really tell us that fitting inside that definition isn’t the most important thing. All it’s really saying is that you’re actually not quite as far off from the narrow definition as you might think that you are.

And actually, it almost seems to remind us how vital it is to know that we fit society’s standard of attractiveness."

E aqui o link:

http://jazzylittledrops.tumblr.com/post/48118645174/why-doves-real-beauty-sketches-video-makes-me

Grande beijo!

Unknown disse...

Cássia eu nem te conheço e já acho vc linda!
Adorei o seu guest post!!

Mais carinho, por favor!

Sara disse...

Boa sorte com a reimpressão do seu livro Lola, e espero q venham outros, vc tem muito a dizer, quem sabe uma coletânea dos seus melhores posts, muitos são primorosos.
Adorei a história da Cassia, agora depois de saber sobre ela, só nos resta torcer pra q ela se encontre, e seja feliz.

Anônimo disse...

Pelo que andei lendo no blog, acho que o teu livro fala bastante do cinema norte-americano. Também adoro o cinema feito lá, mas queria perguntar se você pretende escrever - ou se gosta - de cinema francês e argentino, os meus preferidos. Gracias.

lola aronovich disse...

Pessoas queridas, estou de volta! Desculpem não ter deixado claro que meu nome oficial (o que aparece na minha conta bancária) é DOLORES ARONOVICH AGUERO. Podem comprar sem susto!

Mary Janne disse...

Lolinha, vc viu isso? http://jezebel.com/law-order-svu-airs-greatest-hits-compilation-of-camp-480867409

Lady Vedder disse...

Lola, transferi o valor do livro... dps te mando o email.

Anônimo disse...

Não acredito que seu nome é Dolores! Adoro esse nome! Lindoooo

Anônimo disse...

Lola, espero que os exemplares durem até o dia 10 de maio! (Dia do pagamento da bolsa exploração aqui na UFSM, hehe)

Ótimo guest-post, Cássia! Abraços

india disse...

Não entendo muito sobre isso, mais creio que óleo de côco teve funcionar milagrosamente, já que é antibacteriano e cura praticamente quase todos os problemas, tentem e boa sorte!