sábado, 27 de abril de 2013

GUEST POST: O FUNK E O FEMINISMO


Verinha Dias e Samantha Pistor, do Feminismo sem Demagogia, aceitaram meu convite e escreveram este guest post. 

Na quarta-feira foi feita uma postagem na página do Facebook Feminismo Sem Demagogia. A postagem versava sobre o funk e seu papel no feminismo. Sem demora, houve uma grande quantidade de comentários, sendo que a grande maioria condenava o funk e as funkeiras, acusando-as de produtos do machismo, com uma ótica totalmente elitista. Não bastasse isso, havia também as clássicas acusações sobre as funkeiras não se “darem o valor”, não “se respeitarem” e ainda “serem vulgares”.
Em razão do preconceito que ainda existe contra o funk e como muitas das pessoas que comentaram na postagem se assumiam feministas, faz-se necessário, então, apresentar uma discussão sobre o funk e seu papel no feminismo.
O funk que se ouve no Brasil não é o mesmo originário dos Estados Unidos. O funk brasileiro, oriundo do Estado do Rio de Janeiro e por isso chamado de funk carioca, é um estilo musical que ganhou força a partir dos anos 70, com a promoção de bailes de black, soul, shaft e funk, bem como com a busca por novos estilos de música negra.
No começo dos anos 2000 vieram à tona as mulheres do funk. Inicialmente, elas limitavam-se apenas a dançar e participar dos clipes musicais, para o deleite dos olhos masculinos. Eram as tchutchucas, as preparadas, as cachorras, as popozudas. Essas denominações tinham um significado lógico: o exercício da dominação do homem sobre a mulher, tema sobre qual versava a música funk na época. Durante anos o único papel da mulher no funk era simplesmente decorativo. 
Entretanto, houve uma reviravolta no meio do funk e as mulheres começaram a redefinir esses nomes antes ligados à dominação. Cachorra, por exemplo, não equivale mais à mulher que serve apenas para satisfazer sexualmente o homem. Hoje, o termo é significado de mulher livre, que fica com quem quiser no baile, dança sensualizando porque tem uma autoestima elevada (estando ou não dentro do padrão imposto pela sociedade), faz sexo casual, e acima de tudo, busca e exige prazer com o sexo. 
Uma das justificativas para a Marcha das Vadias ter este nome é a intenção de tirar o peso negativo da palavra “vadia” e mudar seu significado para o mundo. Os termos usados pelas funkeiras em suas letras seguem o mesmo princípio. A única diferença é que a linguagem do funk é voltada para seu público-alvo: as classes mais baixas. As funkeiras cantam para as mulheres da favela e dialogam com elas. E falar de liberdade sexual e do prazer feminino de forma honesta e direta é uma das bandeiras do feminismo. 
Uma das funkeiras mais conhecidas e que recentemente virou tema de tese de mestrado é Valesca Popozuda. Valesca sempre se identificou como feminista e fez inúmeras campanhas contra o fim da homofobia e do machismo. Ela foi, inclusive, uma das poucas cantoras que contratou uma mulher trans para dançar em seus shows.
Numa de suas músicas Valesca canta: “Só me dava porrada/ e partia pra farra/ Eu ficava sozinha esperando você / Eu gritava e chorava, que nem uma maluca/ Valeu, muito obrigada, mas agora eu virei puta!”. O discurso político e feminista cantado por Valesca remonta à história das mulheres que sofrem violência doméstica. A letra fala, inclusive, do assédio moral além das agressões físicas. A mulher retratada na canção era agredida, abandonada, sofria todo o tipo de humilhações. Esta mesma mulher busca sua libertação e a alcança, se tachando e sendo tachada de “puta” por ter abandonado o marido que a agredia e o casamento fracassado. 
Não tem como negar o discurso feminista embutido nessa canção. Valesca dialoga essencialmente com a mulher de baixa renda, com a mulher que mora em comunidades, com a mulher que, por desconhecimento, ainda acha que deve obediência e submissão ao seu homem. Esta mulher, que não conhece Simone de Beauvoir ou Virginia Woolf, é atingida. Conhece o feminismo a partir das canções de Valesca.
Muitas pessoas feministas repudiam com veemência a ideia de que existe feminismo no funk, nas músicas cantadas pelas funkeiras, no estilo de dança realizado. Há moralismo nas críticas feitas em desfavor do funk, além do elitismo visível. O que muitas pessoas não entendem é que o funk é um tipo de arte cultural. Pode não ser cultura da classe média, mas é a cultura do "povão".
Nenhuma pessoa é obrigada a apreciar o funk ou a dançar funk, mas é necessário reconhecer seu papel político ante as mulheres de baixa renda. Não é à toa que o fato de uma estudante de mestrado ter escolhido como tema de sua tese o papel da Valesca no feminismo tenha causado tanta repercussão. Reconhece-se o funk, o grito do povo, como arte. A classe média chora inconformada. 

307 comentários:

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Dani disse...

Acho que vou ser massacrada de novo rs

Antes que me acusem, não estou amarrada em nenhum patriarcalismo. Mas mostrar a bunda e dizer palavrão é baixo e sujo. Ser puta não é orgulho, basta perguntar para as prostitutas na rua. Não deixaria ninguém me chamar de cachorra ou potranca e muito menos de vadia.

Achei um absurdo uma tese sobre Valesca Popozuda, não por eu ser feminista, mas porque ela não representa NADA de cultural (eu não considero o funk um movimento cultural), nada de respeito e nada de nada.

Ficar rebolando em cima de um palco com a bunda de fora excitando os homens sedentos por isso não é certo na minha opinião. Há maneiras mais bonitas de chamar a atenção.

Vejo no funk uma falta de feminismo e até de antifeminismo. Elas fazem aquilo porque é aquilo que elas conhecem. Aquele tal de Catra que trata as mulheres como L-I-X-O é reverenciado por todas essas funkeiras.

Ah cara, sério, foi mais um desabafo. E pensar que o que elas fazem não seja feminismo foram muito influenciadas pelo feminismo. Nojo, isso que sinto.

Me responda, até quando vamos servir para diversão dos homens e não vamos nos dar ao respeito?

A mulher (quando quiser) deve ser assim dentro de casa, entre quatro paredes com seu marido, namorado ou ficante. Num palco? Façam-me - favor.

Anônimo disse...

é, o assunto é dificil mesmo. Não gosto de funk, acho o mc catra um lixo andante, um cara que não acrescenta nada, mas sabe como é o povo gosta....
Quanto a Valesca está cobrindo o buraco deixado pela tati quebra barraco( que foi a precursora nisso...) e que agora anda meio sumida, dizem que virou evangélica. (putz...)

Anônimo disse...

Quando ta na voz de mulher tudo muda.


Realmente quanto aos homens do funk é so lixo mesmo com suas mulheres decorativas.

Anônimo disse...

Dani, dá pra notar bem que vc não entendeu do que se trata a questão. Em primeiro lugar, não se disse em nenhum momento que todo funk é feminista. Óbvio que não se está falando aqui de Mr. Catra.

E não é só porque vc não gosta que não é cultura. Vc está se enquadrando justamente no padrão elitista de classe média que está sendo criticado aqui. Sugiro que leia mais sobre cultura, pq está claro que seu conceito é limitado e equivocado.

Quanto a rebolar ter que ser entre quatro paredes, isso é escolha sua. De novo afirmo que vc não entendeu a questão, logo, leia mais sobre a marcha das vadias (especialmente a parte de retirar da palavra seu peso pejorativo), sobre liberdade sexual, sobre o direito da mulher sobre seu próprio corpo e sobre feminismo em geral... quem sabe ajude vc a rever seus (pre)conceitos.

Bela Campoi disse...

Nesse ponto sou bem elitista mesmo: acho o funk péssimo musicalmente e não ouço na minha casa por nada nesse mundo. Mas é inegável que dentro a cultura de massa, ele tenha essa abrangência toda mesmo, e que uma ínfima quantidade de letras expressem algum feminismo. Também acredito que aquelas bundas todas no palco enalteçam a mulher como objeto, sim! Acho feio e vulgar... quem gosta que dance e ouça. Eu, mesmo feminista, tô fora!

Anônimo disse...

enquanto isso, o faceLIXO proibe imagens de pintura de mulher nua , nu artistico

mas deixa no ar video de uma mulher sendo decapitada.
nojo desse zuckemberg, que bosta.

Anônimo disse...

mas que tem carater sexista quanto a forma de apresentar no palco, tem.Indepedente de funk feminista ou nao.

Anônimo disse...

quando o gato sai, os ratos fazem a festa....

Unknown disse...

Dani Psicóloga, você leu o post?
Não, não gosto do funk, mas acredito que cada vez mais ele tem "evoluído" para contribuir e movimentar feministas de todas as classes, isso é inegável, ajuda sim a aumentar a auto-estima da mulher que passa a não ligar mais para certos esteriótipos e até adotá-los e dar novos significados.
Os ouvidos doem, e me custou muito aceitar isso, mas tá aí, e é a realidade, acredito que nós feministas devemos usar todas as armas pra findar o machismo...

Então, sou a favor de campanha para deixar o funk cada vez mais com a cara do movimento feminista, porque não?

Anônimo disse...

vcs podem não acreditar... mas eu gostei do bonde das maravilhas....
pensei que ia destestar , mas não. simpatizei. engraçado essas coisas...

Gaby. disse...

Sertanejo universitário é considerado um produto cultural. Eu não suporto, por exemplo. Mas só porque eu não gosto, não significa que a música sertaneja não tenha o seu "quê" de cultura. Porque é, cultura, sim.
O mesmo acontece com o funk... É o tipo de música que eu não escolheria para colocar no meu celular e ouvir "milhões de vezes até enjoar".

E se analisassemos as roupas (ou falta de) das funkeiras, oque falaríamos de cantoras como Rihanna, Mariah Carey ou Nicki Minaj?
Infelizmente, quase sempre seremos levadas como "objeto". Se vestirmos uma roupa mais curta ou dançarmos mais livremente...

Nem toda música cultural é Bach ou Beethoven.
Nem toda dança é tango ou valsa.
E nem toda roupa é aquela que você considera apropriada.

Ana Líbia disse...

Lola, vamos um pouco mais devagar.

A música analisada no guest post promove sim um grande diálogo com a mulher em situação de violência e submissão, mas SERÁ MESMO que todas as músicas cantadas pela Valesca pegam o mesmo gancho ou mais estariam a serviço do patriarcado? Vamos ver?

"Por ela o homem chora
Por ela o homem gasta
Por ela o homem mata
Por ela o homem enlouquece

Dá carro, apartamento, jóias, roupas e mansão
Coloca silicone
E faz lipoaspiração
Implante no cabelo com rostinho de atriz
Aumenta a sua bunda pra você ficar feliz"

Veja bem, eu não critico diretamente a profissional do sexo. Cada uma faz o que bem quiser com sua pussy - isso também é feminismo. Mas REDUZIR a pussy a uma mera moeda, hm, já vi esse filme antes. Sem contar que a própria Valesca já passou por dezenas de intervenções cirúrgicas para ficar exatamente como o patriarcado gosta.

Outro fato: Valesca não só vende uma imagem, como personifica uma mulher programada pra dizer sim, pra ser um tsunami sexual a tempo e a hora, e que disputa à unha os homens com outras mulheres. Ora, não teve um carequinha que nos disse, mais ou menos, que a liberdade também consiste do direito de dizer não?

Dani disse...

Stencil,

"Não, não gosto do funk, mas acredito que cada vez mais ele tem "evoluído" para contribuir e movimentar feministas de todas as classes, isso é inegável, ajuda sim a aumentar a auto-estima da mulher que passa a não ligar mais para certos esteriótipos e até adotá-los e dar novos significados."

Depois de ler zilhões de criticas ao Thomas e à Nicole, você vem me dizer que tirar a roupa da mulher à força é aumentar sua auto-estima?

Veja o video que o fabio postou.


Saríssima

Veja esse video do Fabio, funk não é cultura, é violência contra a mulher.

Se você acha que é cultura e não liga que tirem sua roupa na frente de centenas de pessoas, sugiro que vá pra lá.

Ana Líbia disse...

PS: E que o funk é cultura, ah, classe média sofrida, disso não há dúvida.

DEAL WITH IT.

Lys disse...

É necessário saber o conceito de cultura antes de falar sobre. Posso não gostar de funk, mas não é por isso que deixa de ser cultura. Cultura não é um adjetivo qualitativo.

André disse...

Texto sensacional: uma das coisas que mais me irrita nesses funks tipo Mc Naldo, tido como moderninhos, é que são justamente voltados para a classe média, já que o teor das músicas não é "tão baixo". É feito pra que as elites possam botar o som no carro sem sentir vergonha por ser música de pobre, mas quando toca o funk "baixaria" na balada todos - independente da classe - ficam loucos pra dançar.

E imagina Dani Psicóloga, não tem nenhuma patriarcalismo na sua fala não.

Links disse...

Ai gente, por favor né? Não gosto de funck mas a gente nao pode negar que quando a Valesca fala 'a buceta é minha e eu dou pra quem quiser' é sim feminista. Ela revindica o direito sobre o proprio corpo. E isso, vocês querendo ou nao, é libertador para muitas mulheres. Por favor, nao falem que ela desvaloriza as mulheres dizendo isso, porque realmente 'a buceta é dela e ela dá pra quem quiser'. Talvez nao seja educado dizer isso, ou bonito, mas é libertador para muitas mulheres

Monique Prada disse...

"Ser puta não é orgulho, basta falar com as prostitutas de rua(..)"
Comentário off-topic, o meu, mas penso que falta à moça conhecimento sobre os movimentos/associações de prostitutas país afora.
De resto, são posições bastante moralistas e conservadoras.. É lamentável que algumas pessoas insistam em levantar esse muro, defendendo um feminismo elitista, preconceituoso, afastado-o de camadas da população onde ele se faz imprescindível.
Não gosto de funk, mas não posso deixar de reconhecer no "movimento" das funkeiras as características e peculiaridades citadas pela Samantha e Vera no post.

Brechó Chita Chic disse...

Acho que tem uma questão aí que não é muito levada em conta, mas que eu acho primordial para entender se o funk representa ou não uma forma de libertação para as mulheres. Essas mulheres que são o público-alvo principal da Valesca Popozuda, por exemplo, existem outras possibilidades para elas obterem alguma forma de reconhecimento ou independência? Acho que a classe média e os estudantes no geral olham pra esse tipo de manifestação a partir da própria experiência - o que faz com que a opinião pública se divida entre os que acham que o funk é lixo e não deve ser considerado cultura, e os entusiastas, que vêem nessas músicas uma expressão da libertação sexual e tal. Só que não entendo como pode haver liberdade quando outras possibilidades estão fora de cogitação, já que essas mulheres não teriam outra chance de reconhecimento a não ser pelo corpo.

Criss Fleury disse...

A Dani Psicóloga precisa urgentemente ler a definição do termo "cultura"!!! Não, colega, cultura não é só MPB, chico buarque e Cirque du Soleil! Ignoro todo o resto da sua opinião, pois é apenas a sua opinião. Mas POR FAVOR, não diga q o funk não é cultura, pois ele simplesmente É! Por mais q vc não queira ou por mais q vc "não considere como cultura"! Pelamor, minha filha, vai estudar um pouco antes de falar besteira. Qualquer sociólogo, antropólogo, musicólogo, historiador ou algo do gênero vai te dizer q, pela definição da palavra "cultura", o funk é sim cultura! Assim como o pagode, o axé, a música erudita, os cultos religiosos, inclusive a macumbaria... Tudo q é socialmente produzido pelo homem é cultura! Me assusta muito uma psicóloga não saber de uma coisa tão básica. E não precisa ir em livro aprofundado não, Qualquer google ou wikipidia vai te confirmar a informação correta do q seja cultura. Vai lá e lê, colega! Pq tu ta precisando urgente!

Unknown disse...

Não concordo com o moralismo da Dani Psicóloga, muito menos com o elitismo em sua definição de "cultura", mas um trecho, tenho que aplaudir, que é a parte sobre a mulher como coisa, servindo à diversão masculina. Desculpem-me os entusiastas do Funk, mas o suposto feminismo de Valeska POPOSUDA não faz superar a imagem da mulher-objeto, destinada à apreciação masculina, mulher limitada a corpo, mulher que serve pra rebolar. Essa ÊNFASE NO CORPO não se vê no discurso do Funk em relação ao homem. Se feminismo luta por igualdade, onde está o feminismo da POPOSUDA? Está em dizer "A porra da boceta é minha"??? O que, no contexto, significaria "Sou uma mulher-bunda, limitada a um corpo, e apenas não quero ser julgada por transar com quem eu quiser". Sinceramente, é pouco demais pra ser chamado de feminismo. Dizer que esse feminismo fajuto deve ser respeitado por ser o único feminismo que chega às classes populares é concordar com a desigualdade de acesso delas a uma discussão mais profunda, que produzisse efeitos maiores do que, por exemplo, a mulher superar a condição de objeto do marido (a mulher que sofre violência doméstica), e se tornar a mulher-objeto de qualquer um (a dita puta, da música, cujo corpo é mercantilizado, explorado e abusado pelo homem que PODE pagar). É um jeito muito elitista de dizer que existe o NOSSO feminismo e o DELAS. Existe a feminista-mulher-bunda, e existem as outras feministas. É apoiar, querendo ficar longe, porque nenhuma feminista da página quer ser mulher-bunda. Estou farta de pseudointelectualismo e pseudofeminismo elitista!

Thatiane S. Almeida disse...

Concordo com o texto em partes.
Sim, o funk é uma manifestação cultural (e muito rica). Sim, existem funkeiras com discursos feminista. Sim, é importante que a mulher preze pela sua liberdade sexual. PORÉM, na imagem está escrito "o funk é feminista" e disso vou ter que discordar.
Gosto de funk, moro na periferia, então querendo ou não (e muitas vezes não quero mesmo, mas o que posso fazer contra carros com som extremamente altos?), ouço muito o estilo. E posso afirmar com muita certeza, boa parte das letras não só confirmam o machismo extremo mas também estimulam as pessoas a agredir mulheres verbalmente e fisicamente.
Odeio ter que admitir isso, pois eu realmente gosto do estilo, mas não vou romantizar o funk e fingir que concordo com o discurso de ódio que muitos pregam.

Fábio disse...

"à- á-há, um otário pra bancar"
By Valeska Popozuda ( incone feminista brasileiro)

Anônimo disse...

chora não fabio entruso, ouça mc caca..
quer dizer... catra.

Mordechai disse...

Isso aqui é feminismo?

http://www.youtube.com/watch?v=XZkLAC_lEJA

Anônimo disse...

Meio cansativo esse discurso de 'funk não é cultura'.

Funk carioca é cultura SIM.

A marginalização do funk (por ser um som majoritariamente negro, oriundo de uma população pobre) é um problema grave e escancara todo o preconceito que o brasileiro tem.

Engraçado que funk não é cultura, mas a Lady Gaga, por exemplo, canta músicas como Government Hooker (Puta do Governo) e Sheibe ('Merda' em alemão) e não vejo pessoas a recriminando, pelo contrário, faz um sucesso danado. Matanza e Velhas Virgens, duas bandas brasileiras renomadas e bem conhecidas, cantam coisas como 'Toda Puta Mora Longe' e não vejo críticas tão ferrenhas em cima deles. O problema do funk é simplesmente porque é som de 'preto, pobre e puta'. Quando o branco e rico fala baixaria, é 'subversão'. Quando o preto e pobre fala, é 'falta de cultura'.

A tese sobre a Valesca foi corretíssima e extremamente relevante e ela sim tem um discurso feminista, que mostra que a mulher tem controle de si. O funk proposto pela Valesca é totalmente diferente dentro do contexto do funk do Catra, por exemplo.

A exposição do corpo feminino no funk é questionável, mas há uma diferença enorme da Valesca pras dançarinas do Catra. A Valesca mostra seu corpo pra estimular seu discurso de liberdade. As do Catra estão pra lá pra 'complementar' (essa palavra é péssima) toda a coisa da submissão feminina e do corpo feminino como diversão.

Eu não vejo nada de degradante na palavra 'puta' por si, até porque não acho a profissão prostituta degradante porque não acho o sexo degradante. Obviamente as condições de trabalho das prostitutas são lamentáveis e muitas não tem escolha, mas o fato delas serem PROSTITUTAS ou PUTAS não as diminuem em instância alguma.

E mais, não sei qual o problema em ficar nua no palco. Por que em casa é permitido que eu mostre meu corpo e na rua não? E se eu tiver vontade e controle dele?

É bom pensar em todo esse discurso contra o funk que existe por aí, especialmente entre a suposta 'elite pensante' porque revela muita, mas muita coisa mesmo sobre nossa formação social.

Mordechai disse...

Aliás, eu acho engraçado como vocês vêem cultura do estupro em tudo que é lugar, menos no funk, porque vocês gostam de funk e de funkeiros.

Essa letra, por exemplo, de um funkeiro famoso, basicamente defende o estupro, e eu nunca vi uma feminista, nem mesmo uma dessas feministas funkeiras que vocês adoram sair para criticar isso.

http://www.youtube.com/watch?v=9TVn0yddis0

jacmila disse...

Sou profe de artes cênicas e qdo uso músicas p/ exp.corporal, o funk/fuck passa longe. Acredito q umx estudante tem o DIREITO de ampliar seu universo cultural, se apropriando sim, da tal "cultura dominante". Indigência educacional/cultural rima com curral eleitoral.

Fábio disse...

Mutilação genital em paises africanos, e as barbaridades feitas contra mulheres no islã também são consideradas culturais, levada em conta as devidas proproções,vamos ter respeito por estas culturas mesmo assim ?
Até que ponto cultura justifica degradação humana e social ?
O funk carioca quando surgil, tinha o mesmo conceito do rap, da voz a quem não tinha, dar voz a uma realidade excluida, mas de uns anos para ca, e so degradação social pura, apologia a pornografia, pedofilia, ostentação e ao banditismo, nos bailes os consumo de drogas e exploração sexual de adolecentes e incentivado pelo trafico, em periferias e um inferno, os biales de rua oprimem o trabalhador, que tem escultar aquela zuada em sua porta ate 5 da manhã,a qualquer dia da semana, isto também e "classe media sofre" ? e cultural ?

Felipe disse...

Assim como o sertanejo universitário e o pagode, o funk não passa de um passatempo estúpido para pessoas estúpidas. Não dizem nada com nada. Discordo que essas porcarias sejam as únicas opções para os pobres. Cartola e Rita Lee, por exemplo, são artistas acessíveis, populares e tem MUITO mais a dizer do que esse monte de lixo que se diz defensor das minorias, mas só está pensando mesmo em aparecer na capa da Caras.

Unknown disse...

Um dos pontos complicados de se viver em uma cultura machista é que, como ela frequentemente nos reduz apenas a corpos para o prazer masculino, fica uma sensação de que pra fugir dessa visão a única outra possibilidade é ficar com a dicotomia santa/puta.

É dentro desse aspecto que acho importante frisar que cada pessoa é livre (ou deveria ser) pra fazer com o próprio corpo o que ela quiser. Que, ao contrário do que diz o patriarcado, nós não temos que escolher entre mostrar mais o corpo, ter prazer sexual de formas não ‘tradicionais’ OU poder ter voz. E esse é um argumento comum de quem quer invalidar o funk carioca, nê?

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=362046443888014&set=a.352231021536223.82939.352228014869857&type=1&theater

Claro que existem diversos feminismos, mas me parece que esclarecer que o corpo de uma mulher é dela é uma das questões “quentes”.

Dito isso, acho que vale MUITO a pena dar uma olhada nesse post da Mariana Gomes (que está fazendo a tese de mestrado citada no texto. Não no sentido de que ela possui A verdade, mas pq é uma opinião válida, de algm que se dedica a pensar o assunto):

http://marivedder.wordpress.com/2013/02/13/acenda-a-luz-vermelha-que-eu-te-mostro-uma-parada/

“Na cama faço de tudo / Sou eu que te dou prazer / Sou profissional do sexo / E vou te mostrar por que / Minha buceta é o poder / Minha buceta é o poder”
"Os mais moralistas podem dizer que “não há necessidade disso”, mas eu afirmo que há sim. Há porque durante toda a história nós fomos reprimidas e impedidas de mostrar o que queremos. Hoje, seguimos assim, e às vezes somos tolhidas por nós mesmas."

+

"“Mulher burra fica pobre / Mas eu vou te dizer / Se for inteligente pode até enriquecer”
Ora, mas se isso é feminismo, eu faltei nessa aula."


(Só pra constar, ela não 'encerra' o debate).



Se vcs tiverem tempo, vale dar uma olhada na carta-resposta dela a Rachel Sheherazade ♥

jacmila disse...

Feminismo sem demagogia - quems?
Um exemplo de "mulher livre":
uma aluna - q só ouve/dança funk - deixou de frequentar as aulas pq seu homem - q está preso por tráfico - não deixa. E ela obedece.

Unknown disse...

Dani Psicóloga

"não estou amarrada em nenhum patriarcalismo" Será que não mesmo?

Vamos ver:

Você fala: "Mas mostrar a bunda e dizer palavrão é baixo e sujo.”
Sabe que isso é um moralismo elitista? Sim, as elites tendem a aceitar falar de sexo de forma enrustida, ou romantizada, não abertamente, ainda mais tratando se de mulheres, junte a isso o fato de que as palavras usadas são uma linguagem popular, linguagem das favelas, por exemplo... Temos um ataque moralista.

A linguagem não aceita, não é por que é obscena, mas por que não é a mesma aceita culturalmente pela classe dominante, logo é sujo, é feio... Isso é estar atrelada aos valores do patriarcalismo sim.
São os valores morais da classe dominante que sustentam o machismo, são estes valores morais que condenam a mulher livre, que faz o que bem entende, afinal não é este o papel que a sociedade patriarcal destinou as mulheres.

Unknown disse...

Dani Psicóloga:
Você diz "ficar rebolando em cima dos palcos..." Você como feminista deve defender que o corpo é da mulher e só ela deve decidir as regras sobre ele, logo, se a mulher faz isso, independente das consequências, é escolha dela, e devemos respeitar. Se não quiser fazer igual, não faça, mas logo nós feministas, vamos dizer a esta mulher que ela não fazer o que quiser com seu corpo?

Você diz "Vejo o funk como uma falta de feminismo"
Existe machismo em todos os estilos musicais, mas o funk levanta muita polemica por causa da sua linguagem, que é a linguagem que dialoga com as classes de baixa renda, posso afirmar isso por que não vejo tantas discussões tão emocionais em cima do Rock, por exemplo, que é um estilo cheio de posturas e letras machistas. Raimundos por exemplo, era rock e era extremamente machista:
"Se ela tá gemendo é porque eu sou um cara legal
Se ela tá tremendo é que ela gostou do meu pau
Se ela tá gritando é que ela tá querendo mais
Se ela tá berrando é hora de meter por trás"
By: Raimundos
Mas não, não são apenas os Raimundos não:

“Under My Thumb” foi alvo do então emergente movimento feminista e, inobstante as declarações de JAGGER de que a letra tratava de um estereótipo e não deveria ser levada a sério, a história não colou e a banda teve de enfrentar reações negativas, sobretudo nos Estados Unidos. As ideias de dominação doméstica (“Agora sou eu quem determina, a diferença nas roupas que ela usa \\Sou eu quem determina, as coisas mudaram, ela está debaixo de meu polegar) e alusões às quatro paredes (“ Debaixo de meu polegar uma gata siamesa de uma garota\\ Debaixo de meu polegar ela é o mais doce, hmmm animalzinho do mundo).

Isso ai é ai rock in roll Tb, o que não quer dizer que todo rock in roll siga esta linha machista temos ai também em contra partida a Rita Lee cantando “nem freira, nem puta” assim como nem todo funk segue a linha machista tb.

Esta surgindo no funk sim vozes feministas, a Valesca em uma das entrevistas diz que muitas mulheres as procurar para dizer que suas musicas deram forças a elas para deixarem as situações de machismo que estavam passando, isso é empoderador, isto é ser feminista. Não estamos falando do feminismo que nós estamos acostumados, estamos falando de uma vertente que esta dialogando com outros públicos, e não vamos nos fazer de rogados e moralistas, confiscar a carteirinha de feministas delas, isso absurdo.

Cabe a nós nos apropriarmos disso que esta surgindo e impulsionar ir lá e ajudar a fechar o raciocínio e não ficar criticando e confiscando carteirinha de feminista certo? Se surgiu uma ponta acesa a gente tem que por fogo e não deixar apagar É nosso papel chama-las para compor o movimento e não excluir.

Você diz: "Me responda, até quando vamos servir para diversão dos homens e não vamos nos dar ao respeito?"

Dani, nós não temos que nos dar ao respeito, nós somos seres humanos, e por isso devemos ser respeitadas, o comportamento é uma construção social, e as mulheres são oprimidas justamente por este comportamento imposto, que dita regras para que ela seja considerada um ser humano passível de respeito, quando o homem já tem este direito adquirido. Esta sua pergunta remete as cobranças machistas sobre a mulher, é a mesma cobrança que se reafirma que a mulher é estuprada por que estava no lugar errado, usando roupa inadequada, ou qualquer argumento que deprecie a moral da mulher para justificar o estuprador... Pense nisso.

Você diz: "A mulher (quando quiser) deve ser assim dentro de casa, entre quatro paredes com seu marido, namorado ou ficante. Num palco? Façam-me - favor."

Não Dani, a mulher poder fazer o que ela bem entender, onde ela quiser, e não em quatro paredes, por esta é uma regra sua, e não pode ser estendida a outras mulheres, você pode ter seu estilo, mas impor as outras mulheres seu estilo é reproduzir o machismo.

Dani disse...

Aldenise Silva,

Você conseguiu captar exatamente o que eu disse mesmo discordando de algumas coisas mas sem se exaltar e faltar com respeito. Se todas as feministas fossem como você, teriam todo o meu respeito em vez da minha aversão. Tenho aversão por histeria, e quando é coletiva então...

***

Fabio,

eu estou escrevendo sobre essa questão da mutilação genital feminina e masculina e vou postar no meu blog, já fica o convite.

***

Só por eu discordar do funk ser cultura (e eu realmente não acho que seja) fizeram uma definição da minha vida: Agora sou classe média. O foco aqui não sou eu.

***

Monique Prada

"penso que falta à moça conhecimento sobre os movimentos/associações de prostitutas país afora. "

Falta mesmo, não sou prostituta. Se você conhece e não vê problema, ok. Quem sou eu pra julgar. É "Feminismo ser puta, né". ok.


***

GENTE, VAMOS APRENDER A LIDAR COM QUEM PENSA DIFERENTE. SE TODO MUNDO PARTIR PRA AGRESSÃO QUANDO ALGUEM (HOMEM OU MULHER) POSTAR DISCORDANDO NÃO VEJO MOTIVO NENHUM PRA COMENTAR.

A LOLA, TENHO CERTEZA, PERMITE COMENTÁRIOS PARA ENRIQUECER E NÃO PARA QUE FIQUEMOS NOS DEGLADIANDO.

Desculpem o caps lock.

Natascha Fox disse...

É obvio que o funk faz parte da nossa cultura e é um estilo musical que tem o poder de atingir muitos. Acho que todos os seres humanos devem ser respeitados em suas escolhas e individualidades, independente do que seja, então claro que discriminar uma mulher por ser funkeira é uma das coisas mais antifeministas que se pode fazer. Mas acho que devemos ter cuidado ao avaliar o funk: nem condenação nem salvação. O funk pode e é um grito de liberdade, sim, mas também é um produto da sociedade patriarcalista. Quando uma mulher diz 'a porra da buceta é minha', isso é um grito de liberdade, claro. Mas nem todo funk, nem toda letra de funk é assim minha gente. Valesca Popozuda dançava numa GAIOLA. Por favor, onde mulheres dançando em gaiolas é empoderador para o gênero? Também não concordo que TODAS as mulheres, vejam bem, algumas sim, mas será que todas?, dancem sensualizando por terem elevada auto-estima. Nosso corpo é nosso, e temos o direito de fazer o que quisermos com ele, mas isso não quer dizer que uma mulher dançando no palco não esteja simplesmente se curvando as pressões que existem sobre ela. Não quer dizer que Valesca não colocou o silicone por mais razões que simplesmente sua própria vaidade. O funk atende, como TODO estilo musical, um mercado, e o público que escuta funk QUER ver mulheres dançando com pouca roupa. E isso é um direito nosso, vejam bem! Mas dizer que é puramente baseado na LIBERDADE SEXUAL da mulher é erroneamente avaliar um fenômeno que tem muitas nuances. Tudo nessa vida tem várias facetas, o empoderamento feminino pode ser uma das do funk, MAS NÃO É A ÚNICA.

Samantha Pistor disse...

Tem coisas que são previsíveis nos comentários anti-funk. O próprio texto fala que algumas críticas foram pautadas no moralismo, no se dar valor, no se dar o respeito e o primeiro comentário pergunta até quando não vamos nos dar o respeito. <3

Eu não afirmo que todo o funk é feminista, mas afirmo com convicção que Valesca o é e produz conteúdo feminista em suas músicas. Isso não quer dizer que Valesca faz, obrigatoriamente, um funk feminista e pautado unicamente no feminismo.

E eu acho sensacional as pessoas criticarem o baixo calão no funk, as músicas sexuais, a putaria do proibidão enquanto consomem sem criticar diversas obras voltadas para a elite com teor sexual.


priscila disse...

o termo "cultura" é amplo, segundo a antropologia é o conjunto de habitos, costumes que temos, e sendo assim, todos nós temos cultura, independente dela ser a cultura formal ou informal, Patativa do Assaré tem o mesmo valor poético que tantos outros poetas que escrevem de maneira formal. O funk é uma expressão cultural independente de gostarmos ou não (eu odeio funk rs) mas ele é também reflexo da nosso sociedade: pobreza de instrumentos musicais já que nossos adolescentes não tem acesso a cursos de musica, letras empobrecidas devido a nossa cultura que não prioriza a leitura e tantas outras coisas. Concordo que muitas letras de funk até podem cumprir um papel feminista, mas esse debate é muito complexo, já que o feminismo tenta mostrar que nós mulheres não somos objetos sexuais e o funk de certa forma, mesmo o de Valeska Popozuda, trata as mulheres como um objeto, sei que a discussão é pano pra manga, mas acredito que devemos discutir isso mesmo e também abrirmos nossa mente para o funk politico que não tem espaço na mídia como o q é feito na Cidade Tiradentes. Enfim, deixemos nossos pre conceitos de lado e vamos começar a observar com mais atenção o que as massas dizem através desses discursos e mais do que isso: entender o por que de se dizer isso e também o por que de não se ter outros assuntos

Fábio disse...

E eu acho sensacional as pessoas criticarem o baixo calão no funk, as músicas sexuais, a putaria do proibidão enquanto consomem sem criticar diversas obras voltadas para a elite com teor sexual.
--------------------------------
Consomem no meio da rua ?
defina o que vc considera "as zelite"

Samantha Pistor disse...

[b]Feminismo sem demagogia - quems?
Um exemplo de "mulher livre":
uma aluna - q só ouve/dança funk - deixou de frequentar as aulas pq seu homem - q está preso por tráfico - não deixa. E ela obedece.[b]

Feminismo e tampouco o funk são a garantia de sucesso da humanidade. Ouvir funk ou ser feminista não garante que a pessoa em questão não se permitirá sofrer condutas machistas.

Eu conheço pessoas que leram obras feministas, são feministas e mesmo assim são vítimas do machismo todos os dias.

Assumir uma postura feminista é diferente de ter acesso a conteúdo feminista ou acreditar no feminismo. Mesmo uma pessoa com atutides feministas cai nessa armadilha, como podemos ver em inúmeros guests posts aqui.

Fábio disse...

Como e que um estilo musical, que faz diversas musicas de ostentação sobre a Okley, e a Nike, e contra "as zelites"
-
Mas tenho que concordar que o funk de hoje e democratico, não precisa ter talento nenhum, bastar falar putaria e por um dig dig dum em cima, kkk( James Brown deve revirar no tumulo)

Unknown disse...

Conheço muito pouco do funk (não gosto, então não escuto), mas vejo que muitas críticas são por não ser um estilo musical "da elite".

Me lembro do É O Tchan, as dançarinas também rebolavam com pouca roupa, mas todo mundo achava OK assistir na TV e dançar nas festas... (pelo menos é o que eu me lembro de quando era criança). Por quê?

Quanto ao estilo ser feminista ou não, eu não conheço, então não posso dizer muito... mas inagino que, como todo gênero musical, devam ter músicas com letras mais feministas e músicas com o velho machismo de sempre...

Samantha Pistor disse...

Fabio, se o problema é ouvir o funk a noite em volume alto, então o problema não é o funk e sim o seu ouvinte que é mal educado. Gente mal educada existe em todos os estilos musicais.

Lala disse...

"GENTE, VAMOS APRENDER A LIDAR COM QUEM PENSA DIFERENTE."

Eu te respondo com um: gente, vamos ler mais, conhecer as definições das coisas, saber o básico, pq senão não é debate de verdade, é senso comum e opinião.

Unknown disse...

Pessoas, me desculpem mesmo. Eu até concordo que ALGUMAS letras de funk podem ser super empoderadoras e que podem também ser o meio para que a mulher negra e pobre conheça o feminismo, mas daí dizer que a Valeska é feminista é demais. Não adianta você analisar apenas as músicas dela que soam feministas, sabe? Você não pode "tirar a parte estragada" do funk e deixar à mostra só a parte bonita. Eu acho engraçado que todos esses textos que cultuam a Valeska como a "rainha do feminismo" NUNCA citam aquela famosa música dela "um otário pra bancar", que mesmo que se esforçasse muito, não conseguiria ser menos feminista. Gente, vamos abrir os olhos, né? Do que adianta a mulher humilde ter contato com o feminismo se ele for deturpado? Nada contra o funk, (que é um estilo musical que pessoalmente não gosto, mas acho valido e acho sim que é uma expressão cultural)mas sim contra essa mulher que, ao meu ver, é uma oportunista.

jacmila disse...

1ª x q ouvi um funk brasileiro foi um ESTUPRO AUDITIVO.

Unknown disse...

não entendi uma coisa,só porque uma música é direcionada para pobres tem que ser chula e vulgar,senão a gente não vai gostar,entender ? ou é só disso que pobre gosta?
eu moro em uma comunidade e para mim essas músicas são asquerosas e pra muita gente aqui também.
não vejo nada de bom em fica ouvindo "a porra da buceta é minha" e "pau no ku do mundo",outra obra prima da valeska.

funk é cultura mas não deixa de ser lixo,para mostrar que tem auto estima agora a gente tem que andar semi nua ou com roupas tão curtas e coladas que parece que foram vestidas a vácuo?
funk só ajuda a vulgarizar o sexo ainda mais,muitas crianças ouvem essa porcaria e vão ficar sexualizadas cada vez mais cedo.

funkeiro não é cantor,simplesmente porque a maioria deles não canta nada e para ser cantor tem que usar a voz,como as funkeiras não tem isso,usam o corpo,não é pela voz delas que aparecem na tv,sempre estão falando dos peitos,bunda,elas se colocam com objeto.
e homens funkeiros que também não cantam nada,tem que ter dançarinas para terem o corpo explorado.

e essa história de que todo mundo que não gosta de funk é por preconceito é simplesmente a recusa em aceitar que muita gente acha funk uma merda ,que não diz nada com nada.

ViniciusMendes disse...

Classe média sofre... e sofre com falta de capacidade de leitura, ou pelo menos, foi essa a conclusão que eu cheguei lendo os comentários.

NINGUÉM disse que TODO funk é feminista.
NINGUÉM disse que TODO funk cantado por mulher é feminista.
NINGUÉM disse nem que TODO funk é bom.

O recalque sexual em alguns comentários me fez lembrar uma fala da Nina Hartley:
"Sex isn't something men do to you. It isn't something men get out of you. Sex is something you dive into with gusto and like it every bit as much as he does."

E pra nossa amiga Dani Psicóloga, eu sinto lhe informar, mas não é você quem define o que é "cultura"... Mas aqui vai uma definição do dicionário:

"13 Sociol Sistema de ideias, conhecimentos, técnicas e artefatos, de padrões de comportamento e atitudes que caracteriza uma determinada sociedade. 14 Antrop Estado ou estágio do desenvolvimento cultural de um povo ou período, caracterizado pelo conjunto das obras, instalações e objetos criados pelo homem desse povo ou período; conteúdo social."

Fonte: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=cultura

. disse...

Todas as vezes que leio alguma postagem sobre esse tema me deparo com visões muito dualistas que não contribuem em nada pra um debate sério, além da quantidade absurda de quem não conhece a realidade das favelas cariocas (lugar onde o funk surge e se consolida com mais força), do movimento funk e do feminismo.

Bem, é inegável que funk é cultura gostemos ou não de ouvi-lo. Em grande parte a depreciação e ataques que o gênero sofre é justamente por ser originário das comunidades pobres e há ainda hoje quem tente negar ao pobre o direito de ser protagonista de sua própria cultura e história.

Se existe um forte movimento dentro do funk que fala sobre sexo, violência, tráfico e uso de drogas é pq essa realidade já estava lá, posta nas comunidades. Mas veja bem, o movimento funk é muito maior que isso, embora muitos desconheçam ou façam questão de não lembrar.

Se eu acho o funk feminista? Não, eu não acho. Eu acho que o funk FLERTA com questões feministas ou podemos negar que existe um forte empoderamento quando a mulher diz "a porra da buceta é minha"? No entanto, esse tipo de funk não é a regra. Basta ir um pouco além disso pra ver a reificação do corpo da mulher, a aceitação da disputa entre fiel e amante, o orgulho de ter o homem como o provedor, etc.

Mas como qualquer manifestação cultural, o funk está aí disponível pra ser apropriado tanto pra mudança quanto pra manutenção do status quo.

E nesse sentido eu AINDA não vejo o funk como algo realmente revolucionário nem para o feminismo, nem pra mudança da condição social das favelas.

Como professora vejo o quanto é complicado jovens de 11, 12, 13 e 14 anos fazendo quadradinhos de "8", crescerem ouvindo "senta na pica novinha" e iniciando sua vida sexual ainda muito jovens sem a menor orientação. Se não foi o funk que criou essa sexualização precoce (e não foi mesmo) ele também não tem contribuído para desfazê-la, muito pelo contrário, ele a reforça excessivamente.

No mais, acho extremamente válido que as mulheres assumam e cantem sua sexualidade e pervertam mesmo o sentido pejorativo que os homens nos impõem quando nos taxam de puta, cachorra e vadia. E quem acha depreciativo que a mulher faça do seu corpo o uso que quiser é pq ainda está recheado de moralismos.

Abraços,
Tatiana. Mulher, professora e da favela com muito orgulho!

Unknown disse...

Tirar a parte estragada do Funk...

Gente, como eu disse acima, todos os estilos musicais tem a parte estragada. Todos os estilos musicais tem seu Q de machismo, e nós fazemos opção por ouvir e apreciar o que nos convém.

Como havia postado na resposta a Dani Biologa, existem exemplos de musicas dentro do Rock muito machistas como exemplos dados: Raimundo e Rolling Stones.

E quem não se lembra da Amélia? Amélia que era mulher de verdade?

Vamos deixar de ouvir samba, rock e qualquer estilo musical que exponha machismo e calar as vertentes que cantam sobre ideologias que aprenciamos e são libertadoras?

Thaís B disse...

Funk pode ser cultura, mas não consigo concordar que é feminista, pelo contrário, acho extremamente machista. A maioria das letras e as danças reforçam sim a mulher como mero objeto sexual. E, não sei se isso é ser elitista ou não, mas fazer música só com palavras de baixo calão (tanto nacionais quanto internacionais - a diferença de rap e funk é só o ambiente, o 1º em uma mansão e o outro na favela) me parece uma profunda falta de criatividade, é como os comediantes que só contam piadas ofensivas de negros, mulheres, gordos e gays, é a maneira mais fácil de atrair atenção. E mesmo reconhecendo que é cultura, não significa que é coisa boa, aliás eu considero um grande reflexo da falta de escolaridade brasileira que ao invés de termos cada vez mais músicas como as de Chico Buarque, Tom Jobim, Marisa Monte, Maria Bethania, etc temos mais músicas como as de Mc Catra e as de sertanejo universitário. Enfim, gostar ou não é totalmente pessoal e isso não determina ninguém, mas considerar que é uma boa coisa EU não consigo.

Samantha Pistor disse...

Marina Rodrigues, Valesca é feminista não por suas letras, mas porque ela se auto intitula assim. Valesca se assume feminista e fez campanhas pelo fim do machismo fora da área musical.

Mesmo que a mestranda conclua que Valesca atende a uma demanda de mercado com o seu trabalho, ela não deixará de ser feminista por isso.

Unknown disse...

"Como professora vejo o quanto é complicado jovens de 11, 12, 13 e 14 anos fazendo quadradinhos de "8", crescerem ouvindo "senta na pica novinha" e iniciando sua vida sexual ainda muito jovens sem a menor orientação. Se não foi o funk que criou essa sexualização precoce (e não foi mesmo) ele também não tem contribuído para desfazê-la, muito pelo contrário, ele a reforça excessivamente."


Não existe uma afirmação de que o funk como um todo é feminista, mas que existe um vertente feminina que esta dando voz ao feminismo.

Crianças ouvindo musicas que não estão classicadas para sua faixa etária, e não só musicas mas vendo coreografias ...Realmente não foi o funk que começou com isso,temos exemplos em vários estilos:

- Boquinha da garrafa fez sucesso antes;

- Musicas sertanejas e forrós como temática machista e pornográfica, aos montes...

- Mamonas assassinas cantava" sabão cru cru não deixa os cabelos do saco enrolar com os do cu" e ai? Era engraçado né? Um monte de criança ouvia e cantava por ai isso...

- Michael Jackson em coreografia tocava seu pênis e era OK...

Não é só o funk que reforça isso, isto está em todos os generos musicais, fazendo talvez excessão para o gospel, a crucificação do funk não é apenas por ser um estilo que conduz a comportamentos, mas por que sua linguagem agride os ouvidos da classe média que não quer aceitar que existe cultura nas classes menos privilegiadas.


Samantha Pistor disse...

Eu, Samantha, não gosto de funk. Não ouço funk, não baixo músicas de funk não gosto das letras, do estilo, etc. etc. etc.

Agora eu, Samantha, não desqualifico o funk porque eu não gosto do dito. Eu reconheço o funk como arte, como manifestação cultural e analiso seu papel político.

A questão não é gostar ou não do funk. A questão é essa caça as bruxas que muitos promovem contra o funk.

Jac disse...

Minha crítica quanto essa história de funk feminista é que sempre se SUPÕE os efeitos das letras. Quem faz essas suposições? Feministas que sabem quem são "Simone de Beauvoir e Virginia Woolf" para citar nos seus textos - e que provavelmente não conversaram com frenquetadoras de baile funk, não realizaram nenhuma pesquisa para ver se a interpretação da letra é a mesma para feministas e funkeiras.

Será que essas letras têm efeito positivo nas mulheres pobres mesmo ou isso são só suposições das feministas de classe média que gostam de chamar os outros de elitistas?

ps. Eu gosto da Valesca, mas também tenho senso crítico para saber que NEM TODAS AS MÚSICAS dela são feministas, inclusive temos umas machistas - como descrito no post da Monografia.

Cristiane disse...

Só uma coisa: trabalho de conclusão de mestrado não é tese, é DISSERTAÇÃO.

Ana Claudia disse...

Bom, eu confesso que esse assunto ainda me divide, porque ainda não tenho opinião formada sobre isso. E a minha luta interna, é para tentar ver o funk e a participação feminina sem meus preconceitos de classe média. Outro dia vi um link para um vídeo no you tube de um grupo feminino de funk dançando o tal quadradinho de oito (é isso mesmo?). Nos comentários, um moooooooonte de gente criticando, chamando de vadia, etc, etc, etc. Fiquei curiosa e assisti o vídeo. Fiquei impressionada, mas em um bom sentido. Se você tenta olhar a dança sem preconceitos o que se consegue ver é uma baita performace. Na minha opinião. E o que vi também foram meninas, que poderiam estar com vergonha de usar short porque a barriga não está dentro do esperado, assumindo o seu corpo.
E o que mais me incomoda é o fato de mulheres criticarem essas meninas, dizendo que estão se fazendo de objetos para o deleite masculino, quando essas mesmas mulheres passam o ano inteiro se matando na academia, indo a esteticistas, etc, etc, para ficar dentro do padrão masculino e se mostrar na praia com um biquíni. Porque se o padrão que os homens venerassem fossem as mulheres com pneuzinhos, barriguinhas, será que existiria mesmo essa corrida pela barriga zero e o bumbum durinho?

Unknown disse...

Gostei da reflexão. Mas achei fraca a reflexão final, a respeito da "classe média".

Basta ver que tanto a moça que entrou com o projeto na UFF, quanto a Lola, quanto quase todos nós, somos classe média.

Sara disse...

Posso não fazer parte do publico alvo citado no post, mas ainda assim gosto do funk, aprecio a linguagem corporal e menssagem q o funk transmite, infelizmente nunca fui a um baile funk, mas essa é uma experiência q gostaria de ter.
Minha percepção sobre os artistas q cantam esse tipo de musica é muito diferente da q foi passada nesse post.
Gosto de alguns grupos de funk masculino como os Hawaianos, que tb fazem danças muito sensuais em suas apresentações e nem por isso recebem o preconceito q os grupos femininos recebem.
É claro não são todos os grupos e cantores q eu gosto, mas letras imbecis tem em todos os generos musicais.
Mas tem muitos artistas legais fazendo funk, não entendo o porque de tanto preconceito.
A Tati Quebra barraco é tudo de bom, pena q depois q virou evangelica mudou um pouco o estilo.

natalia. disse...

Prezada Dani,

se você não é prostituta, não conhece o assunto, não estuda e não conversa com prostitutas, quem sabe seria mais inteligente se abster de comentários sobre? Muito simples fazer comentários somente baseados nos seus padrões morais dominantes e depois querer dizer que temos que aceitar o pensamento diferente. Pensamento diferente é o que estamos vendo por aqui, pois o seu é completamente senso comum.
Que tal ampliar sua reflexão sobre a temática a partir dos comentários de quem conhece mais do assunto do que você?

Unknown disse...

Acho interessante essa dupla-face do funk.Ao mesmo tempo que pode se degradante e colocar a mulher como um objeto, assim como mcs catras da vida fazem.Ele pode ser um grande porta-voz para a liberdade da mulher.
Tenho ainda muitos preconceitos em relação ao estilo, porque em sua maioria faz apologia ao tráfico e ainda existe muito machismo nele,mas a partir de agora começarei a prestar mais atenção!

jacmila disse...

"e calar as vertentes que cantam sobre ideologias que aprenciamos e são libertadoras?"

Interessa muito aos demagogos deturpar o conceito de liberdade...

ViniciusMendes disse...

E acho que foi na Marília Gabriela que a Valeska disse que o público dela é majoritariamente formado por mulheres heteros e o grupo lgbt.

E daí se os homens heteros acham ela gostosa? Não é isso o que tá dando retorno financeiro pra ela, e consequentemente, mantendo ela na ativa.

Caroles disse...

Há muito preconceito envolvido quando alguém diz "não gosto de funk", "as letras são horríveis", "as danças são vulgares". Essas mesmas pessoas vão em boate cara e dançam Kesha e Rihanna DO MESMO JEITO que dançariam funk. As letras SÃO MAIS VAZIAS do que as letras dos funkeiros (e dos rappers brasileiros como Racionais MC, aliás). Mas como é em inglês então não tem problema, feio é dizer que tu vai pro baile procurar teu negão. Por favor, né! Valesca é diva, é linda, as letras dela são sim muito empoderadoras. Amo amo <3

Unknown disse...

Interessa muito aos demagogos...

Bom então vamos fazer assim Jac, peguemos TODOS que cantam musicas machistas e não ouçamos mais, nem os cantores e nem os estilos, e acostumemos-nos com uma mundo sem musica, só por que a elite esta se descabelando para aceitar que funk é cultura, que funk tem letras que são empoderadoras para mulheres que não falam a linguagem da elite.

Unknown disse...

Liberdade que queremos não é a liberdade da classe dominante que nos limita sobre o que eles julgam moral, liberdade que queremos é aquela em que decidiremos sobre nós mesmo, autogestão do nosso corpo e nossa vida sem dar satisfação a sociedade patriarcal/machista, e instituições que a defendem.

Não tem demagogia nesta liberdade, e se uma música grita que a mulher pode se libertar do machismo, se grita que "pode ser puta se quiser" e foda se o peso depreciativo que esta sociedade hipócrita deu a esta palavra, esta musica é importante, é empoderadora e é feminista.

jacmila disse...

Não é Jac, é Jacmila

Ou é ingenuidade ou pura demagogia crer q essa VPopozuda contribua efetivamente p/ o empoderamento da mulher, só se for empoderamento às custas de esperteza, oportunismo e mto silicone.
Liberdade pra fuckear? sei não...

Unknown disse...

Assim como uma mulher apresentada num palco semi-nua e produzida representa uma concepção machista, a mulher que se enquadra nos padrões de decência e se esconde, se cobre, é sinal do machismo agindo. A ideia de que mulher que se dá valor não se oferece, ou seja, é de um homem só é uma concepção patriarcal. A ideia de que a mulher que dá pra quem ela quiser não se dá o valor, é uma concepção patriarcal.

Anônimo disse...

Perdoem-me, chamem-me de elitista, do que quiserem mas Valesca Popozuda e o Funk FEMINISTA? HA HA HA foi a piada do dia. Ficar rebolando com roupas ultra apertadas que 'e bastante ruim pra circulacao sanguinea e que isso seja bandeira pra libertacao sexual feminina e ser chamada de cachorra agora eh elogio? ha ha ha ha cai da cadeira de tanto rir! Que piada!

. disse...

Pessoal do feminismo sem demagogia, vou responder à postagem que vcs recortaram um pedaço do que eu escrevi (descontextualizando de maneira muito feia a minha postagem).

Eu defendo o funk como cultura, defendo que o funk flerta sim como questões do feminismo, mas acho que tenho que criticar o funk na medida em que ele também funciona como um mantenedor do atual estado das coisas, assim como também elogiar quando o funk se apresenta como cultura de contestação. Os dois lados estão lá.

Nós estamos na mesma luta, defendemos as mesmas coisas (o fim do preconceito contra o funk e o reconhecimento em certa medida das questões feministas no movimento funk,)então não se utilizem de sofismas como apontar que tb existe sexualização em outros gêneros musicais como forma de desqualificar meu argumento. Aqui estamos discutindo funk e eu crítico sim que ainda exista uma parte significativa do movimento que pregue a sexualização precoce. Isso quer dizer que eu não veja machismo, sexualização, racismo em outros gêneros? É aqui que está o sofisma.

Vcs discordam que a sexualização precoce é um problema? Vcs discordam que o funk tb canta sobre isso?

Vamos fazer os devidos elogios e reconhecimentos, mas tb vamos evitar a defesa cega. Não é pq o funk tem uma série de características positivas que a gente não deva reconhecer que existe aí tb um outro lado. Isso não diminui em nada a nossa luta, mas fortalece muito nosso senso crítico.

Abraços, Tatiana V.

Unknown disse...

JACMILA

Liberdade para fazer o que quiser. Uma mulher "FUNCKEANDO" impede você de viver sua vida normalmente?

Uma mulher "Funckeando" obriga você a "Funckear"?

Ouvir Funck é decreto?

Jacmila, você mora nas favelas ou faz parte das mulheres de baixa renda que ouvem funk?

Para a ultima questão se a resposta for não, então deixe que as mulheres que ouvem digam se é libertador ou empoderador, e se for para elas assim, é válido, é importante é feminista.

Paras as outras questões se a resposta for não, o Funck não fere suas liberdades, então se vc não gosta, não ouça, não dance... mas não julgue as mulheres que "FUNCKEIAM" o corpo é delas, a vida é delas, se elas não ditam regras para vc, não faça isso vc tb.

Isso tem tudo a ver com liberdade!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jacmila disse...

Pena q não consigo rir contigo Tereza. Ver todo dia mulheres mto jovens priorizando o funkfuck em detrimento dos estudos, é de chorar. Pra piorar o quadro esse esquerdismo demagogico.,.

Unknown disse...

Tatiana, desculpe me, eu recortei aquele pedaço para dar a entender do que eu estava falando, mas li sua resposta toda, e inclui ali minha opinião, não foi a intenção, ok.

Nós não descordamos do que vc esta falando, agora com esta sua segunda postagem acho que ficou mais claro.

Sim existe no funk machismo, existe sim musicas que propiciam a sexualização precoce, a critica tem que ser feita, como vc mesma diz, nós não estamos tampando o sol com a peneira.

O que eu quis dizer é que, em todos os estilos musicais existem : musicas de determinados cantores, que tornam a este tipo de prática, ok?

O Fato de existir um grupo de cantores, dentro de um estilo favorecendo este tipo de prática não é bom, certo?

Então, se existem em todos os estilos, o funk é mais criticado por que?

Muito provavelmente, por que é explicito e não camuflado, por que a linguagem é direta e não simbólica.

E o fato de existir um grupo de cantores dentro de um estilo favorecendo esta prática não relega um estilo musical a ser dado por completo a estas praticas.

Podemos nos apropriar do que é positivo e renegar o que não serve.

Unknown disse...

Teresa Villas, uma mulher falando palavrão te incomoda? Uma mulher de roupa curta te incomoda? Porque será que falar caralho não é tão ofensivo quanto dizer buceta (em várias línguas ocidentais, digo assim de passagem)? Porque será que o corpo da mulher incomoda tanto? Porque um homem de sunga não é tão explícito quanto uma mulher de topless? É o corpo da mulher proibido? É o corpo da mulher restrito?

Elaine Cris disse...

A minha crítica ao funk é que me parece que essas letras mais conhecidas, passam uma falsa ideia de liberação quando na realidade são ultra conservadoras. O discurso no funk é sexualmente explícito, mas não é nada diferente do discurso dos nossos bisavós em relação a mulheres e sexo.
Me desculpem, mas funk parece ser mais do mesmo do machismo. É mais ou menos assim "eu sou homem, saio por aí pegando geral, sou o fodão e as mulheres que ficam comigo são putas, cachorras, vulgares, não sei mais o quê".
E infelizmente as letras das mulheres parecem não ir além disso, "eu sou liberada, faço isso, faço aquilo, sou puta mesmo, sou cachorra mesmo".
Eu fico na dúvida se aceitar um xingamento mais ajuda ou mais atrapalha.
Acho que funk é algo que posa de moderno, de super liberado, quando retrata valores pra lá de ultrapassados e ainda parece acrescentar mais agressividade e competição entre homens e mulheres.

jacmila disse...

Feminismo tem demagogia, e como tem!

Eduardo Luft disse...

O funk carioca tem um pararelo no interior do RS, sobretudo nas regiões de colonização alemã temos as bandinhas. Musicas sexistas e que são feitas para a população com menos escolaridade e pobre. Valesca Popozuda e Maria Chachacha pra mim são farinha do mesmo saco.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Sou mulher, sou feminista, sou da baixa renda/pobre. E não, não acho que o "novo funk" ou a Valesca representa o movimento feminista. E achei uma falácia esse negócio de "Valesca dialoga essencialmente com a mulher de baixa renda, com a mulher que mora em comunidades, com a mulher que, por desconhecimento, ainda acha que deve obediência e submissão ao seu homem. Esta mulher, que não conhece Simone de Beauvoir ou Virginia Woolf, é atingida. Conhece o feminismo a partir das canções de Valesca."
Parece-me um discursivo mascaradamente elitista, pois rótula que mulheres de comunidade são todas incapazes de conhecer o feminismo por outras vertentes, sério, me incomodei agora; parece que estas mulheres só vão conhecer o feminismo através do funk (?). Tenho certeza que muitas delas vão ouvir essa música e nem se tocarão se é feminista ou não, para conhecer o feminismo temos que estudar sobre ele, sua história, como começou, etc. E para isso ocorrer é preciso ter interesse, ter uma causa, querer lutar pela igualdade, pela justiça. Uma das coisas que nós feministas lutamos é contra esteriótipos, principalmente machistas e nas canções da Valesca, em nenhum momento, a vejo combatendo isso, pelo contrário, se denomina "puta", puta porquê? Porque reagiu as agressões? Essa nova onda funk, pode até representar alguma coisa, pode até estar mudando o seu foco, porém, não deixa de ser aquele perfil de sempre: Denigridor do sexo feminino.

Anônimo disse...

Oi Robinson Moreira,
Sim, uma pessoa falando palavrao (seja homem ou mulher) me incomoda sim, eu acho vulgar e feio. Assim como acho tremendamente desagradavel e nao faco questao alguma de esconder o meu nojo quando um homem cospe na rua ou faz xixi na calcada.

Quanto as roupas apertadas, olha sabe o que verdadeiramente me incomoda? Que quando eu vou comprar roupa porque - em geral - fazem a roupa da mulher mais apertada e curta que a do homem eu tenho dificuldade em encontrar uma roupa elegante e confortavel. Eu tenho que mandar fazer todos os meus blazers e ternos nao porque eu seja um numero especial (sou tamanho 40 que eh bem comum de se achar em qq loja) mas porque o corte da roupa feminina eh desconfortavel. vc nem pode trabalhar direito sempre se ajeitando. Pode reparar nessas mocinhas de loja ou recepcionistas que tem que usar um terninho preto e nao podem fazer sob medida. Super apertado na bunda, a calcinha aparecendo. O que incomoda eh que roupa que nao eh confortavel incomoda na hora de trabalhar.

Agora se a pessoa quer se vestir como a Xuxa (dos anos80) pela rua isso eh problema dela, eu nao tenho nada com isso. Como opiniao pessoal, e acho que tenho o direito de te-la, eu acho vulgar. Mas se a pessoa necessita se vestir dessa forma porque ela gosta, isso eh problema dela, repito. o problema eh, vc ja viu como a maioria das pessoas se vestem de forma vulgar nao porque acham que eh uma liberdade da sua forma de ser, mas sim porque na novela se vestem assim? Uma prisao.

E olha eu sei que nao nos conhecemos ainda mas eu sou totalmente a favor do top less. Eu acho super hipocrita que no brasil seja proibido.
o Top less em muitos paises sao feitos por senhoras, idosas, mulheres de todas as idades. Eu sempre faco se estou em algum pais onde eh permitido simplesmente porque eh muito desagradavel usar a parte de cima do biquini e muito menos quando ele esta molhado. Eu ja passei bem pra la dos 30 e uso biquini e nao maio por puro conforto porque segundo muitos estilistas uma mulher de mais de 30 so pode usar biquini se tem um corpo 10.
Assim que nao, nao me incomoda nem um pouco o topless, sou super a favor.

Agora me incomoda sim programas em que a mulher eh objetivizada (nao sei se seria essa a palavra, desculpe a ignorancia) em programas de televisao como como era mesmo o nome? Um programa horrivel que passa e que aparecem umas bundas rebolando em close, ah sim, panico acho que era. Desculpe mas vir falar que esse tipo de mulher esta "empoderando" etc..... ta bom

Fernanda disse...

Puro deleite. Sublime, o texto.

A D O R E I.

Posso até continuar aqui no meu trabalho de tradução por mais longas horas, porque depois dessa leitura, fiquei até mais motivada.

Lindo.

Weber disse...

acho que ainda tem muito funk de mulher que ainda se calca no machismo, ainda mais esses funks de ostentação, em que a mulher é poderosa e as outras recalcadas, e que não devem "mexer com seu homem", enquanto o homem pode mexer com as outras. Pra "poderosa", a culpa é sempre das outras, as recalcadas, as que a invejam, as que querem roubar seu brilho. Ngm pensa que o cara é quem a trai. Acho isso uma tristeza, e muito machista.

Sara disse...

o sr Hellseilaoque, eu gosto mesmo de funk mas tb adoro rock, abre um pouco essa sua cabeça cara, nada a ver as babaquices q vc veio despejar aqui.

Unknown disse...

O que incomoda e ultraja o povo do bom nível intelectual no funk e em qualquer estilo que sai das classes sociais menos favorecidas é a linguagem, pelo simples fato da linguagem ser popular.

Elitistas tem pavor de tudo que consideram "Vulgar" (lembrando que vulgar na linguagem deles é o que permeia a moral deles e não a dos outros, o nossa)especialmente quando o assunto é sexo.

O grande problema é que as classes sociais dominantes e por consequência donas da moral (a deles) querem nos impor como usaremos as palavras para manter seus ouvidos privados do grito do povão, do linguajar que se usa no dia a dia "aqui embaixo".

A Elite pede sutileza... e nesta prisão da linguagem, expressar se como se bem entende, usar o linguajar que se está habituado, é libertador.

Muita gente que nem pertence a esta elite,repete este discurso sem perceber que esta reproduzindo um discurso opressor, o discurso de que nossa linguagem tem que se adequar aos bons modos pregados pela moral que é deles e não nossa.

A elite nega se aceitar que tem cu e buceta, isso agride? No popular é assim mesmo que é chamado, todo mundo tem, cada um chame como melhor lhe convier, mas que haja liberdade para expressão linguistica, e que o popular possa ser gritado Também.

Valesca, Tati quebra barraco e outras afrontam a elite que são obrigados a perceber, que ali seus valores não servem para nada. Acham feio? Acham sujo? Acham Vulgar?

A resposta parece bem clara: "Foda-se"!

carlos henrique caetano disse...

Gostei pakas desse texto. Há algum tempo venho promovendo uma discussão acerca desse tempo com amigos e camaradas de militância. Precisamos frear o moralismo presente na crítica às mulheres do funk mas é também preciso prestar atenção em mais uma coisa: além do moralismo e do preconceito com a cultura produzida pelo "povão", tem mais um preconceito embutido nos discursos anti-funk que poucas pessoas se dão conta de sair por aí reproduzindo: o racismo. Sim! Como bem lembrado no início do post, o funk é uma experimentação da música negra que deu certo, explodiu nas pistas de dança do mundo inteiro (já ouviram Diplo e M.I.A.?) e nós permanecemos aqui crucificando, mais uma vez, a cultura do povo negro. Lembra quando proibiram o samba? Pois vejam isso aqui:http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,policiais-vao-fiscalizar-lei-do-silencio-,1010397,0.htm

Anônimo disse...

a CRASSE MÉRDIA pira!!!!

Unknown disse...

"Precisamos frear o moralismo presente na crítica às mulheres do funk mas é também preciso prestar atenção em mais uma coisa: além do moralismo e do preconceito com a cultura produzida pelo "povão", tem mais um preconceito embutido nos discursos anti-funk que poucas pessoas se dão conta de sair por aí reproduzindo: o racismo."

Por: Carlos Henrique Caetano.

e assino embaixo, do lado, em cima, em todos os lugares.

Unknown disse...

hellspyke :

Quanto racismo...boa amostra do qu estamos falando sobre como se sentem as elites brancas a respeito da musica negra e cultura do "povão".

Obrigado por vir aqui ilustrar o quanto de ódio existe neste discurso das elites.

Anônimo disse...

kkkkkkk E vocês se consideram mulheres inteligentes.kkkkk
Depois de ajudarem Nicole Bahls a encher o cofre e bombar na mídia,agora querem transformar Valeska Popozuda em ícone feminista.Vão ajudar outra mulher inútil a faturar.kkkkkk
Funk é cultura,mas muitos que se dizem funkeiros são um bando de oportunistas.É tão difícil assim pra vocês entenderem isso?

"Cachorra, por exemplo, não equivale mais à mulher que serve apenas para satisfazer sexualmente o homem. Hoje, o termo é significado de mulher livre, que fica com quem quiser no baile, dança sensualizando porque tem uma autoestima elevada (estando ou não dentro do padrão imposto pela sociedade), faz sexo casual, e acima de tudo, busca e exige prazer com o sexo."
Trecho hilário.
Usar as feministas virou o maior caça níqueis da atualidade.

Ana Nolasco disse...

Nossa, eu acho muito estranho """feminista""" que não saca o papel do funk e fala coisas como "ah pq é vulgar as bundas e etc". Feminista que caga regra? Hmmm. Tem algo estranho no "feminismo" de vcs, hein.

Unknown disse...

Ao meu ver acho que poderiamos falar que "existe feminismo no funk" ou "o funk é bastante machista, mas também é feminista". Ficaria mais claro.

Um dos grandes enfrentamentos do feminismo que está caracterizado fortemente na "terceira onda" é retirar essa pecha

de ser muito branco e elitista. Inclusive houve a entrada da pauta de outras minorias na agenda do feminismo.

Muitas feministas ainda mantêm essa visão passada e elitista de querer serem as "salvadoras" das pobres vitimas

desinformadas e alienadas pelo patriarcado. Prepotentes, consideram as mulheres de classes mais baixas fora do

discurso e da ação feminista. Pensam que "lá de baixo" não pode surgir nenhuma ação feminista legitima.

Isso demonstra os vários "feminismos" que existem.

A cartilha machista propaga essa dicotomia de que a mulher ou é "santa" ou é "vadia". Essa visão reducionista é

uma falácia para controlar o comportamento feminino.

Sara disse...

Feminismo s demagogia

"A elite nega se aceitar que tem cu e buceta, isso agride? No popular é assim mesmo que é chamado, todo mundo tem, cada um chame como melhor lhe convier, mas que haja liberdade para expressão linguistica, e que o popular possa ser gritado Também."

Tb concordo com vc , q o modo de se expressar é o q choca tanta gente, se as mesmas letras de funk fossem "traduzidas" p a burguesia ou p as elites talvez não chocasse tanto, só q eu penso q essa linguagem TEM q ser aceita, não existe um motivo plausível para q não seja.

Unknown disse...

Eu sou musicologo. Longe de mim querer fazer discurso de autoridade, é só para contextualizar algumas coisas que vou

dizer.

Não gosto de "funk" carioca porque:

1) a levada ritmica é muito repetitiva , de forma ciclica, tipica de ritmos tribais e mais primitivos para indução

ao transe. Torna a audição muito cansativa.

2) O encadeamento de harmonia praticamente inexiste,

3) Cantar semitonado (desafinado) faz parte da estética do funk. Tecnicamente a maioria dos cantores de funk carioca

cantam desafinados. A falta de harmonia na maioria das composições é somada com melodias que são cantadas

semitonadas em cima da levada ritmica repetitiva.

Seria muita prepotência minhas dizer que funk é ruim, eu simplesmente não gosto.
Ainda teria outras enumerações, mas é só para provar como possível não gostar de funk sem fazer nenhuma referência

as falacias do determinismo cultural por classses.

O funk carioca ainda é muito novo. Ele ainda vai sofrer várias modificações, como a história da música demonstra em

inumeras vertentes.

Unknown disse...

valeska "diva" foi dose.
ninguém é obrigado a gostar de funk,vamos parar com essa palhaçada de que tudo é preconceito.

escuto isso não só com funk,quem n gosta de luan santana é preconceituoso,quem não gosta de lady gaga é preconceituoso e invejoso.
isso aí é incapacidade de aceitar opiniões e gostos diferentes,pra mim funk é lixo mesmo e n tem nada de feminista,mas quem quiser que ouça essa porcaria.

Anônimo disse...

E depois falam que as reclamações contra racismo são exageradas.Por que não escolheram a Tati Quebra Barraco como objeto da tese?Coincidência ela ser negra,fora dos padrões de beleza e gorda?
Mais ridícula que a tese foi essa discriminação.

jacmila disse...

Pancadão
gente sem noção
perturbando o sossego
o direito ao silêncio
do trabalhador cidadão

goxtarão du meu funk de protextu?

Unknown disse...

Discordo. Penso que o funk é a expressão mais acabada da indigência mental e cultural a qual estão submetidas as camadas sociais mais pobres. E não creio estar, por isso, defendendo uma concepção de arte elitista. Sou um grande fã de rap, por exemplo, e de ritmos populares nordestinos. Reprochar os críticos do funk como elitistas é sempre a forma mais fácil que as pessoas intelectualizadas e apoiadoras dessa "cultura" encontram para desvalorizar os argumentos dos seus críticos. Nem toda a cultura popular é positiva, assim como nem toda cultura de elite. É preciso olhar cada manifestação cultural concreta a partir de determinados critérios, e esses critérios não devem ser baseados nos cânones acadêmicos. Nada me parece mais vazio do que as artes plásticas pós-modernas encasteladas nos mercado-galerias das grandes cidades. E o mesmo eu digo do funk. E não digo isso a partir do ponto de vista de uma moral cristã. A TV faz a mesma coisa e as mesmas pessoas que criticam o funk aceitam o mesmo tipo de comportamento veiculado pela TV. não é a vulgarização e a banalização do sexo que me preocupa. Não tenho nada contra à libertação da libido e da sensualidade corporal; pelo contrário. Não é essa a questão para mim. Em primeiro lugar, em termos musicais o funk é um lixo completo: trata-se apenas de uma única e invariável base sobre a qual se cantam as letras. No funk, é isso o que importa: a letra e a base simples e marcada que seve bem à dança. O que realmente me incomoda é seu conteúdo ideológico, ou seja, as ideias veiculadas nas letras. Houve exemplos de funk críticos e engajados política e socialmente (ou ao menos minimamente inteligentes). Talvez tais exemplos ainda existam. Mas a parte expressiva e visível deste movimento está dominada pelo funk acéfalo. O funkeiro não tem nada a dizer para a sociedade, a não ser o vazio cultural no qual nos encontramos. Alguns dos comportamentos que me parecem mais condenáveis não apenas estão presentes como são a essência do funk: apego à imagem, ao status, ao prestígio, ao físico, à pura pulsão. Portanto, quanto à tese defendida por Lola, discordo completamente: o funk não é feminista, nunca foi feminista. O funk é a reprodução mais grotesca, ao nível das camadas populares, das opressões de gênero existentes em nossa sociedade como um todo. Me desculpe, mas a Lola baseia sua tese em algumas poucas letras de algumas poucas funkeiras e ignora todo o resto do movimento, um movimento cultural que transforma a mulher em objeto de prazer, que a submete às necessidades dos homens, que a rebaixa e a deprecia. E aquele refrão que diz "seu direito de sentar, seu direito de ficar caladinha, caladinha"? É esse o direito que o funk concede às mulheres. Penso que, se podemos encontrar alguns exemplos de orgulho feminino ou protofeminista no funk (nas funkeiras), isso não se deve ao funk mas à mudança no paradigma cultural da sociedade moderna como um todo em direção a um novo, no qual a mulher não está abaixo do homem, mas ao seu lado. O funk está na contramão dessa luta. A Simone já alertava para o tipo de emancipação subordinada ao paradigma dominante, e é exatamente isso o que vem ocorrendo: ou seja, os homens aceitam libertar a mulher conquanto que tal libertação seja feita com base naquilo que eles acreditam que ela são, isto é, um corpo, um objeto de prazer. Termino com a advertência da filósofa existencialista: ‎"há profundas analogias entre a situação das mulheres e a dos negros: umas e outros emancipam-se hoje de um mesmo paternalismo, e a casta anteriormente dominadora quer mantê-los 'em seu lugar', isto é, no lugar que escolheu para eles; em ambos os casos, ela se expande em elogios mais ou menos sinceros às virtudes do 'bom negro', de alma inconsciente, infantil e alegre, do negro resignado, da mulher 'realmente mulher', isto é, frívola, pueril, irresponsável, submetida ao homem. Em ambos os casos, tira seus argumentos do estado de fato que ela [a casta anteriormente dominadora] criou."

jacmila disse...

João Gabriel Bordin

casa comigo

ViniciusMendes disse...

Gente... Ninguém disse que não gostar de funk é sinal de preconceito, e sim que o preconceito (social e racial) influencia na aversão que a classe média tem ao funk.

E é verdade.

Quer dizer que todo mundo que não gosta, é por preconceito? Não.

Anônimo disse...

Nossa, sinceramente não vejo nada de positivo no "funk" ( nome que foi roubado do autêntico ritmo ). Sem contar que em bailes funk menores de idade são exploradas sexualmente por traficantes, o caso Tim Lopes como prova, que pagou com sua vida ao tentar denunciar isso. Já foi o tempo de funkeiros só existirem em classes baixas, tem muito funkeiro famoso que ganha muito mais que professor universitário em um mês de shows. Tem casos aí de funkeiros que cobram cachês altíssimos para se apresentarem pra playboyzinhos e patricinhas em boates de luxo, vozes do povão? Nem pensar,os do passado até que passavam alguma mensagem positiva, mas os de hoje não passam de um bando de mercenários.
Ah, e sem um pingo de talento musical, claro.

jacmila disse...

Finalmente alguem lembrou do jornalista Tim lopes!
Os demagogos precisam se informar mais.

jacmila disse...

ops, @s demagagas

Unknown disse...

Entre a opinião de quem está de fora e faz uma leitura superficial do que ocorre dentro do cenário do Funk, ficamos com a visão de quem está lá dentro.Por que quem está lá é quem tem que dizer se é ou não é.


Sou feia mas to na moda

(Documentário)

https://www.youtube.com/watch?v=H0wCxMQK8YM

Durante cerca de um ano, a diretora Denise Garcia e sua equipe percorreram bailes cariocas e no exterior, acompanhando o trabalho de diversos MCs (mestres de cerimônia) e coletando depoimentos de pessoas ligadas à cena e pesquisadores.

Segundo o olhar da diretora e de seus entrevistados, o funk colaborou para uma postura menos submissa das mulheres, que dão voz aos seus desejos e lutam pela igualdade de direitos, principalmente sexuais.

A diretora diz que "Elas desempenham a função de educadoras, alertando as jovens para a prevenção de doenças ou de uma gravidez indesejada, como na música "Ginecologista", do grupo Juliana e as Fogosas."

Apesar da referência direta a Tati, a personagem principal do documentário é Deize Tigrona, conhecida também como Deise da Injeção, responsável pela primeira música com letras explícitas.

De acordo com Deize, um dos problemas enfrentados pelos funkeiros é a discriminação social dos que estão fora das comunidades.

Flávia Simas disse...

Pra mim, a Marina and the Diamonds disse tudo:

"If women were,
religiously, recognised sexually
We wouldn't have to feel the need
To show our ass-it's to feel free"

http://www.youtube.com/watch?v=C2TuBMsQihs

Com respeito ao funk, nós falamos da Valesca no Ativismo e foi a maior polêmica também, mas a discussão foi boa:

http://ativismodesofa.blogspot.com/2012/05/dialetica-da-popozuda-linguagem-poder.html

Preguiça-mor do elitismo do povo. É muito recalque pra pouca vontade de entender as diferenças.

Beijas, Lola!


Anônimo disse...

O comentario do joao gabriel merece um aplauso. Falou tudo.

jacmila disse...

LIXU MUSIKAU
DUS KI NUN TEM INSINU FUNDAMENTAU

KERU MAIS É ISTUDÁ
NUN T FILHU PREKOCI
PRA SUSTENTÁ



Anônimo disse...

Ah tá,e quem garante que a opinião de quem "está dentro" não é uma opinião encomendada?
Que dificuldade certas pessoas tem de abaixarem o nariz ,desceram do salto e se comportarem de forma mais humilde.Ninguém é dono da verdade não.As pessoas vão procurar argumentos no inferno,mas não aceitam a possibilidade de existir quem pense diferente,pior afirmam que opiniões contrárias sempre vem de pessoas menos instruídas,ignorantes,burras.Deixem de ser pedantes.

Anônimo disse...

essa é pro hellskype https://www.youtube.com/watch?v=-MK1q9fZjeI

Anônimo disse...

Palavroes,uma coisa que nunca entedi a existencia.Pra mim,palavroes sao palavras com muitas letras.

Tem que aceita mesmo essas palavras,tirar delas a carga negativa.Neutraliza-las.

Unknown disse...

(Feminismo Sem Demagogia disse:
Entre a opinião de quem está de fora e faz uma leitura superficial do que ocorre dentro do cenário do Funk, ficamos com a visão de quem está lá dentro.Por que quem está lá é quem tem que dizer se é ou não é.)

Você deu uma derrapada feia aqui. Você está usando a falácia do "Apelo à Autoridade".
Se você tivesse dito que uma citação pode auxiliar no nosso debate ainda estaria coerente.

É impróprio você dizer que "quem está lá é quem tem que dizer se é ou não é". Sua conclusão é que só quem está lá merece espaço no debate?
Eu estou desqualificado para o debate por que eu "não estou lá"?

Conta outra.

Verô! disse...

Ainda é muito cedo para avaliarmos o impacto do funk nas comunidades cariocas, pode ser que o ritmo siga um caminho parecido com o samba que tinha sim umas letras sacanas no início e depois se desdobrou em vários tipos de sambas, alguns se tornaram grandes monumentos da música popular brasileira. Então tento manter uma posição menos passional frente ao funk carioca, pode ser que daqui há alguns anos ele suma ou se transforme em algo mais elaborado.

Vocês lembram do Claudinho e Bochecha? Uma música deles foi gravada por ninguém menos do que Adriana Calcanhotto! Agora a classe média cantarola a canção de versos simples alegremente. Mas é claro que quando ela surgiu, na batida do funk e cantada por dois moços negros da favela, todo mundo torceu o nariz, não é?

Caetano Veloso gravou no seu último trabalho, o Abraçaço, uma canção super maneira chamada de Funk Melódico que segue o ritmo do som dos morros cariocas, me desculpe o termo, mas ficou FODA!

Sempre vale lembrar que o funk carioca não tem só música com conteúdo sexual. As e os Mcs escrevem letras que tratam de muitos problemas de suas comunidades e cheias de conteúdo político. Só para dar um exemplo tem um funk até sobre os royalties do petróleo! O nome é "Veta, Dilma!". Só colocar no Youtube que encontra ;)

Enfim, o funk é sim uma manifestação cultural popular poderosa, é a voz da galerinha das comunidades que têm muito a nos dizer sim e estão doidxs para serem escutadxs do jeito deles! Da forma que falam nas vielas das favelas, que entendem e são compreendidos.

Lala disse...

Off-topic:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-vinganca-de-uma-fotografa/

Unknown disse...

Thiago é verdade, quem esta de fora pode falar sim, claro que vc esta qualificado para o debate, acho que me expressei mal, ok ...

O que eu quis dizer é que quem vê e vive pode falar melhor do que quem esta de fora fazendo uma analise sobre achismo.

A mulher que dirigiu este documentário mesmo,ela foi até lá e viu perto do que se trata o cenário do funk e acho que é muito relevante a opinião dela.

Enfim... avaliem...

Unknown disse...

Olha, se as letras dela são um discurso feminista, é um feminismo com o qual eu sempre terei um pé atrás. (admitamos que há diversos feminismos e que cada um olha para os fatos de formas diferenciadas). Não sei, essa letra que o texto traz para exemplificar me pareceu fraca: uma mulher que sofre violência doméstica, divorcia-se e "liberta-se sexualmente". Aí ela traz que isso é válido para as mulheres da periferia. Será que essas mulheres que não encontram apoio dentro de casa, muito menos no Estado saem de uma situação de violência para um estado de emancipação? E, será que essa emancipação é o bastante para dizermos que a mulher verdadeiramente se libertou? Será que as outras formas de opressão desaparecem através da libertação de se auto-intitular "puta" sendo que essa palavra está enraizada de forma pejorativa e é machista no sentido de que serve apenas para rotular as mulheres? Não seria mais feminista a procura por abolir essa expressão e simplesmente poder ser "mulher" (fazendo o que bem entender, sem precisar de rótulos)? Não sei, cara, acho que ela não chega a um nível de problematização da coisa e para mim, não é feminismo.
Acho que dizer que quem critica a valesca popozuda enquanto feminista o faz de uma forma elitista também não se confirma totalmente. Tudo bem, muita gente que critica o funk, o faz porque realmente considera uma expressão cultural inferior por ser ligada à classe trabalhadora, ou, muitas vezes, nem considera cultura, etc...
É bom deixar claro que isso não se confirma no meu caso, pois acredito que, sim, o funk é manifestação cultural. Entretanto, o que eu critico é exatamente o sentido que a valesca popozuda, no caso, dá para o "feminismo" reproduzindo discursos machistas e elitistas que não conduzem, de modo algum, à consciência de classe.

Tatiana Costa disse...

Ñ curto funk, meus ouvidos doem qdo ouço isso. Mas como gosto é igual cu, cada um tem o seu
Pelo pouco q conheço ñ acho esse estilo de música feminista, uma ou outra letra até pode ser.
Li e reli o texto e ainda tenho minhas duvidas.

Unknown disse...

A meu ver, o funk atual dispensa o rótulo CULTURA. Tem "quórum" e foda-se. Além disso, os funks cariocas e paulistas são plurais. Ao menos mais do q lhe julgam. Sugiro 'Regueira do funk' do Mc Zaka, 'Castelo dos horrores' do Felipe Boladão, 'Código Vermelho' do Mc Orelha, 'Minha vó tá maluca' da Mc Carol, 'Sonhar é bom' dos Mcs Pikeno e Menor (todos 2011/12). Provas d q o funk não se reduz a criminoso, alienado, ostentador, machista ou sem criatividade. Embora isso haja nele (e nas MPBs e nos putsputs das Vilas Olímpia e Madalena). Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Agora... Qual a capacidade do funk d influenciar condutas menos machistas?

É evidente q os jovens formam e afirmam identidades através da música. O funk neste sentido é impressionante. Basta pisar em um baile para captar uma porrada de códigos corporais e verbais próprios, protagonizado por meninas e meninos desde seus 13, 14, 15 anos, já desenvoltos na dança, nos jogos d aproximação, “nas idéias”. Fui educador dessa galera. Alguns se expressavam melhor e mais felizes qdo faziam rimas, várias: apologias a grifes e ao crime sim, mas tb sobre a dureza das favelas ou para “fortalecer o nosso bonde”. É preciso considerar o funk nesta dimensão, a do VIVIDO, indo muito além d ouvir uns “leks” e tirar conclusões. Reduzir tudo isso a fetiche, machismo e crime?

O funk atual provém dos softwares livres q permitem a qq um explorar sua musicalidade, e a despeito do mercado. Talvez contenha mais compositoras mulheres q o RAP. Viabiliza “voz” e respeito para gente muito jovem. Sim, a molecada p/ o bem ou p/ o mal está se formando ao rimar, debochar, contrariar, conviver através do funk (e na ausência d outras coisas essenciais), sentindo-se alguém, com vocabulário próprio ("gíria não, dialeto!"), e isto, FALAR, é uma das ações q nos humaniza, enquanto q CALAR nos desumaniza. Pikeno e Menor:

“Já ouvi você falar/q era pra eu parar/Toma q é de graça/Hoje eu vim pra ficar/Mas quem desacreditou e não botou fé em mim/Agora vai se calar pq vou responder assim:/Vai se solta! Vai! Má não se revolta! Avisa q os mlk top tá d volta!”

O funk não só reflete problemas sociais, mas também reflete sobre. Zaka:

"Na regueira do meu funk vou mandando o papo/pro povo verdadeiro, sofrido, muito pacato/que convive com a miséria/no peito a solidão/do jovem carente grande sua ambição/a tristeza lado a lado ele segue adiante/cantando sua vida sempre em metade funk"

O funk é encontro da juventude nas periferias e com as periferias. Pikeno e Menor:

“Não tem melhores rolês/Nóis q deixa eles maneiro/Parceiro, quem tem amigo não precisa d dinheiro/Seu Ferrari, sua reserva/Não vai fazer eu sorrir/Se até numa favela/Nóis pode se divertir”

A maioria das minhas alunas curtia funk. Perguntamos para uma: qdo você anda na rua, você se sente amada? (o tema: Existe amor em SP?) Ela: “Não. Me sinto desejada”. Silêncio.

Em 2010 assisti o grupo da “Valesca” (grafia da Playboy) no Complexo do Alemão. Patrocínio Rede Globo, Afroreggae e Comando Vermelho. Lotado. Show escoltado por mlks d fuzil, "tudo irmão", disse um com seu AR Baby para o céu. No show, q não era baile, tb se apresentariam Afroreggae, Havaianos e Belo - "o Roberto Carlos da baixada". Pergunto-me: o q havia d feminista na performance da Gaiolas das Popozudas? Porém: d qual(is) machismo(s) estamos partindo? São vários, e em vários níveis e circunstâncias, não? Quais deles eram combatidos ali, ainda q implícita e inconscientemente?

Gaiola das Popozudas (!)... Havaianos... Afroreggae... Rede Globo... Belo... CV... AR Baby... espetáculo...
Diz um post: "na voz da mulher tudo muda".

Mc Carol:

“Te meto atras das grades, eu destruo sua vida/ Se largar de barriga /Eu vou na Maria da Penha, vou no batalhão/Não adianta tú fugir, tú vai pagar pensão/Tú vai ter q trabalhar no PAC noite e dia/Se largar de barriga”

Quem tem olhos para ver, veja.

E um salve pro mestrado a respeito.

Cris Jolie disse...

O controle sobre o próprio corpo é sim feminismo. E é isto que está em questão.

Nojo me dá é de ver moralismo escroto!!!

Danizinha disse...

Fugindo do tema, Lola...
Na página do face "Cientista que virou mãe", eu vi uma denúncia de uma agência de profissionais domésticos em Sorocaba, que oferece aos seus clientes a opção
PRECONCEITO DE COR ( )SIM ( )NÃO.

Quero pedir à galera aqui que ajude a denunciar essa empresa, que, infelizmente, reflete o pensamento de seus clientes.

O link da agência é
http://lareciaempregos.com.br/
A opção está em "contrate agora")

O link para denúncia é
http://denuncia.pf.gov.br/
(Clicar em "crimes de ódio").

Obrigada.

Anônimo disse...

blablablá elitismo cultural blablablá pensamento classe média blablablá contra a moral e os bons costumes.

De ambos os lados,a maioria dos posicionamentos é muito clichê.

Pode ser (porque eu não conheço) que o funk tenha a sua vertente "feminista". Mas devería-se respeitar mais a inteligência da mulher e pensar que ela pode ter um discurso de autonomia mais fundamentado e coerente. Não subestimá-las. Você é uma mulher liberta pelo funk? Então porque é que você pensa que as outras serão?

Unknown disse...

Geandra

É lógico que só o funk não resolve. Não, eu não sou uma mulher liberta pela Funk (lendo vc até pareceu que esta falando de uma religião, como se feminismo fosse isso, religião).

O Funk na voz das mulheres e que faz discursos afinados com o feminismo é empoderador, ele trás um discurso de liberdade sexual e não submissão. Ora, se nós usamos como argumento que o machismo é algo que enfiam na cabeça de homens e mulheres através de varios veiculos de comunicação, naturalizando este discurso de desigualdade e inferioridade da mulher, por que um discurso contrário, cantado em uma musica/estilo, que é acompanhado por muitos jovens em idade de formação de opinião, não faria diferença.

Ah por favor né? Não tem nada de simplista nesta argumentação, é lógico, simples assim.

Luciana Guerra disse...

Então, basicamente o que eu penso é o seguinte:
1) O fato de Valesca ser feminista não faz com que o funk em geral seja feminista. Da mesma forma que se um artista do rock ou do sertanejo tiver mensagens libertárias, isso não faz desses estilos como um todo, libertários. A MPB, por exemplo, tem um histórico (vários artistas) de ser um "estilo musical" engajado.
2) Se as letras delas forem feministas, isso tb não faz com que a dança seja necessariamente feminista, faz? Mas o fato de nao ser feminista tb nao significa que é machista, tem coisas que são neutras, não tem nao? TUDO tem um significado político? Claro que nós podemos fazer com que tenha, de acordo com o significado que DAMOS, mas isso nao significa que o significado já estivesse lá. Da mesma forma que a palavra "vadia" ou "cachorra" sozinhas e fora de contexto não significa "mulher livre".

Paz para vocês. Vamos comentar com moderação, galera!

Danilo Mendes disse...

Ana Líbia, concordo plenamente contigo.
Acho inclusive importante ressaltar que essa ideia de usar a boceta como moeda de troca, como você reparou na letra da Valeska, apesar de talvez não ser um discurso idêntico, aparentemente vai de acordo com as ideias de "explorar qualquer vantagem que temos [as mulheres] sobre os homens" defendidas por uma tal de Catherine Hakim, que já foi duramente criticada por esse mesmo blog.
Essa minha crítica não vai contra a música, apenas contra a ideia de defende-la como feminista. Não é, pois não defende genuinamente a igualdade entre os gêneros e, como consta, muito pelo contrário. Isso não é nenhuma libertação das mulheres do patriarcado, é apenas a ilusão de que se pode conseguir um poder significativo literalmente se prostituindo, quando na verdade, tudo que se consegue são migalhas.
Num contexto mais amplo, talvez fosse interessante verificar se tal aparente libertação das mulheres não é na verdade apenas uma intensificação do processo de "individualização" de todos os membros (homens e mulheres) de nossa sociedade.

Samantha Pistor disse...

O cerne da dissertação de mestrado feita pela estudante visa responder ao questionamento de muitos aqui.

Seria o funk de Valesca um grito feminista ou o mero atendimento de uma demanda de mercado? Valesca não estaria apenas produzindo algo desejado pelo patriarcado?

Não ouso dizer que o funk é feminista, até porque o funk é muito plural para ser rotulado. Agora eu digo que muitos discursos dados pelas funkeiras em suas músicas é empoderador e é feminista.

Cantar sobre uma pessoa que sofre violência doméstica e psicológica e consegue se libertar do agressor é ter um discurso femnista.

Cantar em prol do prazer feminino e do seu direito de dispor seu corpo como bem entender, é ter um discurso femnista. Não sei se a frase da marcha se inspirou em Valesca ou se foi o contrário, mas ambas dizem a mesma coisa: danço funk sem calcinha e a buceta continua sendo minha.

Pryscila disse...

A nova novela Global das sete, Sangue Bom, vai dar o que falar com a Ellen Roche fazendo o papel da funkeira: http://www.videolog.tv/video.php?id=967686
Ellen é incontestavelmente lindíssima e se empenhou como atriz para dançar super bem. Excelente profissional. Ok. Mas e todo esse discurso sobre o assunto?! O que diriam os autores?
Aguardemos a polêmica da "Mulher Mangaba" e seu sucesso inevitável.

Iara De Dupont disse...

Eu acredito sim que o funk é cultura,o Estado pega um grupo de pessoas,que correspondem a 99% da população,tira todos seus direitos,nega o acesso a cultura,lazer,educação,e esportes e ainda obriga a pagar impostos.Bom,as pessoas tem que se expressar e isso ia aparecer de uma maneira ou outra,sem recursos e sem incentivos,as pessoas encontram sua maneira de protestar.Concordo com isso,mas tenho uma dúvida,mesmo que as letras sejam consideradas feministas e tal,precisa cantar de quatro,rebolando e de shorts?Me desculpem,mas para mim isso anula o discurso.Tudo que é feito para encantar os olhos masculinos eu desconfio mesmo.Se um dia eu tiver que subir em um palco,me vestir e fazer o que a Valeska faz,para dizer o meu discurso,bom,não preciso nem dizer,na hora desisto de tudo.Pra mim a letra pode ser escrita pela maior feminista do planeta,mas se ela sobe quase nua em um palco para divertir os homens,então é mulher objeto,me desculpem as que pensam o contrário,mas na minha humilde visão o feminismo liberta a mulher de ser objeto e acho que tudo isso tem que ser visto com muito cuidado,porque tem gente trocando seis por meia dúzia,a mulher muda o discurso,mas continua objeto,então tem que pensar mesmo com calma sobre essas supostas manifestações do feminismo no funk.Mas cada um que sabe!

Unknown disse...


Nossa gente quanta ignorância!

Não sou fã do funk carioca, apesar de gostar bastante de algumas batidas das músicas. Remete ao ritmo tribal e meus ouvidos gostam.

Sabem oq eu acho mais interessante neste tema polêmico? A dicotomia entre machismo e feminismo na representação feminina do funk. Valesca(exemplo) faz letras que dão aval a liberdade sexual e outras que auxiliam na ideia de submissão das mulheres. Isto não é uma dicotomia que envolve apenas as funkeiras, envolve diversas mulheres da classe média, até em outras situação que ultrapassam a questão sexual. Qual o pecado de analisar isto numa dissertação?

Funk é machista? Certamente!
Porém, o rock'n'roll tem muitas letras machistas. Não vejo ninguém aqui falando mal. Hip hop americano nem me diga.


Jéssica disse...

A quantidade de pessoas pendantes nos comentários de hoje está fascinante.

(É uma coincidência interessante, também)

bruna disse...

Nossa, depois de ler os comentários é incrível descobrir como o feminismo é elitizado e como muita gente compartilha os pensamentos da Rachel mil e uma noites :/

Como já disseram, não é toda letra de funk nem todos os cantores que estão sendo considerados feministas, mas engraçado que ninguém fala das tantas letras de rock e mpb (que são os ritmos considerados cultos) com letras extremamente machistas!!

Mas o pior pra mim foi ler aqui, mulheres que se dizem feministas julgando o comportamento das que dançam funk rebolando e de roupa curta, putz, tá mals de leitoras feministas hein, Lola, isso foi o fim, sério!

Anônimo disse...

Para os que estão falando sobre outros tipos de músicas terem letra machista e ninguém aqui estar falando disso, acho que é porque o assunto aqui é o feminismo no funk, e não na MPB, no rock, na música clássica, etc.

E para as feministas que não gostam de funk (como eu) e tbm acha que ele não nos representa, temos todo o direito, ou agora têm feministas que confiscam carteirinha de outras feministas?

Ah, faça-me o favor.

Anônimo disse...

As fotos utilizadas pra ilustrarem esse post falam por si só,grotescas.
Muita coincidência a divulgação dessa tese de mestrado polêmica um pouco antes do lançamento de uma novela que terá uma Valesca genérica na trama ,a Globo mais uma vez não deu ponto sem nó,encomendou tudo,criou mídia e vai lucrar muito com essa febre do funk.

jacmila disse...

Pergunta q não quer calar:

Onde estão as funkeiras das "comunidades" LENDO e ESCREVENDO aqui?
A V.P mesmo, cadê? ela mesma bem q poderia escrever aqui, mas não.
E nem precisa: tá td na mão, dissertação, novela da globo...é só encher a bolsona de $.
Lola, te liga, tens q pegar tua parte!
Fuck é arte!

Anônimo disse...

Olha esse discurso de que é machista nao defender roupas justas e mulheres rebolando para o deleite dos homens é muita demagogia. Eu acho que todo mundo tem direito a ter a sua opiniao. E eu pessoalmente acho vulgar. Agora tampouco posso ter o direito de opinar? Pensei que estava numa democracia.
E falar que esse tipo de vestimenta é "feminista" por favor, é uma roupa desconfortável, incomoda, que limita os movimentos, da onde que se vestir dessa forma é um grito à liberdade?
O que me incomoda nao é o fato de uma mulher querer se vestir como a Xuxa dos anos 80 ou como Júlia Roberts em pretty woman, quer por uma calcinha na cabeça e sair por aí? Ponha. O que verdadeiramente me incomoda é que a grande maioria das lojas de roupas de um preço mais acessível vc quase so encontra esse tipo de roupa incomodo e desconfortável e sim, vulgar. E sinto a minha liberdade de escolha totalmente esmagado.

Podem me chamar de machista se quiserem, eu cansei de rótulos, parece que sim vc precisa de carteirinha. Se vc acha vulgar um determinado tipo de roupa, é machista, entao vc nao pode ter opiniao. Se vc é da direita vc é machista porque ser feminista vc obrigatoriamente tem que ser da esquerda. Como serei da esquerda? Eu sou totalmente a favor da empresa privada, e totalmente contra o governo passando a mão nas nossas cabeciinhas e dizendo o que devemos ou nao fazer. E agora essa de que "cachorra" é elogio.

Olha nos US vc chama um negro de Nígger ou na Espanha vc chama um sudamericano de "sudaca" vc o esta insultando da pior maneira possível, nao existem termos mais ofensivos para eles lá. E completo, chamar de cachorra sempre vai ser super ofensivo, agora a senhora Valença popozuda é quem dita as regras?

Há e podem confiscar a minha "carteirinha" de feminista.

Anônimo disse...

Eu pessoalmente acho tão repressivo tanto uma burka quanto uma vestimenta vulgar. Ambas estao comandando sim o corpo feminino.

E eu so comentei sobre a minha preferencia política porque acho que isso nao deveria influenciar na luta de direitos e responsabilidades iguais entre homens e mulheres, mas parece que se vc nao entra no quadradinho que esperam de vc, vc é machista, ta bom, fazer o que,

jacmila disse...

Gosto&opiniões são formados dentro de contextos históricos,sociais; pra se apropriar pra valer das nossas escolhas - os tais gostos&opiniões - tem q ESTUDAR mais, só a globo, a moda da hora, mais a cagação de regras supostamente feministas aqui despejadas pel@s demagog@s esquerdistas, não são suficientes pra convencer quem PENSA!

Anônimo disse...

Só pra descontrair,Sarah Winter pagando mico,denovo.
http://esportes.terra.com.br/futebol/copa-das-confederacoes/feminista-e-barrada-na-porta-do-maracana-e-protesta-com-seios-de-fora,77865fe328d4e310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html

bruna disse...

Nossa, o discurso aqui tá como nos comentários que a gente vê por aí: "cadê minha liberdade de expressão, nem posso falar nada que já sou condenada" "podem cassar minha carteirinha de feminista, humpf"

E vir com esse papo de condenar a roupa (principalmente quem tá falando de roupa confortável.. aff cada um sabe o que é confortável pra si) e o jeito de dançar de seja quem for tá foda hein...

Anônimo disse...

Ta bom é suuuuuper confortável usar uma mini collant que vc mal pode se mexer com um salto de 10 cm. Experimenta sair correndo pra alcançar o avião que vc esta prestes a perder.

Super confortável e pratico ah e nao, naaaada sexista, imagina. Nao, e nao objetifica a mulher, nao, imagina, coisas da minha cabeça super machista da direita,

Engraçado que vivemos num mundo de homens e nao tem para eles esse discursinho de dois lados, eles nao se deixam objetificar, eles trabalham a vontade com suas roupas praticas e confortáveis,

No mínimo curioso,

jacmila disse...

Bruna, já viu este filme?



IDIOCRACY=IDIOCRACIA

jacmila disse...

Claro q a roupa passa mensagens, faz parte do teatro social, reforça estEreótipos.
Deprimente é quando a roupa é uniforme, neste caso o uniforme - a uniformidade/conformidade social - das funkeiras.
Daí a importância das condições igualitárias de acesso à educação - olha aí o discurso tão caro às esquerdas - tod@s terem um amplo leque de escolhas e práticas estéticas e até se dar ao luxo de transitar entre elas se quiser. Então vem a pergunta: as escolas públicas no Br oferecem esta oportunidade? pouquíssimas.
O resultado desse processo de pauperização, mediocrização, demagogia nauseante=idiocracia.

O Homem Cinza disse...

É por muitos comentários daqui e de tantas outras páginas feministas que dá pra perceber o óbvio, quando o assunto é funk: grande parte do feminismo no Brasil ainda não passou da fase mimimi classe-média-sofre. É por essas e outras, também, que me distanciei de movimentos feministas e só dou meu apoio à distância, estritamente no campo político. Porque cultural e moralmente o movimento parece não conseguir enxergar além do próprio umbigo.

Fico me perguntando qual o tipo de música "legítima" que as "feministas contra o funk" ouvem. Por conhecimento próprio, digo com certeza absoluta que as mais ousadas são fãs de bandinhas gringas fofas e "alternativas" feitas pra universitárias frígidas se acharem inteligentes. As mais "conscientes da verdadeira cultura nacional" são groupies platônicas de Chico Buarque.

Faço minhas as palavras de uma amiga: "o feminismo é importante para um mundo melhor, mas se você só quer saber do SEU mundinho fechado, não seja feminista".

Adoraria ver um comentário da Camille Paglia massacrando essas cocotinhas "inteligentes" que só sabem repetir bordões e não fazem a mínima ideia do que é a vida fora de seus apartamentos.

jacmila disse...

esterEótipos
pobre tem q se apropriar do discurso e ortografia das elites sim

jacmila disse...

ô seu "homem cinza":

não me identifiquei em absolutamente nada do q vc disse.

Unknown disse...

"O grande pecado" da Valesca e outras funkeiras é possuir atitudes tanto feministas, quanto machistas. Irônicamente isso ocorre com boa parte das mulheres, mas as funkeiras que são as bruxas na fogueira.

jacmila disse...

Eis um exemplo "mimimi classe-média-sofre"

http://noticias.r7.com/sao-paulo/suspeitos-de-matar-dentista-queimada-sao-investigados-por-mais-oito-crimes-28042013

Esse bordãozinho tolo - e mais tantos outros papagaiados pelas feministas "de carteirinha" eu não repito mais.

Vou fazer um mestradinho pra investigar q música esses criminosos mais ouvem...

Unknown disse...

Teresa

Toda mulher pode ser feminista. Desde a mulher da direita até a mulher da esquerda, desde a funkeira aquela que frequenta os grandes clássicos...

A diferença é que as mulheres trabalhadoras, da esquerda, (por que a maioria é mesmo inconscientemente, do mesmo jeito que muita diz que não é feministas,mas tem discurso feminista) tem demandas diferentes.

A mulher do proletário ( mulher que precisa vender sua força de serviço / não é dona dos meios de produção) é entre as mulheres mais oprimida, se for negra, mais oprimida ainda.

Esta escala existe, e não existe uma EMPATIA da mulheres burguesas com a causa destas mulheres. Não adianta trata desiguais como iguais, o problema não terá solução, se vc der um prato de comida com a mesma proporção/ valor nutricional, para um morador de rua e uma pessoa que todos os dias tem alimentação, será desigual, o primeiro não se beneficiará igualmente.

Para lutarmos a mesma luta, a mulher burguesa tem que estar a fim de abrir mão de seus privilégios, e apoiar a luta das irmãs menos favorecidas. Sem isso a mulher burguesa luta separadamente da proletaria em muitas demandas.

Estaremos juntas nas demandas m que o machismo atinge a todas por igual e separadas naquelas que forem diferentes.

Exmplo: Um das bandeiras do feminismo é equidade salarial, mas se a mulher for burguesa (detentora dos meios de produção),patroa, e as funcionárias fizerem greve? O que esta mulher fará? Vai ficar do lado do capital e favor dos seus lucros ou da bandeira feminista?

Para pensar...

Unknown disse...

jacmila disse...
"esterEótipos
pobre tem q se apropriar do discurso e ortografia das elites sim"

Ditadura agora? Somos obrigadas a ser o que a elite quer que sejamos?
Você é feminista mesmo?

jacmila disse...

Professor@ de escola pública no Br não é elite.

O Homem Cinza disse...

jacmila

"Vou fazer um mestradinho pra investigar q música esses criminosos mais ouvem..."

Esse comentário de poucas palavras consegue ser tão ignorante em tantos pontos que eu só tenho uma coisa pra você: minhas gargalhadas. O autoritarismo eu deixo pra você, que parece gostar de ditar o que é "cultura benéfica para a sociedade" ou não.

Não esqueça de começar hoje mesmo sua campanha para banirmos a música de Richard Wagner, afinal a música dele era adorada pelos nazistas! E nem mesmo um "mestradinho" você vai precisar fazer.

Fernanda disse...

Michelle Louise disse...

"O grande pecado" da Valesca e outras funkeiras é possuir atitudes tanto feministas, quanto machistas. Irônicamente isso ocorre com boa parte das mulheres, mas as funkeiras que são as bruxas na fogueira.
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Deve ser porque elas tem muito mais poder de influência sobre a população do que essas mulheres "normais", né? Logo tem que ter mais responsabilidade.

lola aronovich disse...

Gente, a discussão está boa, mas vamos ser menos virulentxs, por favor? Tem uns comentários meio agressivos demais por aqui...
A Shoujofan pediu pra eu dar minha opinião sobre funk e feminismo. Farei isso, mas em outra ocasião. Agora ainda estou na pousada em Volta Redonda, mas daqui a menos de uma hora um carro virá me buscar pra me levar ao Rio. Lá esperarei CINCO HORAS até que meu voo parta. Ou seja, daqui a doze horas eu estarei de volta a minha casinha em Fortaleza, com o maridão que está com saudades (correspondidas!). Enquanto isso, vou ficar vagando no aeroporto sem nada pra fazer. Sério mesmo, se alguém quiser me visitar no Galeão hoje pra conversar comigo, levar chocolate, comprar um livrinho, estarei lá (de blusa preta) das 15 ou 16 horas até às 20:30.
(Vou ter que negociar melhor minhas idas a eventos. Porque passar 5 horas no aeroporto fazendo nada num fim de semana, enquanto eu poderia estar em casa descansando, não me parece muito bacana).
Abração, pessoas! Aproveitem o fim de semana por mim!

jacmila disse...

Se tem problemática assim:

Qual a contribuição de VP para o feminismo?

Não pode ter essa:

Quais as relações entre o funk e a violência?

Ah, num pode, a ditadura das esquerdas não deixa.

jacmila disse...

Xi Lola, não t inveja nada.
Pegando carona num comentário q pintou aki: imaginando a Lola correndo pra pegar o avião de salto agulha 12cm e um jeans beem apertado e de cintura beem baixa, um collant beem decotado e uns headphones ouvindo a VP...
just kiddin'

Anônimo disse...

Sou homem, feminista e não-esquerdista (centrista ou de direita, do que preferirem me rotular). Sei que sou minoria por aqui, então, comentaristas, me tratem com educação, por favor, lembrando que eu estou dando a minha opinião e não de "mansplaining".

Gostei muito das opiniões da Adelnise Silva, da Tatiana (27/04 14:11) e da Sarah Hime.

Meus acréscimos ao assunto:

Eu acredito que a Valesca Popozuda tenha algumas músicas que empoderam as mulheres, mas não acredito que isso seja consistente.

Primeiro, pelas suas outras músicas, trechos:

"se liga safadona, ... comigo é pra casar" (os estereótipos)

"Ô, fiel, recalcada, o melhor é ser amante, enquanto eu como o teu marido, tu se acaba lá no tanque" (legal debochar das mulheres que fazem atividade doméstica e falar que come o teu marido)

"Você fala que é fiel, fica cheia de gracinha! Mas eu já dei o papo que a pica dele é minha" (o que interessa é a pica dele, claro)

"uma mulher de verdade quer um otário pra bancar" (sem comentários)

O que vejo de consistente nela é que ela lucra com a erotização das músicas e com sua própria sensualidade. O que não é errado, mas o discurso de que ela age com independência, mostrando o controle que a mulher tem do seu corpo é um pouco capenga.

Acho que isso é de um otimismo incrível, a existência de Valesca se deu pela Gaiola das Popozudas. Quem rebola numa apresentação de funk por dinheiro está:

a) Mostrando às mulheres de todo mundo seu idealismo, consciência e como é ter domínio do seu corpo e da sua sexualidade;

b) Deleitando, por dinheiro, os homens que demandam exatamente por isso, por objeto sexual e erotização.

As duas opções não são totalmente excludentes, mas acredito que o Feminismo sem Demagogia se levou demais pela explicação a).

Valesca estava atrás de sexo, usou seu corpo da maneira que quis para conquistar os homens que queria ou era apenas uma mulher-objeto contratada para ser vista e "incendiar o baile" com as letras?

Suas músicas fazem sucesso pelas causas feministas ou por causa da erotização demandada pelos ouvintes do funk? O sucesso vem do popozão, da erotização ou do feminismo?

Acho que o feminismo da Valesca foi um verniz legal que ela encontrou para ter mais adeptos e, de certa forma, justificar as letras erotizadas. Mas nem toda música da gaiola das popozudas é feminista.

Por último, Lola, seria legal se você tivesse contato com a mestranda da UFF, quem sabe o diálogo não a ajuda na pesquisa?













O Homem Cinza disse...

jacmila, você por acaso já foi pesquisar bancos de teses e projetos acadêmicos pra afirmar que não existem estudos sobre a relação entre funk e violência?

Como eu já sei que a resposta é "não", posso adiantar algumas coisas: a relação entre funk e violência é a mesma que existe entre qualquer gênero musical e violência.

E quanto aos psicopatas que ouvem, talvez, a mesma música que você? E os políticos impunes que pagam o ingresso VIP do mesmo show onde você talvez esteja? Seja qual for o(s) tipo(s) de música que você ouça, vou conseguir encontrar um criminoso pra você.

Música é som organizado (em maior ou menor grau) no tempo. Cada um que a interprete como quiser. Se você quiser "letras inteligentes" no funk, esses links devem te apresentar letras "mais ricas e edificantes" do que as que você deve ouvir:
- http://www.youtube.com/watch?v=2XPDfaMn-Lo (agradeça ao funk depois que você conseguir lembrar daquela equação complicada na hora do vestibular!)
- http://www.youtube.com/watch?v=kcHHQ2RV4nQ (já leu metade dos nomes citados?)

Mas como você é do tipo que fala em "ditadura da esquerda" e praticamente ignora argumentos alheios, respondendo sempre de maneira esquiva, imagino como deve ser difícil visualizar um assassino que não tenha uma aparência de pobre ouvindo música de pobre.

E deixa as pessoas usarem a roupa que elas quiserem, caramba. Se estiver difícil pra alguém correr pra pegar o avião usando um salto agulha (afinal, funkeiras, modelos, cantoras, travestis, atrizes se vestem no dia-a-dia exatamente como se vestem no palco!!), isso por acaso é da sua conta?

Fernanda disse...

Antes que falem qualquer besteira de "classe média sofre", digo que sou pobre, fui criada em bairro pobre, por gente pobre, e gosto de funk. Mas indo direto ao assunto, o que eu vejo muito hoje em dia é muita gente que é mais intelectualizada dizendo que gosta de funk, acha demais, defende como cultura, mas só porque parece cool dizer isso atualmente. Vai ver se o sujeito já foi a um baile funk, conhece mais do que meia dúzia de músicas e se relaciona com "esse tipo de gente". A maioria diz gostar, mas é aquele gostar bem à distância. Parecem até que só gostam porque tem um peso na consciência por serem de classe média e terem uma grande bagagem cultural. kkk
Essa problemática da Valeska ser feminista ou não me lembrou os filmes do Russ Meyer onde, por um lado as mulheres eram mostradas como objeto e por outro eram colocadas como fortes e liberadas sexualmente. E é bem isso mesmo. O problema é que esse discurso duplo cria no público -que na maioria é educacionalmente desprivilegiado- uma idéia equivocada de liberdade. As mulheres querem dar pra quem quiser e ter liberdade de se vestir como quiserem ao mesmo tempo que querem o cara com carro, dinheiro, "que ostenta", o "patrão"; os homens aceitam essa liberdade sexual a medida que isso beneficia a eles e querem continuar "bancando" as mulheres, uma vez que assim mantêm o controle sobre elas.

jacmila disse...

ô seu "homem cinza":

em nenhum momento afimei que não existem estudos sobre a relação entre funk e violência.

Em todo caso agradeço os links

Náy Rocha disse...

Não pertenço a elite.Muito pelo contrário: sou pobre, negra e moradora da periferia, no entanto, o funk não é algo que eu goste de forma alguma.Mas, apesar de deteeeestar esse gênero musical, eu admito que algumas canções tem sim um teor feminista muito bom.Mas são apenas excessões.

Fernanda disse...

Ana Claudia disse...

Bom, eu confesso que esse assunto ainda me divide, porque ainda não tenho opinião formada sobre isso. E a minha luta interna, é para tentar ver o funk e a participação feminina sem meus preconceitos de classe média. Outro dia vi um link para um vídeo no you tube de um grupo feminino de funk dançando o tal quadradinho de oito (é isso mesmo?). Nos comentários, um moooooooonte de gente criticando, chamando de vadia, etc, etc, etc. Fiquei curiosa e assisti o vídeo. Fiquei impressionada, mas em um bom sentido. Se você tenta olhar a dança sem preconceitos o que se consegue ver é uma baita performace. Na minha opinião. E o que vi também foram meninas, que poderiam estar com vergonha de usar short porque a barriga não está dentro do esperado, assumindo o seu corpo.
E o que mais me incomoda é o fato de mulheres criticarem essas meninas, dizendo que estão se fazendo de objetos para o deleite masculino, quando essas mesmas mulheres passam o ano inteiro se matando na academia, indo a esteticistas, etc, etc, para ficar dentro do padrão masculino e se mostrar na praia com um biquíni. Porque se o padrão que os homens venerassem fossem as mulheres com pneuzinhos, barriguinhas, será que existiria mesmo essa corrida pela barriga zero e o bumbum durinho?
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Eu gosto do "Bonde das Maravilhas", acho as meninas muuuito talentosas e essa coisa de não ter medo de expor inadequação estética acaba sendo um puta tapa na cara das pessoas, mas o que mais preocupa é que essas meninas são muito novas, tem uma menina aí que tem 13 anos(!).

jacmila disse...

E quanto aos psicopatas que ouvem, talvez, a mesma música que você? E os políticos impunes que pagam o ingresso VIP do mesmo show onde você talvez esteja? Seja qual for o(s) tipo(s) de música que você ouça, vou conseguir encontrar um criminoso pra você.

o último show q fui foi da Tina Turner nos anos 80 e naum goxtei rs

Qto à violência associada ao funkbrasileiro, só posso me reportar ao meu dia a dia em sala de aula: aqueles q insistem em não tirar os fones de ouvido - e 10 em cd 10 estão ouvindo funk - mesmo @ profe pedindo com todo jeitinho do mundo, o aluno responde, bem kirido "vai tomá no c"

Fernanda disse...

O Homem Cinza disse...

E deixa as pessoas usarem a roupa que elas quiserem, caramba. Se estiver difícil pra alguém correr pra pegar o avião usando um salto agulha (afinal, funkeiras, modelos, cantoras, travestis, atrizes se vestem no dia-a-dia exatamente como se vestem no palco!!), isso por acaso é da sua conta?
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Acho que ela não quis tolher o direito dos outros e sim abrir espaço para uma discussão sobre como, curiosamente, as mulheres acabam usando roupas que prejudicam a sua mobilidade e conforto para se encaixar num modelo imposto alegando que isso é liberdade enquanto os homens, também curiosamente, não precisam se importar com nada disso.

O Homem Cinza disse...

Fernanda, não se defende o funk somente pelo viés socializante (frequentar bailes funk). Existe música ali e, por sinal, música que tem as mesmas raízes percussivas de outros gêneros mais "intelectualizados". O que também não diz nada sobre a minha vontade ou total desinteresse em frequentar esses tais círculos sociais "intelectuais".

Eu entendo a correlação que você faz entre Valesca Popozuda e Russ Meyer, só não entendo uma coisa: qual é, afinal, o problema com uma postura conciliadora e contextualizada entre gêneros? Qual o problema em haver desejo e política juntos? Será que a autonomia feminina depende tanto assim da boa-vontade masculina? Primeiro os homens devem parar de ver as mulheres como "objeto", pra depois vocês finalmente poderem deixar de ser? A preocupação é se a Valesca é feminista, ou se todo e qualquer fã dela se comporta como um(a) feminista adestrado(a) conforme a cartilha ideológica?

Isso me lembra uma vez que eu mandei um e-mail questionando a Marcha das Vadias de Brasília pelos cartazes com as mulheres mostrando os seios. Não que houvesse algo de errado com os cartazes, mas perguntei se incomodaria elas o fato de que alguns homens poderiam ficar excitados vendo os cartazes (o que também não tem nada de errado), independente de apoiarem ou não a causa. Até hoje nunca me responderam...

Fernanda disse...

A Valeska não demonstrou muito feminismo aqui, né?

http://www.youtube.com/watch?v=4sEPU3Qiom0

http://www.youtube.com/watch?v=LYsSJRWfJLA

O Homem Cinza disse...

jacmila, se estivéssemos nos anos 20, em bairros pobres negros norte-americanos, seus alunos provavelmente estariam matando aula pra ouvir jazz. Um tipo de música que hoje é "refinada". Se eles ouvem funk é porque é a música que chega até eles.

Fernanda, na história da moda ocidental, pouca mobilidade sempre esteve associada a ideais de beleza, ostentação, sucesso. Desde o Egito Antigo, os poderosos usavam roupas bem pouco práticas para se apresentar em público. Boa parte do vestuário feminino de hoje (incluindo saltos, maquiagem forte, etc.) foi criada para homens. Dê uma olhada nas roupas dos nobres do período monárquico. Não é tão simples quanto dizer que "as mulheres estão sendo obrigadas a usarem roupas impráticas" ou coisa do tipo. Quantos machistas “à moda antiga” não estão aí pra dizer que a mulher deveria parar de usar maquiagem? Esse estereótipo atual da mulher desconfortável Vs. homem desleixado é um fenômeno apenas recente na História. E também tem muito a ver com o quanto as pessoas se deixam influenciar pelo meio. Qualquer homem ou mulher pode simplesmente parar de seguir o protocolo da moda em sua época, mas está disposto(a) a lidar com os julgamentos alheios, ou a reduzir seu círculo social?

E não entendi o problema com esses dois links da Valesca que você passou. Ela apenas não se encaixa na utopia feminista de classe média onde não há uma tensão inerente ao sexo e os gêneros saem de mãos dadas como amiguinhos assexuados.

Fernanda disse...

O Homem Cinza disse...

Como eu disse, eu gosto de funk, mas acho a Valeska muito pretensiosa ao afirmar que é feminista. Ela tem atitudes feministas, o que não quer dizer que ela de fato seja. Não sei se você já foi a um baile funk ou conhece por videos, mas a coisa funciona asim: a mulher acaba de cantar uma música dessas classificadas como empoderadoras e já começa uma outra machista, ou tenta ridicularizar os homens de forma machista ou homofóbica. A composição fica confusa, entende?

Unknown disse...

vocês querem legitimar essa história de preconceito contra funk dizendo que só a classe média não gosta,que esse não é o linguajar deles,quando a realidade é que muitos pobres assim como eu destestam funk.

isso parece até preconceituoso para mim,porque a pessoa é pobre,ela é analfabeta,todos os pobres se comunicam desse jeito,usam a linguagem chula do funk.

jacmila disse...

"vocês querem legitimar essa história de preconceito contra funk dizendo que só a classe média não gosta,que esse não é o linguajar deles,quando a realidade é que muitos pobres assim como eu destestam funk."

o nome disso aí é demagogia

O Homem Cinza disse...

Fernanda, eu saquei isso, e é justamente isso o que eu defendo. O show dela pode ser politicamente tão "confuso" (prefiro o termo "ambíguo") quanto o de uma banda de rock, por exemplo. Não fosse essa ambiguidade, seria um show partidário. E esse tipo de partidarismo eu já abandonei na adolescência, quando percebi que discursos "perfeitos" e "puros" só convencem uma meia-dúzia de já convencidos.

Continuo achando que é uma questão de contexto, mas do que qualquer outra coisa. A Valesca tem uma música chamada "Sou Gay" que é claramente pró-LGBT. As ridicularizações que ela faz com homens me parecem ser claramente dirigidas a tipos específicos, como o estereótipo do hetero que se gaba por ter transado com mulheres quando na verdade nem fez o serviço direito - como naquela "Sai Seu Pica Mole". Agora, se for pra ficar se preocupando se pobres-homens-com-disfunção-sexual vão ficar ofendidos com essa letra, partiremos então pra cultura do não-me-toque.

Agora, se ela é pretensiosa ou oportunista quando se diz feminista, não discuto. Falo do que resultado do que ela produz e não das suas intenções.

Fernanda disse...

O Homem Cinza disse...

Já que você não viu nada demais nos videos da Valeska, eu queria a sua opinião nesses outros videos. Só por curiosidade mesmo, não leve a mal:

www.youtube.com/watch?v=7YlznNP3FRg

www.youtube.com/watch?v=B0QpBK-qf64

http://www.youtube.com/watch?v=FSzrD2XmJU8

Anônimo disse...

Nossa eu ficou muito tranquilo agora,ao saber que essas menininhas que frequentam bailes funks e são comidas em escala de rodízio por 10, 15 caras numa única noite(não estou delirando,eu vi ) estão apenas exercendo seu direito de liberdade de usarem o corpo da forma que quiserem e saciarem o próprio prazer.
Acorda Geisy Arruda,proclame-se feminista e será defendida por milhares de mulheres cultas e bem resolvidas.

Roxy Carmichael disse...

o índice de classemedismosofrismo hoje extrapolou todos os níveis nesse post, a quem tá contribuindo pra esse índice aumentar a ponto de explodir o computador e a minha cabecinha, eu pergunto:
me dê um (só umzinho) exemplo de estilo musical feminista. que tenha NASCIDO feminista. algo me diz que nao existe. e nao existe porque vivemos num mundo patriarcal em todas as suas expressões: sociais, economicas, culturais. entao assim, essa história do funk carioca ser ou nao feminista me parece TÃO ingênua. é claro que o funk não nasceu feminista, como qualquer outro estilo musical. mas assim como os outros estilos musicais, mulheres e lgbts estao se apropriando desse estilo, e faz um tempo já, pra subveter o discurso originalmente machista vinculado a ele, assim como acontece em quase todas as variantes da musica pop.

e pra quem ainda acha que "feminismo é isso, feminismo é aquilo, feministas devem ter acesso à literatura de simone de beauvoir pra ver a luz, o resto são trevas" eu pergunto: vem cá estamos na paris dos anos 60 por acaso e eu nao to sabendo? ou no brasil de 2013? brasil, periferia, ex-colônia? vcs juram que o discurso das feministas do norte é o que mais representam vcs? assim, vcs JURAM?que as reinvindicaçoes delas são exatamente as mesmas das nossas? eu disse exatamente? que as questões que envolvem o dia a dia das brancas do hemisfério norte, executivas que tem o direito de abortar há 40 anos é o mesmo da mulher pobre, negra da favela de um país PERIFÉRICO como brasil? enquanto lá nos states, as feministas tao indignadas com a série girls por nao apresentar nenhuma personagem negra numa cidade multicultural como NY, indignadas com a imprensa que incensa a série como a voz de uma geraçao, como representativa de todas as mulheres dessa idade, afirmando, "essa realidade de meninas hipsters do brooklyn é só a realidade das meninas hipsters do brooklyn", aqui, a mulherada tá tipo assim no séc. XIX definindo o que é e o que nao é cultura (detalhe: se estivessemos em paris, em londres, isso já seria abjeto, mas faria mais sentido, já que é só uma forma de imperialismo essa de impor o que é relevante ou seja, as expressões do norte e o que é macaquice, ou seja, as expressões do sul. mas estamos na porra do brasil, acorda galera!) nao é porque vc escuta as mesmas bandas que a juventude transnacionalizada de qualquer país que vc é igual e eles. e a questao é:deve ser igual e eles? claro que nao! e quem quiser pedir tolerancia aqui, faça-me o favor de ler antes de ser arrogante e vir cagar regra. façam o favor a vcs mesmas, deixem de ser colonizadas e vao ler uma coisa chamado feminismo pós-colonial.
grata.


mulheres que reclamam de post que critica maquiagem dizendo "ah, agora eu tenho que sair sem lavar a cara com remela no olho pra ser feminista?" mulheres que dizem nao gostar de funk e nao gostar de sexo casual dizendo: "ah agora feminismo é ouvir funk e dar pra todo mundo?"
ATÉ QUANDO?????
vidinha besta a de vocês sô!avemaria!

SeekingWisdom disse...

Olás, sempre que o assunto envolve quelaquer coisa que não seja a realidade da classe média temos um disparate de comentários extremamente preconceituosos.

Já que não sou bem quisto da Jacmila vou usar o protesto dela para exemplificar o que eu estou chamando abertamente de preconceito de classe:

"Pancadão
gente sem noção
perturbando o sossego
o direito ao silêncio
do trabalhador cidadão

goxtarão du meu funk de protextu?"

segundo o trecho o pancadão dos morror tolhe o direito ao silêncio do trabalhador cidadão. Uai, nos morros não há trabalhadores? Esses trabalhadores não são cidadãos? Quem produz, grava, promove eventos e bailes não é trabalhador?
Não estou dizendo q perturbar a paz pública é legal, mas percebe como é desqualifiquado quem transgride isso?
O trecho final é também lamentável, gozando da falta de erudição no discurso da classe pobre. Oras, primeiro que essa visão elitista de comunicação caiu por terra há tempos. Segundo que nem todxs utilizam português errado, por assim dizer, em suas comunicações. Lembro de quando Valesca lançou nota sobre Feliciano na Câmera e choveram, sim choveram, comentários preconceituosos dizendo que ela não poderia ter escrito algo assim - em português certo.
Olhem a nota dela aqui

Ademais, não tenho certeza se Valesca sempre se identificou como feminista, mas é certo que ela tomou consciência disso agora. Talvez suas músicas mudem e passem a tratar melhor do assunto. O tempo dirá.

Jacmila, para reflexão sobre a reação dos seus alunos: Como você reagiria se tivesse um superior machista que a dissesse para 'Se dar ao respeito' ou ' ser mais passiva'?
Não faço ideia de como você fala com seus alunos (faria alguma diferença o modo de falar de um machista?), mas o que acontece aí é um choque de classes e a reação contrária, ainda que violenta, é uma necessidade de reação de quem não se vê amparado pela instituição civilizada. Não estou justificando a agressão deles, mas se você tentar entender porque eles agem dessa maneira encontrará estratégias para convencê-los a prestar atenção na sua aula. Se vc mantiver distância dos seres humanos sob seu comando em sala não será capaz de mudar isso.

Muitos aqui tem falado de liberdade de expressão cerceada. Sério que discordar do seu ponto de vista é impedir você de expressar-se? Quanta maturidade. Além disso os comentários estão recheados de ofensas e estereótipos à esquerda: "ditadura de esquerda", "esquerdista", "demagogos".
Ora, o último em particular não é ofensivo em si, mas uma acusação dessas precisa ser fundamentada! Onde as moças estão distorcendo a realidade para manipular alguma massa?

Phillipe

O Homem Cinza disse...

Fernanda, confesso que não vi os três vídeos inteiros, mas acho que entendi onde você quer chegar: a imagem da mulher rebolando na cara do homem. O que te incomoda nisso? As mulheres estão sendo "submissas" demais, ou "validadoras" demais? Elas ou eles estão sendo os "objetos"?

Onde você talvez esteja vendo excesso de sexualidade, eu vejo excesso de preocupação. Acho que preocupações maiores seriam: as mulheres que rebolaram na cara dos caras da plateia foram asseadiadas por eles depois, como se fosse direito deles? Como é o cotidiano delas, são constantemente assediadas na rua, ou ao contrário, conseguem de uma maneira "torta" impor um respeito que o estereótipo da mulher-respeitável-e-indefesa não consegue? Independentemente de os homens da plateia verem as mulheres como "vadias" ou não, o que acontece se um deles ultrapassar as regras implícitas do espetáculo, há segurança pra elas nos shows?

E a mais importante: elas gostam do que fazem, com todos os prós e contras, assim como em qualquer ocupação na sociedade? Ou é você que não gostaria de estar ali, mas se incomoda pelo fato de elas gostarem?

Roxy, assino embaixo teu comentário. Me assusta essa utopia de "feminista perfeita" que muitas estão exigindo aqui. Como se o que a Valesca e outros(as) artistas fazem não contribuísse para o feminismo, AINDA QUE RELATIVAMENTE. Onde poderiam enxergar uma aliada em potencial, preferem esperar pela Santa Madre Teresa do Feminismo Infalível pra resolver todos os seus problemas.

jacmila disse...

Tive o desprazer agora de saber quem é essa tipa geisy arruda

total idiocracy

Lala disse...

"pobre tem q se apropriar do discurso e ortografia das elites sim"

Acho que esses links podem ajudar:
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/12/educacao-tem-sotaque.html

http://escrevendo.cenpec.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=663:video-com-a-palestra-do-professor-carlos-faraco-ja-esta-disponivel-aqui-na-cv&catid=12:olimpiada&Itemid=14

Algumas pessoas já vieram falar aqui apontando problemas da dissertação (tipo, ela está sendo preconceituoso pois só fala da VP que é branca blábláblá), recomendo visitar o blog da moça.

Outra coisa cansativa é a visão uniforme que certas pessoas têm do funk. Pô, já veio gente aqui que é do meio falar que o funk é plural. Podemos mudar o disco ou fazer um recorte específico do que se fala? Fica mais coerente.

jacmila disse...

SeekingW

Ler com atenção os comments tb faz parte da procura e encontro do conhecimento.
Felizm. não é pra mim q o a-luno diz coisas do tipo "vá se f." Vc está jogando sujo inferindo o jeito q dou aula a partir do q eu escrevi aqui. Uma coisa é certa: não sou demagógica, não trato aluno como coitadinho ou finjo adorar o q eles acreditam q adoram só pra fazer papel de kirida.

SeekingWisdom disse...

Agora sobre o assunto em si,
para entender o papel do funk é necessário se livrar do preconceito e ir atrás das informações reais. Acho que a Mariana fará uma excelente dissertação.
O machismo é estrutural então não é surpresa pra mim que o funk seja altamente machista em váaarias coisas. Mas há quem pense diferente dentro desse meio! Como bem lembrou o homem Cinza, a Valesca usa/usou brincadeiras e músicas hjomofóbicas em shows, mas também ingressou na luta contra a homofobia.

Pergunto: Quem consegue mais resultados nos morros na luta contra a homofobia: Valesca ou Jean Willys? Aliás, cansei de ver feministas com discursos homofóbicos mesmo aqui, não é uma falha da Valesca em si.
É importante lembrar que a dissertação não é sobre Valesca exclusivamente, ela quer estudar o papel do funk e sua relação com o feminismo, ponto. Valesca é apenas a diva inspiradora xD.

O funk, como vários outros estilos musicais, é plural. Reduzir ele a mulheres de roupa curta rebolando é preconceito. E mulheres de roupa curta não estão oprimidas necessariamente. Se aproveitar do machismo para se dar bem na vida? Isso não é feminismo, tãopouco deixa de ser válido. Oras, nós, homens cis, nos aproveitamos desse machismo sempre e quase sempre não somos tão criticados tanto quanto as mulheres.
Certa forma o discurso dialoga com o que humilha mulheres sabe. Ou seja, eles chamam de cachorra pra lá, elas gritam 'eu quem domino' pra cá. É uma disputa interna, é até natural. Acho importante que seja assim. Seria muito pior se houvessem mulheres apenas gritando funks validando o discurso masculino. Para que isso vire feminismo é preciso mais tempo e ousadia.
Fico feliz de ver essas mulheres oprimidas se erguendo e enfrentando um palco (convenhamos não é fácil) e mandando seu papo reto. Isso acontece menos em outros estilos - é algo interessante. Essas mulheres estão expondo sua realidade, e acredito que isso tem um potencial transformador. Vamos observar.

Phillipe


Fernanda disse...

O Homem Cinza disse..
Mas a graça está no "grand finale" dos videos. Aconselho que você veja tudo se tiver tempo.

jacmila disse...

Putz Fernanda
Sério. não tive estomago pra ver esses vídeos, desisti nos primeiros segundos.
Assumo meus limites e nem quero me definir como feminista nos moldes d@s patrulheir@s

Fernanda disse...

jacmila disse...

Putz Fernanda
Sério. não tive estomago pra ver esses vídeos, desisti nos primeiros segundos.
Assumo meus limites e nem quero me definir como feminista nos moldes d@s patrulheir@s
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O que chama a atenção é que elas estão machucando os caras e -parece que você não viu essa parte- elas ridicularizam os caras que não conseguem ter uma ereção com essa brincadeira.

jacmila disse...

Valeu pelo esclarecimento Fernanda
Então tb esperando a opinião dos rapazes, rs
Tem um jogo sadomasô ali
os caras estão submissos
e se o dito cujo permanece mole
só serve pra fazer xixi

Unknown disse...

Olha, tese é para trabalho de doutorado, para o mestrado a denominação é dissertação!

Anônimo disse...

Será que a Valesca tomou consciência da mina de ouro que tem nas mãos?A mídia jogou a isca e parece que muitos pseudointelectuais resolveram morder.Ela só precisa fingir que está levando tudo a sério,fingir que abraçou a causa feminista,fingir que realmente se importa e quer contribuir e pronto.É só colher os lucros.
Agora eu descobria diferença entre inteligência e esperteza.
E as outras "cachorronas" vão continuar esfregando seus traseiros na cara dos caras e vivendo de migalhas.

Fernanda disse...

jacmila disse...

Valeu pelo esclarecimento Fernanda
Então tb esperando a opinião dos rapazes, rs
Tem um jogo sadomasô ali
os caras estão submissos
e se o dito cujo permanece mole
só serve pra fazer xixi
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Se essas dançarinas chamarem o cara pra subir no palco, ele pode até recusar, mas sofrerá o típico insulto homofóbico: elas chamarão ele de "viado" e incentivarão o público a fazer o mesmo. Situação chata, né?

jacmila disse...

Fernanda:
Peço sua permissão para ler p/os estudantes seu coment das 12:35, super pertinente!

Roxy Carmichael disse...

" Ela apenas não se encaixa na utopia feminista de classe média onde não há uma tensão inerente ao sexo e os gêneros saem de mãos dadas como amiguinhos assexuados." [2]

homem cinza e seeking wisdom: fui ali tatuar amor eterno amor verdadeiro no meu pé, tal qual uma deborah secco apaixonada por falcão, em homenagem a vocês dois.

e citando alguém MUITO importante: “I'm pro-sex, pro-porn, pro-art, pro-beauty, pro-pop”

Fernanda disse...

jacmila disse...

Fernanda:
Peço sua permissão para ler p/os estudantes seu coment das 12:35, super pertinente!
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Tudo bem, mas eu nem acho o comentário lá grandes coisas, me parece muito óbvio.

SeekingWisdom disse...

Da última vez que consultei sadomaso poderia ser prazeroso aos dois e olha q lindo, não foi a Valesca quem inventou isso, lembro bem do Luciano Huck enquanto ainda na Band com Tiazinhas e Feiticeiras....
Como eu falei anteriormente, não é simples transgredir os valores culturais dentro de qualquer estilo, mas acho que há um grande potencial em vozes femininas no funk. Há, não só as femininas, alguém viu a gang das bonecas?

Alessandra Cougias Rossini disse...

Olha, eu li quase todos os comentários ontem. Os últimos de hoje até o presente momento não li mesmo, apenas alguns. E só queria entrar no mérito das roupas curtas e de rebolar.

TODA MULHER tem o DIREITO de ESCOLHER a roupa que quiser usar, pelo motivo que escolher (foda-se se é confortável, se é feminina, se é sexy, se parece de homem, se é "vulgar"), bem como o tem o DIREITO de ESCOLHER dançar da forma que quiser, rebolando ONDE quiser.

E isso, queridas, é feminista.

Se você se sente confortável usando calça, blusa sem decote que tampa a barriga ou o que, é um DIREITO SEU. Tentar impor às outras mulheres que elas devem se vestir igual "porque não é degradante, vulgar, é confortável" é ser machista, ou ainda para não usar esse termo que vocês parecem ter medo, é se igualar ao machismo na medida em impõe regras às mulheres tanto quanto.

Valesca tem o direito a se vestir como quiser, a dançar como quiser, VALESCA É LIVRE, e isso não tira dela o feminismo.

jacmila disse...

Os adolescentes e os mais jovens, especialmente, quando se apegam ferrenhamente aos seus gostos/ideologias, dificultam o exercício do distanciamento critico-reflexivo.

Proclamar VALESCA É LIVRE é dose

Anônimo disse...

Triste é saber que uma mulher honesta,trabalhadora,útil a sociedade é queimada viva por não ter dinheiro na conta bancária.Talvez se fosse uma oportunista como a Valesca e muitas outras estivesse viva agora

Amabe Rocha disse...

E a classe dominadora permanece como tal...
O funk BR, tá voltado pro capitalismo. Um produto de ilusão nefasta para o pobre, o negro, a mulher.
Qualquer ato feminista, passa longe!

Alessandra Cougias Rossini disse...

Em primeiro lugar, Jacmila, eu não gosto de funk, eu não ouço funk. Nem por isso tenho que discriminar, né?

E só de não seguir os SEUS padrões, que é de boa parte da sociedade, ela se demonstra livre.

Pedro disse...

Não sei se vocês sabem, mas o atual funk feminista é tão poderoso que ultrapassa as barreiras da favela. Valesca hoje faz shows em boates gays de classe alta, porque o discurso feminista dela fez os gays se identificarem, por conta da liberdade sexual. http://www.youtube.com/watch?v=3A0A6JCSoyA

SeekingWisdom disse...

Amabe, poxa, achei que todos os estilos musicais estavam atrelados ao capitalismo em alguma extensão.

No rock há vários grupos alternativos (inclusive alternativos a serviço do mal - vide carecas), mas suas músicas são tão consumidas quanto os funks alternativos, não tendo nenhuma relação com o funk em si.

Essa leitura sua ignora o fato de que produzir música não é mais privilégio de uma elite, pois com os cds e tal ficou muito muito mais barato produzir essas mídias.

Inclusive a internet tem dado voz a grupos mais abafados por falta de grana. O Bonde das Maravilhas, não me engano, iniciou sua promoção através das redes.
O negócio é assim, acharia ótimo que mais vozes transgressoras invadissem o Funk. Teríamos um estilo musical que dialoga de verdade com a realidade dos pobres levando mensagens de transformação dessa realidade. Somente isso é motivo para querer que o funk tenha respeito.

Phillipe

Fernanda disse...

Alessandra Cougias Rossini disse...

Olha, eu li quase todos os comentários ontem. Os últimos de hoje até o presente momento não li mesmo, apenas alguns. E só queria entrar no mérito das roupas curtas e de rebolar.

TODA MULHER tem o DIREITO de ESCOLHER a roupa que quiser usar, pelo motivo que escolher (foda-se se é confortável, se é feminina, se é sexy, se parece de homem, se é "vulgar"), bem como o tem o DIREITO de ESCOLHER dançar da forma que quiser, rebolando ONDE quiser.

E isso, queridas, é feminista.

Se você se sente confortável usando calça, blusa sem decote que tampa a barriga ou o que, é um DIREITO SEU. Tentar impor às outras mulheres que elas devem se vestir igual "porque não é degradante, vulgar, é confortável" é ser machista, ou ainda para não usar esse termo que vocês parecem ter medo, é se igualar ao machismo na medida em impõe regras às mulheres tanto quanto.

Valesca tem o direito a se vestir como quiser, a dançar como quiser, VALESCA É LIVRE, e isso não tira dela o feminismo.
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Agora eu lembrei daquela frase do Aleister Crowley "Faça o que tu queres porque tudo é da lei" e também me lembrei que ele dizia que a liberdade só é alcançada através da sabedoria. Será que essas meninas humildes(no sentido financeiro e/ou cultural) que ACHAM que devem SEMPRE usar roupas curtas e que DEVEM sempre comprometer o seu conforto e o seu bem estar para se encaixar em um ideal fajuto de mulher que, como muitas dizem(convivo com várias) deve "chamar a atenção dos homens e das recalcadas", são livres?

Anônimo disse...

Parece que todos descobriram que os gays são consumidores poderosos e tem muita grana pra gastar.Não é atoa que a mídia resolver investir pesado criando personagens gays em praticamente todas as produções,artistas que andavam em baixa resolveram assumir sua homossexualidade pra voltar a serem notícia.Valesca não é burra e é muito bem assessorada,assim como Lady Gaga abraçou a causa gay e se faz de pseudodefensora dos discriminados,a funkeira sabe que se ganhar a simpatia dos gays o lucro é garantido.E está fazendo o mesmo com as feministas que estão caindo feito patas.

Thaís B disse...

Humm quanto a essa questão da roupa curta, concordo que você usa se quiser, mas será que ela realmente quer dizer liberdade?
Porque nossa sociedade diz que roupa curta é coisa de puta, porém ao mesmo tempo nos diz que se não usa-las você não consegue ser fisicamente atraente para os homens.
Basta ver em festas, a roupa sempre é colada, decotada e muitas vezes mostrando as pernas (seja baile funk, festa de gala, formatura, aniversário). Não que tenha problema em usa-las mas todas são assim, será que ninguem nunca teve vontade de uma uma roupa mais larga ou sem decote e ignorou essa vontade porque acredita ser menos atraente? Acho que é um ponto importante a se pensar.

Fernanda disse...

Thaís B disse...

Humm quanto a essa questão da roupa curta, concordo que você usa se quiser, mas será que ela realmente quer dizer liberdade?
Porque nossa sociedade diz que roupa curta é coisa de puta, porém ao mesmo tempo nos diz que se não usa-las você não consegue ser fisicamente atraente para os homens.
Basta ver em festas, a roupa sempre é colada, decotada e muitas vezes mostrando as pernas (seja baile funk, festa de gala, formatura, aniversário). Não que tenha problema em usa-las mas todas são assim, será que ninguem nunca teve vontade de uma uma roupa mais larga ou sem decote e ignorou essa vontade porque acredita ser menos atraente? Acho que é um ponto importante a se pensar.
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Claro. O problema é que quando se fala de roupa todo mundo aqui fica com o pé atrás. Eu uso roupas curtas, shorts e minissaias quando eu quero, mas parece que isso virou uma exigência para a mulher(não só no mundo do funk). Parece que o ÚNICO jeito de ser bonita é expondo o corpo constantemente.

ViniciusMendes disse...

Se a gente for começar a fazer teste pra entender o quanto a pessoa se compromete com alguma causa pela causa ou pelo ganho pessoal, estaremos todos lindamente fodidos.

Quem se beneficia do apoio não ta preocupado com a intenção, e não é como se o beneficio se tornasse menos beneficial.

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