sábado, 23 de março de 2013

NOVA ONDA DE MAMAÇOS COMEÇA AMANHÃ

Uma das principais lutas feministas é pela autonomia do corpo da mulher, para que tenhamos o direito de fazer o que quiser com o nosso corpo. Parece óbvio que o corpo é meu e quem manda nele sou eu, mas o corpo feminino é um intenso campo de batalha, sempre vigiado e punido. 
A gente vê isso no dia a dia: nos caras que bolinam mulheres no trasporte público ou na rua, na demonização das mulheres que exercem sua sexualidade, na cobrança constante que mulheres se enquadrem num padrão único de beleza, na violência doméstica que fisicamente agride o corpo, nos feminicídios que vêm da concepção que o corpo da mulher é propriedade masculina, na ideia que barriga de grávida é algo público e todo mundo pode por a mão ou dar palpite, na violência obstétrica que humilha a mulher, na obrigação à cesárea, que determina como e quando a mulher dará à luz, no estupro (que é tomar um corpo à força) e na ameaça do estupro (que interfere no nosso direito constitucional de ir e vir), na negação do direito de abortar (prometo falar em breve da decisão do Conselho Federal de Medicina, que se manifestou a favor da interrupção da gravidez até a 12a semana; como disse o presidente do conselho, "defendemos o caminho da autonomia da mulher"). 
Uma das lutas é também para que o corpo feminino (cis ou trans) seja visto como um corpo poderoso, com várias habilidades e possibilidades. Nossa sociedade ainda acha que mulher serve pra apenas duas coisas: pra ser mãe, ou pra ser decorativa (sendo que essas "missões" não são excludentes: a mãe também tem que ser ornamental, e a modelo será cobrada para ser mãe). Então um dos desafios é insistir que o corpo feminino não seja apenas objeto de contemplação sexual.
E aí chegamos aos mamilos. Todo mundo tem mamilos. Mas, nos homens, mamilos  (apesar de serem zonas erógenas pra eles também) podem ser exibidos sem problema algum, sem serem erotizados. Nas mulheres, não. Seios são quase sempre vistos como sexuais, mesmo quando não são. Precisam estar encobertos ou ser usados pra alavancar as vendas de algum produto. Mulheres que fazem topless ou que exibem os seios para protestar (caso de algumas moças nas Marchas das Vadias) são mal vistas. Tem quem olhe feio até pra mães que amamentam em público.
Há resistência cultural em amamentar. Como confidenciou uma leitora num post que escrevi sobre o assunto: "Existe uma enorme pressão para que não consigamos amamentar; parece que a sociedade toda se esforça para provar que amamentar é o melhor, mas ao mesmo tempo se esforça em dizer que você não vai conseguir, e que deve se sentir culpada por isto. Pior: mulheres que não conseguem amamentar também são criticadas. Isto é, dando o peito ou a mamadeira, você vai ser julgada de qualquer jeito!". Pois é. Condenar mulheres através de julgamentos morais é querer tirar delas sua autonomia. Ninguém é menos mulher por não ser mãe, por não poder amamentar, por ter feito cesareana. Mas é preciso criticar o sistema (nunca a mulher individualmente) que dita que cesareana é o único parto possível, o sistema que dita que leite em pó é mais nutritivo pro bebê que leite materno.
Além da questão estética, do mito de que os peitos vão murchar com a amamentação, da questão econômica (a mãe que está no mercado informal e não tem direito à licença maternidade vai amamentar como?),  da questão capitalista (marcas de leite em pó fazem lobby com médicxs e enfermeirxs pra empurrar seu produto), há muita insegurança, muitos mitos de que "o bebê não vai querer o peito" e "meu leite é fraco". Ainda assim, existe um consenso entre especialistas de que a amamentação é importantíssima pro bebê e pra mãe. 
Infelizmente, reaças continuam tentando mandar no corpo alheio. Nos últimos tempos, pipocaram casos de instituições que proibiram (mesmo que por alguns momentos) mulheres de amamentar em público, e de programas de TV que zombaram do direito de aleitação pública (como o CQC, que fez um programa em maio de 2011 pra lamentar que só mulheres feias e exibidas amamentam em público, só aquela mulher "que não precisa de sutiã, precisa de joelheira").
Só pra deixar claro: ser contra a amamentação em público equivale a ser contra a amamentação, ponto. Porque quem tem que decidir onde, quando e como amamentar é a mãe, e o bebê. O nenê sente fome, independente do completo estranho que sente desejo por ver um seio exposto (nunca deve ter visto um, tadinho), ou nojo (novidade pra você: é recíproco).
No primeiro semestre de 2011, houve um incidente no Itaú Cultural, quando um funcionário proibiu uma mãe de amamentar porque lá não era um espaço de alimentação. A instituição se desculpou rapidamente, e fez treinamento entre funcionários para que tal constrangimento não se repetisse. Pra protestar contra mais essa tentativa de cercear a liberdade feminina, mães organizaram um mamaço. Em 2011 (que foi também o primeiro ano da Marcha das Vadias) tivemos mamaços espalhados por todo o Brasil.
A Bruna, de Recife, explica: "o mamaço é um evento de promoção ao aleitamento materno. Trata-se de um bocado de mulher junta, amamentando, trocando experiências, assitindo palestras sobre os benefícios da amamentação. Enfim, o ato mais pacífico do mundo. Ocorre em lugares que por quaisquer motivos não tenham incentivado o aleitamento materno de alguma forma, seja impedindo ou constrangendo ou censurando o livre direito da mulher de aleitar o seu filho. Geralmente, depois de um episódio de não promoção da amamentação ter ocorrido, o lugar procura se desculpar e como forma de retratação (porque os danos sociais em decorrência destes atos pedem mais do que um pedido de desculpas e esclarecimentos) evidencia a importância desta prática para a saúde de mães e babês, abrigando e apoiando mamaços".
Esses dias, na Livraria da Vila, no Shopping JK, em SP, uma mãe estava amamentando, e uma funcionária mandou que ela fosse ao fraldário. Ao chegar lá, a mãe constatou que tratava-se apenas de um banheiro, e voltou para falar com outra funcionária. Esta lhe pediu desculpas, explicou que aquele não era o procedimento-padrão, e arrumou uma poltrona para que pudesse amamentar. Talvez, a partir desse ocorrido, a livraria abra as portas para rodas de conversa pra incentivar a amamentação.
Na semana passada outro caso de constrangimento ocorreu, desta vez em Recife, no Instituto Ricardo Brennad. Nas palavras de Ellis: "Mães que amamentam e sociedade, eu achava que isso não aconteceria comigo, mas aconteceu! 'Fui convidada' a me retirar do castelo de Ricardo Brennant por amamentar meu filho de 8 meses! A funcionária me viu amamentando, sentada (num local permitido) e veio me dizer que eu não podia ficar ali, fazendo 'aquilo', e que eu deveria ir para fora (já apontando o local). Obviamente questionei a razão pela qual estava sendo 'convidada a me retirar', e ela me respondeu que era pela umidade (?) e me adiantou que era a regra do local. Pessoas com garrafas de água pode, amamentar em público, não? Antes que alguém pergunte, não, eu não estava pelada,nem mostrando meus seios, mas sim, fui constrangida publicamente por amamentar meu filho! Me sinto chateada, humilhada, desrespeitada! Afinal, garanto que a sucção do meu filho gera infinitamente menos ou nada de umidade do que garrafas de água, cabelos molhados e a fonte de água do local onde jogam moedas... Quero um mamaço lá, já!"
A instituição tentou se explicar, mas não foi convincente. Há inclusive uma lei estadual recente, sancionada em outubro, que assegura às mães o direito de amamentar em lugares públicos.
Portanto, haverá um mamaço lá amanhã, às 15 horas.
Também acontecerá um mamaço amanhã, no mesmo horário, em Salvador. 

Um dos lemas dos mamaços é "Não precisa ter peito para participar. Apoie a amamentação e a promoção da saúde e bem-estar entre mães e bebês." Me disseram que tem muita gente que vai participar levando bonecas.
Muito mais relevante do que invidualizar a culpa, dando o nome dxs funcionárixs envolvidxs, ou que vilanizar o lugar em que o constrangimento ocorreu, é promover esses protestos legítimos. Muitas vezes, as mães que organizam os mamaços nem se assumem feministas, mas elas sabem que é a automia de seus corpos que está em jogo. E esta é uma causa feminista.

56 comentários:

Fani disse...

Esse blog me ensinou tanta coisa e me libertou de tantas outras! http://luxoelixoluxoelixo.blogspot.com.br/2013/03/minha-mae.html

Dree Alves disse...

Queria tanto poder apoiar uma atividade assim, sou super a favor da amamentação. Posso dizer até mesmo fã, acho lindo.

Anônimo disse...

N pretendo ter filho,então isso n me importa.

Anônimo disse...

Sobre aquela frase
Meu corpo
minha decisão

falta

Meu dinheiro


ai fica OK pra todos.

Patrícia disse...

Eu me pergunto qual seria a reação da sociedade se os homens amamentassem. Porque fisiologicamente isto é possível, embora raro (por exemplo - em ingles-http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=strange-but-true-males-can-lactate). Creio que o fato de as mulheres amamentarem se deve ao modo como a sociedade evoluiu. Este artigo (http://www.babymed.com/blogs/richard-banks/can-men-really-breastfeed) inclusive cita que segundo alguns especialistas os mamilos masculinos desaparecerão com o tempo devido à falta de uso. Outros acham o oposto, se homens e mulheres estão lutando por igualdade e mais mulheres estão trabalhando e homens ficando em casa para cuidar das crianças, logo os homens poderiam estar em uma posição onde ter mamilos e amamentar bebês seja parte de suas rotinas diárias.

Anônimo disse...

Faço medicina numa faculdade nos confins do pais, e meu professores de pediatria (mulheres em sua maioria) sempre falaram que o leite materno é o melhor alimento que o nenem pode ter, desaconselham o uso das formulas, e dizem q o famoso "leite fraco" é uma condição rarissima. Que tudo é uma questão de PEGA.

Anônimo disse...

Linha editorial do Ig: http://saude.ig.com.br/minhasaude/2013-03-23/315-das-vitimas-de-violencia-estavam-embriagadas-no-dia-da-agressao.html

a matéria é um absurdo!

Sara disse...

Meu total apoio a essas mães, a mulher deve ter o direito de amamentar onde for preciso estar, foi o tempo em q ficávamos presas dentro de nossas casas (alias a idéia por detraz de qualquer proibição de amamentar em público deve ser essa q o espaço reservado a mulher é a casa).
Ja amamentei e nunca pude me dar ao luxo de ficar exclusivamente em casa, e levava minhas filhas onde era necessario, e as amamentava no momento em q elas tinham fome.
Amamentar é natural da nossa espécie, não consigo entender como tem gente q cria restrições a isso.
Alem do q na minha opinião é uma das cenas mais lindas q se pode ver.

Mari disse...

Outro dia estava no ônibus e uma mulher com um bebê entraram e sentaram de frente pra mim. O bebê ficou pedindo pra mamar e a mãe não queria deixar pois estava com vergonha... Até que o bebê insistiu tanto, que ela deu o peito mas tampou tudo com a outra mão e ficou olhando pros lados toda preocupada. Um absurdo uma pessoa ter que passar por isso pra poder amamentar uma criança.

Mudando de assunto, Lola. Eu leio seu blog todos os dias, sem exceção. Imagino quantos comentários estúpidos vc não receba e a gente nem veja. Eu não sei se saberia lidar com isso. Por causa disso, quero comentar uma coisa: Muito obrigada por abrir meus olhos a cada dia. O que vc faz com esse blog é maravilhoso. Nunca desista. Vc é uma pessoa linda. Beijos e abraços.

Anônimo disse...

Apoio completamente. É sempre bom ver uns peitos em público. Acho que deviam é amamentar em público cada vez mais.

Rafa disse...

Lola, amamentei meu filho até os 03 anos de idade, e é incrivel como todas as pessoas me faziam sentir uma ET por isso!!!

Todo mundo acha que tem o direito de palpitar, até em algo que é tão particular entre uma mãe e um filho, que é a amamentação!!!

Anônimo disse...

Comparar homem mostrar peito com mulher mostrar peito é estupidez. São situações completamente diferentes.

Anna disse...

eu ja ouvi tanta barbaridadepor causa da amamentação prolongada. isso sem amamentar mais em público. basta algumas pessoas saberem que eu ainda amamento que lá vem porrada.

Anônimo disse...

Gentem, peralá! Ser amamentado é direito do bebê, um ser humano que não deveria ter seu acesso à melhor alimentação que lhe é possível, negado em função de uma sociedade que se julga dona do corpo feminino!
Pretender não ter filhos não pode impedir alguém de enxergar o outro. Oi? Sério isso? Não sou homossexual, logo esse assunto não me interessa? Me interessa e muito, pôxa!
Escrevo esse comentário agora com minha filha de 19 meses mamando pra dormir. Ela nunca ficou resfriada, nunca teve uma diarréia, não precisou pisar em um hospital após seu nascimento (de cesárea, ô país esse, com seus 90% de cesarianas nos planos de saúde!). Me interessa que o governo gaste menos com internações hospitalares pois as crianças estão sendo amamentadas, não ficam doentes, não lotam os hospitais. Mas acima de tudo, me interessa que essas crianças não sofram com problemas de saúde, que essas mães não morram por hemorragias no pós parto (e apenas amamentar já reduz esse risco), não tenham câncer de mama (opa! Mais um problema que tem menos chance de ocorrer em mulheres que amamentam? Pois é.).
Tiro as peitas pra fora onde tiver que amamentar, e sequer me dou ao trabalho de encarar os olhares de reprovação. Não vale a pena. Não gasto vela com mau defunto. Mas uma grande amiga desmamou o filho pois tinha vergonha de dar o peito na rua. O filho dela tinha 3 meses. Justo?

Ah, e teve um aí em cima que consegue erotizar esse ato? Entendi certo o que esse ser alimentado com toddy escreveu? É isso mesmo? É a tua única forma de ver 1 (um) seio feminino? Acho que esse deveria ser o primeiro a receber a boneca aquela, sabe gente?

Mariana disse...

Lola, sua linda!

Maria disse...

Amamentei 4, sempre com um paninho por cima e nunca sofri represálias de qualquer sorte (além de me livrar dos olhares dos tarados, preservado a mim e aos meus filhos e filhas). Se a mulher mesmo coberta é impedida de amamentar, aí pra mim é caso de polícia! Mas tirar o peito pra fora assim, na cara de todo mundo, eu pessoalmente nunca me senti bem fazendo. Se o importante é dar de comer pro nenê, ser um tiquinho discreta nesse ato não vai matar ninguém e evita um monte de coisas desnecessárias.

Cris Jolie disse...

Já amamentei diversas vezes no shopping e nunca aconteceu nada.
Quem sempre vinha me repreender eram as amigas,dizendo que os meus peitos iriam cair, e que só amamentar era até seis meses.

O meu filho mamou até dois anos e quatro meses.

Natascha Fox disse...

Lola, ler seu blog é um gosto! Adoro como você não só dá sua opinião, mas traz outros textos, outros estudiosos... Comecei a ler faz pouco tempo, então estou lendo alguns textos mais antigos, tudo de altíssima qualidade. Esse sobre os mamaços faz jus a seu talento, realmente excelente. E não é que a gente não pode nem amamentar mais nossas crianças?! As vezes eu quase me desespero com nossa situação, nossa vulnerabilidade como mulher. Mas depois penso que 100 anos atrás ninguém acreditaria nos avanços que fizemos e na (limitada) independência que alcançamos. Em 100 anos, tenho certeza que muito terá avançado. O tempo passa e, por mais que alguns se recusem, a sociedade e os direitos humanos evoluem com ele. Parabéns pelo trabalho, seguirei atenta. Bjos

Unknown disse...

As mães que não tem direito a licença maternidade não são as únicas que sofrem (elas sofrem MAIS): lembrem que o ideal é o bebê ser alimentado exclusivamente com leite materno pelo menos até os 6 meses, e que a licença maternidade é de 4 meses, apenas (na maioria das empresas)

Rodrigo disse...

Lola, fugindo um pouco do assunto, gostaria que tu desses uma olhada nesse vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=J78YegFAIOY

Não é muito recente, mas só descobri hoje, meio por acaso. Primeiramente, o que mais me surpreendeu foi ver o tal de Prates fazer um comentário com esse teor, pois num passado não muito distante ele ficou conhecido na internet por opiniões bastante conservadoras. E certamente ele ainda mantém essas opiniões direitistas a respeito de vários outros temas. Mesmo assim, achei interessantíssima essa manifestação dele a respeito do aborto e do direito das mulheres sobre o próprio corpo, ainda mas se considerarmos que foi feita numa emissora de Tv aberta.

Anônimo disse...

Olha, nao tenho filhos e nem terei mas creio que a luta pela autonomia feminina entra no campo (minado) da maternidade e mesmo nao sendo mae isso afeta a nós como um todo.
Acho absurda essa proibicao de nao pode amamentar aqui ou ali e mais absurda ainda a idéia de que quando a crianca nasce a mae tem que ficar confinada em casa por que lá é lugar dela.
Os mamacos sao super válidos e sao uma forma de lutar por um direito que já deveria há muito ser garantido - o direito de ir, vir e ficar em espacos públicos. Bebês e maes precisam de socializacao e bebês precisam se alimentar.

Mas queria deixar um adendo, uma vez que sempre que assuntos assim aparecem, algumas coisas me causam um enorme desconforto:
Também acho o fim do mundo a condenacao das maes que, por vontade própria, nao querem amamentar. Sinceramente acho que é um direito delas e isso nao quer dizer que sao maes ruins ou que nao amam seus bebês. Nem quer dizer obrigatoriamente que os filhos serao fraquinhos, desnutridos e doentes. Minha mae nao amamentou nem a mim, nem meu irmao e sempre fomos criancas saudáveis e normais. Assim foi/é com as maes de muitos amigos e parentes e seus filhos sao todos saudáveis e se desenvilveram/desenvolvem normalmente.
Entao eu só queria chamar a atencao pra isso - cuidado para bao usar os mesmo argumentos do "oponente".

Aninha

Cynthia disse...

Uma coisa que me irritava profundamente durante a gestação era a mania que as pessoas tinham de ficar botando a mão na minha barriga. Meus parentes e amigos que sabem que eu não gosto disso sempre me perguntavam se poderiam sentir a Catarina mexendo, mas estranhos na rua não.
Em qualquer lugar, qualquer lugar que eu fosse, lá estava a mãozinha "amiga" alisando minha barriga. Fila de supermercado, banco, andando na rua ou no Shopping, sentada no cinema ou em um restaurante. Uma ocasião, eu estava de plantão e a acompanhante de um paciente começou a acariciar minha barriga com a justificativa que "está tão bonita". Para ela eu respondi "sua bunda também é linda e você não gosta que estranhos passem a mão nela" que passou a ser a minha frase padrão toda vez que um estranho encostava em mim.

Cynthia disse...

Sobre a amamentação. Eu não amamentei e sofri muito com a situação.
Sempre quis ser mãe e, para mim, parte da maternidade era amamentar. Pois bem, nunca em nenhum momento eu me preparei para a hipótese de não amamentar.
Li livros sobre o assunto, melhor modo de segurar a criança, melhor modo da criança pegar no mamilo, melhor cadeira, melhor posição, quanto de água beber, deixar sempre um super copo d'água ao lado da cadeira de amamentação, que alimentos consumir, como estimular os seios a produzir mais leite, etc.
Eu tinha certeza absoluta que minha filha só iria consumir leite materno (meu leite) até completar seis meses de idade.
A única coisa que não me foi dita é que há mulheres (sim elas existem) que simplesmente não produzem leite. Por sete dias minha filha sugou um seio vazio, berrou de fome enquanto eu chorava de impotência e culpa repetindo o mantra (é só estimular que eu vou produzir leite) e nada aconteceu. Cheguei a usar uma bomba de tirar leite e foi bem doloroso e mesmo assim não produzi leite.
Quando finalmente me rendi aos fatos e vi que não iria amamentar meu marido saiu para comprar uma mamadeira (eu não tinha nenhuma em casa) e o complemento. Seguindo as orientações da pediatra oferecemos 15 ml de complemento para a minha filha (que ela mamou em tempo recorde) e logo depois dormiu.
Passaram-se então uns trinta dias onde eu fui me acostumando pouco a pouco com a realidade e enquanto isso não acontecia eu chorava. Chorava enquanto preparava a mamadeira, chorava enquanto dava a mamadeira e depois por não ter conseguido amamentar.
Aos poucos, fui percebendo que eu não me tornava menos mãe e também não me tornava menos mulher por não conseguir amamentar e coloquei na minha cabeça que o importante é que eu conseguia alimentar a minha filha. Graças à Deus, tinha dinheiro para comprar o complemento (um produto extremamente caro que não é fornecido em postos de saúde para não "desestimular" a amamentação e porque claro todas as mulheres são iguais e produzem leite em abundância).
Pois bem, problema mais ou menos resolvido na minha cabeça, comecei a sair com minha filha na rua. Ela estava maior e eu precisava ver gente depois de mais de um mês "presa" dentro de casa sem ver ninguém (porque antes minha filha era muito pequena para sair e ainda não havia tomado vacinas).
Pois bem, uma das coisas que mais me lembro dessas saídas é da cara feia que as pessoas faziam quando me viam dando mamadeira para minha filha. Algumas chegavam a me abordar me perguntando se eu não sabia que o leite materno era melhor. Sério mesmo?
Não deixa de ser irônico, a mulher que amamenta em público é criticada e a mulher que dá mamadeira também. Acho que para a sociedade o melhor seria que as crianças nascessem prontas com uns 3 ou 4 anos porque assim não teria que se preocupar em fiscalizar o corpo das que amamentam e a moral das que oferecem mamadeira.

Paula disse...

concordo com a Maria aí em cima.. ver seios em público ainda é muuuuito incomum e até pode ser conmsiderado atentado ao pudor, já que nós vivemos em uma sociedade que vê nudez com maus olhos (duvido que as índias ou naturalistas tenham esse problema)..

mesmo um homem sem camisa é impedido de entrar em certos lugares...

acho que colocar os seios pra fora assim do nada bem estranho mesmo... não custa um pouco de discrição e colocar um paninho por cima...

o que pode ser discutido é a nudez em geral e pq nós não nos sentimos confortáveis com ela...

Anna disse...

maria, que mal lhe pergunte: voce amamentou 4 até que idade? foi amamenteção exclusiva? e por que voce usava paninho, todas as mulheres devem usar? a imposição de ser discreta na amamentação nao equivaleria a ser 'discreta' tambem em outras areas?

Anna disse...

essa semana levei meu filho a um cirurgiao pediatrico por conta de um problema especifico e o sujeito passou mais tempo esbravejando sobre os terriveis maleficios da amamentacao prolongada do que da cirurgia que meu filho precisa fazer! e nao, eu nao pedi a opiniao dele sobre isso.

Anônimo disse...

Maria disse...
Amamentei 4, sempre com um paninho por cima e nunca sofri represálias de qualquer sorte (além de me livrar dos olhares dos tarados, preservado a mim e aos meus filhos e filhas). Se a mulher mesmo coberta é impedida de amamentar, aí pra mim é caso de polícia! Mas tirar o peito pra fora assim, na cara de todo mundo, eu pessoalmente nunca me senti bem fazendo. Se o importante é dar de comer pro nenê, ser um tiquinho discreta nesse ato não vai matar ninguém e evita um monte de coisas desnecessárias.
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O comentário mais sensato até aqui.

Anônimo disse...

Quer vcs queiram ou não, o seio feminino sempre será algo erotizado para o homem. Creio que as mulheres não sintam a mesma atração quando vêem um peito masculino, do que o homem quando vê um peito de mulher. Então, o fato é que qualquer homem sempre vai dar uma olhada com conotação sexual. Mesmo que evite ficar olhando diretamente, por uma questão de constrangimento e tal, mas nunca vai ser algo totalmente natural. É o que penso. Podem me apedrejar de machista.

Anônimo disse...

Olha eu sou européia e faz pouco tempo vim morar no Brasil. Lá no meu país todas as mulheres ou praticamente todas desde as mais novinhas até as mais velhas (velhas como de 60, 70 anos) fazem top-less. É tão normal e comum que passam desapercebidas. Fazemos isso para pegar sol, porque é mais saudável nao ficar com um trapo molhado nos peitos e porque é gostoso receber o sol.
Aqui no Brasil fiquei mesmo muito chocada em como é proibido fazer top less (e nao me acostumo a usar a parte de cima, mas sou obrigada) é proibido o top less mas os biquínis daqui são extremamente desconfortáveis e minúsculos, os nosso lá eram super confortáveis, respeitando o conforto e fazíamos top less. Nao era nada sexualizado. Então depende muito da sociedade, quanto mais repressora e nesse caso hipócrita mais verão uns peitos como duas vaginas.

BRUNA disse...

lOLA! O SEI BLOG É UM SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA. PARABÉNS MINHA QUERIDA, PELA SUA POSTURA ÉTICA, PELA SUA SENSIBILIDADE,PELO SEU COMPROMISSO, PELO SEU ATIVISMO. LER O SEU BLOG É UMA ATIVIDADE DIÁRIA, ASSIM COMO CHECAR E-MAILS. SOU UMA PESSOA MELHOR POR VOCÊ ESCREVER AQUI.

Anônimo disse...

Patrícia, por favor, nao fale tantas besteiras. Embora mamilos masculinos não sejam completamente não-funcionais, eles nunca irão produzir leite em condições naturais. Somente sob certas doenças, como galactorréia, causada por um tumor hipofisário, ou sob uso de certas tecnologias.

Homens não amamentam porque isso não faz parte da natureza masculina. E isso não tem nada a ver com a forma como a sociedade se desenvolveu. Em praticamente todos os mamíferos é assim, até mesmo nas sociedades mais matriarcais, como a dos bonobos ou das hienas-malhadas. Que eu saiba, há uma única espécie em que os machos amamentam, um morcego do gênero Dyacopterus, e eles fazem isso porque sua alimentação é rica em hormônios, não porque seus corpos são preparados para isso.

Liana hc disse...

Muito bacana o mamaço, apoio totalmente.

Anônimo disse...

lola

Sou homem e tenho 52 anos. E vc sabe qual a primeira imagem que eu tenho da minha vida? A minha mae sentava na cama e eu em pé pegava no peito e mamava.
Perguntei a ela se ela se lembra de ate qual idade eu mamei e ela diz que foi ate quase tres anos.

E ela lembrou direitinho, o que é legal pois ela esta nos primeiros sintomas de alzheimer. Inclusive reclamou das pessoas que ficavm cobrando dela, desde cedo, pra "parar de dar peito a homem grande" . Veja so, pra encerrar a amamentacao as pessoas "promoviam" um bebe de um a dois anos a "homem grande". Vai entender tamanha loucura!!!!!

Resumo de tudo: sempre acho lindo uma mulher amamentando. Me emociona pois me traz lembrancas muito lindas. E pelo visto à minha mãe tambem.

jacmila disse...

"N pretendo ter filho,então isso n me importa."

Melhor não se reproduzir mesmo, vai q essa insensibilidade psicopática vira herança...

"ser um tiquinho discreta nesse ato"

mas dona Maria, sério mesmo q a senhora acha a boquinha do nenê sugando o bico do peito da mulher (e quem sabe num belo futuro,do homem) uma cena indecente q tem q ser sufocada com um providencial paninho? Olha q estás fazendo par de vaso com um mascuzinho q tb acha obsceno e portanto, mais um motivo masturbativo.

Entendendo porque tem feliciano no direito (des)humano...

jacmila disse...

Aprendendo ciências aqui no blog onde sempre aparecem uns mansplaining!

Anônimo disse...

Me falta sensatez pois tiro o peito pra fora e amamento minha cria quando ela precisa. Me sobra uma criança que NUNCA, em hipótese alguma deixou a porra do paninho sobre meu seio, tirando imediatamente após eu colocar para brincar. Aí, quando eu era moça recatada, e tentava me proteger de olhares tarados (pq a culpa é a mulher, não do diabo do tarado, né gentem!) eu e filhota ficavamos naquela brincadeira sem graça de mamãe tapa, neném destapa.
Agora cometo atentados ao pudor a rodo. Me processem.
E peço humildemente pra Maria, me ensinar como fazer pra um bebê não descobrir meu peito vergonhoso, pois faltei a essa aula.

Carol NLG disse...

Sobre "os homens sempre vão ver peitos femininos de maneira erotizada".

Pois é. A primeira vez que fui a uma praia espanhola (Las Palmas de Gran Canaria), admito que levei um susto. A maioria das mulheres sem a parte de cima do biquini/maiô. Tipo, maioria MESMO. De criancinhas a senhoras de 80 anos.

E ninguém olhando demais, nenhum homem morrendo por isso. Vem cá, fora a cultura, qual a diferença entre peitos masculinos e femininos? Estamos acostumados a ver aqueles na rua, mas não estes? É a única que eu consigo ver.

É a mesma lógica absurda que faz com que mulheres andem todas cobertas em países islâmicos: cabelo de homem é ok na rua. Cabelo de mulher é sexual e não pode ser mostrado. Acho que podemos concordar que isso não faz sentido. Então qual o sentido dos peitos?

jacmila disse...

Anonima das 7:57

óóótimo teu comentário!!!

"Então depende muito da sociedade, quanto mais repressora e nesse caso hipócrita mais verão uns peitos como duas vaginas"

É esse brasilsinho de merda, repressor, hipócrita, machista e feliciano em q vivemos!
Um pouquinho de antropologia cultural pra esse povo ia fazer tão bem!

Porque se aferrar no machismo e, por conseguinte, na hipocrisia, é ferrar @ outr@

Aqui, o sol não é pra tod@s.

jacmila disse...

Como já tem mascuzinhos elegendo a dona Maria o suprassumo da decência vou contar uma estorinha "da real":

Era uma vez um pequeno homenzinho apelidado de "cabeça de formiga" q gostava de cagar regra pela vizinhança. Detalhe: só enchia o saco das "mulheres sem homem". Ele tem uma cachorrinha q volta e meia ouvimos o "cain cain" dela porque ele gosta de espancá-la. Esse cabeça de formiga - coitadas das inocentes formigas - berra pela rua o nome da cachorra, que é - tã rãrãrãm - Maria!

Compliance - Lola, vi o filme, demais! - entre os cabeças de alfinete e as donas marias, triste, mto triste...

Luiza disse...

Adorei o mascu dizendo que homem sempre vai olhar, não tem jeito mimimi e logo abaixo a mulher falando que na Europa não olham

hahahahahahahahahaa

quebrou a cara do mascu.

Regina disse...

Amamentei 4, sempre com um paninho por cima e nunca sofri represálias de qualquer sorte (além de me livrar dos olhares dos tarados, preservado a mim e aos meus filhos e filhas). Se a mulher mesmo coberta é impedida de amamentar, aí pra mim é caso de polícia! Mas tirar o peito pra fora assim, na cara de todo mundo, eu pessoalmente nunca me senti bem fazendo. Se o importante é dar de comer pro nenê, ser um tiquinho discreta nesse ato não vai matar ninguém e evita um monte de coisas desnecessárias.

Oi Maria, vou bancar a do contra e mesmo correndo o risco de confiscarem minha carteirinha de feminista rs, quero dizer que comigo foi assim. Amamentei duas meninas e nunca me senti bem expondo a mama em público, acho que é um direito da mulher não ter que exibir o corpo obrigatoriamente não é mesmo? Hoje ainda tem uns "paninhos" modernos, decorados, mas no meu tempo a gente jogava uma fralda nos ombros, prendia no soutien mesmo e pronto, até cria um clima pro bebê mamar rs!! E assim amamentei minhas filhas em vários lugares sem precisar ofender pessoas mais moralistas (direito delas, diga-se de passagem) ou enfrentar pervertidos que não podem ver um par de peitões que já começam a suar. Parabéns por expressar sua opinião sincera.

Agora falando sobre mães que não amamentam e sofrem preconceito, eu enfrentei esse problema com meu terceiro filho. Consegui amamentar apenas por um mês e como profissional liberal também não tinha direito à licença-maternidade e fiz o que pude enquanto pude. Contudo, as crias precisavam comer e eu também, além de pagar minhas contas e a saraivada de críticas absurdas veio de todos os lados. Acho bonito quando mulheres defendem a amamentação em livre demanda até dois, três anos de idade mas a minha realidade e a de muitas pessoas era outra, simplesmente não dava e da mesma forma que na rua ficam colocando a mão na nossa barriga e palpitando sobre cesárea ou parto normal sem nem te conhecer, muito me admira que até mesmo em espaços ditos feministas exista uma pressão, digamos uma exaltação a ideais que não são acessíveis a todas as pessoas. É chato ficar se justificando e deveria ser totalmente desnecessário. A mãe pode sim, na minha opinião, optar por não amamentar e ir para a fórmula. Meu filho não-mamador rs está ótimo, com 12 anos já havia passado o tamanho do pai e em termos de saúde ele e as duas meninas que tiveram meu peito passaram muito bem e sem nenhum tipo de doença grave. Agora já são moços.

Eu vejo que de todos os lados fazem um terrorismo tremendo contra as mães. Se você tem filho de cesária porque quis, você não foi mulher o suficiente para encarar um parto normal (mas no tempo em que cesárea era o "padrão ideal" ninguém falava isso). Se você não amamenta, seu filho terá doenças horrorosas e a culpada é você (sendo que eu sou a mãe do tempo da "fórmula" e fui criticada por aleitar, e depois por não aleitar). Se você não quer se sujeitar a tarados, como disse a Maria e prefere se cobrir, é uma decadente como disseram aí, já que o que se cobra hoje é o ativismo com o corpo, goste a pessoa ou não. Acho que falta muita compreensão e visão para as pessoas, mesmo quem defende as mulheres às vezes caem na seara do, com perdão da expressão feia, caga-regra do tem que ser assim ou assado. Não tem! E é por isso que a mãe no fim faz o que acha melhor mesmo e o que é possível para que ela faça porque seja lá o que for, sempre vai ter alguém tentando te controlar. Eu adoraria ter um marido que me sustentasse para ficar em casa e ser mãe em tempo integral, ter dado de mamar até a hora em que as crias largassem do peito quando quisessem mas minha realidade é outra e o triste é ver que quando não cobram de um lado, cobram de outro, mas sempre existe alguma cobrança e coitada de você se simplesmente opta por fazer o que quer, não pode, tem sempre que seguir uma cartilhazinha que varia conforme os tempos mas o propósito é sempre o mesmo: escravizar mulheres e padronizarem a maternidade.

Anônimo disse...

Mais uma historinha para a coletânea de absurdos: ÚTI neonatal, mae tentando aprender a amamentar sem sufocar o filho com a camiseta, fui repreendida por expor demais o meu corpo. Os pais olhavam e as mães ficariam incomodadas. Pode?

Anônimo disse...

Maria disse...
Amamentei 4, sempre com um paninho por cima e nunca sofri represálias de qualquer sorte (além de me livrar dos olhares dos tarados, preservado a mim e aos meus filhos e filhas). Se a mulher mesmo coberta é impedida de amamentar, aí pra mim é caso de polícia! Mas tirar o peito pra fora assim, na cara de todo mundo, eu pessoalmente nunca me senti bem fazendo. Se o importante é dar de comer pro nenê, ser um tiquinho discreta nesse ato não vai matar ninguém e evita um monte de coisas desnecessárias.


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Se você nunca se sentiu bem fazendo, então não devia ter feito, mas o resto das mulheres pode muito bem se sentir confortável com o peito de fora. Se há tarados ou falsos moralistas que acham a visão do seio uma pouca vergonha o problemas são eles e é esse pensamentos tosco que tem que ser combatido! Como já cansaram de dizer, a gente vê peitos em todo lugar, só que pra outras coisas.. Será q haveria problema se a mulher amamentasse mas jogasse purpurina colorida no peito que nem a globeleza (q aparecia todo dia dançando nua de tarde)?

Vemos todos os dias homens sem camisa, isso é só questão de mudar de pensamento.. Eu vejo muitos homens com os peitos muitos maiores que os meus, mas por alguma motivo sou eu que tenho que andar coberta.. Agora, se nem na hora de amamentar a mulher pode ser deixada em paz é o fim dos tempos.. Triste ver gente aqui, que após ler o texo, que após ser mãe, vem repetir a mesma ladainha

Anônimo disse...

E seu português já é tão bom assim? Estranho...

Anônimo disse...

Anon 24 DE MARÇO DE 2013 18:23,

Mesmo que seja uma pessoa brasileira, não faz diferença.. Todo mundo sabe que em vários países europeus as mulheres podem fazer topless numa boa. A gente vê isso no Brasil também, em tribos indígenas.. E veja bem, elas não sofrem violência física ou moral por conta disso, o que prova que é só questão de mudar de atitude.

Anônimo disse...

"Eu vejo que de todos os lados fazem um terrorismo tremendo contra as mães. Se você tem filho de cesária porque quis, você não foi mulher o suficiente para encarar um parto normal (mas no tempo em que cesárea era o "padrão ideal" ninguém falava isso). Se você não amamenta, seu filho terá doenças horrorosas e a culpada é você (sendo que eu sou a mãe do tempo da "fórmula" e fui criticada por aleitar, e depois por não aleitar). Se você não quer se sujeitar a tarados, como disse a Maria e prefere se cobrir, é uma decadente como disseram aí, já que o que se cobra hoje é o ativismo com o corpo, goste a pessoa ou não. Acho que falta muita compreensão e visão para as pessoas, mesmo quem defende as mulheres às vezes caem na seara do, com perdão da expressão feia, caga-regra do tem que ser assim ou assado. Não tem! E é por isso que a mãe no fim faz o que acha melhor mesmo e o que é possível para que ela faça porque seja lá o que for, sempre vai ter alguém tentando te controlar. Eu adoraria ter um marido que me sustentasse para ficar em casa e ser mãe em tempo integral, ter dado de mamar até a hora em que as crias largassem do peito quando quisessem mas minha realidade é outra e o triste é ver que quando não cobram de um lado, cobram de outro, mas sempre existe alguma cobrança e coitada de você se simplesmente opta por fazer o que quer, não pode, tem sempre que seguir uma cartilhazinha que varia conforme os tempos mas o propósito é sempre o mesmo: escravizar mulheres e padronizarem a maternidade."


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estou chorando aqui ao ler isso pq é exatamente a forma como me sinto em relação a tudo, hj em dia a cobrança da moda é ser mãe apegada, ficar em casa e dar de mamar o dia inteiro até eles entrarem na faculdade, ter filho de parto normal em casa sem anestesia, criar o filho assim e assado, se você quer cobrir o peito está sendo machista, olha.............. não é fácil ser mulher e ler asneiras de outras mulheres sem empatia alguma, ter que ficar se explicando pq não quis amamentar, pq não quis parto normal, pq gosta de se cobrir e evitar olhares, pq não tem tempo de ficar fazendo comidinha fresca todo dia e postando os pratinhos no Facebook, ostentando que é mais mãe, mais mulher e mais pessoa que as outras, sério gente até quando isso? minha menina eu amamentei até o terceiro mês só, o menino foi direto pra fórmula, os dois estão ótimos, dormiam sozinhos no berço, deixava chorar sim, nunca tive tempo de fazer papinha fresca todos os dias e não tinha ninguém pra me ajudar, sem maridinho me sustentando, sem avós olhando meus filhos, tinha que trabalhar e ganhar meu sustento, pra mim e pra eles, mas se vc fala isso pra uma mãe nesses grupos do Facebook, que ela não precisa se sentir mal por fazer as coisas do jeitinho dela, pronto, lá vem a gangue das mais mães que todas colocar vc lá pra baixo e encher sua cabeça de minhocas. e eu também gostava de me cobrir, tentei usar uma capa de amamentação mas ficava suando, achava ruim para os bbs então tb fui da turma dos paninhos, não tem nada demais nisso, não é meu corpo minhas regras? então qual o mal de ter pudor? qual o mal de não querer que homens safados fiquem lá te encarando quase pedindo pra mamar tb? isso é mesmo necessário gente? continuar condenando mães pelas escolhas que elas fazem? quer mostrar o peito, mostra, mas se não quiser é errado? que isso?

o machismo está nos lugares que menos esperamos realmente.

Anônimo disse...

O menininho é mais esperto que os machistas

http://www.youtube.com/watch?v=nAZAUD35PGM

Anônimo disse...

o errado está em achar que se mães são constrangidas em público quando amamentam a culpa é delas. porque não estavam usando "paninho". porque não escolheram amamentar num lugar mais "discreto", enfim por qualquer motivo.

o CERTO é que mulheres não sejam constrangidas quando amamentam em público.

quando uma mulher amamenta na rua ela não está querendo "mostrar o peito" ela simplesmente está amamentando. conselhos de D. Maria não ajudam nesse caso.

Anônimo disse...

Anônimo 18:23 acredito que esse seu comentário esteja dirigido a mim, sou a que disse que sou européia.
Primeiramente agradeço o elogio em relação ao meu português. Sou espanhola vivo no Brasil faz um ano mas sempre estudei português desde pequenina. Parte da minha família é brasileira.
Eu muitas vezes vim a passar alguns meses no Brasil, nao vejo nada de estranho em que um estrangeiro escreva bem o português, se aprende desde criança e tem dom de línguas.
Na Espanha também existe muita hipocrisia e em algumas cidades acham escandaloso o top less e o amamentar, mas na cidade de onde eu vim (Barcelona) o estranho era nao fazer top less.
Abraços.

Anônimo disse...

Anônimo 19:59
Mulheres sempre serão julgadas, sejam mães por tudo isso wue vc citou, como se decidimos nao ser mães, então o preconceito tb é grande eé como se nao cumpríssemos com o nosso dever, tenho 34 anos e estou procurando namorado. Sabe o que me dizem que namorado pra que, se posso ter sexo por aí ou comprar um vibrador nao é necessário ter uma relação,

Anônimo disse...

Puxa vida, como tem gente que adora se fazer de vítima. Sou branca, me sinto injustiçada pelo sistema de cotas - que aliás é uma conquista que nunca é citada nestes textos no estilo "sou coitadinho". Me sinto ofendida ao ler termos pejorativos como "privilegiados" que aparece várias vezes no texto. Não sou racista.

Rafa disse...

Sempre amamentei meu filho a hora e no lugar que ele quisesse. É um direito dele, e ninguém tem nada a ver com isso.
Sofri muito por amamentar um menino de quase 03 anos com mais de um metro de altura. Já me disseram as maiores barbaridades - que criança que é amamentada até essa idade desenvolve problemas físicos, psicológicos, etc, etc, etc.
Engraçado que ninguém se preocupa se a mãe e a criança estão bem, estão felizes, estão satisfeitas.
Nunca fui adepta do tal paninho, pois imagine só vc ter que se alimentar com um pano enfiado na cara - NÃO MESMO!
E estas mesmas pessoas que me criticaram por amamentar, me "instruiam" a dar mamadeira, chupeta, coisas que meu filho nunca quis.
E, é claro, também já ouvi que meu leite era fraco, por isso quando nasceu meu filho mamava de meia em meia hora - ninguém nunca levou em consideração que ele GOSTASSE de mamar - e que eu respeitava a vontade dele.
Meu filho nasceu de uma cesariana não desejada, (eu SEMPRE quis parto normal, mas ele entrou em sofrimento e a cesaria teve de ser induzida) depois de 12 horas de trabalho de parto. E recebi críticas dos 02 lados - porque fiquei 12 horas esperando com dor e não fiz logo uma cesária, ou então pq não esperei mais um pouco já que já estava a 12 horas daquele jeito. Incrível. Ninguém nunca me perguntou como eu me senti. Incrível mesmo.

Solange P. disse...

Para a anônima do dia 24 de março de 2013 19:59:

Eu me sinto EXAAAAAAATAMENTEEEEEE como você, inclusive sei de quais grupos do FB você se refere porque provavelmente participamos dos mesmos em vista do que você falou das fotos dos pratinhos, a gangue das mais mães que todas, adorei a expressão kkkkkkkkkkkkk vou usar daqui em diante.

No fundo é tudo ostentação. Faço um paralelo com aqueles blogs de moda, não sei se alguém aqui acompanha, eu o faço porque faz parte da descrição do meu emprego do qual estou louca para me livrar, não aguento mais essa vidinha. Mil fotos no Instagram de uma vida de luxo e glamour mas de vez em quando a casa cai e os podres são expostos também vide o caso Lalá Rudge e Carol Francischini, o bafão de ontem. Muitas dessas super-mães do Facebook são sustentadas por outras pessoas, bom pra elas e por isso podem ficar o dia todinho postando sobre quantas vezes o Príncipe Jhoão Victor espirrou, qual foi a papinha do almoço da Princesa Francynne Chrystynna e em quanto tempo elas voltaram à boa forma depois de dar a luz. Eu não ligo mais para elas e nem você deve ligar também, porque eu garanto que é tudo aparência. Quem tá bem e faz o que acha certo não precisa expor apenas a parte ideal da vida nos mínimos detalhes para ganhar aplausos, likes e admiração. Elas não são exemplo para ninguém, porque vivem em uma realidade distante da maioria das mulheres normais, reais do mundo, que precisam trabalhar, geralmente cumprindo a infame dupla jornada e prover sustento a si mesmas e aos seus filhos. E é por essa razão que se exibem tanto, porque sabem que nem todo mundo pode ou consegue viver uma vida fácil assim.

Muito do que elas defendem em público ao final só serviria para deixar as mulheres presas dentro de casa, dependentes economicamente da boa vontade de alguém e encarceradas no papel de mãe, como se uma mulher só pudesse ser mãe depois que pariu e nada além disso. Não sei que diabo de empoderamento é esse, nunca conseguiram me explicar. E se você cria seu filho da forma que melhor achar, uma forma realista, que obviamente não é a forma que elas teoricamente leram nos últimos livros da moda - esses, que defendem a escravidão materna como propósito de vivência, que querem te convencer que você jamais será mãe o suficiente e antes que alguém diga, sim eu li todos esses livros - parece que até torcem para que algo dê errado. Se seu filho chorar, ele vai ser retardado! Se não amamentar, será obeso! Se não dormir com você, será um sociopata! Aposto que você já leu todas essas coisas, eu também li, até tirei uns prints para guardar de recordação kkkkkkkkkkk quase montei um blog só pra falar disso, porém me falta tempo. Engraçado que até o mais famoso desses autores da moda já escreveu várias vezes que a coisa não é beeeeem assim e que em sua vida ele fez diferente do que escreveu, mas adianta? Elas não ouvem e ainda propagam mentiras, aterrorizando outras mães.

Só pra finalizar, também achava melhor me manter coberta e não vejo nada de mal ou decadente em preservar a própria privacidade e a do seu filho. O problema está nos tarados e não na minha modéstia do corpo, que me deixa segura e confortável. Só que pelo visto isso também não está na moda. Que pena né, sou uma mãe antiga kkkkkkkkkk! Olha minha cara de preocupação. Quer expor, expõe, mas criticar quem não expõe me parece um exagero descabido. #TeamMaria, concordo plenamente com ela.

Deixo aqui um beijo grande para todas as mães que fazem o que sabem de melhor, apesar de todas as cobranças de perfeição inalcançável.

Anônimo disse...

Gente, pra mim o problema não é usar ou não proteção que nao deixe os seios amamentando à vista. Pra mim isso obviamente é uma escolha particular. A questão é a forma como se fala, como se defende uma ou outra opção ,por exemplo "não custa nada cobrir o peito com uma fralda", como se essa fosse a coisa certa a se fazer, como se fosse educado e esperado, que vc "poupe" os outros dessa visão. Eu imagino que quando chegar minha vez, vá querer jogar uma fralda no meu ombro sim, não me imagino conseguindo tirar o peito da blusa em público, mesmo que seja em caso de amamentação. Até gostaria de conseguir fazer isso, justamente pra ir contra essa moralização de nossos corpos, mas se for um limite pra mim, vou me respeitar antes de qualquer coisa. Acho que o problema é a forma como se fala isso, "pra que se cobrir?", como se uma mulher nao pudesse fazer essa escolha de forma legítima, ou então "não custa nada se cobrir", como se fosse algo muito feio e reprovável amamentar sem ter vergonha

Juba disse...

O anônimo das 09:56 me emocionou. Pra quem acha que o aleitamento prolongado é prejudicial, olha aí um exemplo contrário: um menino cresceu homem com amor e respeito pelo ato de amamentar.

O paninho pode ser usado por quem quer, não pode ser imposição. Há muitos bebês que simplesmente não conseguem mamar debaixo dele. Eu não cubro a cara para comer. Procuro ser discreta ao amamentar, mas não faço disso minha prioridade. A prioridade agora é alimentar o bebê.

Pensem: os seios foram feitos para dar leite. A erotização ocorreu, nas sociedades ocidentais (Europa, principalmente), durante o período vitoriano. E querem me convencer de que são sexuais por natureza? Para mim, ótimo que tenham mais de uma utilidade, mas daí a cagar regra misândrica (pinto desgovernado) e misógina (mulher deve ser recatada), ah, vai tomar um litro de ades de maçã!

Para quem disse que aleitamento é para mulheres que não trabalham, contam com ajuda dos pais, respondo: seu preconceito. Apoio sim é fundamental, mas não nesse sentido.

Tenho uma amiga, mãe de 3 filhos, que trabalha fora em tempo integral, sem empregada, que amamenta seu caçula de 10 meses. Ele é extremamente alérgico, e por isso ela não consome leite, soja, ovo, trigo, carne bovina, peixe, frutos do mar, oleaginosas, algumas leguminosas e algumas frutas. Nem traços, ou seja, não come absolutamente nada preparado fora de casa, faz sua marmita à noite.

Eu tenho mais sorte, a alergia aqui é só a leite, soja e porco, e trabalho em tempo parcial, faço até os pães em casa. Seria fácil desmamar? Claro. Mas se o AM é a opção mais saudável para bebês saudáveis, para os alérgicos cada gota de leite materno vale mais que ouro e diamantes. Participo de uma comunidade de alérgicos baseada em evidências científicas e, embora lá não se apedreje ninguém que use fórmula, defendemos, apoiamos e desenvolvemos estratégias para que as mães dessas crianças possam seguir amamentando, sem se desnutrirem e sem prejudicarem seus bebês. E descobrimos que, com esse apoio, a grande maioria é guerreira, segue em frente com o aleitamento e seus bebês se curam mais rápido, se dessensibilizando antes dos outros, por mais tecnológicas que sejam as fórmulas que ingiram.

Náy Rocha disse...

Concordo com as mães que falaram da imposição que está sendo o parto normal e amamentação.Se pelos convênios, o parto cesárea é imposto,no SUS o que ocorre é a imposição do parto normal.Sou contra qualquer tipo de imposição e acredito que o que vale é a vontade da mulher, o que não tem sido respeitada.Eu mesma, conheço todos os benefícios do parto normal, mas não tenho a mínima vontade de me submeter aquilo.Acho o parto normal uma sacanagem gigantesca da natureza para com nós mulheres e queria poder ter o direito de ter a minha filha pelo SUS por parto cesárea, pela minha vontade,e não só se houver uma complicação.Quanto a amamentação, também discordo.A minha mãe não teve leite, portando eu e os meus irmãos só tomamos o leite artificial e somos e sempre fomos totalmente saudáveis, mais até do que muuuita gente que amamentou na mãe,portanto cresci sem achar necessário eu ter que me submeter a tortura da amamanetação(outra sacanagem da natureza!).A amamamentação só é linda na tv.Na vida real, os seios inflamam, sangram, sai pus, sem contar que você vira uma mamadeira ambulante e mulheres que precisam trabalhar fora para sustentar os filhos não tem tempo para isso.E quando os bebê começa a criar dentes, ainda morde e machuca os seios da mãe.Estou grávida, já amo a minha filha, mas sinceramente, só vou amamentá-la nos primeiros meses pelo fato do leite artificial ser extremamente caro e, se eu poder optar, será parto cesárea sim!Acho que ninguém tem o direito de ficar nos ditando como colocaremos os NOSSOS filhos no mundo, como os alimentaremos, como os criaremos.Respeito quem pensa diferente de mim, mas vejo que muita gente não respeita a minha opinião.Que seja feita a vontade da mulher.


Luca