segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

TUDO SOBRE OS BOLÕES DO OSCAR E AQUELA CERIMÔNIA LÁ

Grandes vencedor@s: Lucrécia, Gabriel, Júlio, Ale. E aquele tal de Discurso do Rei.

Ok, ok, seria até injusto se eu ganhasse o bolão do Oscar. Hum, qualquer um dos dois bolões, tanto o pago quanto o não-pago. Afinal, eu fiz minhas apostas faltando 3 minutos pra fechar o prazo. O Júlio César é testemunha, porque ele que organizou os formulários. E eu errei na hora de preencher montagem, porque pus Discurso do Rei, mas achava que Rede Social ganharia, e ganhou. Como o maridão ainda disse pra me animar: “Quer dizer que se você tivesse mais um minutinho pra apostar você levaria o bolão sozinha, hein?”. Até que eu não fui assim tão, tão mal, considerando que quando a cerimônia começou eu tava com 0 em 3. Foram 14 acertos no pago e 12 no não-pago. Não é o fim do mundo. Acalme-se, Lolinha. Sua reputação ainda não está acabada. Ahhhhhh!
O bolão pago foi muito emocionante e embolado. Vitor ficou na frente por um tempo, aí a Alexandra o alcançou, e eu tinha certeza que ela ganharia sozinha, porque realmente pensava que David Fincher levaria diretor. Pra mim, o prêmio pro Tom Hooper (Discurso do Rei) foi a maior zebra da noite. Porque, pô, o Fincher já tem vários filmes importantes na mochila, e vem um iniciante e ganha dele por uma produção bastante conservadora que não será lembrada no ano que vem? Injusto! Posso não ser a maior fã do Fincher, mas gostei pacas de Rede Social. Bom, como Gabriel e Julio acertaram diretor, empataram com a Alexandra. Cada um receberá a maravilhosa quantia de R$ 53,30 e poderá se aposentar precocemente e desfrutar o resto da vida descansando nas Bermudas. No Triângulo das Bermudas, é o que desejo pra vocês!

Parabéns aos três ganhadores do bolão pago! São R$ 53,30 pra cada (talvez eu fique com os 0,30). Me mandem suas contas, please.
1o lugar no bolão pago: Gabriel, Julio Cesar, Alexandra – 16 acertos
2o lugar: Kaká, Vitor, Claudemir, Silvio – 15
3o lugar: Lola – 14
4o lugar: Gustavo, Fernanda – 12
5o lugar: Karla – 11
6o lugar: Aiaiai – 9
7o lugar: Nelly, Eliane, Adriana, Márcia – 8

O bolão não-pago eu não acompanhei tão de perto, mas vi que sempre tinha um pessoalzinho na dianteira (e sempre na frente do pessoal do bolão pago). Eu já dava como certa a vitória da Isabel e da Juliana Aquino, quando Tom Hooper ganhou diretor e Lucrécia venceu o bolão totalmente isolada! Olha só como foi (só os primeiros lugares, porque tinha 189 participantes):
1o lugar – Lucrécia – 18 acertos
2o lugar – Isabel, Juliana Aquino, Ávila – 17
3o lugar – Michel, Alexandra, Laurinha, Luciana, Gabriel, Eneida, Leonardo – 16
4o lugar – Naná, Karla, André – 15

Espero que tod@s vocês estejam arrependidíssim@s de serem tão muquiranas e não desembolsarem míseros 10 reais pra participar do bolão pago. Todo mundo com 16 teria levado o bolão pago!
Mas o mais incrível e detestável é que a Lucrécia não só ficou na frente de 189 pessoas e mais eu como ainda bateu meu recorde em 23 bolões (e recorde de outras pessoas também), que era de 17 acertos em 20. A desgramada acertou 18! Pode isso, Arnaldo? Espero que ela me envie um guest post contando como foi sua experiência.
E acho que tod@s vocês viram que eu não estava mentindo: participar de um bolão melhora muuuuuito uma cerimônia do Oscar.
E por falar nesse detalhe... Foi chatinha a festa, pá. Ou de repente eu que não tava prestando atenção. Tá, pelo menos a cerimônia foi rápida. Mas não teve absolutamente nenhum momento memorável. Nenhuma piada, nada. O que chegou mais perto de ser engraçado foi um diálogo entre Robert Downey Jr e Judd Law. Sandra Bullock e Halle Berry foram as mais lindas, certo. E gostei do Kirk Douglas aos 94 anos não querendo entregar o osso e dizendo “Fui indicado três vezes e perdi as três!”. Mas gente, o que foi aquilo? A Anne Hathaway e o James Franco não se entrosaram, ou senão o script deles não tava inspirado, mas que alguma coisa deu muito errado, deu. A Anne ainda se safou, porque ao menos ela não estava se levando muito a sério. Mas o James... Que decepção! Era um durango kid, sem molejo, sem graça. Até o maridão percebeu que o James não olhava pra Anne! Não consigo me lembrar de um apresentador pior. Adoro o James, acho que ele é lindo e talentoso e que seu Oscar vai chegar já já. Mas por favor, não o chamem mais pra apresentar qualquer cerimônia!
O que mais aconteceu? Colin Firth e Natalie Portman receberam seus merecidos Oscars, Christian Bale e Melissa Leo os seus (Melissa sai com sua imagem arranhada, na minha opinião); a Dinamarca ganha seu terceiro prêmio de Filme Estrangeiro, por Em um Mundo Melhor. As estatuetas ficam bastante bem distribuídas: as quatro mais importantes vão pro Discurso do Rei, o grande vencedor da noite, quatro técnicas pra A Origem, três prestigiosas pra Rede Social (roteiro adaptado, montagem, trilha sonora), duas pra Alice (figurino e direção de arte), duas pra Toy Story 3 (animação e canção), nada pra Bravura Indômita.
Ano que vem tem mais bolão, e espero que tod@s vocês entrem no pago, agora que viram que é bico, quer dizer, não é humanamente impossível ganhar da Lolinha. Mas já aviso que em 2012 farei minhas apostas com no mínimo dez minutos de antecedência! E aí sim eu devo ser invencível...

domingo, 27 de fevereiro de 2011

E O VENCEDOR É... SABEREMOS DAQUI A POUQUINHO

E o Oscar acontece esta noite! Muitas emoções. Será meu 23o bolão seguido. Mas desta vez me sinto muito insegura. Não sei se Discurso do Rei é realmente o favorito a melhor filme. E não acredito que, na pressa, acabei colocando Discurso até pra vencedor de Melhor Edição! Não lembro nem por que fiz isso. Acho que foi porque lembrei que, em geral, o prêmio de montagem acompanha o de Melhor Filme. Mas esta categoria será ridícula mesmo, já que A Origem (cuja edição é um dos maiores trunfos) não foi sequer indicada! Mas pô, se a gente comparar a edição de Discurso com a de Rede Social, não tem nem graça, né?
Como eu disse, as únicas certezas absolutas que tenho são três: Colin Firth leva melhor ator, Christian Bale abocanha estatueta de ator coadjuvante, e Toy Story a de melhor animação. Acho também que a Natalie Portman pisa no tapete vermelho como favorita, mas eu não descartaria a Annette Bening. O maior suspense ficará por conta da categoria atriz coadjuvante. Até poucos dias, Melissa Leo era a favorita por O Vencedor (havia conseguido o Globo de Ouro e outros prêmios importantes). Só que recentemente ela fez um monte de besteira (publicou anúncios para se autopromover, usando casacos de pele, argh, e deu declarações estapafúrdias -- ela quis ser engraçada, mas pegou mal -- sobre suas concorrentes). Então, se o Oscar não for pra ela, creio que irá pra Hailee Steinfeld, a menina de Bravura Indômita, que não é coadjuvante nem aqui nem no Velho Oeste.
Quanto mais o Oscar se aproxima, mais emocionante fica o bolão. São 16 participantes no pago (porque a Alexandra, velha e querida participante de outros bolões, acabou
mandando o comprovante), e 189 no não-pago. Como há muitas incógnitas, deve ser um bolão acirrado, disputado categoria a categoria (e aí eu posso me dar mal pelo deslize da edição, anotem minhas palavras).
Mas vocês vira
m a enquete que coloquei aí do lado? Não tem pra ninguém: Cisne Negro é mesmo o filme preferido das pessoas aqui do blog. É o meu também, junto com A Origem. E, pra ser franca, gosto muito de Rede Social. E gosto também de Discurso do Rei. É fofinho e inofensivo, porém muito convencional. Ganhando, vai representar os votantes mais conservadores do Oscar. Pra mim, são quatro filmes tão diferentes que eu não posso nem compará-los, muito menos elencá-los em ordem de preferência.
Bom, gente boa, d
aqui a poucas horas apareçam por aqui pra gente ir comentando o Oscar (e, principalmente, o bolão) em tempo real. Acho que fica mais interessante do que no Twitter. O Vitor sugeriu um live blogging, mas como eu nunca fiz isso antes, não penso que será uma boa hora pra começar. Lembrem-se que esta será a primeira vez em que vou (tentar) acompanhar o Oscar unicamente pela internet! Tomara que dê certo. Bom, até às 10 da noite ainda tenho uma tonelada de trabalho pra fazer... Todas as tabelas que vocês precisam pra acompanhar os bolões estão na parte de baixo deste post. Nos vemos daqui a pouquíssimo!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

BOLÃO DO OSCAR, AS TABELAS

Oi, pessoal! Muito obrigada por participar do bolão do Oscar. Como vocês sabem, a cerimônia de entrega será amanhã, a partir das 22:30, horário de Brasília. Será a primeira vez que tentarei ver o Oscar pelo computador. Espero que agora minha conexão de internet já dê pra tanto. Por enquanto só tenho este endereço pra transmissão do Oscar online. Se tiverem outros, compartilhem aqui nos comentários. Bom, eu consegui ver o Globo de Ouro faz pouco tempo, então realmente espero poder ver o Oscar. Ainda não sei se twitarei um pouco durante a cerimônia (nos comerciais), ou se escrevo nos comentários do blog. A vantagem do blog é que não tem limite de espaço e dá pra reler os comentários depois, tudo juntinho. Vamos ver.
O bolão não-pago foi um sucesso, com 190 participantes, quase o dobro do ano passado (102). Já o pago... vocês são uns pão-duros miseráveis mesmo! Só quinze apostadores! Como que eu farei meu pé de meia com 150 reais? Brincadeirinha por dois motivos. Primeiro: eu não esperava que muita gente entrasse com bufunfa mesmo. Mas pensava nuns 25 participantes, que é geralmente o número de quem paga pra ver (ano que vem não tivemos um pago). Fica pra próxima. Segundo: apesar de toda a propaganda que fiz, minhas chances de vitória neste bolão são quase inexistentes. Vocês verão meu nome lá na última linha. Querem saber por quê? Porque fiz as apostas ontem, faltando 3 minutos pra encerrar o prazo. Se me pedissem pra repeti-las, eu não saberia como. Ou seja, não faço a menor ideia no que apostei para boa parte das categorias (pelo menos as técnicas). Eu apostei nos dois bolões, no pago e no não-pago, e tentei ousar mais (beeem mais) no não-pago. Ainda confio mais nas minhas apostas no pago, mas não creio que ganharei em nenhum dos dois, chuif.
Eu basicamente só tenho três certezas: Colin Firth pra melhor ator, Christian Bale pra ator coadjuvante, e Toy Story 3 pra animação. Mais nada. Natalie Portman é favorita pra atriz, e Discurso do Rei pra filme. O que não quer dizer que seja certeza, apenas que são favoritos. Pra filme estrangeiro, vai ficar entre Biutiful e Em um Mundo Melhor. Ainda acho que A Origem leva boa parte dos prêmios técnicos, mas vai saber. Tá tudo bem embolado.
Houve alguns probleminhas com o bolão pago. Tipo: cinco pessoas preencheram o formulário do pago mas não me mandaram comprovante de pagamento. E três depósitos na minha conta não tinham o nome da pessoa. Ou seja, não tenho como saber quais dessas pessoas pagaram. No total, apareceram 12 depósitos nas minhas contas, e quatro pessoas me pagaram pessoalmente. Isso dá 16. Mas só tenho o nome de quinze, porque uma dessas não se manifestou. O Júlio César, o santo que fez os formulários, organizou todas as tabelas e vai organizar toda a marcação das tabelas (porque como marcar quase 200 apostas manualmente?), esperou um tempão hoje pra ver se mais alguém se manifestava nesse quesito de enviar comprovante. Como não apareceu mais ninguém, o que fizemos foi transferir essas cinco pessoas pro bolão não-pago.
O santo Júlio (que deixará de ser tão bonzinho se ousar ficar na minha frente no bolão) enviou também pra todos os participantes quatro lindas tabelas, que estão aqui à disposição de tod@s. Esta é a do bolão não-pago, em Excel (é ideal pra marcar os acertos). Esta é a mesma tabela, mas em versão para impressão (190 apostadores! Hmmm... 190 apostas deve dar 13 páginas impressas, pobres árvores). Note que a ordem dos nomes nas tabelas é a ordem em que cada um apostou (por isso eu sou a última, já que apostei ontem às 23:57). Esta é a tabela em planilha eletrônica do bolão pago. E esta é a do pago para impressão (cabe numa só página).
Tá tudo prontinho. Tomara que seja emocionante.

MINHA PRIMEIRA PALESTRA SOBRE FEMINISMO

Anteontem estive em Mossoró, Rio Grande do Norte, pra dar uma palestra. Mossoró é uma cidade charmosa com cerca de 300 mil habitantes, e fica quase no meio entre Fortaleza e Natal. É perto da divisa entre Ceará e Rio Grande do Norte. Pra minha surpresa, tem o maior PIB do RN, porque tem petróleo. É incrível o quanto quem vem de longe não sabe sobre o Nordeste. A gente até ouve falar das capitais, mas das cidades do interior, nada. E no entanto lá estão elas, lindas, arrumadas, e crescendo muito rapidamente, como todo o Nordeste. É um privilégio viver aqui e poder acompanhar ao vivo todas essas mudanças.
Mas por que fui pra lá? Porque o Allan Patrick, um dos comentaristas frequentes do blog, me convidou pra dar uma palestra lá. O Patrick é delegado da Receita Federal na cidade, e é uma dessas pessoas que eu já adorava mesmo antes de conhecer pessoalmente — ético, idealista, que quer mudar o mundo, quer fazer a sua parte. Pra homenagear o Dia Internacional da Mulher (que é dia 8 de março, mas este ano cai bem na terça de carnaval) ele decidiu, ao invés de fazer o convencional (você conhece, você confia: rosas, manicure pra todas, e cartões de “Parabéns por ser mulher” e “Você embeleza o mundo”), promover uma palestra feminista. E como ele lê meu blog faz tempo, e como a gente mora relativamente perto (dá 3 horas e pouco de carro entre Fortaleza e Mossoró), ele me convidou. E eu aceitei.
Talvez mais pra frente eu coloque mais ou menos um texto com a palestra, ou parte dela, por aqui. Por enquanto, o Patrick pos no seu blog um podcast com a palestra gravada, e também o powerpoint que apresentei (eles filmaram a palestra, mas demora um pouco pra edição e tal). Ficou meio brega, meu powerpoint. Usei uma rosa bem clarinha como pano de fundo pro slide. Pros slides que só tinham texto tudo bem, mas pros que tinham foto ficou esquisito pacas (sei que letra amarela é sempre ruim, mas eu e o maridão testamos todas as outras cores, e a amarela ficou melhor). Tive pouco tempo pra preparar. Em compensação, a palestra apresenta um monte de dados provando como falta muito pra gente ter igualdade de gêneros. Como eu gosto de estatística, vivo colecionando dados. Leio uma notícia e já guardo o link e escrevo uma ou duas frases sobre o que se trata. Mas claro que tava tudo uma bagunça antes da palestra. Agora tá tudo mais organizado. A ideia de publicar um texto aqui é também poder colocar os links pra todos esses dados.
Acho que consegui fazer uma boa introdução ao feminismo, mostrando por que ele ainda é importante, e como todo mundo (mulheres e homens) se beneficiaria se vivêssemos numa sociedade igualitária. Era um público leigo, e pra boa parte, imagino, algumas das coisas que falei devem ter sido absolutamente chocantes (se bem que pra mim pareçam banais). Ainda não sei ao certo como foram as reações, e espero que o Patrick me conte depois. Só sei que foi minha primeira palestra feminista, e que adorei a experiência. Eu tava um pouquinho receosa sobre o que dizer, mas pô, depois de mais de três anos fazendo um blog com essa temática, eu sabia que tinha material.
Adorei também conhecer a Daiany e a Luciana, que compareceram e participaram na palestra. Ambas são professoras universitárias, feministas, e atualmente vivem em Mossoró. E são uns amores. Mais tarde elas, e o Patrick, me levaram ao belo Memorial da Resistência, um museu que marca a passagem de Lampião e seu bando pela cidade. A principal igreja ainda tem as balas! E em junho a cidade organiza um evento musical em que reconstrói a batalha entre Lampião e os coronéis e moradores. Fiquei morrendo de vontade de ver, e a Lu ainda me deu um dvd com a montagem.
E depois do museu fomos a um lugar enorme, cheio de barzinhos, restaurantes e mesas na calçada. A quinta-feira inteira representou uma experiência super agradável, que pretendo repetir. E gente, eu amo o Nordeste.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

VOCÊ TEM MENOS DE 127 HORAS PRA PARTICIPAR DO BOLÃO

- Alguém me tira daqui pra eu poder participar do bolão do Oscar?

Participe! Você pode apostar no bolão não-pago, no pago, ou nos dois. Eu ia fazer alguma piadinha como "Se não participar seu braço vai despencar", mas acho que seria de mau tom, sem dizer que pode ser considerado meio spoiler. Então digo apenas que você pode cair num vão entre duas montanhas e ficar preso lá um tempão caso não participe do bolão.
Suas últimas horas pra apostar são agora! E não é por que James e seu filme não tenham chances que você vai ficar de fora, né? Chance de ficar na frente da Lolinha no bolão: praticamente nula. Chance de gostar de ver a entrega do Oscar participando do meu tradicional bolão, na sua 23a edição: enorme.
Vamos lá, participe dos dois (do pago e no não-pago), que as apostas acabam hoje. Amanhã enviaremos uma tabela com as apostas de todo mundo (que deixou email), e colocaremos também um link pra tabela aqui no blog. Não se preocupe, que você poderá acompanhar as apostas vitoriosas da Lolinha passo a passo. (Ha ha. Pra falar a verdade, estou super indecisa).

MINHAS CENAS FAVORITAS DE PECADOS ÍNTIMOS

Jennifer Connelly, desfocada, observa Kate Winslet

“Crianças pequenas” é um título inteligente pro que foi traduzido pro português como Pecados Íntimos, porque não se refere apenas aos filhos dos adúlteros ou ao objeto de desejo do pedófilo, mas também a como esses adultos se comportam. Eles são egoístas, querem sua satisfação pessoal e imediata antes de tudo e, no caso do Brad (Patrick Wilson), tem uma nostalgia excessiva pelo passado, como se nunca quisesse ter saído da adolescência. Esta é a cena mais bem filmada. Eu amo. Kathy (Jennifer Connelly) convida Sarah (Kate Winslet) pra sua casa, já que a filhinha de Sarah virou amiga do filhinho de Kathy. E ela fica desconfiada após tentar falar com Brad sobre essa mulher, e Brad dizer que nem se lembra o nome dela. Então ela chama Sarah e seu marido para um jantar.E Kathy nota que há uma tensão sexual no ar e que Sarah e Brad são amantes. Isso acontece principalmente nesta cena, em que Sarah reclama que “não sabia” que Brad era amigo de um ex-policial, ou que jogavam futebol americano juntos ― uma revelação de que Sarah sabe bastante da vida de Brad, tanto que sente-se no direito de se queixar por ele não ter lhe contado tudo. Adoro como a câmera se mantém em Sarah, apesar de toda a narrativa da cena centrar-se na desconfiança de Kathy, e só vemos ao fundo, desfocado, o rosto de Kathy. Mas dá pra ver claramente que ela não está nada feliz. Acho que essa escolha da câmera dá um toque irônico, e deixa a cena menos séria.A sequência de outro jantar, entre dois desajustados, sempre acaba com minhas defesas. O pedófilo ― que a história atenua para que seja apenas um exibicionista, não necessariamente um molestador de crianças ― sem dúvida é uma “criança pequena”. Tem 48 anos mas mora com a mãe, que faz tudo por ele. Ele é totalmente dependente. Sua mãe, sabendo que ela não tem tanto tempo de vida pela frente, quer que ele conheça uma mulher para cuidar dele, e coloca um anúncio pessoal. Quem entra em cena? A Jane Adams, ótima atriz que tem ampla experiência com encontros desastrosos (blind dates). Ela esteve no magnífico Felicidade, em que seu encontro catastrófico com um carinha abre o filme (e que acho que serviu de inspiração para o começo de A Rede Social).No início, Ronnie (Jackie Earle Haley, de Watchmen) e Sheila (Jane) estão num restaurante. Sheila está tão em outra, por estar medicada, que Ronnie precisa chamá-la à realidade (como a mãe do rapaz do vídeo em Beleza Americana). Ela é sincera demais (não uma boa ideia quando se tem depressão, um longo histórico de rejeição, e nenhum amor próprio), e o maior elogio que Ronnie lhe faz é dizer que ela não é tão horrível. Esse é um elogio e tanto vindo de cara sem nenhum traquejo social como Ronnie, e Sheila, que também é uma outcast, reconhece isso. Mas, no carro dela, quando estão voltando pra casa, Sheila conta que no seu último encontro, o carinha havia ido ao banheiro e fugido, deixando-a sozinha para que pagasse a conta. Portanto, a noite com Ronnie havia sido muito boa (olha os critérios de comparação!). Só aí ela, tímida, olha pro lado e vê que ele está se masturbando. Ela chora ao perceber que, mais uma vez, não terá sorte num encontro. E ele ainda a ameaça de ir atrás dela se contar sobre isso a alguém. Eu vejo essa cena e fico com muita, muita pena deles. Claro, mais da Sheila, óbvio, mas dele também. No livro Little Children, de Tom Perrotta, a cena não funciona tão bem. Ronnie mal fala com ela durante o jantar, boceja sem parar, e diz que esqueceu sua carteira para não ter que pagar a conta. O resto da noite é bastante parecido, mas mais eficaz no filme. Em compensação, no livro há este trechinho falando do classificado pessoal que a mãe de Ronnie põe pra ele: “O classificado pessoal de Ronnie funcionou como um ímã, atraindo mais de 27 cartas apenas na primeira semana. [...] Ronnie tinha lido as cartas em voz alta, e quase todas tratavam diretamente da frase 'Não sou perfeito e não espero que você o seja'. Devia haver muitos homens exigindo perfeição, a julgar pelo alívio que as mulheres sentiam pela ausência dessa exigência”. É de partir o coração.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

NÃO SE ATORMENTE SE PERDER O BOLÃO

- Por quê? Por quê? Por que não votei na Annette Bening pra melhor atriz no bolão do Oscar?

Participe! Você pode apostar no bolão não-pago, no pago, ou nos dois. Amanhã é o último dia, então vamulá! Domingo é a entrega do Oscar, e a disputa pra melhor atriz (ao contrário daquela pra melhor ator, ou pra ator coadjuvante) tá muito emocionante. Eu adoraria que fosse divulgado o número de votos pra cada concorrente, porque tenho certeza que, nessa categoria, a vantagem será pequena. Menor que um pescoço de cisne!

GUEST POST: FUGINDO DO CLICHÊ QUE CRIARAM PRA MIM

Talita é uma professora inteligente e capaz, adorada pelos alunos. Ao ler o post da Yohana, Talita, como todas nós, se identificou muito e me mandou este email, que eu perguntei se poderia publicar como guest post, já que ele amplia a discussão da falta de roupas para um ponto de vista mais racial. Ela consentiu, e aqui está:

Não sou gorda, mas me identifico muito com a questão de "não estar nos padrões". Não me encaixo em vários deles... Este do tamanho é um. Tenho 1,75m de altura, e peso 83 kg. Tenho ossatura considerada "grande". Já pesei menos, 76 kg é como me sinto mais saudável. Menos que isso sou puro osso.
Enfrento também uma batalha na compra de roupas: Calças que ficam curtas e não acomodam meu bumbum e quadris ― generosa herança africana. Blusas curtas na barriga, mangas que não chegam aos punhos, camisas que não abotoam.
E vendedoras que sempre se espantam quando as roupas da loja não me servem. Elas dizem: "Mas você não é gorda! Como não serviu?"
"Não, você não pode usar 48, vai ficar grande pra você!" (Isso quando há 48 na loja. Geralmente a numeração cessa no 44).
E depois...
"Ué... não é que precisa de um número maior mesmo?"
"Você é alta e tem um corpo bonito, não entendo!"
Uma mostra de que não há NADA DE ERRADO COM NOSSOS CORPOS. A indústria é que não fornece a variedade necessária para a diversidade humana. Não há como um mesmo manequim servir a todas as mulheres. Roupas são a nova cama de Procusto...
Também já escutei muita coisa desagradável em relação à minha aparência. Comentários de espanto pela altura são o de menos.
A impressão que fica é que todas nós mulheres somos encaixadas em determinados “rótulos” e estes sempre tem papel de grilhões, de prisão. Ai daquela que quiser ser mais que o clichê que lhe foi imposto. O que me incomoda mais é o estereótipo de "globeleza", "mulata do carnaval" (argh) como já ouvi. E como ouvi...
Uma amiga de longa data (cursamos faculdade juntas e ela convive comigo no meio profissional) disse: “As pessoas têm dificuldade em entender que uma mulher negra, bonita, considerada 'gostosa', possa ser inteligente e articulada.”
E que não, isso não me faz obrigatoriamente querer calçar uma plataforma purpurinada e sair me exibindo com pouca ou nenhuma roupa.
Quantas e quantas vezes já não ouvi acerca da minha escolha profissional: “Professora?! Ah, vai ser modelo! Com o corpo que você tem...”
Uma professora durante o magistério chegou ao cúmulo de falar "Vai pra Globo menina, que aqui você está perdendo tempo!"
E isso sempre me incomodou demais, porque nunca quis ser definida pelo corpo que tenho, por uma aparência que sei que muda, e após os 25 anos eu já estaria "velha" para o mercado de modelos.
Esta não era a única questão: ser vista como um objeto, um cabide no qual a roupa desfila, e todo o ambiente de menosprezo à mulher, não era o que queria para mim.
Cheguei a ser convidada para trabalhar como modelo aos 16 anos. Eu era incrivelmente magra ― coisas da adolescência, um corpo em formação, estirão de crescimento etc ― e pesava 20 kg a menos que hoje. Puro osso. Mesmo assim, quando fui à agência, o cara que ia avaliar falou que eu ainda precisava emagrecer mais, que onde eu pensava que ia com aquela barriga?
Eu tinha CERTEZA de que não tinha barriga coisa nenhuma, era magra até demais, e o cara querendo por nóia na minha cabeça. Fui embora e não voltei mais. Tinha certeza de que não queria aquela maluquice na minha vida.
Boa remuneração é bom? Com certeza. Mas a que custo? Sempre gostei muito de ler, de aprender, e sempre quis que o meu papel no mundo fizesse alguma diferença para melhor na vida das pessoas. Não quero ofender quem trabalha na indústria da moda, mas da maneira como está, do jeito como o sistema funciona, não é uma indústria a favor das pessoas e sim do capital.
Gosto de usar roupas bonitas, me enfeitar, pois aprecio a beleza em tudo o que me cerca, como aprecio a beleza de uma paisagem, de um pássaro ou de uma flor. Ninguém deveria ser considerado belo às custas da infelicidade de quem não é espelho.
Penso que eles não fabricam roupa para nenhuma mulher feliz. Há que ser infeliz para agradar a indústria da moda. E como as irmãs de Cinderela, cortar fora dedões e calcanhares para caber no sapatinho de cristal.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

CRÍTICA: O DISCURSO DO REI / É bom ser o rei quando se é o Colin

O fardo de ser rei

Como já falei em várias ocasiões, sou anti-monarquista ao extremo, e considero realezas símbolos inúteis e vestígios da Idade Média. Por isso, e mais exatamente desde A Última Loucura do Rei George, que odiei com todas as minhas forças, evito ao máximo ver filmes sobre reis e rainhas. Ultimamente, depois de gostar de algumas produções como A Rainha, A Duquesa (pra mim é tudo a mesma droga), e A Outra, essa resolução tem balançado tanto quanto aquela outra, de nunca mais ver comédia romântica com casamento no título. Mas não fui cheia de entusiasmo ver O Discurso do Rei. Falo na bucha: fui pelo Colin Firth, que é meu rei particular, pessoal e intransferível. Fui pelo Oscar.
Ninguém no seu juízo perfeito podia imaginar que um filme simples, sem grandes complexidades como Discurso do Rei, seria indicado a doze estatuetas. E só deus sabe quantas ganhará. Até poucas semanas, A Rede Social parecia ser o favorito. Agora o momento é de Discurso. Pelo memos um prêmio é certo: o de melhor ator para Colin. Ele deveria ter vencido no ano passado, por Direito de Amar (A Single Man), mas acharam que era a vez de congratular o Jeff Bridges. Desta vez será surpreendente se Colin não ganhar. Ele está perfeito, e é ele que torna o personagem menos maçante. Pra quem acha que ele é apenas um rostinho lindo ou um ídolo de comédias românticas, bom, talvez só um pedacinho de Direito de Amar (quando recebe a notícia que seu parceiro morreu num acidente, e a família não quer convidá-lo pro velório porque, né, casais gays não formam uma família) seja suficiente pra provar que ele é espetacular.Se bem que pra mim quem brilha mesmo em Discurso é o Geoffrey Rush. Pelo menos ele é disparado o personagem que mais me agradou. Ele interpreta o fonoaudiólogo que ajuda o rei (quando ainda é apenas príncipe) a curar sua gagueira. O que gostei é que ele desobedece tudo que é ordenado a fazer. Não tá nem aí em fazer perguntas pessoais pra sua majestade, em tratá-lo pelo apelido, em sentar no seu trono... Seria como eu trataria alguém da realeza se chegasse perto de alguém de sangue real (o que não faço a menor questão que aconteça). Num ano qualquer, Geoffrey colecionaria mais uma estatueta para adornar sua lareira (ele já tem uma por Shine - Brilhante). Este ano, a essa altura, Christian Bale já deve ter memorizado seu discurso.
Não sobra muito pra Helena Bonham Carter fazer, já que o verdadeiro par romântico da história não é entre ela e seu rei. Mas ela tá bem, como sempre, por mais que sua personagem não aja, só reaja (ao marido). Ela dá uma face terna a um filme feito pra todo mundo gostar daquele rei e seus herdeiros (a atual rainha é filha dele, Charles é seu neto, e aquele um que vai casar, seu bisneto). Só que pra dar uma face humana ao rei George VI foi preciso limpar um pouquinho a história, jogando pra escanteio qualquer suspeita maligna. Na vida real, esse rei foi simpatizante do nazismo. Seu irmão mais velho, que foi rei por uns meses antes dele, era tão amiguinho de Hitler que decidiu passar sua lua de mel em Munique, com direito a elogios pro ditador. Já George apoiou o ministro de Relações Exteriores que, pouco antes da guerra, barrou judeus que fugiram da Alemanha e tentaram imigrar para a Palestina. No filme há um ou dois momentos em que George ouve um discurso de Hitler e fica embevecido, mas a trama faz crer que ele idolatra a oratória do pintor frustrado, e não sua mensagem.
Como convém esquecê-lo, Hitler aqui não tem vez. Se na obra-prima do Tarantino o nazista era um caricato histriônico, em Discurso o exagero fica por conta de Churchill, feito por Timothy Spall (um dos vilões repulsivos de Sweeney Todd). Sua interpretação destoa um pouco da sobriedade da história. E eu nem reparei que o Guy Pearce (Amnésia, quina do Tempo) tava no filme (ele faz o irmão menos esperto de George).
Apesar desta crônica estar mal-humorada e dando a entender que não gostei de Discurso, é só impressão sua. Na hora, amei o filme levinho sobre superação. Só depois é que fiquei um tantinho envergonhada por ter adorado uma produção tão bobinha e desnecessária, ainda mais num ano em que concorre com filmes mais socialmente responsáveis (Inverno da Alma), cheios de possíveis interpretações (Cisne Negro e A Origem), ou moralmente dúbios (Rede Social). Tenho a impressão que quem detestou o filme (uma legião que parece aumentar com a proximidade do Oscar) não o detestou durante a sessão, só depois. Porque durante, convenhamos, ele é docinho e fácil de gostar. E já falei que tem o Colin Firth?Em A História do Mundo – Parte 1 Mel Brooks tinha um esquete meio grosseiro em que ele repetia “It's good to be the king”. Eu discordo. Acho que deve ser bem chato ser rei, rainha, príncipe, princesa, essas bossas. Aposto que é bem melhor ser simplesmente rico, sem responsabilidade nenhuma. O pessoal de coroa precisa participar de inúmeros eventos sociais e de caridade. Imagina o saco que é ter de ser formal o tempo todo, com um monte de gente falsa e pomposa avaliando a sua postura igualmente falsa e pomposa pra qualquer assunto, e tendo que se prender a aberrações do passado (chamadas de “tradição), como caçar lindas raposas indefesas. Qualquer rei deve se sentir com 500 anos de idade, mesmo quando tem 15. Até o Colin parece mais velho em Discurso, não acha?