quarta-feira, 10 de novembro de 2010

UM PROCURADOR NA HORA DO ALMOÇO

Furo em primeira mão! Um querido leitor e colega, professor da UFC na área de Exatas, discutiu com o procurador da República que pediu à justiça que o Enem fosse anulado. Eu tinha me esquecido que essa ação partiu do Ceará. Mas olhem só que interessante. Sabem quem é o procurador em questão? É um que foi personagem-título de uma matéria da Folha de SP de quatro anos atrás. A manchete era “Procurador anti-radar estoura em multas”. Esse mesmo procurador suspendeu as multas de radares móveis nas rodovias federais brasileiras. Movido pelo seu espírito público, o procurador, com “46 pontos em sua carteira de motorista e um histórico de infrações de trânsito cometidas por veículos registrados em seu nome nos últimos anos”, suspendeu as multas (obrigada pela informação, sempre antenadíssima @aiaiai63!). Na época, o procurador alegou que não sabia das multas e que as infrações haviam sido praticadas pelos seus filhos.
Esse mesmo desconhecimento em relação aos fatos é repetido na conversa que professores da UFC tiveram com o honorável procurador na cantina ontem. Só pra situar: o principal argumento do procurador pra anular o Enem e forçar 4,6 milhões de alunos a refazerem o exame é que, se apenas 2 mil alunos (número dos alunos prejudicados) se submeterem a um novo teste, os resultados seriam diferentes, com vantagem para um grupo. Fiquem com o relato do meu colega:


Todos os fatos descritos aconteceram, ainda que não necessariamente da forma estruturada como são relatados. O local é uma cantina do Campus do Pici da UFC na hora do almoço de um dia da semana seguinte à realização das provas do ENEM. O personagem principal é o procurador do Ministério Público Federal que entrou com o recurso, acatado por uma juíza, de cancelar as provas do ENEM. Isto ocorreu na mesa da cantina onde eu e outros professores da UFC almoçavam.
O procurador nos abordou com questões a respeito de lógica matemática para fundamentar sua argumentação junto à juíza. Fez isso aparentemente pois na mesa havia matemáticos e físicos. Eu desconfio (e essa é apenas minha opinião) que sua motivação deve ter sido mais próxima de uma vontade de fazer sucesso. Afinal, por que uma autoridade precisaria da opinião de professores anônimos para embasar suas argumentações? Mas estou fugindo do tema.
Esta foi a senha para se iniciar um debate, que começou morno e terminou acalorado, sobre as questões relativas ao ENEM e à entrevista que o ministro Haddad havia dado naquela mesma manhã sobre os problemas ocorridos na realização da prova. Nós, os comensais tornados debatedores, e o citado procurador, passeamos por vários aspectos do mesmo assunto e a pobreza da argumentação do último não parou de supreender os primeiros.
Ele argumentou que o ministro Haddad usou os termos "igualdade" e "equivalência" como se fossem sinônimos, com o objetivo deliberado de confundir. Foi preciso lembrar a ele que a entrevista foi dada a um programa jornalístico de um canal aberto de televisão e que o objetivo era informar o público em geral do acontecido. Certamente a argumentação do ministério que será enviada à justiça usará os termos apropriados do juridiquês. Eu acrescentaria agora que, se assim não for, a assessoria jurídica do ministério é incompetente e os cidadãos contamos com a douta coloboração do nosso herói procurador para colocá-los no seu devido lugar.
Suponho que como essa não deu certo, o homem tentou outra na linha de que o fato de um subconjunto de candidatos realizar o exame em outra ocasião fere o princípio da igualdade (ah! por isso o cidadão estava tão preocupado com igualdade e equivalência?), pois o exame é diferente. Ele não atentou (ou não sabia?) que a "tecnologia" usada no ENEM permite que o resultado do exame tenha uma validade de dois anos. E que ano passado um grupo de candidatos do Espírito Santo que não puderam fazer o exame por causa de enchentes o fizeram depois, junto com os presidiários.
Ele perguntou retoricamente se as universidades, quando aderiram ao ENEM, estavam cientes que existia a chance de candidatos concorrerem às mesmas vagas tendo feito testes diferentes. Neste ponto foi preciso explicar didaticamente ao representante do Ministério Público Federal que o ENEM utiliza a Teoria da Resposta ao Item (TRI), um método estatístico testado e consagrado que permite que testes diferentes administrados em épocas diferentes apresentem o mesmo nível de dificuldade. Os resultados obtidos são absolutamente comparáveis.
Ele admitiu que não sabia disso mas ainda assim sugeriu haver dúvidas quanto ao método, na base do "isso não pode estar certo". Foi necessário então argumentar que esse método é usado há muito tempo com sucesso em testes como o TOEFL (que aliás, acrescento eu, é administrado por computador diariamente). Não estou absolutamente certo se foi dito nesse contexto nem se as palavras foram essas, mas acredito que ouvi o procurador dizer que não tinha nada a ver com o TOEFL e que a preocupação dele era com o ENEM.
A memória começa a me falhar para os detalhes e não quero cometer injustiças, mas no final concluí que o cidadão sabe quase que absolutamente nada sobre como funciona o ENEM e a TRI, e aparentemente entrou com o recurso baseado principalmente em fofocas. A última informação digna de nota nessa discussão foi alguém dizendo ao procurador que é uma irresponsabilidade uma pessoa na posição dele entrar com um recurso na justiça que pode afetar a vida de 4 milhões de pessoas com quase nenhum conhecimento sobre o assunto e embasado somente em achismos e "isso-é-um-absurdo-ismos". Mais ou menos nessa hora eu fui chamado por um colega que estava em outra mesa para tratar de assuntos mais técnicos e não vi como o debate terminou.

54 comentários:

Zé Piciña disse...

Digo e repito: o ENEM é uma maneira de premiar os incompetentes. Queres estudar, meu jovem? Faça o vestibular e passe!

Giovanni Gouveia disse...

Pois é, Zé Piciña, não fiz o ENEM, fiz vestibular há mais de 20 anos, não estudei, aliás terminei o 2º grau no meio do ano (escola técnica, 3,5 anos de curso), trabalhava, e, já naquela época, tomava muita cachaça, fiz vestibular numa pública e na católica.
Passei na católica "perfurando" as questões de biologia na brincadeira, primeiro que minha formação técnica só me permitiu um semestre de biologia, segundo que eu não teria grana pra pagar a católica, tanto que não fiz sequer matrícula. Passei em 3º do meu curso na federal, com nota pra entrar em qualquer outro curso de minha área (inclusive direito, o mais concorrido do vestibular à época).
Dizer que o antigo sistema de vestibular é questão exclusiva de mérito, pra mim, é uma piada

Unknown disse...

Que a aplicação do ENEM precisa ainda de alguns ajustes é certíssimo, mas sobrepor o vestibular a ele nem pensar. O ENEM dá oportunidades que já foram ditas a exaustão. Eu fiz vestibular, aliás vestibulares, passei em alguns. Pra que tantos?

Masegui disse...

Não é à-toa que sou fã desse PDF!

Ps.: Esse Zé deve ser "parente" do Oliveira.

Bruno S disse...

O que não falta em nosso sistema judiciário são juízes e procuradores tomando decisões em cima de achismos, sem qualquer parecer técnico.

Luciana disse...

Várias pessoas se beneficiaram com a adoção do Enem como primeira etapa do vestibular, pois não precisam se deslocar para fazer várias provas. Princípio de isonomia é conversa mole. Se fosse assim, detentos e adventistas não poderiam prestar o exame.

Victor Farinelli disse...
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Julia disse...

Esse post me tirou uma dúvida.
A parte de todo o rebuliço do PIG, e de que é fato que a organização do ENEM ainda precisa de sérios ajustes, perguntava-me se era ou não justo fazer uma outra prova.
Bom, em termos jurídicos, se abriram concessão para os alunos do ES ano passado, a lenga-lenga jurídica sobre igualdade já vai pro brejo.
Mas o que esse texto me lembrou foi que, se o sistema do ENEM permite equivalência entre as provas desse ano e do ano passado, então não há realmente problema em fazer uma terceira prova pra quem se sentiu prejudicado e mais outros interessados.
Não que seja comodamente aceitável que esses estudantes precisem passar mais um fim de semana fazendo prova, mas é uma solução que apenas remedeia parte dos prejuízos.

Victor Farinelli disse...

O nível dos argumentos dos que defendem o vestibular se assemelham ao nível de conhecimento do ENEM que possui o procurador, como foi demonstrado no relato acima.

É bom saber que nossa Justiça está nas mãos de gente com excelente grau de incapacidade e desinteligência.

Masegui disse...

Off topic: Vejam este vídeo e tentem ficar insensíveis:

http://www.youtube.com/watch?v=PPmtHl0RBl0

Ps.: Choro e revolta não resolve, temos que AGIR!

Janeslei disse...

O zé piciña que fala nesse site poderia se afogar na piscina ou se enforcar num pé de couve. Ele adora o vestibular, excrescẽncia criada pela ditadura e que só existe no Brasil. Como se tirar boa nota no ENEM fosse fácil. É um defensor das elites vestibulandas e dos cursinhos preparatórios. Será que é dono de um? Tem cada um nesse mundo...

Unknown disse...
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Unknown disse...
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Unknown disse...

Caro bloggueiro, você acha mesmo justo que pessoas que se submetam a exames diferentes, sejam submetidos a uma mesma avalição? As questões são muito subjetivas, sendo, pois, difícil colocar a prova no mesmo nível da anterior, mesmo com esse TRI. Isso é FATO! Que a justiça seja feita! Que os que erraram, sejam capazes de corrigir seus erros! Só mais uma observação: estou chocada com a sua posição diante desse acontecimento, já que é um educador de uma universidade pública. Isso é uma pena! Por isso que o Brasil não vai pra frente.

Elaine Cris disse...

Sobre o enem, defendo sim esse sistema e espero que passe a ser mais organizado, como alguns concursos públicos e vestibulares que já fiz e não apresentaram nenhum desses problemas. Mas sobre a prova do enem só posso dizer que fiz uma vez há alguns anos e sendo bem sincera, na época em que fiz achei o nível da prova muito baixo pra alguém que fez ensino médio.
Não sei como está hoje em dia, mas na época achei que deveriam exigir mais conhecimento e capacidade de interpretação em uma prova dessas.
Desculpem a sinceridade, não posso falar do nível atual, mas há dois anos quando fiz foi assim, espero que tenha mudado um pouco.

=Maíra= disse...

Gente, há uma preocupação em melhorar o nível da prova do ENEM. Houve mudanças na organização da prova e, pelo menos na área de Língua Portuguesa, sei que houve uma tentativa de aprimorar as questões propostas: http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11819

Tanto que, este ano, o ENEM é chamado de "novo ENEM". Agora é cobrar para que sempre façam melhorias na ferramenta, posi não há como negar que é muito menos estressante e dispondioso fazer uma única prova.

Quem perde com isso são os cursinhos mesmo. Tenho duas amigas que trabalham nos cursinhos mais "pop star" de BH e ambas comentam sobre esse medo dos cursinhos de perderem alunos. Ingenuidade de quem pensa que não há um imenso esquema de interesses por trás da desqualificação do ENEM...

Alessandro disse...

Desculpem a minha ignorância, mas qual é a diferença entre o ENEM e o vestibular?

Nos dois casos, não são os melhores classificados que vão entrar nas faculdades públicas? Os alunos de pré-vestibular vão passar a prestar o ENEM, não?

Victor disse...

O ENEM não é uma maneira de premiar os incompetentes! É uma maneira de acabar com a decoração inútil dos cursinhos. Os cursos de vestibular SE ALIMENTAM dos fracassos. Os vestibulares estão cada vez mais competitivos, difíceis e IRRACIONAIS.

ENEM SIM!

Não sei como eram as provas passadas, mas é como o camarada de cima falou - esse ano é o NOVO ENEM. As questões deste ano estavam MUITO BOAS e, sinceramente, achei bem mais difícil do que eu esperava. Mesmo assim, saí-me bem e acho uma INJUSTIÇA é quererem fazer outra prova.

POXA, se a nota vale para mais de um ano (outro ano esse em que haverá uma prova DIFERENTE do ENEM), é CLARO que duas provas diferentes são equivalentes. POXA, JUÍZA, OLHA A PRECIPITAÇÃO! Vamos aprender a julgar!

Ela fala em "segurança do exame", mas isso está previsto no edital: investigar e punir com desqualificação! Não é porque alguém entrou com o celular na prova que vão cancelar o exame inteiro pra quem não entrou. ISSO é injusto!

HV disse...
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HV disse...
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HV disse...

Caro wave.master,

A TRI é usada no SAT (Scholastic Assessment Test), por exemplo. E esse teste é utilizado pelas universidades estadunidenses na admissão de seus estudantes. E até onde sei, várias universidades estadunidenses são muito bem colocadas nas listas de melhores universidades do mundo.

E cá entre nós, "Por isso que o Brasil não vai pra frente"? Acho que são pessoas limitadas como você que faz o Brasil não ir pra frente mais rápido do que está indo!

Paty disse...

[b]Alessandro[/b], a diferença é que o ENEM cobra muito mais interpretação que conteúdo em si. Eu fiz o ENEM esse ano e metade da prova de Matemática dava pra fazer com cálculos simples. Não caiu muito desses assuntos que acabam não sendo muito usados na vida prática, como logaritmo, por ex. A prova de português exige muita interpretação, não cai muito conteúdo também. Nada de ficar decorando quais são as orações subordinadas (o que é muito melhor pro aluno, pq, afinal de contas, você precisa saber escrever. Saber que aquilo que você escreveu é uma oração coordenada aditiva é inútil, vc esquece depois que passa no vestibular).

Unknown disse...

Caro HV, sou limitado? Por quê? Estou colocando um fato em questão e não uma opinião. É mais que óbvio que em um mesmo concurso candidatos serem submetidos a exames diferentes é totalmente absurdo! Não tem TRI ou o qualquer outra invenção que justifique tal ação. Quebra a isonomia! Fere a lei! Contra fatos não há argumentos.

HV disse...

Caro wave.master,

Uma das suas limitações se chama Estatística, meu caro!

"É mais que óbvio que em um mesmo concurso candidatos serem submetidos a exames diferentes é totalmente absurdo!"

Tomar isso como fato é onde está seu erro. Existe um método científico exaustivamente testado e consagrado que diz que isso aí não é verdade. Se você prefere ignorar resultados científicos que moldam sua vida, sugiro que você faça o mesmo para todos. Começe com internet, tv e avião.

Além do mais, acho que você tá comentando no post errado, não? O post em questão põe em dúvida o conhecimento do procurador a respeito do ENEM, não endossa o ENEM. Eu desconfio que o autor do texto seja partidário do teste, mas o texto não é sobre isso!

Unknown disse...

Caro HV, procurei abstrair o que a bloggueira quis passar aqui, interpretando da miha forma. Quem está se limitando é você, dizendo que estou comentando no post errado. Fiz o ENEM, quero medicina, fiz uma boa pontuação. Mas, antes de tudo, quero a justiça! Sabe por quê? Porque, como um bom católico, não penso só em mim. Sei o que é passar o ano estudando, ansiosamente esperando o dia do ENEM chegar. Você está se baseando em estatísticas internacionais, que são aplicadas fora do Brasil. Nosso país, em desenvolvimento (ainda), quer copiar um modelo que funciona muito bem lá fora. Você REALMENTE acha que o INEP vai ser capaz de selecionar questões exatamente do mesmo nível das questões do último exame para um número restrito de alunos? Você fez o ENEM? Você sabe da subjetividade das questões da prova? O INEP tem um vasto número de questões, que um computador escolhe aleatoriamente. Quem é limitado é você!

Mya disse...

wave.master,

Desculpe-me, mas o que você sabe sobre o TRI? Ou sobre como são escolhidas as questões? Elas não são escolhidas aleatoriamente, existe um processo complexo aí. Eu sei do que estou falando porque trabalho com isso! Avaliar bem o nível de uma pessoa requer seleção científica de questões.
Em várias avaliações os diferentes cadernos de prova têm algumas questões diferentes mas com parâmetros similares e funcionam muito bem!

Marilia disse...

wave.master, você tem de prestar atenção ao seguinte no que diz respeito ao enem: ele mede competências e habilidades, não conteúdo!
E as provas são formuladas para medir essas competências e habilidades, que não vão se modificar em tão pouco tempo de aplicação entre duas provas.
É ÓBVIO que não vão cair questões iguais nos dois testes (se houver outro), mas serão questões que vão medir a mesma competência e a mesma habilidade. Várias questões, claro, para que se defina o nível de um aluno naquele campo de estudo.

Além disso, os jovens brasileiros não são biologicamente diferentes dos jovens norte-americanos ou de outros jovens pelo mundo.

e mais: no Brasil já usamos a TRI quando se precisa fazer testes como TOEFL ou TOEIC, ou até mesmo em provas tipo a Prova Brasil.

Não é uma segunda prova que vai afetar a isonomia do processo, já que ela é garantida pelo método aplicado para a aferição dos resultados.

HV disse...

Caríssimo wave.master,

Quando você diz "bloggueira", você está se referindo a Lola? Mas o texto nem é da Lola! Olha, imaginar e especular o que a pessoa que escreveu o texto acha não é deixar de ser limitado. É totalmente sem sentido!

"Você está se baseando em estatísticas internacionais, que são aplicadas fora do Brasil."

Não, não estou. Estou me baseando em um método científico que pode ser usado em qualquer lugar do mundo...e é! Questões escolhidas aleatoriamente por computador? E você realmente acha que entende do assunto? Sinto muito, mas não entende.

Um belo cristão você está sendo! Jogar dinheiro fora (como você disse: "do nosso país em desenvolvimento ainda") para que mais de 4 milhões refaçam um teste, sem a menor necessidade, porque você toma como fato algo que a ciência diz que não é!

Anônimo disse...

Nada a ver querer desacreditar um parecer sobre o tema A desabonando a conduta da pessoa, em uma situação Z.

N to dizendo que concordo com o parecer, não tenho opinião formada.

A unica opinião formada que tenho é que a opinião de vocês é guiada pelo lado que voces apóiam: o governo.

Voces são o contrário: primeiro voces decidem a opinião que terão; depois buscam argumentos para isso.
Quando o certo, seria analisar os prós e contras, e depois tomar partido.

Claro que voces vão negar (até pra vcs mesmos), mas é isso mesmo. triste.

nelsonalvespinto disse...

Creio eu que um dos vestibulares mais concorridos do Brasil seja o do ITA. Pois bem, a técnica mais eficiente pra passar nesse vestibular é estudar pelas provas antigas. Essencialmente é isso os candidatos fazem nos cursinhos daqui. E os autodidatas também. No meu entendimento isso está longe de ser o melhor método de avaliação.
Outro problema é que se você quisesse tentar ir pras melhores faculdades tinha que encarar uma prova no RS, outra em SP, outra no RJ. Isso em poucos dias. Além de caro é desgastante demais.
Mesmo com os erros no processo eu prefiro o ENEM.

aiaiai disse...

Vocês, que são a favor da anulação do enem e do seu enfraquecimento para que volte o poder do vestibular, olhem quem apoia a mesma coisa:

http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2010/11/09/enem-2010-caos-no-exame-faz-surgir-novo-grupo-estudantil-922992163.asp

nada mais nada menos que o novo grupo estudantil descoberto pelo Globo: os jovens do colégio Notre Dame de Ipanema! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Agora, morram de vergonha!

Talita Medina disse...

Eu fiz o Toefl tem uns 3 anos e realmente ele melhorou muito. Lembro que o pessoal que fazia ha uns 15 anos atras contava que tinha muita coisa pra estudar, muita decoreba... e agora o teste (que è feito todo pelo computador)è outra coisa. Realmente vai bem quem sabe de verdade a lingua, a entende e è capaz de expressar-se. E nem por isso è um teste facil.
E dà onde que um exame è valido sò quando as provas sao rigorosamente iguais pra todos? Jà fiz inumeros exames onde tinham até 4 tipos diferentes de provas pra evitar que o pessoal copiasse as respostas do outro que estava ao lado e nunca escutei nenhuma reclamaçao sobre isso.
Wave-master, "voce tem medo de que?" (cantavam os titas?). Pelo visto è o teu primeiro vestibular, a tua revolta è fruto da inexperiencia acredite.
Aqui na Italia funciona com um unico exame que dura uns 4 dias e se chama "Exame da maturidade". O problema aqui è que parece que vc faz esse exame na tua escola do segundo grau e como tem uma parte oral (e também,acho, um voto de comportamento - vai e vem isso depende de quem tà no governo) que se faz com os teus professores de sempre, a discussao è que um professor que te conhece e nao vai com a tua cara pode influenciar bastante na tua nota final.
Mas o exame è unico, e até onde eu sei (faço a homologaçao do meu diploma de arquiteta no Politecnico de Milao atualmente) nenhuma universidade tem uma prova a mais pra fazer a seleçao dos novos alunos. E' a nota do "esame della maturità) e basta.

HV disse...

Mariana,

Acho que quem escreveu o texto não quer desacreditar o parecer sobre o tema A por conta da conduta da pessoa em uma situação Z não. Pelo que entendi, está em dúvida a pessoa questionar na justiça o que a pessoa deixou claro não entender (o ENEM).

Você não acha que o mínimo que esse procurador deveria entender era o processo do ENEM? Para aí sim, questionar na justiça sua validade? Eu acho que sim. Como pode querer cancelar e submeter todos os estudantes a um novo teste se a pessoa não entende o processo em si?

Unknown disse...

Na minha opinião, os beneficiados serão os dois mil e poucos alunos que farão nova prova. É claro que é chato e desgastante "perder outro dia", mas é óbvio que, de certa forma, isso representa uma segunda chance! Por exemplo, quem prestou o exame pela primeira vez, agora já não irá encarar uma novidade, saberá o que o aguarda, além de ter mais tempo para se preparar. Isso é ou não uma vantagem?? Sendo assim, o correto seria sim que TODOS pudessem repetir.

Iseedeadpeople disse...

A Artemise falou uma coisa que eu tbm tinha pensado: mesmo que o grau de dificuldade das questões seja o mesmo, se só um grupo fizer a segunda prova, ele terá mais tempo pra estudar!!! Poxa, eu acho uma grande vantagem sim!!! No meu tempo de colégio (há mais de 20 anos rs) muita gente faltava a prova pq não estudou direito e ia fazer segunda chamada, só p ter mais tempo de se preparar!

Victor disse...

Tempo de estudo era uma vantagem no vestibular antigo, em que cada minuto era uma nova fórmula a ser decorada. O "conteúdo" do Enem é sua formação durante dez, doze anos de estudo e de vida. O que eles vão estudar em um mês?

Sobre a Redação, o mais provável é que os prejudicados repitam apenas o primeiro dia das provas (ou seja, não terão que refazer a Redação).

A maior "vantagem" que os prejudicados vão ter vai ser a ausência do "fator-surpresa", ou seja, vão estar mais calmos por já terem feito a prova antes, mas quem fez o Novo Enem ano passado também poderia estar assim. Não vejo grande problema nisso.

Mariana,

Desacreditar o parecer da pessoa A sobre o tema B desabonando a conduta da pessoa A em uma situação diferente em que estava sendo discutido o tema B tem tudo a ver.

Anônimo disse...

Claro que não tem a ver...

É tipo: ele não presta como político porque tinha uma amante.

E DAÍ?!

Enfim, aiaiai, agora até o LULA tá falando em outro exame. Quem é que tá morrendo de vergonha e arrumando um jeitinho de mudar de opinião?!


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Sou a favor de ENEM, prefiro isso que os vestibulares (não que seja a melhor solução, mas entre as opções que temos, é). Mas pombas, organização né?

Eu sei que o custo é gigantesco, mas a não ser que façam outra prova, o exame será injusto.

HV disse...

Artemise e Iseedeadpeople (loved your nickname!),

O objetivo do ENEM não é medir conteúdo e sim medir competências e habilidades, como já comentou a Marília.Essas competências e habilidades não mudam em tão pouco tempo. Em outras palavras, se preparar para o ENEM é algo que o estudante deve fazer a vida inteira! Eu digo para a minha filha: leia e se mantenha informada sempre! Essa é a melhor forma de se preparar para o ENEM e deve ser feita por anos e não por poucos meses.

O ENEM vale por dois anos. Dessa forma, quem fez ENEM ano passado pode concorrer com as pessoas que fizeram esse ano! O SAT, por exemplo, é aplicado 7 vezes ao ano. O aluno pode, inclusive tentar mais de uma vez ao ano. Eu fiz TOEFL, GRE geral e GRE específico. O GRE específico eu fiz mais de uma vez e o resultado foi basicamente o mesmo, apesar de ter sido feito com quase um ano de intervalo. Período curto para ganhar uma habilidade relevante no meu campo de estudo específico e melhorar o resultado do meu teste!

O vestibular é focado no conteúdo e isso permite a velha e boa decoreba. E aí acontece coisas do tipo: um aluno tira nota boa nas provas de matemática e física no vestibular e quando chega na universidade, a gente passa uma prova de Cálculo, que ele tenha que pensar um pouquinho (não só decorar a fórmula), e o desastre é total!
Vejo isso acontecer todo semestre! Aliás, ontem mesmo devolvi as provas corrigidas dos meus alunos e vi isso acontecer. Não sei se o ENEM vai melhorar esse quadro, mas pelo menos fica a esperança. Por experiência, eu posso lhe garantir que o vestibular (da forma que era feito) não é a melhor forma de selecionar os estudantes.

Giovanni Gouveia disse...

Alguém acredita mesmo que alguns dias a mais de "estudo" vão fazer a diferença?


HV, não sei se ainda é assim, mas quando eu estudava, na UFPE, a galera de exatas entrava na universidade antes dos demais estudantes. Motivo: tinham UM MÊS de matemática extra pra conseguir acompanhar Cálculo I II II IV, disciplinas com maior percentual de reprovação da univesidade. Os bambambans do vestibular sempre se davam mal...

Victor disse...

Mariana,

Estou falando do parecer DELE sobre o ENEM e o que ELE demonstrou na discussão sobre o ENEM. Não sobre as multas. É claro que nada disso pode ser usado para comprovar com certeza e justiça o caráter e a competência dele, mas, se for verdade, dá para ter uma idéia da desinformação sobre o assunto que ele demonstrou ao pedir a anulação do Exame.

Victor disse...

Giovanni,

Eu acho muito mais justo nivelar os alunos nas SUAS áreas antes de entrar na faculdade do que obrigar todos a aprender inutilidades de áreas que lhes servirão. Não quero aprender logaritmo e também não acho certo obrigar quem não gosta a aprender os tipos de oração - mas eu gosto de aprender isso.

João disse...

Coo é bom ler os comentários da Mariana! Valem a visita no blogue! Parabéns, menina, pela lucidez de seus pontos de vista! Sou seu fã!

João disse...

Corrigindo: ... visita AO blogue.

Patrícia Siciliano disse...

Na minha experiência com o sistema escolar - primeiro aluna e depois como professora - uma coisa eu aprendi: quem não se preparou para a primeira prova tampouco vai se preparar para a segunda. Isso logo se vê nas notas dos alunos que pedem segunda chamada. Como milito no ensino fundamental não vou ficar aqui falando de ENEM, não é parte da minha realidade.
Lembro que no meu tempo de vestibular não tinha esse mimimi todo não! Chegou atrasado, é? PERDEU! Faz no ano que vem. E ninguém ia para a justiça, nem para a mídia, reclamar. Regras são regras! As pessoas não sabem mais lidar com esse nível de frustração, não? Que coisa...

HV disse...
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HV disse...

Mariana,

"Eu sei que o custo é gigantesco, mas a não ser que façam outra prova, o exame será injusto."

Se for necessário fazer outra prova (ou seja, se não for possível corrigir as provas dos que tinham cartão-resposta com problema), que seja apenas com aqueles que foram prejudicados e não todos! O método científico utilizado nesse tipo de exame garante que o processo será justo mesmo que apenas alguns refaçam o teste. Esse tipo de raciocínio (injustiça no caso em que apenas alguns estudantes tenham a chance de refazer o teste) vale para o vestibular. Não faz sentido em exames do tipo ENEM, SAT, GRE, TOEFL...

E continuo achando que um procurador de justiça deve conhecer qualquer assunto que ele resolva meter a colher. EU não preciso entender o ENEM. ELE precisa, já que ele resolveu acionar a justiça nesse assunto!

Marcelino disse...
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Marcelino disse...

Sera que nao é possível que haja variáveis que a estatística nao possa cobrir?
Apenas dois exemplos: tive que trabalhar pela manha e nao pude almoçar no sábado, fiz a prova com uma baita dor de cabeça; ja meu irmao teve que fazer a provas as pressas para ir trabalhar depois.
É possível confiar que o desenvolvimento da habilidade e competência sera provado corretamente nesses casos.
Acredito que nao... Pois, uma variável que nao pode ser medida pelo ENEM é o estress e é fato que fomos colocados em situação de estress pelos erros nas provas, uns mais outros menos, tanto no primeiro dia com os erros nos cadernos, como no segundo dia com o medo da anulação.
O que penso sobre o assunto é: em qual concurso publico, ou vestibular, tal acontecimento seria ao menos motivo para reivindicar a anulação.
Nao sou conhecedor do TRI, portanto, nao posso afirmar veementemente que deve ser anulado. Mas, posturas intransigentes tanto a favor como contra a anulação dificultam o processo.
Pois, os amantes da ciência sabem que: o ponto de vista cria o objeto; ou so o TRI nao é relativo? O teste de Q.I, por exemplo, ja é visto como parcial...
O caso dos estudantes que fizeram outra prova por causa da enchente é outra questão, ja que, a prova nao teve que ser refeita por erro da organização. E, fui um erro absurdo por sinal.

HV disse...

Marcelino,

Fica muito complicado levar em consideração fatores emocionais. Se for assim, imagine obrigar uma pessoa que fez a prova agora e está satisfeitíssimo com seu resultado a fazer a prova novamente. Pode acontecer dessa pessoa ir fazer uma segunda prova chateada, com raiva mesmo. E aí? Essa pessoa será prejudicada por fatores emocionais. É justo com ela?? Ou essa pessoa no dia da próxima prova que ela será obrigada a fazer acorde com uma baita dor de cabeça e não consiga fazer uma boa prova. Como fica?

Acho que a melhor saída é aplicar uma nova prova para os estudantes que fizeram a prova, foram prejudicados por conta do erro no cartão-resposta, e requerirem uma nova prova, mas com aproveitamento da prova para os demais que assim o desejarem.

Para os próximos anos, poderíamos ter diversos exames realizados ao longo do ano.

E que fique claro: qualquer exame (vestibular ou até mesmo o centenário SAT) pode apresentar erro. O SAT, por exemplo, já teve vários erros, apesar de tantos anos de experiência.

Giovanni Gouveia disse...

Concordo, Victor.
Antes da ditadura havia pelo menos 4 tipos de segundo grau:
Classico, Científico, Pedagógico, contabilidade (esqueci algum?), em que os estudantes tinham grade curricular diferenciada para cada tio de atividade.
Aí veio a ditadura e pasteurizou tudo, quem vai para humanas tem que "estudar" química orgânica e genética, por exemplo.
Mas o que eu falava era que os estudantes que entram na área de exatas, via de regra, têm se dado mal no que deveria ser o pre requisito #1, raciocínio matemático. Adestrados, digo,Acostumados que foram em decorar fórmulas do tipo "menos bê mais ou menos raiz de bê ao quadrado menos quatro a cê sobre dois a"... Foram treinados para passar no vestibular, não foram estimulados ao raciocínio.

Bruno Barak disse...

Repito as palavras do caro Zé
Quer estudar, meu jovem?
Faça o vestibular e passe!
Enem é para os fracos.
VOLTA CCC

robot girl disse...
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robot girl disse...

Deixem para trás o modelo de vestibular tradicional que valorizava o decoreba porque o futuro é outro. O futuro é o aperfeiçoamento do ENEM, e não a regressão para o modelo antigo.
Temos que ter em mente o que de fato aconteceu. A começar pelo ano passado. O que houve ano passado? Um FURTO. Se eu pago um estacionamento para guardar o meu carro, e ele é roubado, a culpa é toda minha? Você não pode responsabilizar totalmente o MEC por um roubo na gráfica, além do mais, poderia ocorrer em qualquer gráfica. Esse ano, realmente houveram algumas falhas, mas é muita inocência achar que os primeiros anos de aplicação de um exame dessas dimensões, para 4 milhões de pessoas distribuídas por esse país enorme, erros não fossem esperáveis. O correto agora é não repetir esse tipo de erro nos próximos anos. O SAT não foi criado perfeito da noite para o dia como mágica.
Além do mais, isso ai se resolve com TRI, se não acreditamos nele, então não acreditamos no ENEM e se não acreditam no ENEM, não o façam.
O TRI é a coisa mais genial adotada pelo governo. Aos seres das cabanas que estão questionando como avaliar igualmente todos os alunos com provas diferentes, experimentem assistir alguma palestra sobre o TRI.

Fatores como estresse são subjetivos demais e não dá para colocar como parâmetro. Há quem fique estressado numa segunda reaplicação, mais que o primeiro, e há quem fique estressado na primeira aplicação. E aí? Não dá pra usar "estresse" como parâmetro. Os alunos têm um ano para se prepararem para o exame, fazem simulados, enfim. Quem esta a favor da anulaçao é gente que não acertou nem metade das questões de matematica, o que essa gente entende de TRI, que é pura estatistica e probabilidade?

ONU diz que Teoria de Resposta ao Item garante isonomia das provas
http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/enem/news10_29.htm

Um monte de especialista se pronunciando a respeito da validade do sistema TRI, e fica uma cambada de gente que não sabe nada querendo dizer o que pensa sem nenhum embasamento.
Se não acreditam nos conhecimentos que empregam tais informações, logo desconsideram também a importância dos estudos, portanto é melhor largar mão da vida acadêmica e fazer qualquer outra coisa.

robot girl disse...
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