quarta-feira, 15 de abril de 2009

NOSSAS DÚVIDAS EXISTENCIAIS

Uma das minhas leitoras mais antigas, a Mica, encontra-se em crise existencial. Ela tem 30 anos, vive atualmente em Floripa, é formada em Direito, e trabalha num emprego que não gosta. Como a dúvida dela é muito frequente, decidi compartilhá-la com vocês. Tenho certeza que vocês vão poder dar sugestões melhores que as minhas!

Lolinha querida, eu preciso ventilar minha frustração e escolhi você para cristo. Estou num dilema. Quero fazer outra faculdade (lembra quando te perguntei sobre mestrado em literatura?) e não consigo me decidir. Só sei que não vou trabalhar aqui no gabinete para sempre e fico horrorizada (calafrios mesmo, suor frio, desespero) de pensar em voltar a advogar. Então preciso achar outros caminhos. Estava pensando em outra faculdade. Mas, além de morrer de medo de me enfiar em outra furada novamente, eu confesso que não sei bem o que ou como fazer. Pensei em fazer História (estou olhando na UFSC, porque não tenho din-din para pagar faculdade agora... mas será que passo no vestibular? Será que precisa já tendo outra faculdade?). Agora, se eu fizer História, minha vida será dar aulas? Será que eu sirvo para professora? Aí pensei em Letras. Ingles ou Alemão. O problema é que a UFSC só tem no período vespertino e eu trabalho :-( No noturno sobra Secretariado Executivo em Inglês. A pergunta é: que raios é isso!? A outra opção é tentar fazer um curso de fotografia. Já venho pensando nisso há algum tempo, mas sou meio travada, não sei se tenho o despojamento necessário para ser fotógrafa (ou coragem para investir horrores numa câmera). Socorro! O que eu faço!? Ok, eu sei que vo não vai milagrosamente salvar o meu dia, mas como eu disse, eu precisava ventilar minha frustração e tentar organizar meus pensamentos. Desculpe por ter alugado seus ouvidos (ou no caso, seus olhos ^_^).

Mica, embora eu esteja totalmente sem tempo, pra variar, vou ver se posso te ajudar um pouquinho. Sinceramente, se você não quer dar aulas, não faça História ou Letras. O maior mercado de trabalho nessas duas áreas é mesmo a licenciatura (e sempre tem trabalho. É uma garantia anti-crise. Pena que não pague grande coisa). Você já deu aula de alguma coisa? Gostou? Você vai ter que testar um tiquinho antes, pra ver se é a sua “vocação”. Eu realmente adoro dar aulas, mas só fui descobrir isso aos 29 anos, quando comecei a dar aulas de inglês. Eu tenho a impressão que, se a gente gosta de dar aula em alguma área, gosta de dar aula em outras. Se você decidir que é isso mesmo que quer, pô, aproveita que você mora em Floripa e curse a UFSC, lógico! É pública e é excelente, muito melhor que qualquer particular. Você terá que prestar vestibular de novo, pra qualquer área que escolher (se eu fosse fazer Letras na UFSC teria que passar no vestibular também, mesmo tendo mestrado e quase doutorado). Imagino que História e Letras não sejam tão concorridas. Você passa! Você vai poder validar várias matérias por causa da sua graduação em Direito. Eu acho História apaixonante (minha mãe fez História na USP, e várias leitoras aparecem aqui pra dizer o quanto estão amando o curso, o quanto ele amplia os horizontes e abre a cabeça...). Imagino que seja um curso totalmente político. E marxista.
Ah, Secretariado em Inglês é pra quem é/quer ser secretária. É isso que você quer? Ser meio babá de homem adulto? Tenho grande respeito e admiração pelas secretárias. Acho que elas têm que engolir sapos diariamente. Mas um dos meus primeiros empregos foi como secretária júnior e eu detestei a experiência.
Fotografia é ótimo também, só não sei se dá pra viver disso (ainda mais a médio prazo). Eu não sei, Miquinha, depende muito do que você gosta e das suas capacidades. Mas não recomendo pra mais ninguém que não tenha graduação em Letras a fazer mestrado em Letras. A menos que seja pelo prazer de aprender - que foi por que eu fiz o mestrado em primeiro lugar. Mas se for pensando num futuro profissional, vai ter que voltar à graduação pra cursar Letras. É inevitável. E só o mestrado não é suficiente, se algum dia você quiser dar aula numa universidade. Terá que cursar doutorado também. Ou seja, a gente tá falando de no mínimo 6 anos de estudo, mais uns 3 da graduação (dá pra fazer a graduação e a pós ao mesmo tempo, se tiver tempo. Colegas minhas fizeram). É isso que você quer?
É totalmente normal sentir-se um pouquinho sem rumo, arrepender-se da graduação... Quase todo mundo passa por isso. O legal é que dá pra gente mudar de rumo quando quiser! A gente é dona da nossa vida. Como já dizia o Robin Wiliams, carpe diem!

47 comentários:

Patrick disse...

Orientação profissional é um tipo de conselho extremamente difícil de dar. Será que uma mudança passaria, obrigatoriamente, por uma nova faculdade? Que tal, por exemplo, uma pós-graduação na área do direito que mais lhe agradou? Pode resultar numa carreira acadêmica, o que não implica na necessidade de advogar.

Giovanni Gouveia disse...

Lembrei que quando eu passei no vestibular, há uns 21 anos ago, podia-se optar por todos os cursos do mesmo grupo, e direito estava no meu grupo, sendo minha última opção...
Passei na minha primeira opção, ciências sociais, com nota pra entrar em direito, que tinha a maior concorrência, meus colegas de turma, majoritariamente, queriam fazer direito e diziam que eu era abusado...

Vocação é um negócio esquisito, fiz um teste vocacional na 8ª série, deu que eu teria "facilidades" na área de exatas, aí fui fazer escola técnica, facilidade com matemática e física etc. coisa e tal, no último semestre que estudei lá a única coisa que eu não fazia um cálculo era as aulas de português, fiz vestibular pra área oposta, esperando ter-me livrado das contas e não é que me deparo com um tal de "matemática básica" no primeiro semestre? Resultado, média 10 e reprovação (por falta)...
Hoje em dia eu trabalho na área de políticas públicas, com análise quantitativa, ou seja, unindo raciocínio lógico matemático, objetivo, com decisões políticas, subjetivas...

O que eu quero dizer é que, ainda que procure outra área, não tem que, necessariamente, abandonar por completo a formação anterior, mas procure alguma coisa que, efetivamente, você queira fazer (independente do mercado de trabalho), nada é melhor que trabalhar no que se gosta, ganhar dinheiro é conseqüência.

P.S> "Minha" mulé é advogada, e trabalha justamente nessa área, professora de inglês...

Alfredo disse...

Serio Lola? Curso de historia deveria ser extinto entao. So serve pra formar Reds...
Recomendo à sua amiga a continuar com a vida dela de advogada.. é bem melhor. Eu tb daria o mesmo conselho que o Patrick. Ela pode fazer doutorado e dar aula na universidade. Ganha melhor e tem status.

Tina Lopes disse...

Lola, que eu saiba, como ela já fez a federal, pode pedir reaproveitamento de curso e entrar sem fazer vestibular. Tem que esperar saber quais são as vagas - lá pelo meio do semestre as universidades divulgam, é tudo meio rápido, tem que ficar esperto. Até já pensei em fazer isso. Todo mundo que fez federal pode voltar pra federal, desde que continue em sua área - humanas, exatas, saúde - e que exista vaga. Geralmente há, nos cursos de humanas. Coisa de 2 ou 3 anos eu fui atrás dessas informações e ainda funcionava assim.
(só deixo registrado que não achei legal a forma como vc rotulou o trabalho das secretárias ;)

Tina Lopes disse...

Aqui tem um link (de 2006) sobre o programa da federal, o Provar.
http://www.ufpr.br/adm/templates
/index.php?template=2&Cod=2019

(cortei em 2 pra caber)

Lá no final do texto explica que "A quarta e a quinta etapas do PROVAR (...) são destinadas (...) e REINTEGRAÇÃO DE EX-ALUNOS e graduados em qualquer outra instituição que queiram complementar seus estudos com uma nova habilitação no mesmo curso de formação ou fazer um reaproveitamento do curso superior já realizado.

Quem sabe até você pode fazer o Provar, Lola, pra Letras, "descontando" as matérias em comum com Pedagogia.

Giovanni Gouveia disse...

Asnalfa, Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, é um dos principais teóricos do marxismo no Brasil...

b disse...

é.. essa é realmente uma decisão bem difícil...

Escolhi sistemas de informação porque tinha certeza de que não ficaria sem trabalho. Até que funcionou.. mas não tenho perfil pra isso... gosto muito de tecnologia, mas em uma sociedade capitalista os unicos objetivos da informática é garantir o enriquecimento de poucos....

Mas pelo menos serviu pra conseguir pagar uma de história... a formação não é de todo ruim....

o importante é sempre definir o que se quer fazer e buscar caminhos

PS: proponho uma campanha para ignorar o asnalfa e ver se de repente ele some.

b disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alfredo disse...

O q eu fiz de errado hein Thiago??
Vcs comunistas estudantes de historia sao uns preconceituosos...
Ah q saudade da ditadura militar....

kkkkkkkkkkkkkk

Valéria Fernandes disse...

Acredito que a leitora não precise nem prestar novo vestibular. Quando cismei de fazer nova graduação durante o mestrado em História (*loucura... loucura...*), pedi iseção de vestibular na UFRJ. Há uma prova bem mais limitada em conteúdo. Se bem me lembro era somente português e literatura. Na época, mesmo para direito existia tal prova, mas era, obviamente, bem mais cncluída.

Deve haver a possibilidade na UFSC. História e Letras tendem a ser carreiras com algum abandono e concorrência mediana ou baixa.

Anônimo disse...

Estou passando por uma fase semelhante a da Mica, com o agravante de não poder largar nada mesmo, porque tenho família para sustentar. Acabei optando por tentar duas coisas: concurso público e mestrado. Mas como a questão aqui é ajudar a Mica, acho que a melhor sugestão foi essa que o pessoal aí de cima deu, de ela tentar enveredar pela carreira acadêmica na área do Direito mesmo. Também existe a possibilidade de tentar a obtenção de novo título, se não me engano. E mesmo que fosse em uma particular, a mensalidade não ficaria tão cara, visto que cursando História, por exemplo, ela poderia eliminar algumas disciplinas que cursou no Direito.
Sobre o curso de Secretariado Executivo, eu também costumava olhar com certo desprezo, principalmente porque também fui secretária jr. Até eu ir trabalhar em uma multinacional e perceber que as secretárias executivas bilíngües eram o braço direito de outros executivos (homens e mulheres). Eram MUITO bem remuneradas e, não sei não, mas me pareciam bem satisfeitas. Também tenho uma conhecida formada em secretariado executivo bilíngüe que está se preparando para a prova do instituto Rio Branco. Ou seja, pra uma “babá” até que ela é bastante ambiciosa. E louvadas sejam as babás, porque sem elas eu não poderia trabalhar fora. Todas estamos aí, tentando ganhar nosso din din e ter realização, ainda que nas coisas mais simples.

Beijos,

Elisa

Nara disse...

incrível, parece que esse texto foi escrito por mim, mudando a profissão e as faculdades... desde o meio da minha faculdade tenho dúvidas e elas só aumentam, ano a ano (já fazem 5 que estou formada em arquitetura), e esse ano comecei a pensar em uma nova faculdade... não só por isso dou o maior apoio pra ela, mas também porque escolher o que vc vai ser pro resto da sua vida aos 17 anos é um peso e tanto... o que vc (nós) tem (temos) a perder, fora alguns tostões? absolutamente nada.

Patrick disse...

Só para complementar: o campo da pesquisa acadêmica na área de direito é muito amplo. Seria interessante saber os motivos que despertam na colega o interesse pelo curso de história. Porque eu penso que há boas chances dessa motivação ser atingida em um mestrado ou doutorado em direito ou, ainda, numa área afim.

Carol Fontes disse...

Lola, só pude ler agora seu post sobre sua tese de doutorado e fiquei apaixonada pelo texto!!Será que quando você terminar vai disponibilizar pra gente ler?!?!Confesso que sou seu oposto, não sou muito fã de ler peças pela forma como os diálogos ficam dispostos mas fiquei muitíssimo tentada (e como aluna de Letras quase obrigada) a ler mais coisas de Shakespeare! Queria muito também ter ido ver Lady Macbeth com a Marília Gabriela, a crítica dessa peça era muito boa!! Ah e essa questão de esta confusa sobre o caminho profissional entendo muuuito bem já que a super pouco tempo tive que escolher para que curso eu teria que prestar vestibular mas estou amaaando a faculdade, Latim é muito mais lindo e enriquecedor do que eu imaginava!

Beijão =)

P.S.:Desculpe o tamanho do comentário!

Anônimo disse...

Oi, Mica!
Se vc quiser enveredar pela carreira universitária, não precisa fazer um mestrado/doutorado interdisciplinar. Com certeza Direito tem disciplinas em comum com História, e dá para fazer muita coisa interessante, quem sabe resgatar o que vc achou de bacana quando resolveu fazer Direito?
Por enquanto dá para começar a investir em revisões técnicas de livros de Direito, afinal, por mais que a vocação seja importante, ficar sem renda aos 30 anos é um horror! É um golpe na auto-estima.
Asnalfa, sempre fico muito chateada quando vejo pessoas que parecem supor que a única obra de Marx foi o Manifesto Comunista (bem curtinho, por sinal, não me lembro direito, mas acho que não passa de 3 páginas). "O Capital" não é um livro de apologia ao Comunismo, mas sim faz uma análise brilhante do Capitalismo enquanto Sistema de Produção. Toda a moderna "Teoria do Valor" econômica é baseada em Marx, ou seja, a teoria de como os bens são precificados no Sistema Capitalista. Uma obra-prima!
Bjs,
Anália

Anônimo disse...

Oi, Mica!
Se vc quiser enveredar pela carreira universitária, não precisa fazer um mestrado/doutorado interdisciplinar. Com certeza Direito tem disciplinas em comum com História, e dá para fazer muita coisa interessante, quem sabe resgatar o que vc achou de bacana quando resolveu fazer Direito?
Por enquanto dá para começar a investir em revisões técnicas de livros de Direito, afinal, por mais que a vocação seja importante, ficar sem renda aos 30 anos é um horror! É um golpe na auto-estima.
Asnalfa, sempre fico muito chateada quando vejo pessoas que parecem supor que a única obra de Marx foi o Manifesto Comunista (bem curtinho, por sinal, não me lembro direito, mas acho que não passa de 3 páginas). "O Capital" não é um livro de apologia ao Comunismo, mas sim faz uma análise brilhante do Capitalismo enquanto Sistema de Produção. Toda a moderna "Teoria do Valor" econômica é baseada em Marx, ou seja, a teoria de como os bens são precificados no Sistema Capitalista. Uma obra-prima!
Bjs,
Anália

Dai disse...

Bem, Lolinha, não tenho nada de muito definitivo em termos de recomendações a Mica. Sei que quando estamos assim tudo o que esperamos é que alguém "de fora" nos aponte algum horizonte luminoso de certezas. Mas, a resposta tem mesmo de vir de dentro. E depende muito da honestidade com a qual nos dispomos a lidar com nossas próprias vidas. Bem, como já deu pra notar, somo o meu nome ao dos que já declararam habitar o mesmo barco da Mica. Crise de vocação aos trinta é osso duro de roer. Eu podia escrever um post longo sobre isso. Mas, vamos nos concentrar em comentar a cartinha Mica. Eu acho que, antes de qualquer coisa, ela precisa respirar um pouco.
Pelo que eu entendi não se trata apenas de mudar de carreira e encontrar outra forma de ganhar a vida, mas de descobrir algo que a motive realmente. E nem sempre isso é tão óbvio. É importante ela analisar os currículos desses cursos e as opções de inclusão no mercado. Eu tb fiquei fascinada pela docência. Mas conheço muita gente que detesta.

Também conheço pessoas que mudam radicalmente de carreira e de planos e se dão muito bem com isso. Não acho que ela precise necessariamente fazer pós em direito, se o direito for um entrave. Mas, sempre sou partidária de que a pessoa analise formas de aproveitar a experiência vivida. Acho que as moças aí acima já deram dicas interessantes (a mim serviram bastante).

Sobre a fotografia, acho que pode ser uma também. Mas, como ela mesma disse, depende de algum investimento. Quando eu larguei meu emprego em Brasília, comprei uma câmera semi profissional e fiz alguns bicos. Se eu não tivesse sido tão pão dura (ahahah) talvez tivesse me profissionalizado. Acabei abandonando essa segunda possibilidade de carreira quando arrumei um emprego como pesquisadora. Ultimamente ando achando tudo tão difícil e sem sentido. Mas, mudar a nossa realidade é mesmo algo que depende justamente da nossa capacidade de conseguir simplificar. Beijo, Lola e força Mica! (sei que o comentário está bem confuso, mas foi o que saiu).

Ana Lu disse...

Lolinha,adorei seu texto,mas devo discordar de vc em um ponto:já foi tempo que graduação em Letras ou História era garantia de alguma coisa!O marido de uma amiga minha é formado em História e agora está trabalhando em algo completamente diferente,e uma amiga formada em Letras Português/Literatura também.Às vezes acontece mesmo como vc disse, ter licenciatura aqui no Rio muitas vezes significa prestar concurso pro Estado(que paga 500 e poucos reais),que chama muita gente.Claro que a pessoa pode arrumar algo diferente,mas eu não diria que é uma "alternativa anti-crise".
Estou mais ou menos como a Mica também,sou formada em Filosofia(concluí a graduação há 3 anos) e não me arrependo de ter feito esse curso,estou é decepcionada com Educação,mesmo.Estou bem perdida e por enquanto tento concursos públicos.
Beijão!

S. disse...

Quando resolvi voltar pra faculdade descobri que as vagas pra reingresso sao bem limitadas (pelo menos no RJ, as universidades que escolhi ofereciam 2, 3 vagas... isso para arquitetura e desenho industrial). Talvez valha a pena se inscrever no vestibular tambem via das duvidas, foi o que eu fiz pra aumentar as minhas chances.

Ainda acho que esse sistema de se escolher a profissao aos 16, 17 nao funciona muito bem. Talvez fosse interessante se as escolas oferecessem uma materia so' de orientacao profissional e/ou se universidades oferecessem cursos de exploracao universitaria, pra quem quiser tirar um ano pra escolher o que quer e experimentar com cadeiras de departamentos diferentes. Ate' entendo que isso nao e' algo que todos possam fazer( se dar ao luxo de estudar um ano a mais) mas seria bom ter essa opcao estruturada em um curso como acontece em alguns paises. Melhor do que perder 2, 3 ou mais anos em um curso pra perceber depois que nao era nada daquilo que voce achava que seria.

Cacau disse...

Mica do céu!!
Precisamos conversar, urgente! :)
Estou com 36 anos e há uns 3 passei exatamente pela mesma crise que você. Também sou formada em Direito, na época advogava e odiava, pensava em fazer outra facul, mas tinha medo, tudo do jeitinho que você escreveu. Minha crise foi mais séria que a sua, acredito, porque entrei em depressão e fui procurar tratamento. Passei 10 anos advogando e odiando cada dia. E foi fazendo tratamento para depressão que descobri, entre outras coisas, que desde a facul o que eu sempre quis foi ser juíza. Foi um insight, mesmo, percebi de uma hora pra outra. Mas foi uma transição lenta e dolorosa. Primeiro, não tinha coragem de assumir isso pras pessoas. Não tinha coragem de dizer que não gostava de advogar, principalmente porque eu trabalhava com meu pai, e não queria decepcioná-lo. Aos poucos fui tomando coragem, contando para as pessoas, demorou mais um pouco mas comecei a estudar, e há um ano e pouco decidi parar de trabalhar para me dedicar somente aos estudos. Foi um processo complicado, mas olha, libertador!!
Não estou dizendo que seu caminho seja concurso. Mas dê uma olhada com mais carinho para o Direito, veja se, dentre tantas possibilidades que a profissão nos oferece, você não encontra uma que te agrade. Eu achei que tinha que fazer outra faculdade, pensei em fazer psicologia, história, medicina. Quando eu conhecia uma pessoa apaixonada por sua profissão, pronto, achava que tinha que fazer aquela faculdade. Até que descobri que eu não odiava o Direito, odiava advogar. Não queria ser parte, queria decidir. O que eu não gostava era daquela briga, daquele esforço de convencer o juiz que você tem razão, de muitas vezes ter que defender quem NÃO TEM razão, isso tudo me deixava muito frustrada. Mas o Direito oferece tantas possibilidades, achei o que eu queria sem ter que fazer outro vestibular. Sei que estou longe ainda, continuo estudando para concurso, mas hoje me sinto muito melhor do que quando odiava ir trabalhar.
Acredita que fiz curso de fotografia? Fiz um curso de 1 ano, para me tornar fotógrafa profissional, mas nunca atuei no ramo. Fiz mesmo pela paixão por fotografia, mas fotografo apenas por lazer. Mas tudo isso foi parte da minha busca, inclusive a depressão, cuja origem acredito que tenha sido justamente minha frustração profissional. Ainda estou caminhando para me tornar uma pessoa realizada profissionalmente, mas aquele peso de não saber para onde ir saiu das minhas costas.
Pelo jeito você é assessora de algum Desembargador ou juiz, certo? Digo isso porque você falou em gabinete. Sugiro que você tente olhar para os outros ângulos do Direito. Se você não gosta de advogar, nem de assessorar, existem vários outros concursos, várias outras coisas que você pode fazer com a formação em Direito.
Agora, se não for isso mesmo, se você tiver certeza que nada no Direito te interessa, aí mergulhe de cabeça, querida, porque é só enfrentando nossos medos que conseguimos encontrar a solução... só chutando o pau da barraca mesmo, e olha que eu demorei 10 anos pra ter coragem de fazer isso. Não demore tanto assim! :)
Se quiser conversar mais, meu msn é karimefarah@hotmail.com. Terei o maior prazer em te contar mais detalhes da minha crise! :) Abraços!

Cynthia Semíramis disse...

Mica, o direito é uma área ótima pra quem tem dúvidas, pois qualquer assunto pode ser analisado juridicamente, e virar um nicho - o difícil é encontrar algo que agrade, já que nem sempre o curso em si é suficiente para encontrar a vocação. Você não falou muito sobre suas impressões do Direito em si, então não tenho como palpitar muito, mas tem várias áreas no direito que não envolvem advocacia, como a mediação (eu trabalhei com mediação em comunidades carentes, é muito interessante e gratificante, e completamente diferente da advocacia) e a área acadêmica.

A Direito UFSC é referência nacional em pós-graduação em Direito, especialmente em áreas como História e Antropologia, então, se você gosta dessas áreas, pode se sentir melhor em uma pós-graduação. E hoje tem uma "moda" de pesquisar Direito e Literatura que é muito interessante, mas não é bem explorada... mas já te adianto que carreira acadêmica é muito boa em termos intelectuais, mas consome dinheiro demais, e não traz tanto retorno financeiro (mas aí advogar um pouquinho, de vez em quando, em casos cuidadosamente escolhidos, resolve a questão).

Minha irmã é secretária executiva trilíngue, e gosta muito do que faz. O trabalho não é ser babá do executivo, mas organizar rotinas, resolver problemas sérios, fazer o meio de campo entre funcionários, diretoria e chefia. Tem de ter raciocínio rápido, iniciativa, capacidade de organização e administração (pelo que entendi, boa parte das matérias é comum ao curso de administração) e um bocado de habilidade política e discrição. O salário é muito bom, mas nem todo mundo tem perfil pra seguir essa profissão.

Se quiser conversar mais sobre suas dúvidas (eu já passei por isso também - quase larguei tudo pra fazer História), pode me mandar um email: cynthiasemiramis no gmail.com

Anônimo disse...

Nossa, eu tô na mesma situação que ela. Extremamente decepcionada com jornalismo e sem saber o que fazer. Não sei se dou para pesquisa acadêmica, nao sei se dou para lecionar. Mas todas as outras graduações por que me interesso são nessa linha. Ciências Sociais, História, Filosofia.

Não sei que conselho dar para ela. Não ajuda, mas posso ao menos dizer que eu sei o que ela passa.

Beijos às duas.

Anônimo disse...

Tina Lopes: sabe se isso tb funciona em universidades estaduais? Quero muito fazer outra graduação, mas não quero prestar vestibular porque já não lembro de boa parte do conteúdo exigido. Mitocôndrias, planárias, essas coisas. Me dá preguiça só de pensar em voltar para o cursinho.

Taia disse...

Oi Lola! Não vou dar palpite na vida da tua amiga agora pq no momento nem sei bem como resolver a minha, hehe... Mas amanhã tudo muda, vou para o RJ e lá vai se decidir finalmente se fico em SC ou se mudamos para lá em agosto.

Só passei hj para dizer que se, por algum acaso e equivoco, vc acha que eu te esqueci, está muitoooo enganada. O meu pc é que tá te bloqueando pq está muito dódoi, tadinho. E enquanto não se decidir o que acontecerá nos próximos meses não quero comprar outro pc (e nem qualquer outra coisa, hehe). Então, mil perdões pelo sumiço, assim que der eu volto a incomodar todossss os dias.
Bjsss
Taia

Luma disse...

Eu estou passando por uma coisa mais ou menos parecida. Eu terminei o ensino médio com 16 anos e entrei na faculdade nas vésperas de completar 17, então cá estou eu me formando com 20 anos e me assusta demais meio que ter a minha vida resolvida nesse momento. Fico cheia de dúvidas. Nem tanto por não gostar do curso que eu escolhi, mas pela insegurança de não ter certeza se sou boa o suficiente pra sobreviver nesse mercado tão concorrido que é o de Design Gráfico.
Mas acho que o principal é que eu tenho vontade de fazer muita coisa antes de estabilizar em um lugar, mas me falta dinheiro. Aí eu fico naquele dilema: tenho que trabalhar pra ganhar dinheiro pra fazer as coisas que eu quero, mas corro o risco de ficar presa naquilo, o tempo passar e eu não fazer nada.
Sou ansiosa demais em relação a essas coisas. É como se o tempo estivesse passando muito rápido e eu estivesse deixando passar tudo. Tenho que aprender a lidar com isso, afinal de contas, só tenho 20 anos.

Barbara disse...

Mica, eu tambem penso um bocado nessa coisas (eu por sorte gosto muito do que eu faco, que eh jornalismo - diferente da Marjorie - so nao gosto dos salarios, hehehe). mas de tanto pensar no assunto e conversar com outras pessoas, me ocorreram duas coisas que talvez possam ajudar (olha eu aqui metida a orientar os outros, hahaha)

1 - que tipo de vida vc quer? As vezes acho que eh mais improtante pensar na vida que vc quer legar do que exatamente em que trabalhar.

Vc quer ser funcionaria, com chefe, salario fixo e tarefas claras? Vc quer ser dona do seu nariz, ter um dia diferente do outro, ter que se automotivar o tempo todo, e vive bem sem salario fixo?

Vc eh vaidosa, gosta de trabalhar num lugar bacana e glamouroso, ter um cargo com nome bonito? Ou vc nao se improta em ter um cargo legal mas que nao impressiona os outros?

Vc quer viver num lugar onde pode se vestir do jeito que quer e ter ideias malucas (e ser cobrada ter criatividade) ou prefere algo mais careta e tranquilo?

Vc gosta de viver bem, de ter dinheiro para comprar um monte de coisa e engolir alguns sapos para isso, ou prefere ter menos dinheiro e nao precisar engolir sapos?

Deu para entender o que eu quero dizer? Acho que eh bem importante ter isso tudo bem claro na sua cabeca antes de pensar em qualquer mudanca de rota.

2 - provavelmente vc vais e sentir um pouco assim para sempre. Talvez a gente simplesmente nunca se ache. Talvez a gente tenha que aprender a viver com isso.

Mesmo gostando de jornalismo, eu gostaria de fazer varias outras coisas, as vezes nao sei bem para que lado ir, etc. Talvez seja assim pra sempre.

Espero ter ajudado um pouquinho.

Tina Lopes disse...

Marjorie, o PROVAR funciona pra qualquer universidade: outro dia uma conhecida aluna da PUC entrou na Federal. De estadual pra federal também dá, tem que fazer a provinha, ter as notas boas em currículo, mas que eu saiba, dá sim. Naquele link que eu passei o release é antigo, mas se fuçar no site da federal deve ter coisa mais recente. Vou perguntar pro marido (que é professor, mas da Puc) pra ver se ele tem informações e te passo depois, ok? (saindo pra consulta...). Bjk!

Santiago disse...

Mica:

A Lola tem 40 anos e não faz nada ainda. Como ela iria te dar conselho? Você viu o resultado no post.

Você com 30, já devia saber cuidar da sua vida, ou vai ficar que nem ela.

Anônimo disse...

Lola a situação pela qual sua amiga está passando é mais comum do que imaginamos só que as pessoas
não tentam buscar saídas, a exemplo de Mica. E achei tão confortador que o assunto veio para esta "assembléia" porque deu pra sentir muita solidariedade, que atinge a todos nós e faz um bem danado.Li aqui muitas opiniôes ótimas .
Não tenho uma boa idéia para o caso
em questão mas vou sugerir que enquanto procura os caminhos a moça faça um curso de dança de salão e ou caminhadas, caso não pratique nenhuma atividade física especial, regularmente. Isso vai oxigenar o organismo, aliviando o estresse desta fase de retomadas.
Mica voce é muito moça e deve se dar outras oportunidades, mesmo na sua área.Fatima/Laguna

Anônimo disse...

Sou Secretária Executiva, formada pela Universidade Federal do Ceará, leio com frequência seus textos e a admiro muito. Mas devo confessar que sua visão da profissão de secretária está obsoleta. Sinto-me no dever de tentar renovar seus conceitos. Atualmente, não está na rotina de um profissional de secretariado "engolir sapos", tampouco somos "babás de executivos". Do estereótipo clássico que marcou as secretárias durante muito tempo, restaram apenas algumas piadas preconceituosas, assim, ao invés de meras anotadoras de recados, o que temos hoje nas organizações são parcerias de trabalho entre Secretáro (a) - sim, existem secretáriOs na profissão - e executivo. Eu poderia escrever uma dissertação inteira sobre a profissão e todos os preconceitos existentes sobre ela, inclusive preconceitos vindo de pessoas muito bem instruídas e cultas como é o seu caso, Lola, mas vou me limitar a deixar alguns links de sites para que possam servir de fonte de informação para você Lola e seus fiéis leitores. Obrigada! http://www.fenassec.com.br/
http://www.secretariaonline.net/
e tem esse artigo: www.inpeau.ufsc.br/coloquio04/.../Susana%20Taul%E9%20Pi%F1ol%20-%20Secretariado%20Expans%E3o%20e%20Perfil.doc
meu contato: sheila@dee.ufc.br

Mica disse...

Em primeiro lugar agradeço as opiniões de cada um. Li todas atentamente e estou refletindo em muitas coisas que foram ditas.

Em segundo lugar, vamos falar um pouquinho da minha história com o Direito. Entrei na faculdade com 17 anos pq tinha uma visão romântica de que queria ser Delegada Federal ou Juíza. No primeiro ano de faculdade eu soube que não gostava daquilo, mas insisti mesmo assim. No terceiro ano eu já odiava a faculdade, o Direito e todo o resto, mas insisti mesmo assim. Quando formada continuei no mesmo escritório que estagiei (fiquei lá 7 anos no total)e todo mundo que me conheceu lá diz até hoje "Mica escreve muito bem, mas o Direito não é para ela". Até que cansei de tudo, larguei e fui para SP trabalhar em call center (O.O). Um ano depois fui chamada para o meu trabalho atual (assessora de uma Deputada Estadual) que não tem nada a ver com Direito.
Minha grande neura é que o trabalho vai acabar mais cedo ou mais tarde e eu não queria voltar para o Direito (especialmente porque tenho memória horrível e muito embora tenha terminado a Escola da Magistratura do Trabalho ano passado, mal lembro do básico, e isso não é legal).
Meu grande sonho é trabalhar de tradutora ou intérprete (não, dar aula não é meu desejo de vida).

O interessante é que até hoje de manhã eu estava me sentindo o ser mais miserável da face da Terra, mas ler o comentário de vocês me deu ânimo para olhar outro ângulo da vida. E aproveitei e conversei com um colega (assessor de imprensa) de trabalho muito mais vivido que eu e que me deu uns conselhos muito legais e meio que fui capaz de olhar para minha vida de uma forma mais otimista e produtiva.
Não sei onde isso vai dar, mas espero estar conseguindo construir o muro que me levará ao telhado.
Obrigada a todos, em especial à Lola que me permitiu ventilar a frustração e me conhecer e ao mundo um pouquinho melhor.

Mica disse...

Fátima, eu comecei a fazer aulas de dança do ventre e Armas de Corte este ano. Posso garantir que são os melhores momentos do meu dia ^_^.
Aliás, mais alguém acha que o trabalho ocupa um espaço muito grande do dia da gente!? Mal sobre tempo para viver quando saímos no final do expediente!!!

Sheila (acho que é Sheila), darei uma olhada nesse negócio de Secretária Executiva. É sempre bom conhecer melhor novos horizontes.

Barbara disse...

Mica, que bom que vc esta mais animada. Se vc quer ser tradutora, corra atras disso, ue! Eh uma carreira muito bacana para quem gosta.

Vc pode comecar a se informar sobre a carreira, cursos, preparacao nesse site aqui, que eh muito util: http://tradutor-profissional.blogspot.com/

lola aronovich disse...

Oi, gente! Fico muito feliz que vcs tenham contribuído tanto pra discussão. Eu sabia que várias pessoas iriam se identificar com a dúvida da Mica, e, como 99,9% das minhas leitoras(es) é super gentil, sabia que iriam tentar ajudar. Acho que ajudaram muito. Ah, quem não passa por períodos de incerteza quanto ao que queremos fazer? Só os gênios incompreendidos!
Desculpas quanto a minha colocação sobre secretárias. Tive uma instinto que iria dar problema, mas não foi essa a intenção. Sei que as secretárias ganham bem (em geral, muito melhor que as professoras!), e que é uma profissão cada vez mais valorizada, que luta contra os preconceitos (é só escrever “secretária” ou “secretary” no Google Images pra ver como o preconceito rola solto. Parece que certas profissões mais “femininas”, como secretária, enfermeira, professora, aeromoça, babá, empregada etc, só servem pra virar fantasia sexual dos homens!). O meu problema não é com as secretárias, de modo algum, mas com vários patrões de secretárias. Não dá pra negar, gente, que muitos executivos se comportam como bebezões, e são totalmente dependentes das secretárias pra tudo. Quando eu fui sec. jr, havia umas cinco secretárias executivas, experientes, que trabalhavam comigo. A gente atendia dois patrões. Algum dia escrevo um post sobre isso. Pra um deles as secretárias precisavam até comprar presente pra amante, marcar encontro entre o patrão e a amante, essas coisas. Nem trair a esposa ele conseguia sozinho! E não era uma firma tão pequena não. Ela era responsável pela licença de produtos da Olimpíada de Seul.
Tenho várias amigas secretárias que estão felizes, mas várias que detestam o emprego (bom, em qualquer profissão a gente encontra isso). Existem muitos patrões grossos, né? Mas, em matéria de salário, ser secretária compensa mais que ser professora. Acho que vou ter que escrever um post polêmico sobre o assunto, que não se esgota aqui, lógico.


Miquinha, que ótimo que vc gostou das sugestões! Foi legal conhecer mais sobre a sua trajetória. Sei que vc gosta muito de inglês e de literatura. Te desejo muito boa sorte! Keep us posted, tá?

Cristine Martin disse...

Olá Mica! (e olá, Lola!)

Eu ia sugerir o blog do Danilo (Tradutor Profissional) para a Mica, mas a Bárbara já o fez. Ótima sugestão, com muita informação útil para quem quer começar na carreira de tradutor.

É o que faço, e adoro! Se quiser conversar a respeito, estou à disposição no martin.cristine no gmail.com.

Abraços!

Mica disse...

Barbara, Cristine, muito obrigada pela indicação. Quase chorei quando comecei a ler o blog.
Incrível como tem coisas que pensamos que é totalmente impossível até que alguém nos mostre que há jeito para tudo, desde que busquemos nos lugares certos.
Obrigada, de verdade.

Barbara disse...

Oba, que bom que eu ajudei! Acho que vc devia mesmo conversar com a Cristine, tem gente que consegue viver muito bem de traducao. Eh um universo enorme, que a gente nem imagina.
(nao, eu nao sou tradutora porque nao tenho temperamento para isso. Mas ja fiz traducoes e como jornalista sempre tenho que traduzir alguma coisa, por isso acompanho esse pessoal)

Patricia Scarpin disse...

Lola, estou atrasada, mas gostaria de dar a minha opinião porque trabalho como assistente executiva: dei aula de inglês por um tempão e amava, mas o salário era muito baixo e por isso optei por trabalhar como secretária (isso foi há quase 5 anos). Vou ser bem direta: pra mim, a única compensação é a financeira. Porque ser secretária, pelo menos aqui no Brasil, é ser uma mistura de babá/empregada/terapeuta. O trabalho está extremamente ligado ao humor do chefe e, por conseqüência, aos problemas pessoais dele. Talvez se tivéssemos aqui uma política empresarial parecida com a americana, em termos de assédio moral, a minha ocupação não seria tão penosa. É um tal de fazer mil coisas pessoais pro chefe e pra família dele toda... Coisas que nada têm a ver com a empresa. Às vezes, tenho vontade de mandar tudo pro alto. O que me faz agüentar são os planos das viagens que ainda quero fazer (por causa do $$). Pra ser sincera, não pretendo trabalhar como secretária pro resto da vida, não.

Anônimo disse...

"Aliás, mais alguém acha que o trabalho ocupa um espaço muito grande do dia da gente!?" - Mica, acho sim! E tenho certeza disso todos os dias, na hora em que estou saindo, e deixo minha filha fofa e linda em casa. Amo minha profissão, sei que ainda tenho muito o que aprender... mas amo ser mãe. É cansativo demais em alguns momentos, claro, mas não há dinheiro que pague a alegria da minha filha quando me vê chegar em casa mais cedo. Vem pulando me receber na porta. Nessas horas, trabalho é só trabalho mesmo.

Bjs,

Elisa

Mica disse...

Pois é, Elisa, o pior é que mesmo qdo a pessoa ama o trabalho, ele nos dá pouca opção para conhecermos o restante do mundo.
Veja o meu caso. Acordo às 6h30, me arrumo e vou para o trabalho. Volto às 18h30, ou seja, 12 longas horas apenas em função do emprego (e tem gente que se dedica muito mais, eu sei).
Com o restante do tempo que me resta, faço dança do ventre e treino Armas de Corte (espadas e afins)e só. E ainda porque é pertíssimo de casa, então não gasto tempo no transporte.
Mal tem sobrado tempo para ler ou assistir algo. Se quiser voltar a estudar qualquer coisa terei que seguramente abdicar ou das Armas ou da Dança, se não de ambos. O que não dá para abdicar é do trabalho. E infelizmente por aqui não ter curso que comece 5h da manhã ^_^. E sequer posso fazer ao meio dia, pois já ganho almoço justamente para comer rapidinho no restaurante da ALESC e já voltar.
Veja bem, não estou reclamando simplesmente por reclamar. Antes poder fazer pelo menos isso do que fazer nada, mas sinto um pouco de falta da época que trabalhei no call center em Sampa (só não sinto falta do stress e do péssimo salário), onde eu começava às 8h e saía às 14h. Eu estudava à noite, mas tinha boa parte da tarde livre para fazer qualquer outra coisa, inclusive ir a bancos, ao médico, às lojas, à livraria (amava a Cultura), caminhar, fazer qualquer curso que surgisse...
Não consigo entender uma sociedade que te obriga a deixar de aproveitar tudo o que a vida pode oferecer para trabalhar todas as horas úteis do seu dia. O trabalho faz parte da vida, mas não é a única coisa que deve exister nela.

Barbara disse...

Mica, vc esta certissima. Eu sempre sinto no final do dia que me sobrou um "rabinho" de dia para fazer todo o resto da minha vida: malhar, arrumar a casa, falar com os amigos, estudar alemao, fazer comida, botar roupa pra lavar, ficar com o marido, falar com a familia... Eh muita coisa prum "restinho" de dia, ne nao?

Srta.T disse...

Mica, chego atrasada mas deixo um pitaquinho porque já me senti como você, tomara que ajude. Eu sou advogada, apaixonada pelo que faço, de verdade. Na faculdade, eu não gostava e pensei seriamente em abandonar o curso pra fazer Estilismo, porque gostava de desenhar e adoro moda. Fiz estágio em praticamente todas as áreas de Direito, mas só depois de 2 anos de formada encontrei a área ideal para mim, o Direito Empresarial. Sinto falta do ter tempo pra mim (volto nisso depois), de fazer trabalho voluntário (onde eu aprendia coisas bem diferentes do meu métier e me sentia bem), tem fases difíceis, mas não reclamo.
Acho que dá pra conciliar o que você aprendeu no Direito e sua vontade de ser tradutora se você partisse pra tradução juramentada. Se quiser dar aulas, pode tentar o Inglês Jurídico. Eu fiz aulas, minha professora era uma brasileira que fez faculdade de Direito em NY. Por ser uma área bem específica, paga bem. E boas traduções de documentos jurídicos (mesmo os não juramentados) são difíceis de encontrar, falo por experiência própria. Quem faça/ensine alemão voltado pra área jurídica então, nunca nem ouvi falar!
Ah, fiz quase 9 anos de Dança do Ventre, adorava! E também adoro fotografia, mas com câmeras antigas, é mais um hobby. Hoje em dia, dos meus prazeres, sobraram só o blog, os quadrinhos e a música... mas um dia eu alcanço minha meta de “perder” mais tempo com isso.
Beijos e boa sorte!

Mila disse...

Mica, querida, você é jovem, só trinta anos? Mude de emprego se é isto que você quer, mas antes, a aconselho a dar uma olhada em várias profissões. Bem diferentes de Direito, sabe? Quem sabe nutrição, biologia, arquitetura, cinema...
E pense no que lhe dá prazer. O que você gosta de fazer?
Sério, antes de escolher outro emprego ou profissão, encare um pouco a si mesma.
O que você gosta, o que lhe parece ousado e divertido e corra atrás.
E, antes disso, arranje um hobby. É bom para sua mente, não é legal tomar decisões de forma desesperada. Também não demore muito para se decidir.
Você não tá satisfeita? Então, tem que mudar.
Boa sorte!

Mila disse...

Ah, já que tanta gente falou da questão pessoal, vou falar da minha também.

Sou estudante de Direito. Muito decepcionada com a faculdade, o conteúdo, as leis, mas vou numa sessão plenária e fico super empolgada, prestando atenção em tudo que é discutido.

Obviamente, como desde de cedo eu tenho mania de projeto de vida e metas, eu vou pensando aos pouquinhos no que devo fazer para me realizar. Comecei com Direito, mas ainda pretendo fazer Artes Plásticas ou Cênicas ( 0.0 Dúvida cruel... Acho que vou fazer as duas, mas não sei se aqui no Brasil - sei um pouco de desenho e já estudei um tiquinho de teatro).
Também quero viajar por vários países então, depois de me formar em inglês, parti para o básico de Japonês. Pretendo me especializar ainda mais em inglês próximo semestre, quero ter competência para ser professora de inglês.

Acho que correr atrás do que a gente quer faz tudo parecer mais divertido, mesmo que a gente se atrapalhe às vezes. A gente só se arrepende se ficar parada.

Não acredito em segunda vida, vida pós morte e whatever, então, eu vou correndo atrás do que posso para viver a vida da melhor forma.
[Bem, só falei da questão profissional, mas acho que é muito limitante e frustrante centrar sua vida no que deveria ser apenas um 'setor' de sua existência]

Thays disse...

Olha, 'orientação profissional' pode ser passada por alguém da área de psicologia e aí muita coisa vem à tona - dados de realidade profissional e também o que está causando tanta dúvida (porque claro que tem algo aí gerando a inquietação)...

Quanto a entrar na faculdade sem vestibular, não descarte esta sorte: mesmo nas federais, por conta da evasão, abrem concursos para quem já é portador de diploma de nível superior... Para as faculdades particulares é certo; nas públicas você tem de rezar para ter sorte. Mas confira!

Thays disse...

ainda quanto às secretárias: a empregabilidade deve estar diminuindo bem. Antigamente os chefes atribuíam mais coisas a elas, hoje em dia, redigem suas próprias cartas e uma secretária atende a várias pessoas (por vezes a uma gerência ou diretoria inteira). É estresse garantido! ;-)

olhodopombo disse...

fotografia?
não existe mercado mais defasado do que este depois da era digital;
quanto a historia existem enes possibilidades, trabalho de pesquisas, aulas, escrever etc... e quem da aulas em universidades federais ate que não esta se dando mal, com mil possibilidades de cursos de extensão no exterior....dependendo do que na historia se siga.
estou fazendo Muselogia depois de mais de 20 anos fora de sala de aula e estou gostando....e pretendo usar tudo que dei na fotografia neste novo começo....