quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

PAI E NAMORADO PERPETUAM O MACHISMO. COM A AJUDA DA MÃE

A Andrea, uma aluna brilhante que faz mestrado na UFSC na mesma área que eu, num outro post escreveu um comentário muito interessante, que eu decidi transformar num guest post com a sua autorização. O texto trata de vários pontos que ainda não discutimos, como a responsabilidade das mães na criação dos filhos, e a diferença de tratamento recebido pelo filho e pela filha. Essa diferença é também uma forma de violência. É altamente repressor ensinar que a menina deve dedicar-se aos afazeres domésticos e ficar em casa, com medo de sair à rua, enquanto o menino pode tudo, e não tem nenhuma obrigação de cuidar do lar. O menino que joga as roupas no chão pra sua mãe recolher e lavar vai continuar fazendo isso com a esposa. Ele é criado achando que é o rei do castelo e que terá sempre uma mulher para lhe servir. Eu lembro sempre de uma deturpação que as feministas dos anos 70 criaram para um velho ditado: "If a man's home is his castle, let him clean it" ("se o lar de um homem é seu castelo, deixe que ele o limpe").
Mesmo quando os filhos crescem, eles seguem tendo tratamento diferenciado de acordo com seu gênero. Uma amiga minha, lésbica, revolta-se até hoje ao lembrar que, quando seus pais, ainda em vida, foram fazer a divisão de bens entre os filhos, deixaram quase tudo para seu irmão. A explicação? Ela não precisava de um apartamento, porque é mulher (e mulher deve encontrar seu provedor para sobreviver), e por ser lésbica - ela não iria constituir família mesmo, então dinheiro pra quê?
Tenho certeza que você conhece vários casos do tipo. Leia o relato da Andréa, e compartilhe aqui como você foi ou é discriminada(o) em casa.

Muita culpa do machismo é sim das mães. Aquela mãe que exige que a filha arrume a cama e o filhinho não. Que pede às meninas para pôr a mesa e lavar a louça enquanto os guris jogam video game.
Cresci num lar com idéias bem patriarcais. Minha mãe sempre lutou pra ter seu dinheiro, mas quando parou de trabalhar (com a desculpa de cuidar da casa), ela se apagou. E a que antes vivia a dividir o mando da casa com meu pai, passou de uma hora para outra a tolerar humilhações.
Lá em casa meu irmão sempre teve tv a cabo no quarto e a TV dele era melhor do que a minha. E olha que ele é mais novo; se fossemos considerar o direito de primogenitura eu teria que ter essas coisas primeiro, pelo menos. Enfim. Ganhei um computador em vez de uma festa de quinze anos (porque meus pais nao tinham grana para bancar os dois), mas ele nunca ficou no meu quarto. Ano passado (eu estava com 23 anos), meu pai comprou um notebook, com a desculpa de que ele precisava de um (aff, meu pai só usa computador para jogar freecell e checar email). E quando vi, meu irmão já estava com o notebook em seu quarto e levando para a faculdade como se fosse seu. Ele faz Ciências da Computação, e aí também entra o preconceito contra o curso de Letras e a área de Humanas em geral. Perguntei ao meu pai se eu então poderia trazer o computador "familiar" (que se supunha que era meu) para o meu quarto, e ele simplesmente disse não. Quando questinado o motivo, ele simplesmente se negou a dialogar.
Quer saber? Chorei um monte neste dia, mas dei um basta: saí de casa.
Tudo bem, vim morar com meu namorado, que infelizmente foi criado muito mimado por sua mãe, e com privilégios praticamente dignos de rei. Digo isso porque meu namorado manda mais na casa dos pais dele do que seu próprio pai. Quando começamos a morar juntos, no início deste ano, eu era praticamente uma empregada. Óbvio que pensei em largar mão deste outro machista, mas foi só ameaçar largá-lo e expor a ele que esse tipo de tratamento eu não iria tolerar, que ele acabou se conscientizando que precisaria mudar. As mudanças ainda são poucas, é verdade, mas cada dia ele tenta melhorar um pouquinho, o que me faz ao menos tentar acreditar que sim, é possível ser homem e respeitar as mulheres.
Os homens que não são machistas não precisam ter vergonha por terem nascido em um grupo onde a maioria é machista. Vergonha tenho eu, por ser mulher e saber que uma mulher colocou um machista no mundo. E não só porque colocou no mundo, mas porque o criou machista assim. Meu maior anseio como mulher não é ter filhos, mas sim ser uma mãe capaz de criá-los de uma forma a respeitar o seu próximo, independente de sexo, cor, visão política, religiosa, ou qualquer outra coisa.

Outros guest posts aqui: Cavaca explica como são as gorjetas em Portugal e narra alguns "causos", Cris diz como escapou da morte quando foi anoréxica, Patricia ri da cara das dietas, Vitor fala como foi ser garçom num hotel de celebridades, Tina aponta o desrespeito, Taia conta sua história de horror, Marjorie fala sobre jornalismo, e Gio sobre a ditadura militar, aqui e aqui. Quer participar? Relate a sua experiência.

92 comentários:

Anônimo disse...

Oi Lola. Passando rapidinho depois comento com mais calma. Só p/ avisar que deixei um coment no seu post "a última do João".

Rachel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rachel disse...

Lendo essa postagem, vejo a minha família. Concordo com tudo, mas no meu caso ainda foi pior. Tenho um irmão mais velho, e ele foi também o primeiro neto por parte de pai, daí já viu né?! Só ele na rua tinha aqueles carros automáticos - que a criança senta e sai dirigindo - na rua toda. Sempre teve todos os melhores brinquedos, sempre foi mimado, e era só fazer uma pirraça que conseguia tudo! Daí eu cheguei né?!Quatro anos depois e, quatro anos é muito tempo pra uma pessoa se acostumar com algo - acabei com tudooooo!!
As atenções tinham que se voltar pra mim naquela hora. Coisas tinham que ser compartilhadas e, por ser pequena eu deveria receber um pouco mais de atenção. Mas meu irmão não entendia isso e, até hoje não entende. Vivemos em guerra - o que melhorou bastante, tenho que admitir. Ontem mesmo, ele pediu que eu o ajudasse a conectar os cabos do comuputador que papai havia acabado de comprar - como se ele já não estivesse cansado de fazer essas conecções! Eu disse que estava cansada, se não dava pra deixar pra outro dia, ninguém ia usar naquela hora mesmo. E ele - quero ver se você vai usar isso aqui (como se ele tivesse comprado, e nem em casa mora mais, saiu de casa), sua gorda - hauhauahuahau, eu já nem ligo mais pra esses xingamentos! E era pra eu nunca ter ligado mesmo! O que aliás o irrita profundamente! Bom, o deixei fazer sozinho. Só me chama quando precisa.
Sabe o que acontece? As mulheres costumam amadurecer mais rápido, então, enquanto ele se preocupa em me xingar e tentar me ferir, coisa que faz há quase 24 anos (!!!), eu to construindo minha vida! Fazendo minha faculdade, que eu pago, com MEU dinheiro suado. Enquanto ele ja parou umas cem vezes, e papai pagando a dele! Sai sozinho desde cedo e eu sempre fui reprimida. Fora muitas outras coisas, chega em casa e, até hoje quer mandar em tudo - mãe faz isso, mas faz aquilo, não levata a bunda do sofá pra nada! Coitada da mulher que se casar com ele! Ele não é mau, só MIMADO DEMAIS!
São muitas as diferenças entre nós, eu o amo e, aprendi com o amadurecimento que ele ainda não tem, que o negócio é deixar ele falar sozinho, e já reparei que anda dando resultado. Sem ter com quem discutir, sem me ver exaultada, vai gritar com quem?
Tô conseguindo as minhas coisas, graças a Deus, e tudo o que eu já passei, me ajuda a não levar desaforo de homem e nem de ninguém pra casa. Ninguém é melhor que ninguém nesse mundo, todo mundo vai pro mesmo buraco! E eu não vou conseguir mudar a cabeça de uma pessoa que viveu 24 anos de um jeito!
No caso dele, creio que recebeu toda atenção não somente por ser homem, mas também, por ter sido o primeiro de tanta coisa - filho, neto, afilhado... - era tudo diferente. E, com medo de deixar que lhe faltasse alguma coisa, ou com medo de não estar dando carinho, atençao e brinquedos suficientes, as pessoas o davam de tudo e, meu irmão acabou crescendo assim.
Uma criança tem que crescer ouvindo "não" de vez enquando, isso também faz bem, talvez até mais do que se imagine!


PS: desculpa o desabafo Lola!! Venho aqui e leio todos os dias suas postagens, mas não estava com tempo pra comentar... ele ta cada vez melhor! Beijao!!

Giovanni Gouveia disse...

Tenho uma amiga, militante feminista de longas datas, que dizia que: "todo homem é machista", muito pela alienação imposta pela superestrutura. Não concordo, plenamente, com a companheira, entretanto, os ranços são presentes, mesmo naqueles que têm posições diversas do mainstream machista. A "libertação" desse tipo de comportamento cabe a ambos os gêneros, pelas mulheres (mães ou não) convencendo a "homarada" da necessidade de acabar a opressão, e pelos homens em, fazendo uma auto critica, reconhecendo e superando a posição de opressor.
Na minha casa as únicas coisas que minha mulher tem/teve que fazer apenas com meu "apoio moral" foi parir e amamentar, o resto a gente divide. Espero que isso seja um bom exemplo para nosso filho.

Gisela Lacerda disse...

Concordo plenamente, mas aí vão dizer "pobre das mães, sempre levam a culpa". Por que não mudam de atitude então? Eu deveria ser feminista ou dizer que sou (acho que se bobear sou sem ser.. hihi), porque fui criada numa família onde as mulheres sempre batalharam muito, apesar de casadas e sempre sofreram com o machismo e muitas vezes o abandono; não foi o caso do meu avô, nem bisavô, nem de meu pai, nem um cunhado meu, mas minha mãe e suas duar irmãs sofreram na mão de carrascos. Minha avô, matriarca plena e poderosa, culta que só ela sempre nos colocou pra cima. Eu fui criada por um "pãe" e até os 13 anos morei no mesmoquarto com minha irmã porparte de mãe e a do meio; depois tive tudo que sempre quis (amor principalmente), com exceção de todas as coisas maravilhosas e caras que meu pai infelizmente não podia comprar. Mas eu me sentia rica e sempre tive imensa dificuldade de entender o que via por aí nas outras famílias onde os homens reinavam.

Por outro lado, Lola, os homens também carregam um imenso fardo, porque ser provedor hoje em dia está brabo, até mesmo no Brasil onde nosso governo aprova leis que no fim das contas vão contra as mulheres como aumentar a licença maternidade (ao invés de aumentar a licença do homem, paternidade) e onde "maridos grávidos" não podem mais der demitidos em detrimento daqueles que já têm suas famílias formadas. A exemplo da cidade de nosso grande poeta, Carlos Drummond de Andrade, onde muitas pessoas foram demitidas da Vale do Rio Doce.

A mulher sofre, mas o homem também.

Elisa disse...

Lola,

Você colocou em pauta um assunto que eu venho discutindo com uma prima minha há tempos. Nossa, meu coração até acelerou com a emoção de poder colocar para fora o que nós duas temos passado!
Somos oriundas da TFM – para quem não sabe, tradicional família mineira. Uma meleca! Pior que isso, nascemos em uma família em que muitos são engenheiros, então se espera que todos sejam. Nós duas sofremos o tempo todo com comentários desdenhosos sobre nossas profissões e nossos ganhos – ela é nutricionista e eu, jornalista. Quando ela se formou um tio meu (pai do neto mais velho, também engenheiro, veio dizer: “_O que você fará depois de formada, minha filha?”. Fala sério, isso é pergunta que se faça? Sinceramente, pode-se se dizer que existe alguém com emprego “seguro” atualmente, em meio a essa crise econômica?
Esse mesmo primo estava paquerando uma médica e a família toda encorajando “vai, isso mesmo, pega mesmo!”, como se a mulher fosse um pedaço de carne. A princípio ela não quis nada com ele dizendo não estar interessada em um relacionamento sério. Ouvindo isso, minha tia (mãe dele) disse: “_Mulher de trinta anos que não quer compromisso, isso eu nunca vi”. Afeeeeeeeeee!!!! Alguém me tira daqui, né? Agora a médica e ele vão se casar e estão todos flutuando e muito orgulhosos porque inclusive, além de médica a moça é prendada e bordou o próprio enxoval. De repente ela caiu na real e se “redimiu”, né? Tipo, o engenheiro e a médica, casal perfeito, vão ter dinheiro sempre, blá, blá, blá. Só consigo pensar naquele livro “Casais inteligentes enriquecem juntos” – o qual nunca li, mas fico pensando que meu marido e eu devemos ser umas antas.
Minha mãe é outra que vive me mandando fazer concurso público e outro dia soltou: “_Por que você não fez engenharia minha filha?”, e eu respondi “_Mãe, por que a senhora não faz? A gente já saiu de casa mesmo, não depende mais de você... Pode pagar uma faculdade particular até. Ou então o concurso... li um edital semana passada e vi que tem vaga para pedagogo”. Aí ela dá uma de vítima dizendo que só quer ajudar, blá, blá, blá.
Quando eu nasci ela disse que chorou porque eu era mulher e ela achava a vida de mulher muito difícil. Quando perdi a virgindade e contei para ela e para o meu pai (eles me diziam para contar tudo, que nossa relação tinha que ser de confiança, essas coisas...) ela ficou sem falar comigo por uma semana, sumiu um dia, e depois apareceu me tratando como se eu fosse uma desavergonhada que tinha dado para a cidade toda. Enquanto isso, meu pai ficou com o papel de conciliar os ânimos. Quando fiquei grávida (aos 25 anos, sem ser casada ainda), ela disse que eu tinha feito aquilo só para afrontá-la. Aí eu tive que dizer para ela não delirar, porque havia formas mais práticas, baratas e indolores de se afrontar uma mãe. Hoje ela vive babando a neta (sim, eu tive uma menina), pediu desculpas pelos delírios e tal. Foi assim que eu comecei a perceber que como a minha mãe, muitas mulheres têm esse ranço machista bastante arraigado. Com o meu pai, criado em uma família de 12 irmãos, com um pai alcoólatra, a coisa foi outra. Ele tem seis irmãs e uma mãe que respeitou desde moleque e trabalhou para sustentar desde que teve condições para isso. Com ele, sempre tive um diálogo mais tranqüilo. Aí eu entendo o quanto essa história de criação conta. Claro que a mãe dele também é machista, mas isso o afetou bem pouco, em comparação com a minha mãe, criada por um pai muito rígido e uma mãe também machista. Não é preciso dizer que com o meu irmão a história foi outra, né? E eu senti as agruras de dividir um apartamento com ele, por quase um ano. E adivinhem só: depois que eu me mudei, ele não conseguiu sobreviver sozinho. Agora divide apartamento com um colega de faculdade. Essas são algumas de minhas estórias machistas (e de terror).

Margot disse...

off topic - parece q é isso, acho q dá pra quebrar o galho, hehehehe:

How many choices are available to watch instantly via a Netflix ready device?

There are over 12,000 movies & TV episodes available to watch instantly, but very few are new releases. It's a separate, smaller library from our over 100,000 DVD titles.

Gisela Lacerda disse...

A propósito: nunca tive Barbie, pois era muito cara. Quando minha mãe ainda estava viva, me deu de presente uma Betina e eu motivo de "mini-chacota-do-bem" entre minhas amigas que tinham de tudo, pois os pais podiam comprar. Brincávamos de carrinho de rolimã, piquinique, brincadeira "de homem" e "de mulher". Nunca soube o que era machismo, até me ferrar no dia-a-dia muito por conta da minha aparência. Como uma menininha dessas não cumpre as regras designadas para as seres do sexo feminino?

Margot disse...

a propósito do machismo, q tal essa aqui?

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/12/081215_roboaikorw.shtml

via adri amaral

Anônimo disse...

Lola, isso não tem a ver com seu post, mas li seu post sobre a pornografia e achei que esses textos te interessariam (se é que já não conhece!):

http://rageagainstthemanchine.com/2008/04/12/why-porn-isnt-cool-part-1/

daí indo pra frente tem até a parte 6;

http://rageagainstthemanchine.com/2008/10/19/porn-part-7-it-takes-two/

e daí pra frente também tem a 8.


Nunca comentei aqui, mas acompanho seu blog a bastante tempo, adoro!

Anônimo disse...

Ah, Lolô, dá muito trabalho criar os filhos sem machismo na nossa sociedade consumista. Mesmo quando a gente sabe o que pode e o que não deve fazer, sempre aparece alguma coisa inesperada. Eu tinha sempre isso em mente quando vocês eram pequenos e dávamos brinquedos iguais pras meninas e menino. Ai cada um vai mostrando as preferências (impostas quase sempre pela sociedade). Os carrinhos foram parar no Iggy, acho que porque ele gostava. Mas nenhum dos meninos do prédio tinha bonecos, os namorados das Suzies, os desportistas e aventureiros da Estrela. Lembra? Nenhum menino conhecido do meu filho tinha bonecos. Eu vivia comprando, tinha uns quatro ou cinco. E vocês brincavam os três juntos de situações inventadas, faziam teatro. Mas acho que nós éramos diferentes. E também vivemos épocas diferentes. Hoje, não sei se é assim. Eu dei pra meu “neto” o Enrique, neto de uma amiga minha, uma roupinha de Homem Aranha que ele adorou. A outra avó, com a que eles moram, achou que roupa de fantasia pra uma criança de cinco anos é coisa de viado. E botou pra lavar e nunca mais voltou. Eu falei com ela e me saiu com essa: ”começa sempre assim, por usar essas roupas”. Ainda vou convencer ela que não é nada disso. Porque ela é uma boa pessoa, uma avó amorosa, só que cheia de preconceitos que ela já carrega de antes, sem pensar. Mas que da muito trabalho, isso da. E a gente tem que estar bem atenta e não deixar passar sem questionar. (Fica com fama de chata, sei.)
Agora que ta chegando o Natal, é bom lembrar que os brinquedos são importantes. Os jogos, os livros. Tem livros ilustrados que são totalmente machistas. E racistas. Temos que ler antes de dar.
E não é só isso: acho que temos que proteger às crianças contra o mau gosto do mercado. Tem brinquedos horrorosos. Não porque dão horror, mas porque são feios. É essa mania de antropoformizar tudo. Ta difícil comprar um simples brinquedo. Me parece que a gente tem que ter presente que não existe brinquedo pra menina e brinquedo pra menino. É tudo unisex, ne?
Imagino que ninguém mais da um revolver, ou um tanque de guerra, ou uma tabua de passar roupa. Ou dão? Estou bem por fora. As Barbies eu nunca dei porque acho feias e deformadas. E cada vez que vejo uma menina com Barbie observo que tem as unhas pintadas, ta usando saltinho, tem mils fivelinhas no cabelo, os lábios pintados. Essas mães estão erradas, gente. Tão deixando as crianças sem infância. Nelly

Anônimo disse...

Oi, Lola!

Caramba... acho que a minha família meio que destoa no quesito 'criação'. Tanto eu como meus irmãos (eu de um, meus irmãos de outro casamento de minha mãe) fomos criados ajudando na casa . Mais eu do que eles, claro, até por ser 7 anos mais velha, mas, eles ajudavam. Até que cresceram e pararam de ajudar. Mas aí era cada um por sí e ponto, outra história, outro contexto.
MASSSS, dentro deste pseudo-conceito de igualdade, eu vejo que a minha mãe, mesmo modernosa, ainda é uma feminista, mesmo que enrustida.
Quando têm conflitos relacionados ao casamento, ela invariavelmente 'entende' meu ponto de vista, mas sempre se adequa às necessidades de meu marido. Ou, do dela. É um tal de sempre chegar em casa antes de marido, não deixar marido sozinho, namorar estando ou não afim, deixar a programação de final de semana por conta dele (boring by the hour) e ela espera que eu siga seus passos, sempre com um olhar de reprovação quando ouso fazer o contrário...
É estranho, pois tenho quase 40 anos, uma filha, e ainda assim fico ansiosa esperando por uma aprovação.

Beijos

Anônimo disse...

Andréa, ótimo post. Parabens! Ainda bem que você sobreviveu inteira e forte, capaz de querer outra forma, mais justa em todo sentido, de criar os filhos. Bjs. Nelly

Ale Picoli disse...

Neste sentido eu sei que, se tiver filhos, vou ser uma mãe completamente diferente da minha. Há alguns dias, no anúncio oficial do noivado do meu irmão, ela fez comentários sobre "se preocupar com as filhas mulheres dormindo fora de casa". Sendo que era o filho HOMEM dela que estava dormindo fora de casa há mais de um ano e ela nem tchuns. Afinal, "com homem é diferente". Eu não estava lá, meu irmão que me contou, mas deu vontade de ligar e falar "NÃO É DIFERENTE, DONA MARIA!". Tantos anos com as filhas dela dormindo fora de casa e ela não aprendeu nada... Detalhe: meu irmão tem 32 anos e a "menina", uns 26.
Meu irmão não teve vantagens materiais por ser homem, mas foi muito menos cobrado do que eu e minha irmã. Teve mais liberdade pra tudo. Eu, por ser mais velha, tive responsabilidades adicionais. E, felizmente, fui também a primeira a me rebelar.

Giovanni Gouveia disse...

"A outra avó, com a que eles moram, achou que roupa de fantasia pra uma criança de cinco anos é coisa de viado."

Diga a sua amiga, cara Mamacita Nelly, que então todas as pessoas de Recife e Olinda (pra não dizer todo Pernambuco) são "viados", pois TODOS, e TODAS, usam fantasias, das mais variadas formas, desde a mais tenra idade. Meu filho brincou o primeiro carnaval dele aos 10 meses, ganhou 4 fantasias, uma para cada dia de folia: Passista de frevo, caboclinho (um folguedo carnavalesco criado pelos negros que imitam os índios), palhaço e "bam bam" (dos flinstones).
Quanto aos brinquedos, tá cada vez mais difícil encontrar bons brinquedos, mas os preferidos de meu filho são (apesar dos brinquedos que a gente compra após longa pesquisa de bons brinquedos): liquidificador, batedeira, vassoura, forma de bolo, máquina de lavar (essa ele só olha), claro que a gente não entrega nada ligado à eletricidade...

Masegui disse...

Lolinha,

Os muito chegados me chamam de Máru, a sílaba tônica é o "Má" (please, por obséquio). Vários me chamam apenas de Mário e alguns me chamam pelo nome duplo, que eu adoro, gosto muito mesmo, acho bonito, combina bem, etc.
Você pode me chamar de qualquer coisa, tô de mal, mesmo!

Quanto à esse machismo impregnado em que vivemos, é um caso sério. Eu fui criado á moda antiga, portanto, dentro desse padrão. Penso diferente, claro, mas ainda vivo mais ou menos dentro desse esquema... difícil de explicar, mas é assim mesmo. Não vou negar que já gostei muito do "status quo"... mas acho errado e tento direcionar minha vida no sentido contrário, embora encontre muitos obstáculos... um deles é a minha patroa, que foi criada na mesma época e "acredite se quiser" é mais machista do que eu...
Freud explica...

Raiza disse...

Bom,meu pai é um excelente pai,adora os filhos (todos os 7) e gosta de ser pai,mas não dá pra negar que ele é machista.Eu lembro quando eu quis fazer judô e ele disse em alto e bom som que não apoiava porque eu ia ficar "igual a um homem",idem para quando minha irmã quis fazer futebol.
Lembro também de um episódio em que estávamos eu,minha irmã e meu irmão sozinhos,meu pai tinha ganho um quadro cubano de uma outra irmã minha,nisso não sei o que deu na gente que resolvemos andar em cima do sofá,resultado?meu irmão esbarrou no quadro e o tal se espatifou.No fim EU E MINHA IRMÃ ficamos de castigo,e com meu irmão não aconteceu nada o.0 nunca mais esqueço disso.Teve outra vez em que eu tava fazendo a cama e meu pai veio reclamar que eu não estava dobrando os lençóis direito,aí ele pegou um pra mostar como fazia,aí ele disse:"Viu,até eu que sou homem sei fazer".Nem me lembro do que eu respondi,mas me lembro que eu fiquei passada.fora isso o de sempre,de meus irmãos poderem fazer tudo,e eu e minhas irmãs não.Mas felizmente eu e minhas duas irmãs não engolimos não,parece que a criação machista surtiu o efeito contrário,minha irmã mais velha hoje é do PC do B e vai viajar sozinha e tá morando sozinha em Brasília,ela deixou o namorado aqui,e não pretende ter filhos tão cedo,apesar de meu pai querer um neto.e minha outra irmã fez o futebol ele querendo ou não,e eu volta e meia fico discutindo com ele aqui.
Quanto a minha mãe,apesar dela ter um emprego e exigir que futuramente eu tenha um também,ela também é machista,ela diz que não mas também é,por exemplo,meu pai controla todo o dinheiro dela,ela tem que pedir dinheiro pra trabalhar todo dia.
Eu adoro meu pai,não trocaria ele por nenhum do mundo,mas quando eu casar vai ser com um cara bem diferente dele.

Valmendel disse...

Lola, é incrível como no mundo moderno ainda existam famílias assim. Minha avó faleceu servindo café na xícara para meu tio, e minha mãe reproduz exatamente a mesma atitude com meu irmão. Ele tem 28 anos e ela passa até a manteiga no pão para ele. Ao passo que, se me visse parada, quieta, me arranjava algum serviço doméstico para "ajudar". Sempre foi assim. A diferença é que eu consegui casar com um homem que, verdade seja dita, faz mais que eu em casa! Ele morava sozinho quando nos conhecemos e ele mesmo limpava o próprio ap. Hoje em dia temos uma bebê de 10 meses, e é ele quem cuida da casa, porque entende que depois de um dia inteiro fora, a filha quer a mãe. Aproveito para comentar que gosto muito de te ler. Parabéns por nos presentear com conteúdos e idéias tão sensatos.

Anônimo disse...

Eu sempre achei que a vida de menino era mais interessante... a liberdade de poder ir, voltar sempre mais tarde, a linguagem que "moça" nao deve usar, o jeito de sentar, os brinquedos entao... meu sonho era ganhar uma caixa bem grande daqueles legos.... so que sempre era tudo pra menino.. ai o jeito era ser feliz com alguma boneca loira e magrela.

Abraços Helena

Anônimo disse...

Olá Lola!
Nossa como acontece isso que a Andrea relatou..
O comentário de minha avó é um exemplo. Em sua família há um casal jovem, e houve uma época em que os dois estavam desempregados. Eles não são muito chegados em limpeza, fazer comida etc. Nessa época minha avó e suas comadres viviam falando mal da "esposa", de como ela era suja e preguiçosa e de como ele podia deixar a casa naquele estado etc. Ou seja, os dois estavam em casa e só a "esposa" que era a preguiçosa. Este é só mais um exemplo de machismo as vezes tão sutil que escutamos todos os dias, e por mulheres!

Ainda bem que nem meu pai, (curioso que foi criado por esta mesma avó, mãe dele!) nem meu namorado com o qual divido apartamento são assim.Aqui em casa, por exemplo, funcionamos por aptidões. Ele cozinha porque adora e eu lavo louça.

Este machismo está tão presente que nem sempre percebemos quão desiguais (num mal sentido!) somos tratadas né..

Abraços Lola ;)

Anônimo disse...

Lola eu li o post mas não li os comentários que pelo jeito (dei uma espiadinha rápida), estão ótimos.Ai Lola acho que não sabemos
o tamanho desse problema chamado a ditadura do machismo. Sempre que eu penso nesta realidade me dá uma vontade de descobrir como é que a situação ficou deste jeito.
Foi bom mesmo que não tive filhos homens pois temo que os educaria erradamente. O machismo entranhou na cabeça da gente e coligado com as religiões, com os meios de produção,as relações de família, etc.É algo que nos oprime, nos sufoca.
É uma rede, uma mordaça. E há muito tempo, mulheres sábias demonstraram isto.
Neste ano de 2008 Simone de Beauvoir completaria 100 anos se fosse viva.
Estou relendo o livro de Alice
Schwarzer, "Simone de Beauvoir Hoje". É muuuito bom. Fatima.

Anônimo disse...

Lola, vc abriu mesmo o divã não é? Esse guest-post é convite para a gente botar tudo para fora.


Nossa amiga foi muito corajosa em sair de casa, em não admitir esse tratamento dentro da sua própria familia. Me pergunto se os seus pais refletiram sobre isso. Eu também tenho uma irmã e sei que eu sempre fui privilegiado, minha irmã desde cedo já trabalhava cuidando da casa toda e brigava muito com a gente para não sujar. Eu e meu irmão não ligavamos muito para essas reclamações porque achavamos que era assim que tinha de ser e acabavamos brigando com ela também. Hoje vejo como foi dificil para ela, dentro da nossa familia, ter que "aceitar" essas coisas. Enquanto nosso pai nos queria ver livres da virgindade o mais rápido possivél, para ver que eramos mesmo homens...a minha irmã era ameaçada a ser expulsa de casa e retirada da escola caso tivesse algum namorico sequer. Se fizesse sexo teria que casar! Nosso pai foi um ditador conosco, muito mais com ela, e minha mãe não tinha forças para ir contra ele.
Gosto de te ler dizendo que espera criar seus filhos de maneira diferente...meus pais com certeza tiveram educação ainda mais rigida, mas não aprenderam, e passaram todos esses erros para nós. Tenho certeza que eles acabaram aqui.

E Raquel, o teu irmão já parou no tempo, deixa ficar para trás.

Mamacita, então é assim que ela acha que as pessoas "viram" viado? Que mente fértil. Espera, mas o homem-aranha não namora Mary Jane?

Anônimo disse...

Na minha família na verdade são apenas 2 filhas, tenho uma irmã por parte de pai, e meu pai nunca tentou esconder que preferia a mim. Eu sempre achei isso meio nojento, sou a mais velha e fui tratada como "homem" enquanto crescia, com os privilégios e elogios que um menino receberia, mas isso não por opção do meu pai. O meu avô materno (a quem meu pai "puxava o saco", por assim dizer) que veio de uma família judia matriarcal dizia para o meu pai que eu era "um líder" e não uma menina, logo meu pai deveria me respeitar como "futuro líder".
E assim aconteceu, estudei em colégios federais, passei na universidade publica, aprendi idiomas, sempre com a proteção do meu avô, que não deixava o machismo do meu pai reinar sobre mim (mas minha irmã sofria as conseqüências).
Mas isso só durou até meu pai descobrir que eu dormia com meu namorado (isso aos 20 anos! nem era o primeiro), aí era como se eu afrontasse ele por me afirmar como mulher, como ser sexual. Parei de receber dinheiro, e ele não fala comigo direito desde então, superei pois já me sustentava e tinha aprendido a não ligar para as opiniões do meu pai.
Para piorar o meu avô morreu, e justo ele, de uma geração anterior aceitava sem repressão a minha vida sexual ativa, minhas viagens, meus namorados. Meu padrasto (que morreu esse ano também, e foi meu "pai" por 14 anos) apoiava meu avô nessas decisões.
Eu ainda tento ajudar a minha irmã a se desprender das opiniões do meu pai, mas ela é obcecada pela atenção dele e me vê como uma concorrente, enaquanto a mãe dela não faz nada para ajudar. Meu pai é muito machista, na verdade ele pode ser chamado de "chauvinista", nunca agrediu um homem, mas agride mulheres verbalmente (e fisicamente!). Eu sou a única mulher que nunca apanhou dele (nisso posso incluir minha mãe e a nova mulher dele, que até hoje é agredida), mas sei que devo essa proteção ao meu avô, que sabia como intimidá-lo, ao meu padrasto e à minha mãe, que ao menor sinal de agressão (mesmo verbal) ameaçava-o com processos legais.
Mas quantas mães são assim? Eu, sinceramente, não conheço nenhuma.

Tina Lopes disse...

Ufa, por partes. Mamacita, lá em casa a Nina tem diversas Barbies que ganhou, vestidas de princesas ou não, e te juro que elas não influenciam o comportamento dela - é uma peruinha sim, gosta de cor-de-rosa e unhas pintadas, mas também faz judô, joga bola, vive de pés descalços e sonha em ser médica ou professora (como o pai). Acho complicado não dar a Barbie, ou devolver os presentes, porque não adianta esconder a criança do consumismo: você tem que ensinar a lidar com isso; a Nina sabe que eu não tenho dinheiro pra tudo que ela quer, e que pra ter mais dinheiro, eu vou ter que passar menos tempo com ela, trabalhando etc. Com relação às mães, acho que todas têm culpa, sim. Minha sogra, por exemplo, é uma incoerente: ensinou os filhos a fazer pão, arroz, feijão, lavar, passar, mas só pra se virarem quando estavam morando fora, pra estudar. Na casa dela, não deixa nem que lavem a cueca. Chegou a dar receita errada de um pão (eu acho) pro meu marido porque, lá no fundo, não gosta que o filhinho cozinhe enquanto a mulher faz as unhas (olha o meu exemplo pra Nina...). Quantas vezes os homens dizem: "deixa que eu faço" e as mães/esposas - não, que é isso, deixa comigo. Bem, admitamos que o gene da limpeza é defeituoso quando se trata de homens. Eu mesma prefiro fazer as coisas em casa. Enquanto o marido brinca de bonecas ou de luta com a Nina, claro. Bjks.

Anônimo disse...

Gente, eu nunca comento em nenhum dos sites/blogs que visito, mas dessa vez não pude resistir.
A minha mãe foi criada por um pai machista e uma mãe mais machista ainda. Me surpreende as reviravoltas que podemos dar quanto a educação.
Mas quanto ao machismo da família ela nunca conseguiu se livrar por inteiro... Infelizmente.
Um dos piores episódios eu consigo lembro dela me contando com lágrimas nos olhos. Quando ela era adolescente eles eram muito pobres e dormiam os 9 irmãos no mesmo quarto, ela, querendo estudar para os concursos e vestibulares da vida, passou a juntar dinheiro para comprar tijolo por tijolo e construir um quartinho só pra ela estudar com silêncio pela madrugada.
Quando ela finalmente conseguiu terminar de construir o quartinho o pai dela pegou as chaves do quarto e entregou para o irmão dela com o seguinte slogan: ele precisa mais do que você.
O fato é que ele tinha 13 anos e a minha mãe 19. Não preciso nem dizer o significado de tanta "precisão" para ele, né?!
Ok.
A minha mãe acabou saindo de casa e casando com um marido opressor-machista-violento que não aguentou o fato da esposa ganhar mais do que ele.
Já separada, a minha mãe teve que aguentar todos os comentários da família do tipo: "como você vai fazer sozinha com essas duas meninas?". A minha mãe respondia com um "como eu sempre fiz: sozinha".
Era muito melhor ter um marido bacana assim do que ter que carregar o fardo de ser "des-qui-ta-da".
A gente não entendia nada das fofocas das tias que apanhavam do marido e coisas assim. Mas das mesmas tias já ouvi comentários do tipo: "essas meninas ficam abrindo as pernas sem nem ganhar presente. Espera ganhar ao menos uma correntinha de ouro pra depois abrir as pernas". E eu lembro da minha mãe dizendo: "oi? isso se chama prostituição?".
Pra mim e pra minha irmã isso tudo era muito confuso e continua sendo porque a minha mãe assume posições claras em casa mas, já com 60 anos, esconde até hoje o namorado de toda a família. "A sua avó não iria entender". Nem a minha avó, nem aquele bando de misóginos beem-criados e nem toda uma geração.
Bom, a minha avó tanto fez que conseguiu colocar dentro da nossa casa, que era um delicioso lar de meninas: eu, minha querida irmã e minha amada mãe, um tio que ela criou baseada em todos os conceitos do machismo que ele encontrou pelo caminho. Esse tio casou com uma mulher maravilhosa que, claro, não aguentou e rapidinho mandou ele de volta pra casa da minha vó.
Ele ficou lá, vivendo como um rei e a minha avó logo deu um jeito de mandar ele morar lá em casa com a desculpa de que ele estava doente e tudo mais. Ok. Precisa dizer que ela quis nos 'proteger' e nos 'afortunar' com a presença de um homem por lá?
Agora a gente vive muito bem com o vaso sanitário diariamente TO-DO mijado e a minha mãe, que não come carne, voltou a comprar garndes bifes no supermercado.
A comida dele é especial, a roupa dele é lavada com outro sabão mega-especial e ninguém pode viajar e deixar ele sozinho porque ele não lava um prato sujo. É sério.
Pra arrematar:
o primeiro neto da minha avó nasceu com um pênis entre as pernas. E o melhor: virou engenheiro.
Ele anda namorando uma psicóloga que trabalha com detentos. Ela é linda, legal, inteligentaassaa e gorda.
A preocupação da minha vó e das mulheres da minha família têm sido: como que essa menina vai ficar depois de engravidar? Que tamanho ela vai ter?! Meldels!
E assim segue...
Ufa...
Moema Carvalho

Serge Renine disse...

Andrea:

Queria te lembrar uma coisa: primogênito é o primeiro filho HOMEM. Neste contexto mulher nem existe. Coisas, ainda, do Abraão e seu velho testamento.

Tina Lopes disse...

E sabe de uma coisa, Lola? Fazendo um balanção geral aqui dos machistas do lado paterno e materno da família, cheguei a uma conclusão: os protegidos da mamãe que aceitavam o tratamento especial viraram todos um bando de bundas-moles. No geral, é isso: tentam criar machão e ganham bundão. (hoje estou sem papas na língua, sem crasse total)

Leila disse...

Eu havia comentado sobre isso em outro comentário. Concordo q a criação é essencial para formar uma pessoa, as mães são altamente responsáveis, assim como as esposas.
Sei atá do meu pai "amor, vc fez meu prato?", "fez minha mala?", "lavou minha roupa?" e se nao faz da maneira que querem ainda reclamam... bahhh!
Eu sinto que pra mim isso foi um pouco pior pois nao aceitava mtas coisas, eu e minha irma tinhamos q por a mesa, lavar a louça fazer a comida!!!
Outra coisa até hj, meu irmão meche no pc, é ele q sabe é ele q faz, algumas vantagens q ele tem como ter o quarto só dele (eu dividia c minha irmã), meu irmao que decide que tv meus pais vão comprar, que computador, etc..
E claro, pode sair a noite sozinho, pq mulher saindo a noite é perigoso, os argumentos são sempre os mesmos, vc é mulher, é perigoso, pq ele é homem.
Com meu namorado eu já sou firme, mas ele tbm ajuda muito, quando eu estou limpando minha casa ele me ajuda e na casa dele ele prefere q eu não faça pq ele gosta de organizar do jeito dele, mas eu já percebo que ele não é machista.
O Dan tem o seguinte pensamento "Qualquer homem e mulher tem as mesmas potencialidades, porém algumas coisas são mais fáceis para homens e outras para mulheres, existem sim diferenças, mas não incapacidades"

lola aronovich disse...

Legal, Lila, já li e respondi.


Rachel, obrigada por contar a sua história. Eu sou irmã mais velha, e gostaria de saber mais sobre o que a psicologia tem a dizer sobre os irmãos mais velhos, do meio, mais novos, o quanto essa ordem influencia no comportamento de cada um. Li algumas vezes que é mais difícil pro irmão do meio. Mas certamente deve haver muita diferença entre uma irmà mais velha e um irmÃO mais velho. Assim como na China, onde a maior parte das famílias têm filho único, a “síndrome do pequeno ditador” deve ser muito maior no caso de meninos que meninas.
Incrível que seu irmão de 24 anos se comporte com tanta falta de maturidade ainda hoje. Vc se recusa a fazer algo na hora, e ele te chama de gorda?! É lastimável que tantos homens lidem tão mal com recusas. Reagir com violência, mesmo violência verbal, é sinal de quem não sabe se expressar de outro modo. E, como mães e professoras de meninos, temos culpa nesse cartório.
Mas fico feliz que vc não se deixa abater e siga a sua vida, fazendo o que quer. Só tenho um pouco de pena da moça que se casar com seu irmão... Não será fácil.

lola aronovich disse...

Gio, sem dúvida, concordo plenamente com vc. A responsabilidade pra acabar com o machismo é das mulheres e dos homens. O que vc diz tem tudo a ver com um ótimo livro que estou lendo no momento, escrito por um homem: Stopping Rape: A Challenge for Men (Parando com o Estupro: Um Desafio para os Homens). Planejo escrever sobre ele. Que bom que vc divide tudo com a sua mulher. Claramente este é um ótimo exemplo pro seu filho.


Gi, não é uma questão de culpa ou de acusar alguém. A culpa é do sistema, não de indivíduos. Só acho que nós mulheres devemos também assumir nossa responsabilidade. E que os homens devem assumir a deles, lógico. Não acho que o patriarcado é um sistema bom para homens ou mulheres.
E lembra daquele post que escrevi sobre privilégio masculino? Eu não disse que a vida dos homens é fácil. Apenas que não é tão difícil quanto a nossa.
Discordo contigo sobre criticar o aumento da licença maternidade. A licença paternidade também é importante - e é ótima não apenas pros homens, mas pras mulheres e pro bebê -, mas, como a maternidade afeta muito mais diretamente as mulheres que homens, a licença maternidade deve ser maior. E essa lei que impede que “maridos grávidos” sejam demitidos é muito boa. Não dá pra ter uma lei que proíba pessoas que têm uma família de serem demitidas, porque aí já é quase todo mundo. Mas dar “nove meses” pra um homem antes de demiti-lo me parece muito justo. Aliás, sou a favor de quase todas as leis que amenizem o capitalismo selvagem que impera no mundo.

lola aronovich disse...

Elisa, querida, que legal que seu coração acelerou pra falar sobre isso. Gostei muito do seu relato. Mas, convenhamos, que bom que vc ao menos nasceu numa época em que vc teria condições de ser engenheira, e só não é porque escolheu profissão que te interessa mais. Que a Tradicional Família Mineira visualize mulheres engenheiras é sinal que ela mudou um pouquinho. Mas, claro, as outras coisas que vc narra continuam iguais! Há, é até engraçada a reação da sua mãe a sua sexualidade. Primeiro vem com um papo que “confiança é tudo”, e depois entra em parafuso, né? Isso da médica subir no conceito da família porque bordou o próprio enxoval (imagina o quanto o noivo cairia no conceito da família se ELE bordasse o próprio enxoval!). Ah, eu li Casais Inteligentes Enriquecem Juntos. É muito bom, até. Mas como só há uma parte inteligente no casal de que faço parte...
Mas o importante é que parece que sua mãe aprendeu muito, está mudada, pediu desculpas. Ela evoluiu! E a neta dela, sua filha, certamente terá uma educação diferente da sua.


Mi, a Netflix já tem 12 mil títulos pra watch instantly? Ai, ai, ai. Isso é TÃO legal! Eu sinto falta da Netflix, sem dúvida. É verdade, tem muita coisa que não presta nesses 12,000 títulos, mas também tem montes de coisa legal.

lola aronovich disse...

Gi, Betina?! Eu nem me lembro disso. Eu tinha algumas Suzis. Cortava o cabelo delas, coitadas. Lembro que tive uma Suzi negra que era raríssima, e linda (até que eu cortei o cabelo dela também). Mas eu brincava de tudo, e jogava muito futebol. Adorava jogar futebol...


Ah, obrigada, Mi. Outra leitora já tinha me falado desse robô-mulher criado pelo cientista. Parece uma boneca inflável que tem a vantagem de limpar a casa. É a fantasia masculina, né?

lola aronovich disse...

Nathy, muito obrigada pelos links. Quer dizer, em parte: já faz HORAS que só estou lendo o blog que vc falou. Muito bom! Agora preciso escrever a minha tese... Mas todos esses artigos que a blogueira escreveu serão úteis quando eu escrever sobre pornografia. Abração!


Mãe, o que mais me lembro é que eu tinha muito Playmobyl, muito Hering-Rasti, e algumas Suzis. E que eu adorava fazer revistas pras Suzis, porque uma delas tinha uma banca de revistas e era jornalista. É, acho que ela era jornaleira E jornalista. Eu inventava tantas capas de revista pra elas... Carrinhos eu realmente nunca tive nenhum interesse. Mas sabe, acho que vc está por fora sobre os brinquedos de hoje. Pelo que li, eles nunca estiveram tão “gendered” como hoje! Parece que não existe mais brinquedo unissex. Se vc entra numa loja, tem uma ala toda rosa que é só pra meninas. E os brinquedos dos meninos continuam sendo coisas pra matar sim. Exércitos, armas... Isso pelo que li, porque faz muito tempo que não entro numa loja de brinquedos. Puxa, isso de proibir menino de usar fantasia de super-herói porque vira gay é novidade pra mim. Nunca ouvi falar!

Leila disse...

Lola, Cuca fundida é um livro do Woody, na verdade é uma compilação de seus melhores "contos", na verdade das histórias que ele escrevia para um jornal (ai não lembro qual agora)
Ah e é mto bom! nossa com aquele humor negro dele engraçadissimo! Me diverti mto lendo!

lola aronovich disse...

Que bom, Chris, que vc teve uma experiência diferente na sua criação. E como é difícil pra sua mãe e pra tantas outras mulheres (talvez nós, inclusive?) entender que o marido nem sempre tem razão! Isso porque somos criadas pra não discutir e sempre satisfazer os homens. É dificílimo quebrar esse padrão de “caretaker” que temos. E tanta coisa é estranha, né? A gente sabe disso tudo, racionaliza em cima disso, mas não consegue escapar direito de todas as ditaduras que nos são impostas...


Mãe, faço minhas as tuas palavras pra Andrea.

lola aronovich disse...

Ale, pois é, isso de homem dormir fora de casa tudo bem, mulher não, é algo tão século XX... Aliás, século XIX. Difícil acreditar que as pessoas ainda repetem isso depois dos anos 60. E claro que os meninos são criados de forma totalmente diferente que as meninas. Depois crescem achando que podem tudo e a gente ainda fica surpresa...


Gio, e não só o pessoal de Recife! O que dizer das criancinhas americanas que comemoram Halloween vestidas de super-heróis, bruxinhas etc? Vamos ter uma epidemia de homossexuais no mundo! Aí sim a gente vai ser extinta, como pregam os héteros mais conservadores!
Ah, que legal que seu filho está sendo criado de forma diferente! Uma das coisas que as crianças gostam de fazer é imitar os adultos, os pais. Por que achar que só menina gosta de brincar de casinha?

lola aronovich disse...

Oi, Máru! Até que enfim temos um apelido! Estava pensando em vc: como está a situação em Minas? Sob controle? Trágica? Lembro que vc falou da chuva fina mas insistente de segunda...
O importante é que vc está ciente de que foi criado de um jeito machista, e quer mudar isso. Vc já se rebelou, Máru, ou nem estaria lendo este blog... Seria bom se a patroa lesse tb, ou se vcs ao menos conversassem sobre algumas coisas.


Puxa, Princesa Raíza, adorei o seu relato, viu? Vc aponta algo muito importante: dá pros pais serem ótimos, maravihosos, queridos, e mesmo assim serem machistas. Eu amava muito o meu pai, amo ainda, pra mim ele foi o melhor pai que já viveu, e em muitas coisas ele era feminista. Mas ele falava pro meu irmão (dois anos mais novo que eu) pra “cuidar das irmãs”, e meu irmão levava a sério. Ambos consideravam que esse era seu papel de homens, cuidar das mulheres, mesmo quando não havia perigo algum. E isso condiz com o que vc conta do seu pai. Ele não querer que a filha faça judô porque “ficaria igual a um homem” realmente quer dizer que só homens podem lutar. Só homens podem proteger as mulheres. Mulheres não podem se proteger sozinhas. E o pior é que a gente tem que se proteger do quê? De outros homens...
Acho que essas injustiças infantis todo mundo lembra de uma, e tenho certeza que elas devem ser muito mais comuns entre as meninas. E como que pode isso da sua mãe? Ela trabalha, e mesmo assim depende de “mesada” do marido?! Conheço vários casos assim... Mas muito interessante como, apesar dessa educação machista, vc e suas irmãs saíram tão diferentes. Isso mostra que resistir é possível.

lola aronovich disse...

Val, obrigada a vc! Ai, ai, mãe passar manteiga no pão de um marmanjo de 28 anos me dá nos nervos! Aliás, no de 8 anos tb. Uma das funções dos pais é ensinarem os filhos a serem independentes. Como ensinar isso passando manteiga no pão? E claro que uma mulher que faz até isso pelo marido e filho vai estar sempre ultra-atarefada. E aí precisa convocar as outras mulheres da família, que só nasceram pra isso mesmo, pra servir. Que bom que vc encontrou um homem diferente, e que vc e ele, juntos, estão criando uma pessoinha que não vai reproduzir um padrão ultrapassado. Abração!


Helena, pois é, montes de coisas, né? É verdade, até agora ninguém tocou na questão da linguagem, mas como isso existe! Menino pode falar um monte de coisas, mas certas palavras na boca das mocinhas não pega bem. E o jeito de sentar?! Ah, eu tive sorte de ter Lego (que na época eram muito melhores, chamavam-se Hering Rasti). Eu construía muita coisa com eles. Em geral casas...

lola aronovich disse...

Má, é, eu sabia que o relato da Andrea ia gerar muita identificação, por que que mulher já não foi discriminada em casa? Deve ser pra gente aprender o que nos espera mais pra frente... Ai, ainda bem que eu e o maridão moramos sozinhos e não tem ninguém espiando a nossa vida, porque aqui é igualzinho ao casal que vc descreve. A casa não é limpa. Claro que, pra alguém de fora, se fosse preciso escolher um pra criticar, seria eu. Só porque sou mulher! Mas calma aí, eu faço um blog que me toma muito tempo, tenho uma tese pra escrever, mil livros pra ler, POR QUE eu precisaria ainda cuidar da casa? Em compensação, o maridão, que passa muito tempo sem fazer absolutamente nada (só lendo blogs), nunca limpa nada sem que eu implore. E quando limpa, muito a contragosto, faz mal-feito. E fica muito irritado se eu digo que o negócio foi mal-feito. Porque, afinal, ele é homem, e como ele não deveria estar limpando nada, por ser homem, qualquer coisa está mais do que bom... Eu canso, desisto, e não peço mais nada. Vivemos num chiqueiro. Que bom que na sua casa é diferente, Má!


Fá, é, os comentários estão ótimos mesmo! Leia depois, vale a pena! É verdade, é muito difícil mudar isso, porque está totalmente enraizado na gente. É algo martelado na gente dia após dia. É uma lavagem cerebral, ué. Tanto nas nossas cabeças quanto nas dos meninos. A gente cresce reproduzindo exatamente o sistema. E por isso vemos tantas gerações sendo tão machistas quanto a geração dos pais. Mas também vemos gente que se rebelou contra o sistema. E novas meninas e meninos sendo criados de forma bem diferente. Isso me dá esperança. Mas esse sistema que nos oprime, nos sufoca, essa rede, essa mordaça, tem um nome: patriarcado. E tem um monte de gente que revira os olhos ao ouvir esse termo hoje. Mas por que, mudou muito? Muitas meninas são educadas de outra forma hoje?
Eu preciso ler O Segundo Sexo. Nunca li! Mas agora vai ser difícil, com montes de coisas pra ler...

Anônimo disse...

Nossa, me identifiquei demais com a historia da Andrea.
Sou de Sampa e trabalho em Sao Jose dos Campos. Sai de Sampa por varios motivos: alem do salario e do trabalho serem mais legais, eu ja estava cansada da forma q era tratada. Ate hj, boba que sou, vou todo fds pra casa. E sempre choro ao ver a situacao.

Eh o seguinte: meu pai praticamente deu um carro pro meu irmao. Eu terminei graduacao e mestrado e nunca ganhei nada. Meu irmao vai mal na faculdade Meu pai simplesmente me acha uma incapaz de dirigir, sempre faz comentarios q me deixam pra baixo. Ele nao confia e nunca confio na minha capacidade. Meu pai tem a cara de pau de querer saber mais do que eu assuntos que eu estudei muito em todos estes anos de faculdade. Ele, como homem, sempre acha que sabe tudo.

Minha mae nunca bateu de frente com meu pai. Ela foi criada para ser assim. As vezes ela fala alguma coisa, ou outra. Mas nunca intercedeu ao meu favor. Nunca.

mas nao tem problema, sou orgulhosa e capaz o suficiente para comprar meu carro. Ja poderia comprar agora, inclusive. Mas estou juntando o dinheiro para outro projeto muito mais legal que uma maquina poluidora.

Quanto ao meu namorado, ele nao eh machista. Gracas a Deus. Ele tem orgulho das coisas q eu falo, ouve minhas opinioes e tem orgulho de onde eu cheguei. O mesmo sentimento tenho com relacao a ele. Sabe, o segredo 'e simples: igualdade. Ele me trata com igualdade. Mas ainda nao temos planos de casar, cada um esta sozinho lutando pelos seus objetivos e conquistando seu espacinho.

Andreia, fiquei triste ao ler sua historia, mas pelo menos vi q nao sou a unica. Espero q a gente ven'ca esse mundo e seja feliz completamente :). Nao so nos duas, mas todas mulheres.

lola aronovich disse...

Cavaca, que legal o seu comentário, pra variar! Ótimo mesmo. Fico feliz que vc tenha evoluído e possa ver hoje o que não via quando era criança, e não percebia a dificuldade que era pra sua irmã. Vc, quando (se) tiver filhos, certamente não vai tratar sua filha e filho de forma diferente. Isso de tratar a menina como uma empregada doméstica mirim é fogo.. E o padrão duplo em torno da sexualidade? Tem que ter uma mente muito boa, refletir bastante, pra se sair bem de uma infância e adolescência tão repressoras quanto a sua (e pior pra sua irmã, claro). Ahn, eu não disse que criaria meus filhos de forma diferente. Até porque não vou ter filhos, e porque minha educação não foi repressora. Mas aqui há várias leitoras com filhos e filhas que estão fazendo a diferença. Isso me deixa muito feliz.
Há, quando eu vi o primeiro Homem-Aranha, no cinema, os pré-adolescentes ficaram revoltados porque o Aranhudo não beija a Mary Jane no final, e fizeram um coro de “Viado! Viado!”. Deve ser por causa da fantasia - que o Peter Parker só fez depois de adulto...


Mary V, que barra, hein? Sinto muito por vc ter perdido seu avô amado e seu padrasto no mesmo ano. Não entendo como seu pai, que bem ou mal sofria influência do seu avô, podia (pode) bater em mulheres! E como é isso d'ele se revoltar contigo porque descobriu que vc tinha vida sexual... aos 20 anos?! Fico feliz por vc ter conseguido se desvencilhar dele e tentar influenciar a sua irmã. Deve ser muito difícil pra ela, que viu o tratamento diferenciado que vc recebeu. O que me revolta é que, mesmo que a gente saiba de situações assim, onde há um homem abusivo na casa, a gente não pode fazer nada. É da esfera privada. É como se o lar fosse realmente o castelo do homem, onde ele pode mandar e desmandar. Torço pra que a atual mulher do seu pai acorde logo e saia deste relacionamento abusivo.

lola aronovich disse...

Tina, ah, gostei do termo que vc usa pra Nina, “peruinha”. Olha, nessas horas em que vejo o consumismo exacerbado das crianças, toda a mídia que as ronda para que elas consumam cada vez mais e mais cedo, eu fico feliz de não ter filhos. Porque imagina a minha decepção, como feminista, se minha filha virasse fã da Xuxa e quisesse ter montes de modelitos?! E sei que não teria nada a ver comigo, mas tem como fugir do consumismo? Eu não conheço tantos homens que dizem “deixa que eu faço”. O maridão aqui só diz quando ele sabe que estou quase no fim... Mas não posso falar muito; ele lava a louça em geral (lava meio mal, mas lava), e faz sanduíche à noite. Mas é outro que tinha uma mãe pra fazer tudo por ele em casa!


Moema, que ótimo que vc resolveu comentar! Comente sempre, porque quase todos os sites/blogs que vc lê devem adorar receber comentários...
Muito boa a história da sua mãe (até o epílogo). Sua mãe realmente conseguiu dar uma reviravolta na vida. Esse episódio de construir um quartinho tijolo por tijolo, e no momento que o quarto está pronto, ela ter que dar as chaves pro irmão, é tão emblemático... É de cortar o coração. Imagine a lição de vida que isso passa pra uma menina? E também pra um menino? E esses comentários das tias sobre abrir as pernas em troca de correntinha de ouro, e o fardo de desquitada... Pelo menos esse último não existe mais, mas o fardo de mulher divorciada ainda é grande.
E isso da sua mãe ter que esconder um namorado aos 60 anos?! Como que pode? Mas vai ser livre quando?
E esse tio agora?! Ah, manda ele de volta pra casa da sua avó! Que é isso, quem precisa de um homem “protetor” desses pra tomar conta? Se sua avó acha tão importante que mulheres cuidem dele, ela que cuide.
E sobre a namorada psicóloga do primeiro neto da sua avó... Ai, isso é tão típico! Cansa, né? Sua avó parece ser uma péssima influência pra sua família, desculpe dizer.

lola aronovich disse...

Serge, tem razão, o termo “primogênitA” não tem nem por que existir. Não tem importância. O importante é ser varão (como é ainda na monarquia).


Tina, concordo! Tem muito protegido que acaba virando bundão.

Anônimo disse...

Sem dúvida o parte do machismo dos filhos é reflexo do machismo das mães.

Esse ano, no curso de inglês, a professora perguntou aos alunos quem sabia cozinhar. Nenhum dos homens sabia, e ela disse algo como "ah, mas vcs nem precisam saber; as suas mulheres cozinharão pra vcs". Ou seja, pra ela cozinhar é coisa de mulher. Esta professora é mãe de um casal e provavelmente criou os filhos de forma diferente, o menino como o rei e a menina como a escrava doméstica.

Outro caso de machismo que eu percebi ontem: uma amiga minha terminou o namoro de dois anos, então ela, que tá toda triste, tem saído quase toda noite (fééérias, uhuul!) e ficado com quem a interessa. Nada exagero, só não tá sendo fiel a ninguém. Por exemplo, beijou uns oito caras depois do fim do namoro (que tem um mês e meio, aproximadamente). Daí ontem meu irmão veio me falar que ela está muito galinha, que vai “ficar com fama”, essas coisas. Sendo que ele acha normalíssimo os amigos ficaram com oito numa única noite.

Enfim, coisas que eu não entendo.

Aldrin Iglesias disse...

Onde eu assino?

É bom perceber q ensinamos o q aprendemos. Isso n diminui a responsabilidade, mas mostra q o machismo tem uma, digamos, tremenda infra-estrutura histórica. É antigo.

- quantas namoradas tem meu garotão?
- minha princezinha tá namorando? qual é o nome dele?

pequenos detalhes.

Lola, já coloquei o link de seu blog no meu blog.
Abraços!

lola aronovich disse...

Leila, pois é, esse é o tipo de educação que realmente “prepara para a vida”. O menino cresce mandando, sendo influente na casa, tendo poder de decisão, um líder, e as meninas crescem servindo, treinando pra vida doméstica, e não tendo nenhuma liberdade. Homem pode tudo, mulher fica quieta. E o sistema vai se perpetuando... É triste notar que não houve tanta mudança da revolução sexual pra cá. A gente esperava que as mudanças fossem muito mais profundas e imediatas, mas cá estamos, no século 21, com tantas meninas jovens relatando uma história parecida às de suas mães.
E é isso mesmo: existem diferenças entre homens e mulheres (a aptidão “nata” pra cuidar da casa NÃO é uma delas). Mas quem determina que essas diferenças fazem o homem SUPERIOR à mulher?
Ah, e esse “Cuca Fundida” eu não conhecia não. Vou incluir na minha lista de leituras pra quando eu tiver algum tempinho pra ler (em 2010, talvez?).


Samantha, querida, mas me explica uma coisa: agora que vc já é adulta, indepentente, tem um namorado que te trata como gente, por que vc insiste em ir pra casa de seus pais todo fim de semana? É que o que vc descreve do seu pai parece ser tão abusivo! Não precisa ser fisicamente abusivo, pode ser emocionalmente abusivo. É péssimo ter alguém que vai contra os nossos projetos, que nos julga incapazes, que apesar de não ouvir sabe muito mais que a gente sobre todos os assuntos.. Se vc chora toda vez que vai pra Sampa, não sei, talvez o melhor seja dar um tempo. Não estou promovendo a desunião entre pais e filhos, mas se os pais não acrescentam nada (muito pelo contrário), acho que devemos cortar o cortão umbilical o quanto antes, sim.

lola aronovich disse...

Túlio, nananinanão! Não é reflexo do machismo das mães só! É dos pais também! Às vezes muito mais do pai que da mãe. E, mais que de um ou outro (que fazem parte de um mesmo sistema), a responsabilidade é do patriarcado, um sistema falido, que não faz ninguém feliz, nem homens, nem mulheres. Ai, que tristeza o que essa professora de inglês disse! E a reação do seu irmão ao comportamento da sua amiga é típica. Mulher que fica com muitos caras é galinha. Homem é garanhão. Em inglês a diferença é melhor e mais visível: women are sluts, men are studs. Vamos continuar tendo um padrão duplo pra sexualidade até quando?
Mas o que vc respondeu ao seu irmão quando ele disse essa besteira? Tá na hora dos homens também não se calarem frente às asneiras que ouvem...


Aldrin (agora lembrei do seu nome), tanta gente tem cada história triste pra contar... Mas o que me deixa feliz é que muitas pessoas conseguem ser diferentes no meio dessa infra-estrutura histórica. E quando tiverem filhos, não vão repetir os erros. É o que todos esperamos!

Anônimo disse...

Quando criança todos tinham tarefas domésticas, até mesmo meu irmão. Hoje em dia, com todos casados, meus pais moram sozinhos e meu pai tem tarefas como lavar a louça, fazer o café, varrer o quintal etc., e mesmo assim não é raro ouvi-lo soltar opiniões machistas.

Tanto eu quanto minha irmã fomos educadas para estudar, ter uma profissão e sermos independentes, da mesma forma que meu irmão. Mas eu desconfio que essa educação equalitária teve mais a ver com o preconceito dos meus pais em relação ao esteriótipo feminino que com consciência de igualdade de gêneros: para eles, mulheres que não agiam como homens (eram vaidosas) estavam a um passo do mal caminho.

Eu e o marido dividimos as tarefas por aptidão e devo confessar que ele tem muito mais jeito para prendas domésticas que eu.
E algum dia pretendo chegar ao nível de transcendência da sujeira como a Lola.

Tina Lopes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tina Lopes disse...

Lola, crianças não são consumistas; os pais é que são (o peruinha é carinhoso, claro, não é auto-crítica não). Joga as crianças no parquinho da esquina pra ver: elas gostam mesmo é de brincar entre si, de pega, de esconder, de casinha. Os brinquedos caros e complementos são coisa de adulto. Claro que a TV dá idéia, mas dá pra contornar deixando claro que a TV não está sempre certa. Eu mesma já expliquei pra Nina que propaganda só serve pra fazer vender as coisas. E quanto à Xuxa, por sorte, hoje temos mil opções educativas na TV, principalmente a cabo e Cultura. Tanto é que o tipinho loira-apresentadora-perna-de-fora nem tem mais emprego.

Anônimo disse...

Precisamos pensar um pouco atrás: a culpa "é da mãe" pq ela cria as crianças assim. Mas, vem cá, pq é que só ela tá criando os filhos?
Pode parecer um ponto bobo mas eu acho importante quando lembrarmos que as mães, enquanto sujeitos inseridos numa sociedade, socializam a criança conforme as regras da dita sociedade.
Não há erro. Se levarmos em conta essa "regra sociológica" (embora não absoluta) fica mais fácil tirarmos a responsabilidade do machismo do ombro das mulheres que são mães. Afinal, elas previamente já estão colocadas no sistema; criar as crianças conforme ele é apenas mais um passo.
Seria o que o movimento feminista chama de Patriarcado. Um sistema acima dos indivíduos que organiza seus papéis de gênero assim como vemos, machista.

Anônimo disse...

Ah Carol, acho que é papel da mãe se liberar desse sistema quando ela vê que ele machuca seus filhos, como já vemos em muitos exemplos. Qualquer sistema que machuque um filho (inclusive os meninos, que se tornam os "bundões").
E se impor ao marido, sempre. A coisa de falar que a culpa é da mãe (culpa é uma palavra forte mesmo, as mães não merecem) é por ela não se impor como ser humano e impedir os abusos à ela e aos filhos. O sistema é muito forte, mas não pode ser uma barreira intransponível.

Experiência Diluída disse...

Rodas recebemos quase os mesmos tratamentos. Qual mulher não teebe que lavar panelas no domingo enquanto o irmão jogava e se divertia? Eu passei várias ezes por issso. E criei muitas intrigas em casa aquando comcei a perceber a forma diferenciada como era tratada do meu irmão. Não podia ir aos shows de rock. Não podia dormir em cas de amgias para não aprender como é a criação das outras pessoas, assim fiquei sabendo mais tarde. Uma vez o meu pai fez um escandâlo numa festa de formatura porque me viu aos bejios com um menino. Tudo isso foi tomando proporções que vc não tem como aguentar. Sou do tipo que não atura desaforo, pode ser de quem for. Imagine vc pedir algo e não ter, mas seu irmão pedir e ter. Isso é demais. Aqui até a posição dos quartos é machista. Como diz o meu pai "Hélio (o meu irmão) tem que dormir nos fundos para quando quiser levar mulheres para o quarto sem incomodar a gente". E eu, durmo onde? Dentro de casa, vigiada, perto do quarto dos meu pais. Por que eu tbm não posso levar @s meus namorad@s para o meu quarto tbm? Injustiça. Hoje, depois de muito discutir, tenho uma certa liberdade que ainda não é a que eu desejo plenamente, mas a luta continua e a melhor forma disso tudo é vc mostrar que não nasceu para isso, que vc é igual, que vc tbm pode e lutar bastante pelo que vc quer.

Experiência Diluída disse...

Ah, outro dia o meu pai disse que eu não tinha tido uma boa criação. Olhando para minha mãe, como se eu não tivesse sido criada por ele também. Me poupe viu.

Anônimo disse...

Ah, esqueci-me de parabenizar a Andrea, por ter se rebelado e saído de casa e também por não ter aceitado as atitudes machistas do namorado.

Gostaria também de dizer que depois que comecei a ler seu blog aprendi bastante coisa. Atitudes machistas que eu deixava passar - e até mesmo acabava absorvendo – agora são filtradas. Por exemplo, aqui em casa só minha mãe sabe cozinhar, só ela lava as roupas – e só não limpa a casa sozinha pq temos empregada - e não trabalha fora pq “meu pai acha ruim”, sendo que ela se formou em História com a maior dificuldade do mundo, já que era super pobre e teve que trabalhar pra se manter na faculdade, chegando até a passar fome (o bom foi que há alguns anos ela enfrentou a situação e começou a dar aula; lecionou por uns 5 anos e desistiu “pq queria dar aula pra gente, não pros animais que são os adolescentes de hoje em dia”). Enfim, voltando ao assunto, mesmo só ela fazendo os serviços domésticos, eu achava normal, nunca questionei, era aquilo e pronto. Já, hoje, graças aos seus textos, vejo que é isso acontece pq ela é mulher, que é culpa do machismo que existe na minha família.

Já que estou aqui, como vc já fez um post pras mulheres contarem história de terror que passaram, e eu não sou mulher, vou contar uma que minha mãe passou: como disse, ela era muito pobre, então teve que trabalhar pra pagar seus estudou. Daí, de forma de resumida, ela trabalhava numa papelaria e o filho do patrão tentou abusar dela duas vezes. Uma vez, ameaçou despedi-la se ela não transasse com ele. Como ela o enfrentou, ele tentou despedi-la, em vão, pq o pai dele não deixou. Só que pouco depois ela estava encostada no balcão e ele, um grande filho da puta, encostou o pinto excitado nela.

É isso. Beijo.

Anônimo disse...

Isso da culpa ser da mãe sempre é pras coisas ruins. Quando o pai tá orgulhoso solta um "esse é o MEU filho", mas quando quer criticar "é o filho da mãe", que inclusive usamos como ofenssa.

Anônimo disse...

Lola, eu tenho apenas um irmao, 12 anos mais novo. A estrutura em que eu cresci foi esmagadoramente machista. Aos 28, 29 anos, ouvi da minha avó materna que o meu pai ficou triste ao saber que teria uma menina. Meu pai nega que tenha dito isso, ele é um doce e eu prefiro acreditar nele. Mas me lembro, quando crianca, de ouvir comentários machistas como "agora sim, vc aprendeu a receita", ao meu pai revelar que um machinho estava por chegar.
Machinho crescendo, eu adolescendo e comecaram as restricoes. Nao pode dormir fora, nao pode ir a danceteria, nao pode isso, nao pode aquilo. Tem que ficar quieta em casa, afinal "boa romaria faz, quem fica em casa em paz". Beijei pela primeira vez aos 14. Minha mae descobriu e me deu um tapa no rosto, me chamou de vagabunda. Falou que "agora vc só quer saber de macho". Mais cabresto. Primeiro namorado aos 18. Se queria ir à casa dele, que morava com os pais, eu tinha que levar meu irmao de 6 anos junto. Um ano e meio de namoro, hímen íntegro, comme il fault. Entrei na faculdade, segundo namorado. Nao podia voltar pra casa depois das 11 da noite. Nao podia dormir fora, nao podia viajar, namorado nao podia dormir na minha casa. Hímen rompido. Um ano depois, meus pais descobrem e eu viro a leprosa da casa. Minha mae chorava, se descabelava ("agora vc é uma mulher"), meu pai ficou quase 3 meses sem me olhar. Se eu entrava num cômodo onde ele estava, ele saía. Se eu me sentasse à mesa pra comer, ele pegava o prato e ia pra sala. Morreu minha avó paterna, fui dar um abraco nele (que ainda nao estava falando comigo), ele me empurrou. Uma tia, irma dele, entrou pelo meio, falou que "ela errou, mas é sua filha, vc tem que perdoá-la". (Errou = passou a ter uma vida sexual ativa, usando preservativo) Meu pai voltou a falar comigo, minha mae ainda fazia comentários duríssimos ("nós nao somos fdp, somos pais da p..."), mas pusemos uma pedra em cima da história. Esse namoro durou mais alguns anos, sempre com restricoes, proibicoes. O namorado era violento e fazia chantagem emocional (assunto pra outro comentário, nao esse), levou anos pra conseguir sair dessa situacao, por eu nao conseguir confiar nos meus pais e pedir ajuda a eles. Foi preciso uma ameaca de morte por parte dele pra eu conseguir tirar a pedra de cima do assunto e confiar aos meus pais o drama em que vivia. Meu irmao adolesceu e nunca teve que ajudar em casa, pelo contrário. Eu era incumbida de pegar a toalha molhada de cima da cama dele, lavar o prato dele, arrumar a bagunca que ele fazia, já que "ah, ele nao tem jeito".
Ele comecou a sair à noite, nao se justificava. Eu, beirando os 30, nao podia voltar tarde, pq "vc é uma menina". Ah, meu irmao é um adolescente, e pode? Eu tenho quase 30! "Vc tem que entender que o seu irmao é homem. Vc é menina."
Conheci meu marido pela internet. Ele atravessou o mundo pra me encontrar e se hospedou num hotel. Pela primeira vez na vida, impus a minha vontade e fiquei com ele no hotel. Meu pai, apesar de ser religioso e ter crescido numa família nordestina machista - sem ofensas aos nordestinos, please, mas muitos deles compartilham dos princípios da TFM - falou que nao concordava, mas nao interferiria, já que eu era adulta. Minha mae fez O escândalo, chorou, tentou fazer chantagem emocional. Ficou uma semana me tratando como se eu fosse uma devassa ("e se alguém ligar pra cá enquanto vc estiver no hotel, o que vao pensar? como vc pode fazer isso comigo? vc acha que ele vai dar algum valor a vc, por vc se entregar assim de cara?"), mas meu pai tomou conta da situacao. Meu marido, que ficou muito espantado, mas foi super paciente, me deu uma alianca, pra "acalmar" a minha mae. Tiro e queda. Ela, que nem quis conhecê-lo na primeira visita, o adora. Meu pai tb o adora, já que ele é um fofo... Nos casamos depois de 1 ano de namoro e volta e meia eu ouco perguntas como "vc vai hospedar um amigo seu enquanto ele está viajando a trabalho? nossa, ele deixa???" ou entao "vc nao pode aborrecê-lo com os seus problemas, viu?", ou ainda "que bacana que ele deixou vc estudar" (eu faco LL.M, já que meu diploma de graduacao nao vale nada por aqui). Sei que me estendi demais, mas nao resisti ao tema e quis desabafar tb...

lola aronovich disse...

Débora, legal saber que todos na sua família tinham tarefas domésticas. E, mesmo que pelos motivos errados (preconceito dos seus pais contra o estereótipo feminino), você, sua irmã e seu irmão acabaram sendo educados da mesma forma. Sobre o meu nível “de transcendência de sujeira”, não pense que eu gosto! É claro que eu preferiria viver numa casa limpinha. Mas a gente não tem dinheiro nem paciência pra chamar uma empregada (a gente chamava antes, só uma vez por mês, mas ainda assim era difícil, tinha que praticamente sair de casa, acho muito invasivo), eu não tenho tempo nem vontade de limpar, e o maridão... Já expliquei em cima como é o modus operanti dele.


Tina, claro, entendi que o peruinha é carinhoso. Mas criança não sofre grande influência da TV e dos coleguinhas? Isso de um ter um brinquedo de tal tipo, e todo mundo querer um igual? Imagino que a criança seja mais suscetível à propaganda do que os adultos, não? Por isso, sou a favor de uma legislação que restrinja muito mais propaganda dirigida às crianças. Que bom que as apresentadoras loiras perderam o emprego. Mas lembre-se que são poucas as cidades que têm TV Cultura ou educativa e menos ainda as pessoas que têm TV a cabo.

lola aronovich disse...

Claro, Carol, tem toda a razão. É um erro culpar a mãe, ou se revoltar apenas contra um indivíduo. É preciso lutar contra todo esse sistema chamado patriarcado. Por outro lado, se a gente tirar totalmente a responsabilidade dos indivíduos, por eles agirem dentro de uma sociedade que os criou, estaremos “absolvendo” os assassinos e estupradores. Claro que numa sociedade diferente, não machista, não patriarcal, não haveria lugar para estupro. Então acho que precisamos responsabilizar um pouco o indivíduo também.


Mary V, pois é, mas por que esse seria apenas o papel da mãe, isso de se liberar do sistema? Porque não seria também o papel do pai? Deveria ser do casal.
Mas concordo, também não gosto da palavra “culpa”. Só que é muito difícil vc ser cria de uma sociedade e ter que aprender (sozinha!) a se opor a ela. Principalmente quando, no nosso caso de mulher, somos ensinadas a aceitar tudo caladas...

lola aronovich disse...

Experiência Diluída, é uma droga essa discriminação baseada puramente no gênero da pessoa. Então o quarto do seu irmão é nos fundos pra que ele possa levar mulheres pra casa? Acho uma boa iniciativa, desde que, claro, vc possa fazer o mesmo. Como os pais explicam essa discriminação flagrante, tirando o “ele é homem, vc é mulher”, que não explica coisa alguma? Parece o mesmo preconceito sem argumentos que os homofóbicos têm contra os gays. Mas que bom que vc continuou lutando e hoje tem alguma liberdade. E, claro, se vc não teve uma boa educação, a culpa é exclusivamente da sua mãe... Pai pelo jeito não serve pra nada mesmo!


Túlio, fico muito feliz em ouvir que meu blog está sendo útil. É isso mesmo que desejo - fazer as pessoas refletirem sobre os preconceitos, tantos os que sofrem quanto os que infligem. A gente questionar por que as coisas são como são ao invés de simplesmente aceitá-las como se fosse uma verdade incontestável já é um passo importante. É chato que sua mãe, que cursou História, um curso politizado, que faz pensar, tenha que ficar em casa. Mas pelo menos ela experimentou dar aulas antes de decidir que não gostava. E que triste essa história que vc contou da papelaria. Tá vendo? É filho de patrão. Tem menos a ver com sexo e “desejo incontrolável” que com poder. Era um projeto de gente querendo mostrar quem mandava. Abração, Túlio!

lola aronovich disse...

Débora, exatamente. Muito bem lembrado.


Camila, que inferno! Quantas restrições, quanta injustiça, que família repressora a sua. Fazer escândalos porque a vida faz sexo depois de adulta! Como é que pode? Não me conformo. Isso é tão absurdo. Será que eles não parar pra pensar que esse tipo de educação repressora é um trauma na vida da gente? Que fica difícil ver sexo como algo saudável, bonito e necessário se crescemos ouvindo que é “coisa de p***”? (mas só pra mulher). Isso de aos 18 ter que levar o irmão de 6 pra namorar... Parece meio Halloween até! Depois aparece um Michael Myers na parada e o pessoal fica chocado. Nada justifica atitudes como a do seu pai ficar sem falar contigo durante 3 meses por vc não ser mais virgem. Ou sua mãe te dar um tapa na cara. Esse tipo de educação é uma receita pronta pra gente se envolver com um namorado/marido abusivo. Porque só muda a pessoa que exerce a violência, né? Sinceramente, não sei como vc aguentou esse inferno na Terra até os 30 anos. Imagino que, pra se livrar dessa repressão, vale sair de casa, morar em república, trabalhar enquanto se estuda... Porque deve ter sido uma barra terrível. Desculpe, sou péssima em siglas, o que é LL.M? Obrigada por deixar aqui o seu desabafo!

Camila disse...

Lola, apesar de ter sofrido muito com o machismo, o amor pelos meus pais é imenso. Apesar do machismo, sempre me senti muito amada pelos meus pais; sempre ouvi deles que deveria estudar, ter uma profissao e minha mae chegou a vender uma das poucas jóias que tinha, pra que eu pudesse frequentar um curso. Fui muito cobrada por eles, mas, justica seja feita, fui incentivada tb e eles comemoraram comigo cada uma das minhas vitórias. Eu fazia estágio durante o dia e estudava à noite, mas salário de estagiário, na minha época, nao dava pra muita coisa... Quando eu fui estagiária do Ministério Público em 98/99, o valor da bolsa era, digamos, simbólico. Nao chegava aos 50 reais. Nao dava sequer pra almocar com aquele dinheiro! (E ao comentar isso com uma promotora de justica, eu tive que ouvir que o objetivo do estágio é aprender e eu deveria por as maos pro céu por receber algum dinheiro...) Nao chamaria a minha vida de solteira de inferno. Purgatório, no máximo... ;-)

Depois que eu saí de casa, meu relacionamento com a minha mae evoluiu muito, nos falamos com frequência e devagarinho vou conversando com ela sobre machismo e feminismo - já conversei com ela sobre vários posts do teu blog, inclusive.

O que eu posso te dizer é que o trauma causado pelo ex-namorado foi imensamente maior do que o de ter crescido num lar machista. Ainda tenho pesadelos com episódios daquela época, além de uma auto-estima permanentemente baixa.

Uma crítica que eu tenho à educacao que recebi foi o fato de terem me ensinado, desde pequena, a nao responder, nao retrucar, nao desagradar. A sociedade em que vivo é baseada na medicao de forcas e eu me sinto uma estranha no ninho, minha adaptacao tem demorado mais do que eu esperava. Um episódio interessante foi o de uma parente do marido, que me ligava no meio da tarde e ficava hoooooras no telefone. Um dia eu precisava sair e, com o coracao na mao, cortei a conversa, expliquei que estava de saída. Ela ligou pro meu marido e falou que estava felicíssima por ter sido cortada, pq com isso eu tinha demonstrado que falava com ela pq eu queria, e nao pra ser "educada"...

LL.M é "Legicum Master" - Master of Laws. O curso dura um ano e eu tenho que cumprir créditos, escrever uma dissertacao e defendê-la. Um mestrado em alemao, em outras palavras. Menos tempo do que os mestrados habituais, barreira do idioma, tenho me sentido a própria Ginger Rogers (que fazia o que o Fred Astaire fazia, só que em cima do salto e de costas...).

Ana disse...

Olha, eu tenho outra teoria. Mãe trata o filho assim pq não quer que ele saia de perto dela. Ela o aleija para que ele não possa caminhar para muito longe, uma coisa doentia que não dá pra ela resolver porque não tem como pôr em prática a paixão pelo próprio filho.

O que eu passei e passo me fez acreditar na expressão homem=nada. Meus pais deformaram meu irmão de um jeito que hoje em dia nem morar sozinho o pobre consegue. A maioria dos homens criados pôr mães aleijadoras têm relacionamentos com manipuladores, têm baixa auto estima, fora montes de outros problemas.

Olha, a coisa é séria. Estou pensando em engravidar e o que me faz pensar duas vezes é o que vou fazer se tiver um filho homem. Não consigo me imaginar com aquele peso morto preso a mim. Pq se vc cria um filho pra fazer as coisas, ser autônomo, respeitar as diferenças, taxam logo de uma porção de coisas... Aí vc acaba entrando na ciranda...

ou mudando pra Noruega. :-P

Ana disse...

O que eu briguei com minha mãe, com meu pai, meu irmão, pra poder ter uma vida, não foi normal. Sem contar as mães de namorados. No geral, dei sorte - minha primeira ex sogra é o máximo e a segunda tb, mas minha terceira ex sogra achava que eu tinha que trabalhar e cuidar de tudo em casa, e claro, transar sem camisinha, pq eu tinha que confiar nele.(hahahahahaha!) Quando eu falava pra esse ex que o que ele fazia de trabalho doméstico era a parte dele, ele ficava puto... Mas ele fazia mesmo, pq eu aprendi que se vc der o dedo, te comem o braço numa boa!

Nunca entendi algumas amigas. O marido não trabalhava e não lavava um copo em casa e ainda exigia coisas: abrir firma, aeromodelos, etc. Meu atual marido, quando ficou desempregado, fazia absolutamente tudo, pq assim dividimos: ele cuidava da casa, eu trazia dinheiro! Aonde eu ia ser burra de carga???? E eu achava estranhíssimo minhas amigas serem, pq a maioria não dependia economicamente do cara, mto pelo contrário!!!!!!!!! Eles dependiam delas!!!!!

Olha, o mundo é bisonho. E te digo uma coisa, Dolores! Terapia devia ser algo ao alcance de todos, algo que devia ter às pencas no SUS. Ia fazer da nossa sociedade algo realmente desenvolvido...

Bjos

Ana disse...

[off]- fui à pré estréia fechada de Marley e Eu, já tá no blog e tudo. Já saiu aí?

Anônimo disse...

Ai ai, tanto relato interessante e eu nem sei se posso contribuir... Lola, em primeiro lugar acho muito legal vc reconhecer que no fundo no fundo a gente carrega muitos comportamentos e ideias machistas dentro da gente, sem sentir (quando a gente sente e percebe a gente muda, ne?)

Na minha casa a minha mae diz que odeia feminismo, mas criou a gente para ter um trabalho e nao precisar casar (casar se quisesse). Ou seja, eu acho que no fundo ela acha que a divisao de tarefas antiga era mais justa do que a dupla ou tripla jornada das mulheres de hoje em dia, que ganharam o "direito" de trabalhar fora mas continuam tendo que cuidar da casa e dos filhos, enquanto o homem "so" trabalha. A solucao que ela deu para isso foi: ela faz o resto todo e nao trabalha fora. Acho justo, se os dois estao felizes com isso.

Ela falou para mim e para minha irma, quando a gente era solteira: "se vcs quiserem ficar com os meninos e transar com eles, facam isso. Vao falar de vcs mas ninguem tem nada com isso. Voces tomem suas proprias decisoes" mas falou na boa, tipo "o mundo eh assim. nao deixe isso impedir vcs de agirem como quiserem. So se preparem" Acho um otimo conselho (eh parecido com o que os seus pais disseram, Lola, quando vc ficou com medo de ficar falada)

ja o meu marido se diz muito moderno, mas passou a vida vendo a mae ralar (no escritorio e em casa) enquanto o pai se comporta como um reizinho, nao faz nada em casa. Entao pro meu marido, isso eh o normal. Ele reconhece e tenta mudar, mas nao eh facil. Ele consegue ficar lendo revista enbquanto eu faco comida sem o MENOR peso na consciencia. (mas ai eh logico que eu reclamo e tal). Ou seja, tem gente que se diz muito moderna mas reproduz os mesmos comportamentos antigos.

Falei muito, nao sei se ajudei, mas queria dar o meu pitaco.

Anônimo disse...

Lolô,
Decididamente teu blog tá maravilhoso. Mesmo nesta época, cheia de coisas pra fazer, não consigo ficar por fora de um fórum tão qualificado e tão esclarecedor. É fantástico ter leitores e comentaristas assim. A gente aprende com eles.
Luluzinha, tem um livro que não está mais comigo (any ideia?) de uma maravilhosa historiadora, a Gerda Lerner, nem sei se ainda vive: The creation of Patriarchy, muito, muitíssimo útil pra discutir aqui no teu blog. E como eu sigo sendo toda marxista: A origem da família, a propriedade privada e o estado, do Engels, é livro fundamental. Porque patriarcado não é uma construção apenas cultural. É o resultado da propriedade privada. Quanto mais a sociedade valoriza a propriedade privada, mais patriarcalista fica. Difícil imaginar o cromagnon mandando na cromagnona, ne?
E o papai, Lolô, que era bem feminista em um monte de coisas, como vocês lembram, tinha essa mania de mandar o Iggy tomar conta de vocês. Quando eu, lá pelas tantas, questionei, ele disse que era porque a Tina, sua avó, mandava tomar conta das irmãs. As irmãs eram maiores que ele! Mas é assim que funciona: a mãe mandava tomar conta das irmãs na praia, olhar nas irmãs nas festas, e ele não esqueceu nunca disso. Continuou mandando tomar conta, como um hábito mesmo, sem pensar. Nelly

Masegui disse...

Lolinha,

Primeiro as notícias: O Rio Piranga que divide Ponte Nova ao meio, resolveu ampliar suas margens e arrasou minha terrinha, sniff.

Sobre este último post, ótimo por sinal, a gente vê nos relatos da maioria das mulheres que o problema é mesmo o sistema. E não é localizado, é geral. Só acabaremos com esse mal aos poucos, não existe solução imediata.

O único exemplo que eu conheço, que deveria ser padrão mundial: Minha tia que mora em BH. Ela e o marido tem hoje por volta de 70 anos! Se você não prestar atenção na parte física, não sabe quem é homem, quem é mulher. Tiveram um único filho (criado ao estilo deles) que tem hoje uns 50 anos e um casal de filhos, que está criando no mesmo estilo. Assim, tenho fé que a coisa mude... dentro de uns 2 milhões de anos...

Anônimo disse...

Masegui,
estou acompanhando pela tv e fico muito preocupada com o que está contecendo na tua terrinha. Tomara que pare logo de chover e possa melhorar a situação. Vai ser um Natal bem triste. Muitas famílias bem tristes. Espero que vocês estejam bem. Beijos para todos. Nelly

Anônimo disse...

Lola, acho q meu coment vai ficar imenso. Como vc sabe tive uma criação machista. Mas tive alguns direitos pelo fato de ser a primogênitA (não tô nem aí que o dicionário diga que este termo não existe). Na adolescência pude sair à noite, não sem antes ouvir todo um sermão de meus pais: "cuidado, olha as companhias, não use drogas, rapazes não prestam, eles só querem se aproveitar de vc". Resultado: me envolvi com alguns cafajestes e achava normal, afinal homem não presta. Que eu me lembre, meus pais nunca falaram p/ o meu irmão me proteger.
Não tive nenhuma orientação sobre sexo, a palavra sexo nem era mencionada, era só se aproveitar mesmo.
Como se eu fosse um objeto a ser usado e como se eu tb não tivesse direito de querer só sexo.
Demorou um pouco e alguns anos de terapia pra eu entender que EU não ia querer namorar ou casar com todo homem com quem me envolvesse.
Hoje, tb entendo que eles faziam isso pra tentar me proteger, mas guess what? não funcionou.
Além disso, eu sempre estive acima do peso, o que logo me tornou o bode expiatório da família.
Isso que outra leitora falou que "como que essa menina vai ficar depois de engravidar? Que tamanho ela vai ter?!" eu ouvi muito por parte da minha família.
Tentava lutar contra essas opressões e apesar de tímida e reprimida, de vez em qdo contestava: "e se EU não quiser casar, nem ter filhos?"
A verdade é que eu queria, mas tinha que defender meu direito de escolha.
Assim como os pais da Camila, os meus tb ensinaram, desde pequena, a nao responder, nao retrucar, nao desagradar.
Ah, saí da casa dos meus pais aos 18 anos, aos 19 já morava em república, trabalhava e fazia faculdade. Assim fui ganhando mais direitos, como o de não dar satisfação de minha vida pessoal, com quem eu saía era problema meu.
Não tive que fazer serviços domésticos na adolescência pq minha mãe sempre teve empregada doméstica. E no domingo, dia de folga da empregada, minha mãe e meu pai que faziam o almoço e arrumavam a cozinha.
Depois meu pai adquiriu LER e minha mãe tendinite, aí tive que começar a ajudar nos domingos, minha mãe fazia o almoço e eu lavava os pratos. Observe que apesar de os dois não poderem fazer esforços repetitivos, era minha mãe que cozinhava.
Qdo ia visitar meus pais, aos fins de semana, todo domingo era assim: eu lavava e meu irmão ficava deitado no sofá vendo TV ou mexendo no computador.
Até que eu comecei a questionar: peraí, o Leandro não ajuda não?
Minha mãe: ah, isso é serviço de mulher. Tivemos altas discussões por causa disso, até que meu irmão começou a ajudar.
Isso que a amiga do Gio fala que todo homem é machista it's so true, é tãaaao verdade. Vejo isso com meu quase noivo, apesar de ser o homem menos machista com quem convivo, de vez qm qdo ele solta uns argumentos mainstream. Mas pelo fato de ter sido criado sem empregada e com os pais trabalhando fora o dia todo, ele teve qe aprender a se virar.
Meu namô já lava os pratos qdo almoçamos aqui em casa, acho que vai continuar assim qdo casarmos. Ah, eu tb consigo conviver com a bagunça, não sou lá mto organizada e não ligo mto p/ a limpeza da casa. Já a minha mãe é obcecada por limpeza, mesmo tendo empregada, ele sempre tá varrendo, arrumando, ajeitando o almoço que a empregada fez.
Concordo totalmente com a Ana “terapia devia ser algo ao alcance de todos, algo que devia ter às pencas no SUS.”
Isso de "dá pros pais serem ótimos, maravihosos, queridos, e mesmo assim serem machistas" é o retrato do meu pai. Com minha mãe tive vários conflitos qdo adolescente, pq somos mto diferentes, pensamos mto diferente, depois de adulta, a relação melhorou muito.

Cristine Martin disse...

Oi Lola,

Estou acompanhando os comentários desde ontem, quantas histórias! Parabéns pelo ótimo post e por ter levantado uma lebre tão gorda; e aos comentaristas, obrigada por compartilharem suas histórias e parabéns pela coragem para vencer tanta repressão. Não é fácil mesmo!

Nelly, gostei da sua observação sobre a origem do patriarcalismo estar ligada à propriedade privada, acho que é mesmo por aí; então lembrei da igreja católica e a exigência de celibato do clero, é claro que isso visa preservar o patrimônio da Igreja, pois não haverá herdeiros além da própria igreja. Aliás, já li que no começo (na época das catacumbas de Roma), os rituais da igreja cristã eram comandados por mulheres, aos poucos isso foi mudando... mas acabei me desviando do assunto.

Beijos!

lola aronovich disse...

Tem razão, Camila. Desculpe dizer que sua adolescência deve ter sido um inferno. É que fico revoltada e só estou vendo um lado da questão, mas certamente havia muita coisa boa no relacionamento com seus pais. Que bom que eles te incentivaram a estudar e te ajudaram em muitas coisas. E sei que quando a gente sai de casa o relacionamento com os pais costuma melhorar. A distância faz bem. E eles tendem a se tornar menos possessivos, porque somos independentes, não dependemos mais deles (tanto que se existe uma unânimidade, pelo menos no que ouço de amigos ou conhecidos, é quando a pessoa, depois de adulta, depois de ter morado sozinha, tem que voltar pra casa dos pais. Aí é o inferno mesmo!). Mas acredito que é possível as pessoas evoluírem. Que bom que sua mãe está nesse estágio, e que vc já pode falar com ela sobre várias coisas.
E o trauma causado pelo seu ex-namorado? Se não for um assunto que doa demais rever, talvez vc gostaria de escrever um guest post sobre isso? Quero publicar relatos de violência contra a mulher que nem sempre envolvem violência física, mas são super traumáticos mesmo assim.
Ah, isso do telefone... Vc consegue imaginar um homem se contorcendo todo pra não desagradar, pra não ser indelicado, pra não transparecer que precisa estar fazendo alguma coisa urgente ao invés de estar falando com a gente? Isso é pura criação mesmo.
Então vc mora na Alemanha com o seu marido, é isso que entendi?

lola aronovich disse...

Ana, pode ser. Mãe quer ter o filho próximo pra sempre. É bem Freud mesmo, porque com a filha não é assim. E entre pai e filha acontece outra coisa, eu acho. Chega uma hora em que a menina começa a crescer, virar moça, que causa muito estranhamento pro pai. Acho que ele tende a se afastar, nem que seja fisicamente. Puxa, mas se o seu irmão não consegue nem morar sozinho, o negócio foi feio mesmo. Mas não concordo contigo sobre não querer engravidar por receio de ter um filho homem. O seu desafio vai ser justamente esse, vc criar um filho diferente, que não seja um peso morto, independente do que os outros disserem. Ignore os outros! Não é que a sociedade está uma beleza por causa do que eles fazem!
E vc já tá na quarta sogra?! É isso aí, Ana! Nada de ficar com um marido só por ficar. E isso de marido desemprego nem assim cuidar da casa, enquanto a mulher trabalha, já diz tudo. É um absurdo total. Sério, de onde vem essa idéia infame que se homem varrer uma casa ele será menos másculo? Que se mulher ganhar mais ela será a parte “masculina” da relação? Blargh! Falaram isso pra gente e a gente acreditou?

lola aronovich disse...

Barbara, claro que vc pode contribuir, e muitíssimo bem. Sem dúvida, o primeiro passo pra mudar é perceber o problema. Se não, fica difícil. Interessante como sua mãe adota alguns discursos do feminismo mas, ao mesmo tempo, mantenha que “odeia feminismo”. Deve ser uma defesa (desnecessária) do modo de vida que escolheu, de ficar em casa. Ela tem todo o direito de fazer isso. O problema não é uma mulher ficar em casa cuidando dos filhos. O problema é viver numa sociedade em que isso só é permitido (e, em muitos casos, até exigido) pra mulher. E legal que ela não foi repressora em matéria de sexo. Não é fácil mesmo pros homens (e pra gente) mudar o comportamento que aprendem na infância. Mas temos que reclamar. A vida fácil com mamãe e irmãzinhas cuidando da casa enquanto ele fica no sofá tem que acabar. Será que pelo menos um pesinho na consciência deles a gente tem conseguido implantar nos últimos tempos, ou nem isso?


Ana, esqueci de responder a um pedaço do seu coment.: também acho que deveria ter terapia ao alcance de todos. Sabe qual o problema? É que se não for compulsório, vai ter muito pouco homem fazendo. E eles têm tantos ou mais problemas que a gente. E se homem não vai ao médico, vai ir ao psicólogo?
Marley e Eu? Não, ainda não chegou aqui. Só o trailer. Vale a pena? Ish, é filme de afogar Lolinhas?

lola aronovich disse...

Mãe, maravilha mesmo, né? Adoro todos esses comentários, eses relatos, aprendo muito com eles, apesar de ficar HORAS respondendo e não ter tempo. Mas como tem pessoas inteligentes por aqui! Espero que isso derrube totalmente os preconceitos que vc tinha quanto às pessoas que fazem e visitam blogs. Gostaria de ler esse livro que vc fala. Mas não há dúvida, o patriarcado e a defesa da propriedade privada caminham juntos. Porque o patriarcado depende de transformar a mulher e os filhos em propriedade privada (tanto quanto um carro e uma casa), e depende dessa defesa. Mulher é pintada como inferior para que o homem da casa possa protegê-la (de outros homens). Por isso, inclusive, que mulher sozinha é vista como “terra de ninguém”. Os homens correm pra “protegê-la”, numa disputa feroz. Essa necessidade (inventada) de defender a propriedade privada (mulher, filhos, casa, carro) é o que move tanto o capitalismo quanto o patriarcado.


Máru, coitada de Minas! Que coisa, hein? Espero que vcs fiquem bem logo. Vcs são conhecidos por não terem mar, e agora isso...
Sobre o machismo que vem do berço, se cada um fizer a sua parte, se cada um educar seus filhos (e alunos) de outra forma, se cada um protestar contra os atrasos que continuamos ouvindo, aí tem jeito, eu acho. Mas é trabalho de formiguinha mesmo. Que legal esse exemplo que vc conta dos seus tios!

lola aronovich disse...

Lila, é uma droga isso de crescer ouvindo que “homem não presta”, né? É um desserviço porque, como vc falou, se nenhum homem presta, e a gente calhou de nascer hétero, pra que procurar? Pode se contentar com os maiores cafajestes, já que são todos iguais mesmo. Ah, e o problema de peso ajuda a complicar ainda mais essa situação. Viu que saiu uma pesquisa (americana) indicando que moças gordas transam mais que as magras? É um choque, porque a gente cresce ouvindo que ninguém vai se interessar por nós... Pois é, vc lidou com a repressão recebida de um jeito diferente da Camila: saiu de casa o quanto antes. Não digo que isso sempre seja bom, porque há muitos desafios e perigos fora de casa tb. Mas acho que seria o que eu teria feito se tivesse esse nível de repressão em casa. Eu tinha lido no seu blog os seus atritos com o seu irmão por ele não fazer nada. Mas não entendi: vc mora com ele? Ou esses conflitos ocorrem apenas aos domingos? Fico feliz que vc fez tanto barulho que finalmente a idéia de que “isso é coisa de mulher” diminuiu um pouco.
É muito, muito complicado pra um homem deixar de ser machista. Por mais boa vontade que tenha, é preciso uma reflexão diária, um treinamento mesmo, pra abandonar todos os dogmas que cresceu ouvindo e praticando. E é preciso também um treinamento físico: alguém chegar e dizer, ó, é assim que se lava louça, é assim que se varre um quarto, tá vendo essas bolas de pelo e poeira? Se elas estão andando pela casa, é porque o serviço não está bem feito. O meu marido nem OLHA quando está varrendo. Pode ter uma sujeira na cara dele que ele nem vê. Imagino que ele se sinta mais másculo fazendo um serviço porco. Não acho que seja uma decisão consciente. Mas ele precisa refletir pra mudar. Pelo menos ele lava os pratos. Ele tampouco olha pros pratos enquanto lava, então muitas vezes fica um pedaço imenso sem lavar. É muito estranho esse nível de incapacidade. Eu não sou a dona de casa mais capaz do mundo de jeito nenhum (não aprendi a limpar nada antes de morar sozinha), mas se eu faço alguma coisa, procuro fazer bem feito.

lola aronovich disse...

Cristine, ótimas todas essas histórias, né? Fazem a gente pensar muito. Sobre a observação da minha mãe sobre a conexão entre patriarcado e propriedade privada, tem tudo a ver mesmo. E sim, claro, a Igreja Católica tem muita propriedade privada pra defender... Mais do que eu e vc...

Gisela Lacerda disse...

Caramba, futebol joguei só de brincadeira na sede campestre da ACM, de onde meu pai era sócio. Não sou desportista. Gosto de dança e Yoga. Bola sou uma negação. Já meu pai foi campeão de vôlei e era baixinho. Também corria bastante.

Anônimo disse...

Sim, Lola, meu marido é alemao, mantivemos um relacionamento à distância por 1 ano e mudei pra Alemanha em seguida ao casamento. (Literalmente em seguida, foi fazer as malas e mudar, já que nos casamos no Brasil e ele tinha poucos dias de férias...)
Dá pra imaginar o tantao de coisas a que tive que me adaptar? Casamento, mudanca de país, aprender um idioma que nao é dos mais fáceis... Mas é uma experiência fantástica, jamais imaginei que minha vida mudaria tanto.

Quanto ao guest post, obrigada pelo convite! Foram 5 anos de relacionamento, vai ser um post longo... ;-)

Se vc quiser saber um pouquinho das minhas impressoes sobre a Alemanha, passa no meu blog. Os posts sao bissextos, mas é sempre um prazer escrever e seu lida.

Anônimo disse...

Esclarecendo. As discussões por causa da lavagem de pratos começaram qdo saí de casa, e voltava pra casa dos meus pais nos fins de semana. Meu irmão, que é 3 anos mais novo que eu, ainda morava com meus pais. Morei um tempo em república e qdo chegou a vez de meu irmão fazer faculdade, fomos morar juntos, p/ economizar. E aí começou outra briga, que é ele fazer sua parte na limpeza do ap.
Ah, tem mais comentários no seu post "a última do João".

Anônimo disse...

Oi, Lolinha!
Não gosto de afazeres domésticos, embora eu saiba fazer. tenho dois irmãos, que são extremamente desorganizados e bagunceiros.
Mas, na minha família, sou criticada , muito criticada, por não gostar de "coisas domésticas".E olhe que eu moro só, sou independente. Quando levantei a questão sobre o motivo pelo qual meus irmãos não são alvo desse tipo de crítica, adivinhe, né, "eles são homens, deviam ser mais organizados, mas pra mulher é pior".
Daí falei que não gostava, que tem gente que gosta, eu não. mas sem condições de discutir, pq o povo lá em casa é bem tradicional.
Bom, levaado em consideração que eu moro só, pago uam diarista uma vez por semana e não devo satisfação a ninguém...ainda assim me aborreci um monte nesse dia, porque ficou todo mundo falando que eu estou errada por não gostar de coisas domésticas. Veja bem, não apenas FAZER...pq eu faço, né, arrumo minha casa, normal, mas não gosto mesmo...mas eles acham errado eu não curtir cozinhar, decoração de casa, essas coisas.
Fiquei bem irritada nesse dia, de tanta encheção de saco.
beijos

lola aronovich disse...

Gi, ah, eu amava jogar futebol! Preciso até escrever um post sobre isso... Eu era uma negação mesmo em basquete. Tipo, A PIOR mesmo.


Camila, deve ter sido muito difícil a mudança. Mudar correndo prum outro país, com uma língua dificílima... Vc conseguiu aprender alemão numa boa? Ah, então, se quiser escrever o guest post, fique à vontade. Mesmo que seja longo. Se ficar longo DEMAIS eu divido em dois, talvez. Vou lá passar no seu blog. Não agora. Soon!

lola aronovich disse...

Lila, ah, tá, agora entendi! Então vc e seu irmão voltaram a morar juntos... Espero que ele esteja melhor, mas é como comentei no seu blog: se alguém conseguir mudar o seu irmão, vai ser a mulher dele, nunca a irmã... quer dizer, TOMARA que a mulher consiga!


Cris, que absurdo, né? Não basta fazer os tais afazeres domésticos, tem que GOSTAR? Desde quando? Mas eu fiquei muito impressionada quando fui procurar fotos e ilustrações pra este post porque 1) praticamente não existem fotos de homens limpando casa; e 2) quase todas as fotos, que são de meninas e mulheres, claro, são de meninas e mulheres SORRIDENTES. Como se não podiam estar mais felizes que lavando o chão, sabe? Ê vida...

Anônimo disse...

Oi pessoal... adorei a frase "No geral, é isso: tentam criar machão e ganham bundão." Me fez rir. Gostei dela tb pq reforça algo que penso sobre a educação machista que é dada aos meninos: eles não ficam só machistas, mas tb mimados... e muito mimados.
Já falei há umas semanas atrás dessa questão dos brinquedos cada vez mais cor-de-rosa para as meninas e com aspecto violento para os meninos. Só os brinquedos de bebes são relativamente "neutros".
Não tenho tempo agora de comentar as 1237 opiniões interessantissimas que li no teu post e nos comentários do pessoal, então só vou dizer que vocês me animaram muito com todas essas opiniões. São de relatos tristes na maioris, mas que mostram claramente que nem "todo mundo" está engolindo as situações de machismo sem questionar e sofrer. Estamos só no início de uma longaaaa caminhada, mas aqui podemos ver que já tem muita gente caminhando junto rumo a um mundo mais igualitário e gostoso
bjsss
Taia

Rosangela Oliveira disse...

Só queria deixar meu comentário sobre uma mãe que criou um Homem que não é machista, meu namorado, tem 25 anos e não é machista! Uhu foi um achado, mora sozinho faz td e qdo quero ajudá-lo diz que estou na casa dele para curtir e não para ficar trabalhando, as coisas chatas ele faz pra eu não me aborrecer. Olha minha sogra é uma mulher espetacular, e de verdade, se separou qdo ele tinha 11 anos, e fez questão de criá-lo diferente dos homens q havia conhecido, hj ela é casada com um cara maravilhoso e que compartilha das ideias dela.
Contei isso pra dizer a todas mulheres que visitam esse blog, que é possivel sim criar um menino para ser um homem consciente e sensivel.

lola aronovich disse...

Taia, é verdade, menino mimado vira homem mimado. Parece que não cresce. Às vezes eu falo com alguns homens e penso: mas quantos anos ele tem? CINCO? Concordo contigo que, no geral, esses 1237 comentários são mais otimistas que pessimistas. Mostram que tá cheio de gente que não quer mais essa educação repressora e discriminatória. Mães como vc apontam que dá pra fazer diferente. E só isso já me enche de esperança.


Rosangela, que bom que vc tirou a sorte grande! Seria ótimo se todos os homens fossem assim. Talvez na Escandinávia eles sejam, tenho que perguntar a alguém. Mas pessoas espetaculares como a sua sogra podem criar filhos espetaculares como o seu namorado. Sei que é possível criar um menino para ser um homem consciente e sensível. Por enquanto é apenas raro. Espero que mude logo.

Anônimo disse...

nunca achei meu noivo machista, até comentar que estava em dúvida se adotava o sobrenome dele ou não, e ele disse sem nem pensar "mas é claro que você vai usar! como assim você tá em dúvida?". óbvio que comparado aos relatos das outras leitoras essa reação dele não foi nada, mas me pegou de surpresa. meses depois que falei que me considero feminista desde a pré-adolescência e ele disse "seja feminina, não feminista" e eu fiquei com aquela cara de WTF?. o strike três ainda não veio, mas espero que a próxima "pérola" nunca chegue.
pelo menos as atitudades dele são bem mais avançadas que as dos irmãos dele e que as dos meus irmãos. se eu cozinho, ele lava a louça e vice-versa. e quando falamos em ter filhos, concordamos que responsalibidades e liberdades vêm com a idade, e não com o gênero.

Ana disse...

Danielle, posso estar enganada - e permita D´us que eu esteja - mas seu noivo não vai tratar vc de igual pra igual. Nem agora no noivado, muito menos qdo for casado.

Me perdoe o pitaco. É só um palpite.

Dolorita, afoga e afoga fixe! :-)

Cris disse...

Oi Lola, tudo bem?

A Denise recomendou o seu blog por esses dias e eu, desde que passei aqui a primeira vez, não consigo parar de lê-lo!

Conheço perfeitamente o causo da sua colega e da Rachel que comentou acima. Acontece parecido aqui em casa tb... Não igualzinho, e sou mais velha e quando éramos crianças sempre houve aquela coisa de o que um tinha o outro também deveria ter. Mas vivia com os braços roxos de bringuinhas e, quando reclamava, diziam que eu bati tanto no meu irmão quando era bebê que ele estava descontando...

Com a passagem do tempo, comecei a retrucar, afinal tenho um gênio meio forte. O computador veio para o nosso quarto que depois virou só meu e lá ficou até eu reclamar que precisava de privacidade.

Minha mãe é uma mulher de muita personalidade e extremamente liberal, porém após um problema de saúde (não extemamente sério e completamente contornado), o meu irmão passou a mandar e desmandar por aqui. O carro e o notebook que deveriam ser coletivos foram ficando para ele, e estando ele em casa, só se assiste o que ele quer.

Normalmente relevo, faço por conquistar as minhas coisar e o meu espaço mas, eventualmente parto para a discussão. Tenho noção de ser "privilegiada", classe média, branca e tal mas, como foi muito dito por aqui, isso não nos isenta de uma série de pré-conceitos e julgamentos, muito pelo contrário.

Parabéns pelo seu espaço e desculpa o desabafo. Tudo isso anda me incomodando ultimamente...

Bjus

Anônimo disse...

lola acredito que não tem nada haver se o filho nasceu primeiro ou não, porque na minha casa eu sou a casula, mas tenho que limpar a casa minha mãe e minha cunhada se enrrita quando ve eu sentada eu n posso descançar, além de trabalhar fora, quando chego tenho q ajudar nos serviços domesticos, mas fazer o q dependo deles

Fabiana disse...

Noossa é bacana ler os comentarios!! Todas nós, por identificação, compartilham historias e tudo mais!! Sinto que estou em roda, sentada no chão, com todas vcs!!É maravilhoso ver como os posts da Lola é estimulo para muita discussão e reflexao!! Muito bacana....Parabéns pelo blog!!

@pokerol disse...

Oi Lola, desculpe deixar comment num post tao antigo, mas cada vez q entro no seu blog, me perco em mais e mais otimos textos =)

Me identifiquei mto com esse em especial. Eu sou a filha mais velha, mais há um claro favoritismo aqui na minha casa, não quanto ao meu irmão, que é 9 anos mais novo q eu, mais quanto a minha irmã. Nunca entendi muito bem o porque, mais lendo o seu blog vi que era por puro machismo.

Explico: Minha irmã, filha do meio, 6 anos mais nova, é a filha q "toda mãe/pai gostaria de ter": sempre foi bonitinha, vaidosinha, sempre gostou de rosa, sempre gostou de bonecas e maquiagem e tals. Eu, quando mais nova, era o total oposto. Gostava de brincar na rua de jogar bola, voltava pra casa toda suja de graxa de pegar a bola embaixo do carro, adoro games e era criança mesmo, nada de maquiagem nem nada, estava preocupada em me divertir, só fui ser mais vaidosa com o tempo. Meu pai nunca me deixou fazer tudo o q eu realmente queria: futebol, capoeira, nenhuma luta, nada, pq era coisa de menino né, onde já se viu uma menina no meio de um monte de macho?

Acho que por eu ser assim, eles me desprezam, sei lá. Não sou "filha" sabe. Sempre achei q minha mãe e meu pai me viam mais como empregada do que como filha, e sem me pagar ainda, hehe.

Como eu sou bem mais velha, sempre procurei ajudar o meu irmão, pq o favoritismo da minha irmã cai sobre ele tb, ele some aqui em casa tadinho. Não tem voz pra nada. Eu me dou muito bem com ele, ajudo no que posso e sempre coloquei ele pra ajudar nos afazeres domésticos por achar injusto isso ser trabalho só de mulher. É trabalho e pronto, não importa quem faça.

Meus pais nunca me deram ajuda pra nada, pra falar a verdade eles sempre atrapalharam viu. Eu que sempre me virei pra fazer tudo sozinha porque nunca pude contar com a ajuda de ninguem. Tenho fama de mal humorada e mal educada aqui em casa porque nao aceito mais nada de ninguem, gritam comigo eu grito de volta, mas nem sempre foi assim. Eu ainda nao superei as agressões veladas que sofri e ainda sofro aqui, tanto por parte daqueles que sempre me trataram como um fardo como por parte da irmã "queridinha". Não consigo me relacionar bem com ela justamente porque ela se acha no DIREITO de ser privilegiada e tudo mais.

Hoje já terminei a faculdade, q consegui sem a ajuda de ninguem, ainda nao sai de casa por planejamento financeiro, mas pretendo sair logo, ta ficando dificil de aguentar. Como escolhi uma profissão predominantemente masculina(sou programadora), sofro com isso tb, mais isso não é assunto para esse comentario hehe

Acho que me extendi e sai mto do foco, mais é isso ai.

Só me pergunto: se é tão machista em relação a eu gostar de coisas de menino, pq não privilegiar o meu irmão ao invés da irmã? Talvez ele não seja o que eles esperavam também.