sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

MULHER FOI FEITA PRA RECEBER DESFEITA

Não sei se você ainda precisa de mais uma prova de como homens e mulheres encaram fatos rotineiros de forma diferente, mas vá lá. Brasília, 2006. Um homem tenta beijar uma moça numa van. Ela, “forte e robusta”, reage com tapas e socos, e ainda leva o caso à justiça. Bravo, né? Eu aplaudo totalmente. É o que venho dizendo: não vamos mais aturar desaforo. Vamos reagir e fazer valer nossos direitos. Isso inclui o direito de sair de casa sem que um cara tente nos beijar. É bem simples, certo?
Ahn, não exatamente. Ao absolver o passageiro, o juiz ironizou toda a situação, e disse em sua sentença: “a moçoila ofendida foi surpreendida pelo inopinado beijoqueiro, que, não resistindo aos encantos da donzela, direcionou-lhe a beiçola, tendo como objetivo certo a face alva da passageira que se encontrava ao lado”. Antes disso, quis saber da moça se o beijoqueiro era bonito (por que alguém perguntaria algo do gênero, se não fosse pra fazer galhofa?). Segundo a notícia de uma revista jurídica, ela respondeu: “doutor, se ele fosse um Reinaldo Gianecchini a reação teria sido outra”. O juiz ainda aproveitou a ocasião pra criticar casos assim, tão “pitorescos”, por ocuparem o tempo do judiciário e custarem uma fortuna aos cofres públicos.
Os 26 comentários que li na tal revista indicavam uma certa guerra dos sexos, ainda que houvesse um ou outro homem que reclamasse da atitude do juiz. Mas as queixas mais veementes vieram de mulheres mesmo. Uma programadora (compare as profissões de cada comentarista) vociferou: “Hoje a gente ri de uma 'bitoca', amanhã de uma passada de mão, e depois? O que virá? Vamos rir de um estupro também?” Uma decoradora tentou apelar. Já que os homens aparentemente não conseguem se enxergar numa situação em que alguém tenta beijá-los à força, que pensem nisso acontecendo com uma mulher que eles respeitem: “Tudo é muito engraçado e hilariante quando não estamos envolvidos. Imaginem suas mães, irmãs, filhas ou mesmo companheiras e namoradas sentadas numa van e um idiota simplesmente resolver beijá-las? Divertido, não é mesmo?”.
Sim, certamente, muitos acham engraçadíssimo. Um advogado e professor, por exemplo, agradeceu pela notícia, avisou que a encaminhou por email pros seus amigos, e concluiu, “Hoje ganhei o dia... Deu pra desopilar”. Um economista viu a bela inevitabilidade da coisa: “Na epóca do romantismo poderíamos dizer que a paixão foi arrebatadora e o sujeito não resistiu aos encantos da moça. Coisas da vida”. Mas alguns leitores-homens também ficaram revoltados. Para um administrador de empresas, “É completamente inceitável perder dinheiro [no caso], sendo que a mocinha se fez de vítima e era a vilã da história”. Um servidor público do judiciário também achou o cúmulo: “O azar do beijoqueiro foi ter encontrado essa moça desequilibrada [...]. Se algum delito houve, foi lesão corporal, praticado pela moça”. Um engenheiro assinou embaixo: “Pelo descrito nos jornais, houve sim uma agressão... a da moçoila "forte e robusta' [...]. Eu gostaria mesmo era ver o 'beijoqueiro' registrar queixa de agressão”. Pois é, mulherada, como ousar reagir e ainda ter a prepotência de denunciar quem nos passa a mão, nos encoxa nos ônibus, nos diz idiotices nas ruas (que começam já quando temos nove anos)? É tudo tão inocente, tão romântico, tão natural! A gente é que deve aceitar nosso papel de mulher, ué.
Mulher foi feita pra isso mesmo. Pra que um rapaz num carro em alta velocidade jogue-lhe uma camisinha usada no rosto. Pra que qualquer marmanjo possa sentar do lado, no cinema, e passar a se masturbar, olhando pra ela, até ejacular na sua perna. Pra ser abraçada e forçada a beijar um desconhecido num ônibus (sem que ninguém interfira). Pra ser seguida por um estranho que desça no mesmo ponto de ônibus, à noite. Pra ser apalpada ao dormir durante uma viagem interestadual. Pra ser espancada por ousar reagir. E, claro, pra ter sua bebida adulterada num bar para que possa ser estuprada sem reagir. Pra ser estuprada mesmo reagindo. Não estou inventando nada disso. Todas essas atrocidades foram narradas por leitoras minhas.
Mas, evidentemente, nas sábias palavras do engenheiro e do servidor, são todas umas “desequilibradas”. Porque equilibrados são seus algozes, esses sim. E aqueles que riem das tragédias do nosso cotidiano.

P.S.: E se a gente precisa de mais motivos pra odiar a-de-vogados (desculpem, leitoras advogadas que são ótimas profissionais!), que tal o fato de tantos falarem assim: “E a ofendida mulher confessou que se fosse 'um Gianechini' a reação seria diferente, o que deixa escapar subliminarmente resquícios de preconceito contra o indigitado beijoqueiro. Assim, deveria pagar pelo seu atrevimento de mobilizar todos os competentes membros do Poder Judiciário postos à disposição para resolver questão tão leviana que visou, sem dúvidas, a satisfazer a vaidade de alguma vaidosa doidivana”. Vixe! E o doutor ainda aproveita pra puxar o saco dos “competentes membros”! Dá pra denunciar um sujeito dessa estirpe à OAB?

90 comentários:

Serge Renine disse...

Cara Aronovich: desculpe, estar completamente fora do assunto, mas como sei do seu amor pela esquerda não resiti.

Por algum motivo eu só me lembro de mim com pensamento de esquerda. Quando o Lula se destacou no ABC em ’79, eu vi o futuro do socialismo encarnado em um homem sério e corajoso. Pensei: agora vamos a algum lugar! O Lula acabou Presidente e tudo se concretizou. Bom, mais ou menos, o plano de governo PT foi diluído, o Lula teve que acomodar umas coisas, mas no geral, foi tudo bem.

Disse isso tudo porque essa mania do Lula se achar um personagem do Gabriel Garcia Marques e dizer as coisas via parábolas pitorescas está me deixando muito contrariado. Eu queria ver o Lula se desenvolvendo e se tornando tudo que eu via de promessa nele em ’79. Infelizmente ele está virando um poço de sofismas (no caso da crise econômica), tergiversação, e de crença em sua teocracia (ele fez muito, mas outros também ajudaram a cimentar certos caminhos).

Parece que está na hora de nós da esquerda bater menos palmas e chamar nosso querido presidente a realidade, pois acho que ele está cercado de inúmeros aduladores que o está estragando.

A esquerda séria de um país do tamanho e da importância do Brasil não pode permitir que seu presidente, mesmo a título de querer parecer mais do povo que o povo, se expresse com palavrões. Alguém tem que dizer: “meu querido presidente, se o senhor se tornar mais culto e refinado, nós do povo vamos continuar amando-o e admirando-o ainda mais”.

Desculpem todos, mas essa do “sifu” acabou com minha paciência.

Anônimo disse...

Êita, Serge... ;)

Lola, eu estou tão cansada de tudo, sabe? Mesmo... cansada desse paizinho de merda, desse povo metido-a-civilizado, do nosso (sic) judiciário, dessa mentalidade machista....

Dá vontade de sumir do mapa, sabia?

Beijos

Anônimo disse...

Lola creio que compreendo seu olhar indignado. Uma pena que os avanços da tecnologia, a entrada das mulheres para a universidade e tantos fatores mais, não mudaram, ainda, quase nada, na cabeça desses "coitadinhos" homens que "não conseguem" se segurar diante do encanto das mulheres.
Haja paciência, haja competência e por fim: haja braço, porque dou parabéns a essa moça que partiu pro soco! Fatima.

Anônimo disse...

Eu tinha lido sobre isso em outro lugar, agora eu não lembro mais onde.

É aquela coisa: quando a lei é feita por homens e o juiz é homem (e geralmente um homem privilegiado, já que não é qualquer um que consegue virar juiz no Brasil... Acho que a maioria dos juízes vem de famílias abastadas, não?), é meio óbvio que as sentenças vão ser preconceituosas e desfavoráveis às mulheres.

Ontem, clicando nas fotos do calendário pirelli, descobri o blog womanist musings e li um pouco dos arquivos. Eu fiquei pasma com o caso de um cara que matou uma prostituta grávida e passou apenas UM DIA na prisão e depois fez serviços comunitários. Isso no Canadá. É aquela coisa: "é uma prostituta, não é um ser humano. Matar uma prostituta não ofende a sociedade pq a gente não quer essa corja perto da gente". O que lembra aquele caso dos playboyzinhos brasileiros, que mataram uma mulher e disseram "achamos que era uma prostituta". Ou o índio pataxó, "achamos que era mendigo". Porque matar gente que a sociedade considera "marginal" tá beleza, é limpeza! Ai ai ai.

Tem tb um outro juiz que, uns meses atrás, simplesmente NÃO aplicava a lei maria da penha, porque achava que era injusta para o homem. Afinal, "deus é homem. Foi a mulher que tirou o homem do paraíso". Sim, um juiz justificou uma sentença desse jeito! Nem parece verdade, mas o pior é que é.

Anônimo disse...

Oi, Lolinha!

Ainda na época da faculdade, saí com uma amiga, para um bar. Estávamos numa mesa, quando chegou um sujeito e começou a puxar papo.
Como ele parecia educado e só interessado em conversar, deixamos que sentasse na mesa conosco.
Após 15 minutos de conversa vimos que o tal sujeito asqueroso estava interessado em mim. E assim, sem mais nem menos, chegou mais perto e tentou me beijar. Dei um chega pra lá nele, junto com minha maiga, primeiro de modo delicado, expliquei que tinha namorado (e tinha mesmo). Veja, de modo delicado, pois pensei "é tão ruim levar um corte, vou falar isso para ele não sentir-se mal". Preocupada com a auto-estima do rapaz, puramente, pois mesmo se eu estivesse livre não ia dar bola, já que ele não fazia meu tipo e eu queria era só fic ar batendo papo com minha colega.
Pois o nojento sentou mais perto de mim, ficou indignado pelo corte e resolveu me ofender: " Quem vc pensa que é, para me dispensar assim? Ainda se fosse a Brooke Shields...". Ainda me chamou de feia. Bem o que vc diz no post, temos que estar à disposição de qualquer nojento que se interesse e nos sentirmos lisonjeadas. O asqueroso saiu da mesa dizendo que eu e minha amigaserámos duas putas, pois já que estávamos sozinhas na mesa, lógico que nosso objetivo era caçar homem e que eu estava fazendo doce.
Nojento, não é?
Isso faz uns 10 anos, mas no dia me senti frágil e impotente.E até hoje tenho nojo só de lembrar.

Beijos

Anônimo disse...

Se isso acontecesse hoje, eu daria um tapa ou soco na cara do sujeito. Ou virava a cerveja em cima dele, ou tacava qualquer coisa, a porção de batatinha ou o que estivesse a mão. E chamava o segurança. E se desse mais confusão, ia pra delegacia.
Mas não deixaria impune.

Beijos

Anônimo disse...

Serge, tb achei o cúmulo isso do "sifu". Eu falo palavrão sem o menor problema*, mas há ambientes para isso, né?

Não acho adequado um presidente dizer "sifu". Se ele estivesse a portas fechadas ou conversando com a dona marisa, ok. Em um evento público, não.

* Aliás, olha outro preconceito: quando dizem "palavrão na boca de mulher é pior ainda". Por quê? A palavra não é a mesma? Ah, mas são termos geralmente sexuais, mulher direita não fala essas coisas.... Só o homem pode, para expressar sua agressividade e masculinidade.

Milena F. disse...

Você disse em algum momento: "nos encoxa nos ônibus, nos diz idiotices nas ruas (que começam já quando temos nove anos)"

E não pude deixar de lembrar que quando tinha uns 8, 9 anos estava indo fazer um trabalho de escolha e quando passei ao lado de um rapaz (bem mais velho que eu) da minha rua ele disse alto pra eu ouvir: "essa menina vai ficar uma delicia quando crescer"

Imagina os pensamentos de uma CRIANÇA ao ouvir algo desse nivel?

Essa foi a primeira vez que eu lembro (ou que tenha entendido), mas frases de péssimo gosto me perseguiram até quando casei e me mudei.

Precisei ouvir coisas do tipo: "Ainda agarro essa menina e roubo um beijo. Eu com uma mulher dessa nem sei o que faria. Isso sim é mulher, não AQUILO que eu tenho um casa, magricela que parece que come capim"

Nunca provoquei o desejo do pobre moço e isso não fez que ele parasse. Não há explicação pra isso a não ser que os desequilibrados são eles!

E nem a desculpa (esfarrapada) de "não ter" uma mulher pra aliviar os hormonios pode valer, pois ele "tinha", como muitos desses loucos julgam ser donos de uma espécime fêmea.

Giovanni Gouveia disse...

Serge, a Esquerda tá cobrando, sem uma nova postura de Lula:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15402

Anônimo disse...

Lolets
Homens.. homens.. o que fazer com eles? Mas acho que não é cupla do gênero em si, mas sim da mentalidade tacanha e mesquinha de alguns. O problema é que infelizmente essas pragas são a maioria. O complicado é que mesmo se fosse um só, ese tipo de comportamento e atitude pareceria nojento e asqueroso da mesma forma. É tão dificil assim pensar? Ter compaixão? Se colocar no lugar do próximo???
Vcoe viu a novela a Favorita ontem? A surra em praça pública que a mulher do prefeito levou? Pensei muito em tudo que li por aqui.. lembrei de cada caso e tenho certeza que, por mais que ela tenha sido adultera e traira, nao precisava ter apanhado em praça publica e muito menos ser mostrado isso numa novela como "exemplo" do que deve ser feito. Muito feio isso.

Anônimo disse...

Isso me lembra certa vez em que saí com uma amiga e seu namorado. Como eu estava indo sozinha, eles "acharam por bem" encaixar um AVULSO no programa, obviamente com intenções de "não me deixar segurando vela". Como se eu me importasse. E como se fosse impossível entreter uma amiga se você está acompanhada do seu namorado. Enfim. Logo no começo senti que teria problemas, porque o AVULSO ficou me medindo de cima a baixo, como se estivesse "avaliando o material" que lhe fora dado. Me senti desconfortável e pensei em ir embora, mas concluí que não seria educado fazer desfeita. Como sempre, nós mulheres sempre pensando nos OUTROS, não querendo incomodá-los ou aborrecê-los. As "serviçais emocionais", enfim.

Fui educada e conversei com o rapaz a noite toda (enquando minha "amiga" e o namorado se agarravam num cantinho). Ele era simpático e agradável, mas em nenhum momento me senti atraída. Não era culpa de nenhum dos dois, isso simplesmente acontece (ou não). Dado momento ele começa a me agarrar e a tentar forçar um beijo. Como eu recusei (ainda sorrindo e tentando ser educada), ele começou a GRITAR comigo no meio da boate, me acusando de fazê-lo de palhaço. "Você acha que isso aqui é um circo??". Devo dizer que, se ele tivesse uma chance MÍNIMA de ganhar o beijo que queria, ela havia acabado de se desmaterializar. Para não haver escândalo, eu tentei manter os ânimos baixos e acalmá-lo. O que surtiu efeito por uns 20 minutos até ele tentar me beijar novamente, eu recusar novamente e ele começar a me ofender ("piranha" sendo o epíteto mais leve). Fiquei com medo e fui chorar no banheiro, e a "amiga" que só então pareceu notar o que estava havendo, me seguiu e me aconselhou a "ficar logo com o cara" porque "tudo é festa". Voltei pra casa sozinha, no meio da madrugada, a pé porque não havia mais ônibus e sendo ameaçada de estupro por bêbados pelo caminho. Minha amiga, seu namorado (que estava de carro) e o cara que dizia estar "encantado" por mim, nenhum deles deu a mínima. Eu tinha 13 anos, e o meu crime foi não ter aceitado servir de entretenimento a um desconhecido.

Se aquilo realmente tivesse sido um "circo", o ANIMAL já estava claramente identificado. Só faltava enjaular.

Ale Picoli disse...

Ai Lola, eu acho que tinha que ter nascido negra e pobre também pra poder concentrar todos os preconceitos do mundo ao mesmo tempo. Mas por enquanto, "feliz" que sou, sofro preconceito "apenas" por ser mulher e gorda. Porque mulher ainda é gente de segunda categoria, gorda não é nem gente. Se fosse negra e pobre, acho que eu nem existiria.

Hoje aconteceu uma coisa chata no ônibus e eu fiquei me sentindo muito mal. Não por mim, depois que o pico da raiva passou. Mas por todos os outros. Eu vou elaborar melhor e depois te conto. Mas uma coisa eu sei: não vou mais me calar.

Dai disse...

Lola, fiquei sabendo por aqui, mesmo. Que coisa mais tacanha esse judiciário. Conheço excelentes médicos e advogados, mas considero que estas profissões estão favorecidas pelo invólucro de uma armadura institucional que não permite a crítica e a auto-crítica social, há todo um proselitismo em volta. Acho que dava uma tese de mestrado analisar o machismo e a discriminação (de gênero, raça, procedência) no texto dessas sentenças que são o próprio emblema da misoginia, com essa linguagem cafona toda. Lembra do juiz mineiro que criticou a Lei Maria da Penha? A moça em questão foi violentada duas vezes, uma pelo cara, a segunda, pelo juiz. Poxa...e o que se pode fazer contra um cara desses?
Ah, ainda estou te devendo o post, já cobrei as fotos, mas ainda não recebi, é fim de ano na ONG, todo mundo meio em clima de férias.Mas, assim que tiver, te escrevo. beijos.

Unknown disse...

Palhaçada! Até se meu namorado tentar me beijar a força eu vou reagir.

Anônimo disse...

Pois é, Lola, assim que eu li o texto me senti tão mal pela moça, já imaginou como ela deve ter se sentido quando ouviu esses absurdos? E todos esses homens rindo dela?
Tive que comentar (eu sou a programadora) e colocar no blog.
Não podemos mais ficar caladas.

DK disse...

o que mais me surpreende nessa história é que eles acham um absurdo que se fosse um Reinaldo Gianechini a reação seria diferente, o que isso quer dizer? Que não somos livres para escolher nossos parceiros? Ou mais nào podemos sentir atração por ninguém, pois isso nos tira o direito de acusar alguém.
O pior que mulher quando é considerada feia pelo homem que ela se sente atraida é esculachada, jogada no chão agora se ele a considera bonita não pensa duas vezes antes de dar uma bitoca mesmo que forçada! poupe me né?!
Sobre a-de-vogados, bom tenho amigos meus que estão na faculdade de direito espero que eles nunca percam o espirito critico que apresentam hoje, mas é uma corja que me dá nojo, o problema é que eles também estão no esquema de reprodução do meio, a maioria se encaixa num sistema, entra nessa para receber $$, para serem corrompidos e tem alguns que falam abertamente isso, acredite os proprios estudantes falam abertamente isso.
Acho que me estendi demais, mas sao essas coisas q me decepcionam na humanidade, acho que você entende o que quero dizer.

DK disse...

ai..
aqui é a Leila no pc do namorado

sujeito disse...

Alguma coisa só vai mudar quando a justiça voltar a enxergar...

Anônimo disse...

Lola, o que incomoda é estarmos inseridos em uma cultura onde rola banalização desses casos para os quais "a mulher foi feita", como diz o título do seu post. Eis uma perspectiva para termos esperança nessa questão, que cito do livro O Mundo é Plano, do Thomas Friedman: "As culturas não fazem parte de nosso DNA. São produtos do contexto - geografia, nível de educação, liderança e experiência histórica - de qualquer sociedade". O autor cita vários exemplos ótimos, no âmbito de religião e modo de vida, militarização e pacificidade, entre outros, e com certeza podemos trazer sua conclusão para nos ajudar em discussões da posição da mulher na nossa cultura, e da própria cultura em si. Sua conclusão é: "a cultura se assenta em contextos, e não nos genes, e à medida que esses contextos, assim como os líderes locais, mudam e se adaptam, também a cultura pode mudar". Basta de ouvir bobagens grotescas ao andar pelas ruas. Temos que recontextualizar nossa situação, ao termos voz, poder, capacidade e discernimento para dizer: chega de desfeita; eu não nasci para isso.

lola aronovich disse...

Serge, concordo totalmente que um presidente, de qualquer partido que seja, não deva falar palavrão. Um político, de modo geral, precisa tomar muito cuidado com o que fala, porque suas palavras acabam tendo mais peso que as dos meros mortais (sem falar que sempre tem alguém registrando). O Lula já é “folclórico” (no bom sentido até) em muitas coisas, e já é identificado com o popular - não precisa falar palavrão pra ser mais. Ao mesmo tempo, a gente sempre tem que ficar com um pé atrás com o que a repercussão que a mídia dá pra alguma coisa. É estranho que falem tanto nisso bem quando o Datafolha divulga que a popularidade do presidente bateu novo recorde (70%), bem no meio de uma crise, e que a maior parte dos brasileiros acha que o Brasil estará melhor ano que vem.


Chris, eu ainda gosto muito desse paizinho, sou uma das 70% que apóiam o governo, e não acho que machismo exista só aqui. Querida, entendo sua vontade de sumir do mapa, mas não leve o mundo todo contigo!

lola aronovich disse...

Fá, pois é, as mulheres avançam, conquistam mais vagas de trabalho (mesmo ganhando menos), estudam mais... mas continuamos sendo tratadas da mesma forma. Continuamos sendo nacos de carne num açougue.


Marj, sem dúvida, as leis foram feitas por eles e são excecutadas por eles. Eu tenho esperança que, como agora tem muito juiz jovem, e muita juíza, as coisas mudem. Mas não tenho tanta confiança nessas novas gerações. Adoraria acreditar que são menos preconceituosas. Eu tentrei no Womanist Musings mas foi bem rápido. Não vi esse post sobre a prostituta assassinada no Canadá. Incrível que coisas assim ocorram nos países ricos. Ah, errata no seu coment: os playboyzinhos espancaram uma empregada pensando que fosse uma prostituta. Não a mataram, ainda bem! (se bem que deve haver vários casos assim).

lola aronovich disse...

Cris, o importante é que a gente amadurece, se dá conta que deve ser mais forte. E às vezes demora! Pô, eu sou feminista, fui a minha vida toda, mas o meu momento de virada mesmo só se deu a cerca de 2, 3 anos, naquele episódio do velho no ônibus. Foi só então que eu fiquei chocada com a minha passividade. É errado isso de não querer ofender, de ser sempre educada, mesmo quando eles estão agindo mal. Mas é muito difícil de superar, porque faz parte da educação que recebemos. O que eu acho importante é que a gente se dê conta da nossa passividade, e de como ela facilita demais a vida de homens estúpidos. Não é fantástico? Um cara pode chegar na sua mesa, tentar te beijar, te insultar quando for recusado, e fica tudo por isso mesmo? Vida fácil a dele! Comigo eles não têm mais essa moleza não. E, pelo jeito, nem com vc.


Marj, é, tem mais aquele preconceito que mulher não deve falar palavrão... Bom, eu não falo. Nunca falei, nunca gostei, e sempre ficava um pouco chocada quando eu era criança e meus pais falavam (eu achava que babaca era um palavrão). O maridão também não fala. Não sei porquê, não faz parte do nosso vocabulário, nunca fez. Talvez porque eu não seja muito agressiva...

lola aronovich disse...

Milena, é o fim uma menina de 8 anos ouvir essas baboseiras. No fundo, acho que o que elas significam é algo como: “Você já está sendo avaliada agora. E será por toda vida”. É uma relação de poder, porque só quem tem poder é que avalia. Então uma menina cresce vendo que sua opinião não tem a menor importância, e que será mais vista do que ouvida, e cresce ouvindo as opiniões de um completo estranho sobre seu corpo. Não dá uma visão de mundo muito boa, né?


Gio, obrigada pelo link.

lola aronovich disse...

Pablito, não acho que a maioria dos homens se comporte assim. Espero que não! Mas às vezes eu fico esperando solidariedade maior do meu próprio marido, e ela não vem. E ele é casado com uma feminista! Nessas horas que eu fico bem desesperançosa mesmo. Tipo: outro dia a gente tava falando alguma coisa de pensão alimentícia, e de como um divórcio é mais duro, economicamente falando, pra uma mulher com filhos, e o maridão, do nada, começa a falar de um amigo que se separou e teve que pagar pensão apesar da ex estar com outro. Quer dizer, pobrezinho do amigo e dos homens, como ELES sempre levam a pior. Quando todas as estatísticas mostram que a renda de um homem SOBE depois de um divórcio, e a da mulher, cai. Quando o maridão viu um documentário americano mostrando mulheres que têm de morar em carros, na rua, e em trailers, nos EUA, muitas vezes com os filhos, porque os ex-maridos não pagam pensão (e não acontece nada). E aí, na primeira oportunidade, o maridão se solidariza com OS HOMENS?! Esse é só um exemplo. É que tô começando a perceber que o maridão não é, nem nunca foi, feminista. E eu pensei que ele fosse. Aí eu fico muito decepcionada, sabe?
Mas eu não vi a novela. Me conta o que aconteceu. A surra foi festejada? Outros personagens criticaram? O cara foi preso? A surra foi feita pra dar um exemplo mesmo? Conta mais!

lola aronovich disse...

Lolla, puxa, a sua história me lembrou de uma bem parecida que aconteceu comigo, acho que quando eu tinha uns 17 anos, não sei. Foi a primeira e última vez que fui acampar. Mesma coisa: ela e o namorado, e eu, e o namorado leva um amigo. Não me lembro de quase nada, apenas que, como no seu caso, não havia nenhuma química entre eu e o amigo. Mas, claro, ele “atacou”. E eu acho que acabei cedendo e fiquei com ele por puro tédio (porque, francamente, acampar/sair da civilização parece ser a maior estupidez que alguém pode cometer). Eu não tenho nem certeza que fiquei com o cara. Acho que fiquei, mas tá vendo como foi marcante, né? Quem sabe, se eu tivesse recusado, o cara teria sido agressivo, como o seu foi? Aí que eu não teria ficado MESMO. E aí, eu voltaria andando sozinha pra civilização? É um perigo! Imagina só, se algo horrível tivesse acontecido contigo, se vc tivesse sido estuprada pelo caminho, a culpa seria toda sua. Por que vc não ficou com o cara, afinal? E se o cara tivesse te estuprado, a culpa também seria sua. Por que vc ficou lá? Por que vc saiu com eles? Por que vc foi logo nascer mulher, pô?! Deve ter sido péssimo descobrir isso aos 13 anos.


Ale, não se esquece de pedir tb pra nascer lésbica, e de ter alguma deficiência física. Aí sim vc sofreria preconceitos de todos os tipos. Mas conta aí o que aconteceu no ônibus, vai! Quero saber. Vc tb despertou que não vai mais se calar num ônibus, como foi o meu caso?

lola aronovich disse...

D, bom, não há dúvida que existem excelentes médicos e advogados. É só que é tão triste a gente ver tantos sem a menor empatia... Deve haver várias teses de mestrado sobre a discriminação no texto dessas sentenças. Até na minha área, Letras, tem a Análise do Discurso, e volta e meia tem algum aluno(a) estudando a linguagem de sentenças judiciais, de manchetes jornalísticas... Acho muito importante analisar a linguagem. Se eu fosse da área de Linguística, não de Literatura, Análise do Discurso seria a mais interessante. D, tudo bem, não tem pressa pro post.


Elyana, o único macho que me beija a força no mundo é o meu gatinho Calvin. E antes dele tinha o meu cachorro, o Hamlet. Contra esses eu não consigo reagir.

lola aronovich disse...

Ah que legal, Débora! Vc é a programadora! Gostei do que vc escreveu. É um absurdo, né? Palhaçada mesmo.


Leila, exatamente. O choque deles com aquele negócio de que “se fosse o Gianechini, a reação seria outra” é justamente pelo negócio da escolha. Que abusadas, nós mulheres, né? Querer escolher! Querer ter liberdade! Daqui a pouco vamos querer até ter direitos sobre o nosso próprio corpo, onde já se viu? Deve ter alguma coisa a ver com solidariedade masculina, entre eles. Porque tem uma ligação, não tem? Se uma mulher recusa UM cara, é como se estivesse recusando TODOS. Todos inclui o Gianechini. E inclui todos os homens a partir de então. Porque a mulher é doida, é uma desequilibrada, mal-amada, frígida, histérica...
E sobre a-de-vogados, não acho que o problema esteja só com eles, lógico. Acho que hoje em dia todos nós temos de nos corromper nas nossas profissões. “Corromper” no sentido de abrir mão de vários ideais, de ter que trabalhar pra ganhar dinheiro, muito mais que por satisfação pessoal. Não no sentido de aceitar propina!

lola aronovich disse...

“Voltar a enxergar”, Luiz? A justiça já pôde ver algum dia?


Aline, é isso aí. Às vezes a gente se comporta como se não fizesse parte do mundo, como se a cultura em que vivemos fosse impermeável a nossa influência. A gente ajuda a moldar isso que taí. Concordo totalmente que precisamos recontextualizar nossa situação. Deixar bem claro que não é isso o que queremos, e que não vamos aceitar (e, lógico, educar nossos filhos e alunos pra uma nova cultura, de tolerância e de respeito).

Unknown disse...
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Gisela Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gisela Lacerda disse...

Eu sou pessimista. Acho que nada nunca muda, nunca vai mudar. E tenho até pena de pôr uma filha mulher nesse mundo.

Gisela Lacerda disse...

Filha mulher.. ops, perdoe-me pela redundância. Gostei do que a Lola Moon escreveu sobre "serviçais emocionais". É por isso que tive de ouvir de um ex meu (nem pode ser considerado isso): "ah, por isso que não quis casar com você." Que coisa... e pensar que fui serviçal emocional de um homem através de internet, esperando ele se decidir. Um homem que conheci ao vivo e a cores. Pra ser "serviçal emocional", prefiro ser p. (tem crianças ouvindo!) ou uma espécie de cortesã de luxo. Ganha mais e vive menos!

Gisela Lacerda disse...

Lola, discordo to-tal-men-te que a renda de um homem sobre depois que ele se divorcia. O meu ex-ex-exnamorado deixou uma fulana dentista, que tinha salário direitinho e tudo mais, deixou ela no apartamento e voltou pra favela onde a família morava. Hoje não mora mais. A juíza disse na cara dele que ele poderia dar menos e ele irredutível (mulheres manipulam homens quanto têm filhos com eles, me desculpe, mas a maioria não tem nada de santinha; tem é de p..inha) fixou esse preço para, logo depois de alguns meses se arrepender e teve de pagar pra rever a pensão. Porque a justiça é cara!

Tenho outro caso: uma certa pessoa que conheço se encontra muito bem instalada, enquanto o ex se encalacra. E olha que o apartamento onde ela está é dele.

Os casos que vejo são de mulheres aproveitadoras ao extremo. Não sinto a mínima pena delas, que se fazem de casadinhas comportadas e batalhadoras e "mãe dos filhos" enquanto as sinceras que pagam o pato. Odeio essa corja. Se eu tivesse cara de pau, teria me casado e tido filho rapidiinho s´´o pra não estar na situação que estou hoje. Preferi ser "casada" com meu pai.

Anônimo disse...

Eu faço Direito e posso lhe afirmar que a maioria desse povo ligado à 'justiça' é preconceituoso, machista e metido a sabe-tudo.

Tenho um professor de Direito Penal que fala atrocidades sobre mulheres e gays. Ele deixa claro que mulheres só foram feitas para que os homens se aliviem sexualmente. E a função dos gays é servirem de chacota para os heterossexuais.

E o pior é que ele não está sozinho, tenho outros professores que também têm estas mesmas idéias brilhantes... mas o maior problema é que meus colegas acham lindo, engraçadíssimo o que ele fala, até o idolatram.

Anônimo disse...

Hein Lola, n querendo defender o q esses caras disseram, mas acho q a gente pode encarar os comentários sobre 2 lados. O 1o é o q vc falou, é um absurdo uma mulher querer escolher e ter liberdade. O 2o é q, de acordo com o q a mulher q está processando falou, eles devem ter entendido q para ela e mulheres em geral, tudo bem ser beijada (daí a gente evolui para bolinada no ônibus, comentários de cunho sexual, "apropriação" do corpo por um estranho) desde q o cara seja bonito.


Aliás, esse post parece reiterar a posição-joão de mts homens. Pq? Pq, de acordo com o q estou enxergando aqui,o q os caras ENTENDERAM é q as mulheres são hipócritas pq dizem q n querem essas coisas todas, mas se é um cara bonitinho q vai fazer td bem ser bolinada.

Esse tipo de situação do post parece contribuir para essa img q os homens tem das mulheres. Como tb contribui o q aquela leitora no outro post falou, q gosta de ouvir as tais coisas na rua. N estou criticando ela admitir q gosta, ou o fato dela gostar. O q eu critico é o fato d, dps q o joão (q aqui está como representante dos homens machistas) leu, ele falar: "taí, viu como as mulheres gostam?". Ou seja, o GRANDE problema é os homens confundirem q uma mulher dizer q gosta, n quer dizer q tds as outras (q são a maioria) estejam mentindo e gostem tb.


Para terminar: usei o nome do joão mais como um símbolo dos homens machistas, n para atacá-lo diretamente. Eu só falar q os caras subentendem n adianta mt coisa, então mostrei um exemplo real q aconteceu aqui, de q isso realmente existe, para ilustrar. Aliás, o q eu ataco aqui, são as idéias machistas deles, e n os caras.

Anônimo disse...

qdo eu tava na segunda serie, ou seja, tinha 8 ou 9 anos, contei pra minha mae q o velho da banca de revista tinha passado a mao na minha perna. ela foi la, fez um escandalo, claro, e contou pra todas as maes do bairro. eu morri de vergonha da cena, e implorei pra ela nao contar pra ninguem. ela me explicou q tinha q contar pra que nao acontecesse com outras meninas. enorme foi a surpresa dela, ao saber q as outras maes todas ja sabiam q o véio era tarado, mas q preferiram abafar o caso.
entao. so q eu nao contei a verdade pra minha mae. na verdade, o velho enfiou o dedo na minha vagina e me pediu pra dar uma mijadinha. eu passei a infancia inteira me sentindo culpada e morrendo de vergonha.

Anônimo disse...

eu, agora sou adulta, bonita e gostosa, SEMPRE reajo. nao canso de chamar segurança em boate pros atrevidos, ja fiz escandalo em onibus, ja revidei com tapa, ja processei professor engraçadinho, q acha q brasileira é "facil".
mas a gente nao tem o apoio nem das proprias mulheres... fica dificil.

Anônimo disse...

Oi,Aronovich,(Achei bonitinho)
Há muito tempo acompanho seu blog, mas nunca comentei. Resolvi fazer o que sempre tenho vontade ...
Vamos aos elogios: Entrei aqui por um acaso e comecei a acompanhar. Admirei o seu jeito de nos dar as notícias sem ofender, sua forma de tentar passar sua opinião sem pisar nos outros, embora não goste, respeita, briga apenas quando necessário. Não gosto de blog que só fala mal das coisas, que não tem nada para te fazer sentir-se bem. Este foi o motivo que parei aqui.
Quanto a postagem, nada justifica ficar do lado do "beijoqueiro", ninguém tem o direito de tirar nada que outra pessoa não queira dar. Repito, nada justifica, acredito que ele deveria ser condenado, porém também acredito que ela tenha sido bem infeliz no comentário, afinal, apesar de ser um homem bonito, garanto que se fosse um estupro, nem sendo "ele", ela se sentiria bem. Ela não parou para observar o local que estava e onde ela estava fazendo brincadeiras.
Não sou feminista, acredito que homens e mulheres são iguais. (embora ache que temos um pouco mais de massa cinzenta :)) Se somos iguais, temos que lutar sempre pelos nossos direitos, sem frisar sempre que sou mulher, sou um ser humano que merece respeito, como qualquer outro. Como também não acredito "que todo gordinho" que diz que é feliz por ser assim, está falando a verdade, muitos gostariam sim de emagrecer, não ser magrinho, mas apenas perder uns quilinhos, algo que o faça se sentir um pouco melhor, mesmo que seja pela saúde. Muito desse papo de que sou feliz gordinho vem de pessoas que não conseguem de jeito nenhum admitir que não estão satisfeitas com sua aparência, ou com elas mesmas.( Não que muitos não se importem e sejam felizes de verdade, mas, não gosto de hipocrisia).
Sou o tipo de pessoa que não gosto de mentir, todos dizem que eu daria uma ótima advogada e eu sempre respondo que não, pois se soubesse que meu cliente estava mentindo, eu o acusaria.
Sou a favor do bem! (isso não quer dizer que não erro, erro, muito, sou humana, apenas tento fazer o possível para não magoar as pessoas).

Isso que dá não ter comentado antes, juntei comentários de várias postagens! :)

Beijo,
:)

Paola disse...

O FAbio Assunção, há uns três anos, entrou de sócio no Clube Paulistano aqui em São PAulo.
Logo se desligou da prestigiada associação, pois no seu entender sofreu com o assédio das sócias, que não se intimidaram e chegaram junto, todas queriam beijo, abraço e até se possível uma beliscadinha na magrinha bunda do ator ( ele é muito mirrado pro meu gosto).Que mulheres abusadas, né?
De fato, vivemos num mundo com pesos e medidas diversos para sexos diferentes!

Paola

Anônimo disse...

Só para esclarecer para o último comentário anônimo, feminismo é querer igualdade de direitos entre homens e mulheres. O contrário de machismo é femismo. Se você acredita que somos iguais e luta por isso, você é sim feminista.

Tina Lopes disse...

Oi, Lola. Quando li essa notícia, pensei, "ah, que pena, ela (a vítima) podia ter sido mais eloquente na defesa da escolha". Mas não foi, infelizmente, ou foi mal editada pelos repórteres; claro que ia dar nisso. Mas quero só falar com dois colegas daqui do blog. Pablito, quer dizer que teve surra em novela de novo? Já percebeu que tem mulher surrada desde aquela outra novela, Celebridade, em que a Malu Mader enfiou a mão na inimiga? Como forma de redenção, até. Depois, se não me engano, foi a menina que judiava dos avós. Em seguida, em outra novela das oito, a vilã que era a Lília Cabral. E porque dá audiência. O povo adora ver mulher apanhar, olha que horror. Agora eu queria comentar o comentário da Gi sobre mulheres e pensão alimentícia: quanto ódio, Gi! Não entendi. Então a mulher pra merecer pensão tem que ser santinha, comportada? Não vejo relação entre o direito e a personalidade/comportamento da pessoa. Acho que uma "putinha" - se for conceituar assim quem trai o marido, ou já namora outro depois de separar, ou que mantém vida sexual ativa pós-casamento - merece pensão sim, se ela tem que criar os filhos, principalmente. Talvez você não saiba como é difícil "só" criar os filhos. É dedicação exclusiva, cama, mesa e banho. Da cozinha à reunião de professores etc etc. E tem que manter o padrão de vida dos filhos, não pode cair só porque não tem mais o pai na mesma casa. Mas se a mulher não tem filhos, mas se dedicou ao marido, fez com que ele pudesse por sua vez se dedicar à sua carreira, se compraram bens juntos etc. ela também tem direito. Há casos escabrosos, claro, de mães que largam seus filhos (e eu sei disso que tenho um próximo, na família) e de mulheres que se aproveitam da lei pra não trabalhar, tal. Mas não vamos generalizar, né? Já basta o ódio dos próprios ex.

Serge Renine disse...

Paola:

É exatamente neste ponto que a coisa pega.

Como o homem é mais forte e é muito menos assediado pelas mulheres, ninguém acha uma violência várias mulheres tentarem beliscar a bunda do Fábio Assunção ou de outro homem, até porque atitudes assim de mulheres é raro.

Já a mulher, ao contrario, pela forte atração que exerce em todos os homens e por ser a parte mais fraca se sente violentada com tal atitude.

Naqueles bares americanos em que as moças dançam só de calcinha ou sem nada, os homens não podem tocá-las, ou o segurança arrebenta o sujeito e o põem para fora. Nos clubes em que homens dançam pra mulheres, essas os tocam de todas as formas sem serem molestadas por segurança algum e os rapazes até, acho, gostam.

São, no bom sentido, dois pesos e duas medidas.

lola aronovich disse...

Gi, a gente tem que acreditar que as coisas podem mudar, e que nós influenciamos o mundo em que vivemos. Aliás, as coisas mudam, sim. Muitas coisas mudam. A nossa situação de mulher, em muitas coisas, é diferente à das nossas avós.
É verdade isso que a Lolla disse de sermos “serviçais emocionais”. Temos de pensar primeiro em não magoar a nós mesmas, e só depois pensarmos se estamos ou não magoando o carinha que estamos rejeitando.
Sobre a renda de um homem subir quando ele se divorcia, há estatísticas (que não tenho no momento; esse documentário que mencionei - preciso lembrar o nome - fala disso no contexto americano). Inclusive, a lei, que eu saiba, fala de pensão alimentícia assim: quem ganha mais paga pra quem ganha menos ou não trabalha. Como quase sempre é o homem que ganha mais, é a responsabilidade dele. Além do mais, quase sempre é a mulher que fica com os filhos. É triste, mas tem muito homem que casa de novo, forma nova família, e simplesmente “esquece” a anterior. E cabe à mãe, que ou já ganhava menos, ou que não trabalhava pra cuidar dos filhos, sustentá-los. Isso me parece muito, muito injusto. Há mulheres aproveitadoras, claro. Mas asseguro que há mais mulheres que não têm dinheiro suficiente pra cuidar dos filhos sozinha. Sabe aquele provérbio sobre a corda sempre arrebentar pro lado mais fraco? O lado mais fraco não é o do homem.
E Gi, vc anda insistindo muito numa dicotomia que pra mim não faz muito sentido: ser sustentada por um homem ou ser sustentada pelo pai. Que tal vc mesma se sustentar? Não precisa ser “casada” com ninguém.

lola aronovich disse...

Pô, Túlio, péssimo saber dessas coisas. Quer dizer, sei que professores assim existem em TODAS as áreas (afinal, não é só porque a pessoa vira professora universitária que se torna inteligente e deixa os preconceitos de lado). Mas existem algumas áreas em que se um professor falar certas besteiras, como as que vc conta desse seu aí, ele seria contestado. Na minha pós certamente é assim (mas nossos professores são todos ótimos).


Babsiix, é, uma das várias coisas que os comentaristas da revista jurídica reclamaram do comportamento da mulher foi que ela foi hipócrita. Mas reclamaram de tudo também - principalmente, d'ela ter batido no beijoqueiro (“ele que devia prestar queixa” etc), e d'ela ter se sentido tão ofendida pra levar o caso à justiça. Nas entrelinhas fica claro que mulher tem que se acostumar com essas coisas. Se não, é uma desequilibrada. Homem que acredita nessas besteiras VIVE procurando uma mulher pra corroborar suas suspeitas. Ele nem se decepciona que, entre 100 mulheres, só uma goste de ser cantada na rua. Quando essa mulher aparece, é uma festa, porque é a prova que ele queria. Tem gente que se lixa pra estatística. Geralmente é gente que crê em Verdade Absoluta.

lola aronovich disse...

Mariana, ai que horror, que horror. E olha como é a nossa índole (a índole que somos ensinadas a ter): assim que comecei a ler seu relato, dois pensamentos começaram a brigar na minha cabeça. Um, que o velho da banca de revista devia ser denunciado, sim. Outro que, COITADO, ele iria ficar sem trabalho, e será que passar a mão na perna das meninas é tão ruim assim? Olha que pensamento HORROROSO esse meu! Eu tenho que me lembrar que sim, um homem passar a mão na perna de uma menina é algo muito, muito sério. Aí ler a segunda parte do seu relato só me deixa mais chocada. Pode muito bem ser que ele tenha feito o que fez contigo com outras meninas. É muito provável, aliás. Mas as meninas, com vergonha, assim como vc, só contaram uma parte pras mães (as que contaram!). E mesmo só contando que um velho passou a mão na perna, elas não fizeram nada?! Todas deveriam ter feito o que a sua mãe fez. E ele deveria ser denunciado à polícia, e deveria haver uma investigação pra ver o que mais ele fez com as meninas em que passava a mão na perna. Alguém em sã consciência (homens e mulheres) quer um marginal pedófilo desses à solta?! Que horror! Muito chocante essa história! Não consigo imaginar UMA só leitora deste blog que ficaria quieta se a filha de 8 anos chegasse em casa e falasse que um velho passou a mão na perna dela. Espero que este seja um sinal que as coisas estejam mudando.
Muito obrigada por ter a coragem de contar isso que contou.

lola aronovich disse...

Oi, Anônima! Da próxima vez deixe um nominho aí, nem que sejam as iniciais ou um apelido, do tipo “Fofinha”, só pra eu poder te chamar de alguma coisa. Bem-vinda, e que bom que vc comentou. Fico feliz que vc ache que eu falo as coisas sem ofender, porque muita gente me acha polêmica demais e acha que eu sou agressiva, sim (eu não acho). Aliás, cansei de ouvir: “Não é o que vc diz, mas o jeito que diz”.
Bom, concordo contigo que a moça do caso não deveria ter falado nada sobre se fosse o Gianechini, sua reação teria sido diferente. Quer dizer, o juiz é que não tinha nada que perguntar se o beijoqueiro era feio ou bonito. Mas a moça deveria saber que suas palavras seriam usadas contra ela (e nós). Só os juízes, pelo jeito, podem falar gracinhas num tribunal...
Sobre ser feminista, é importante a gente frisar que é mulher, já que somos discriminadas justamente por sermos mulheres, não por sermos seres humanos. Na segunda publico um post sobre privilégio masculino, talvez fique mais claro.
E sobre não acreditar que um gordinho possa ser feliz mesmo sendo gordo... Bom, a felicidade é muito ampla, não acha? Se pra uma pessoa sua forma física é a coisa mais importante do mundo, e ela está acima do peso, realmente é difícil ser feliz assim. Mas pode ter gente que se realize de muitas outras formas, não só através do seu corpo, não? Pra essas pessoas, estar no peso ideal pode não ser importante. Achar que gordinho não pode ser feliz é exatamente o mesmo que achar que as pessoas no peso ideal são todas felizes. Bom, eu conheço muita gente magra com depressão... Talvez porque o que caracteriza a nossa felicidade varie muito, e não seja igual pra todo mundo. Apareça sempre!

Elisa disse...

“Morreu violentada porque quis! Saía, falava, dançava. Podia estar quieta e ser feliz. Calada, acuada, castrada. Agora não dá mais para sonhar...”. Essa música lembra um dos mais graves crimes praticados contra crianças e adolescentes. O assassinato da menina Araceli Cabrera Crespo, após ter sido drogada, estuprada e ter o rosto deformado com ácido por membros de uma das famílias mais poderosas de Vitória, Espírito Santo. O crime foi praticado 1973, eu nem tinha nascido... Tanto tempo passou e até hoje testemunhamos fatos iguais ou piores. Enquanto isso acontece, quem deveria resguardar nossos direitos (não só de mulheres, mas sim de cidadãos) faz chacota e expõe ao ridículo alguém que “só” queria ter seu espaço respeitado. A mulher foi desrespeitada por vários homens e muitas vezes: A primeira quando tentaram beijá-la à força, na segunda vez foi humilhada por querer denunciar seu agressor, e na terceira foi alvo de comentários no mínimo infelizes de homens que acham saber alguma coisa sobre o universo feminino. Sabe Lola, temo que esse tipo de comportamento também corrobore para que muitas mulheres se sintam ridículas ao pensarem em denunciar uma agressão. Isso também é muito sério.

lola aronovich disse...

Paola, bom, não dá pra considerar o Fábio Assunção, ou o Gianechini, ou qualquer outra celebridade, como uma pessoa normal. Quero dizer, o comportamento de uma pessoa no meio de uma turma histérica porque está na presença de uma celebridade muda. Uma mulher sozinha dificilmente passaria a mão no Fábio Assunção, mas quando está numa turba... Eu lembro uma vez num congresso de educação que teve em Joinville, e um dos convidados era o Pedro Bial. E era antes dele ficar “pop”, antes do BBB. Mas ele passava e a gente escutava uma gritaria histérica nos corredores. Era ridículo.
Mas, se a gente fosse famosa, odiaria não poder sair à rua sem ser assediado por uma turba. Nós mulheres somos assedidas direto, mas é um por vez, né? Tava sumida, Paola!
Ah, Serge, sua resposta taí tb. E quanto aos bares de strip tease, os homens podem tocar nas mulheres... desde que paguem. Pra cada coisinha, mais dinheiro. Os seguranças só estão lá pra impedir que os homens toquem sem pagar.


Débora, é o que eu acho também.


Tina, ótima resposta. Estou de saída agora (já atrasada!), mas quando voltar eu leio tudo, o circo pegando fogo e tal.

Anônimo disse...

Mandei um email com o video da cena da novela...

Gisela Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gisela Lacerda disse...

Eu me sustentar? Só fiz isso quando morei na França. Ótimo, se ao menos o $ desse. Lolita, você não sabe da missa metade. ;-) Insisto nessa dicotomia, porque por aí só vejo mordomia. Rimou. Então, também quero! Casamento é contrato, não é amor.Lola, realmente pode não ser a maioria, ou talvez muita mulher não assuma que "subiu na vida" através de associações amorosas e casamento. Depois tiram onda de trabalhadoras ou que "ah, trabalhei muito, sabe?" Hum, sei.

Os filhos quase sempre ficam com as mulheres porque elas querem isso. Que arquem com o problema, oras. Vejo vários casos por aí, inclusive na minha família de homens que não pagam pensão direito, homens que fugiram, homens que pagam tudo mas deixam as mulheres pularem de galho em galho, de aluguel em aluguel nunca renovando contrato. Um horror. Vejo casos de homens ridículos mesmo. Se fosse eu, mandava as filhas irem morar com o pai. Não aguentaria viver a situação que vejo essas mulheres vivendo. Que aguentem a saudade, sei lá. Essa é uma boa idéia pras feministas. Por que pensar que os filhos devem ficar sempre com as mulheres? Por que partirem do pressuposto que o homem não quer ficar com esses filhos? E qual é o problema de dar um filho pra uma outra mulher e formar outra família se os filhos da primeira estão crescidíssimos? O amor e a paixão existem pra isso. As pessoas têm direito de tentar ser felizes novamente e com outra pessoa.

Eu nunca tive filhos porque sempre considerei tudo isso (casamento, filhos, namoro) assuntos seríssimos e, no entanto, sempre fui a considerada irresponsável, maluquete, volúvel. Eu que sou séria isso sim. Não faria essa sacanagem com meu pai, um homem de idade, porque sou temporã. Bem, ele faleceu ano passado. E não tenho mãezinha (falecida quanto eu tinha 8 anos), nem avó (falecida quando eu tinha 26 anos e os paternos nem conheci), nem ninguém pra servir de babá nas horas vagas pra eles. É isso que eu vejo por aí! Quem pariu Mateus que o embale, oras. Os dois devem arcar com as despesas. Pais devem dar tudo para os filhos? Sim. O meu fez o que pôde e fez demais até.

Se a mulher ganha menos, muito menos, deve sim receber muito mais. Concordo plenamente. Acontece que a maioria não quer abdicar do casão, do apartamentão sabe? E quer tirar até o couro do cara. Conheço... Enquanto o cara fica enfiado num quarto e sala e se sente culpado por se apaixonar por outra e ter filho com outra. Egoístas são as primeiras. Quem mandou não entender que nada é pra sempre? Quem mandou não acreditar que o cara pode sim cair fora um dia?

A lei é muito clara: o homem deve dar 25% do seu salário.

Resumindo: acho que tem de ser muito corajosa hoje em dia pra ter filho de qualquer um.

Sobre mudanças: a minha avó, minha tia-avó e minha bisa eram muito à frente do seu tempo, mas não acredito que as coisas tenham mudado muito, ao menos no tocante à vida cotidiana. Fazer leis todo mundo faz, direito a voto não sei é assim algo tão bom. Aumento de salários, mais oportunidades isso tudo só depois de muita luta, de provar para o chefe ou ser "provada por ele". hihi.

Tento ser "o segredo", tento acreditar em "pensamento positivo" , trabalho, luta, mas tá "difici, sô"! ;-))

Anônimo disse...

Pois é, Lola. Depois de tanta luta contra o machismo, ele ainda cisma em prosseguir nessa longa caminhada contra a desigualdade entre homens e mulheres.
O mais triste é que buscamos justamente no âmbito jurídico um suspiro aliviado, a consolidação da justiça e do respeito. Mas, por ainda sermos uma nação formada de leis advindas em sua grande maioria por homens, é extremamente difícil que tenhamos o reconhecido respeito. É interessante lembrarmos que nosso Código Penal data da década de 1940, na qual os homens acreditam ser o centro do universo e as mulheres suas servas.
Cheguei à conclusão que mulher tem que estudar. E muito. Só assim vamos conseguir mudar esse sentimento de indignação: através de capacitação profissional, respeito, conhecimento e muita, mas muita paciência.

Serge Renine disse...

Gi:

Eu não sei quanta razão você tem no que tange a vida feminina por eu ser homem, mas, te digo uma coisa que tenho experiência.

Quando você diz”deixa o filho com o pai, agüenta a saudade, sei lá”, eu te digo: não da pra agüentar saudade de filho. Eu nunca choro, mas uma vez fui obrigado, por conta de uma tragédia pessoal, deixar minhas duas filhas (estavam, a mais velha com 1 ano e a mais nova com 1 mês) com minha sogra, por um mês. Eu estava muito longe e foi a pior dor da minha vida. Com diz uma frase popular “você não sabe como dói uma saudade”.

Serge Renine disse...

Esqueci de escrever:

Nesta época eu chorava várias vezes por dia, até andando na rua, de saudade das minhas filhas.

Anônimo disse...

Lola, estou sem tempo de fazer comentários mais aprofundados. Só quero destacar que, ao contrário do que escreveu a Gi, NÃO há limite fixado em lei para o desconto de pensão alimentícia. O que há é uma prática na jurisprudência que costuma fixar o desconto em no máximo 30% e que é perfeitamente possível que um juiz aplique ao caso concreto um percentual maior. É claro que muitos poucos juízes irão fazer isso.

Anônimo disse...

Oi, Aronovich,
Pode me chamar de Feliz... A propósito, sou mulher :).

Quanto o que a Débora disse, concordo com ela, o que não gosto é do tipo de pessoa que fica tentando dizer, é porque sou mulher, etc, e tudo é somente defendendo o sexo feminino, sem ter outra coisa para falar, sempre que surge um assunto, tipo, a isso aconteceu porque era mulher, ela não ganhou porque era mulher, e muitas vezes, não tem a ver com o sexo. Desculpe-me Débora, creio que não me expressei bem em nada que falei no comentário. Isso que deu nunca comentar, misturei todos os comentários que gostaria de ter feito em um só e não me fiz entender em nada. Acredito que se queremos ser iguais, não precisamos ficar frisando isso, quando a brigar pelos direitos, acho justíssimo!
Quanto ao comentário sobre gordinhos, acho que você não entendeu, Lola, ou novamente eu não soube me expressar. sou do tipo que acredita que todo mundo tem que aprender a ser feliz do jeito que é e agradecer a Deus por isso. Falava das pessoas hipócritas que querem , não conseguem imagrecer e usam a frase: " estou satisfeita do jeito que sou". Só me preocuparia com a saúde, sendo magra ou gorda. Não sou do tipo que gosta de pessoas "saradinhas" ou do tipo "imposto" pela sociedade, gosto de personalidade, honestidade, sinceridade, prefiro aquela beleza que não se vê só com os olhos. Se a pessoa é feliz com o corpo que está e sua saúde está bem, ótimo, espero apenas que seja uma boa pessoa.
Quanto ao verdadeiro assunto em questão, o preconceito que houve com esta mulher, este sim, bem visível, a mulher devia ter apenas brigado pelo que queria, seus direitos, porém, não julgo que o juíz estivesse certo em dar ganho de causa para o tarado em questão. Quanto a frase usada pelo juíz, até concordaria com ele sobre a maneira que a menina se postou diante de aceitar que se fosse alguém bonito e famoso ela até poderia ter gostado. Concordaria, se mesmo ele tendo reclamado da postura dela, tivesse dado ganho de causa para ela. Seria apenas uma maneira de dizer: "se dê valor", mas também aceitando que a reação do "beijoqueiro" era totalmente errada.
Gosto daqui por isso, tem diálogo!
Beijo.
:)

claudiamay disse...

Eu sempre achei que a culpa era minha, de alguma forma. E sempre achei que estava sozinha. Só agora, neste 2008, com 26 anos e reagindo mais (aos poucos) descobri que não sou só eu. Também estou vendo que muitas das violências a gente é ensinada a aceitar.

Desde do "É gordinha, mas até que dá" que ouvi de homens na rua aos 15 anos, até abusos físicos quando já mais velha e universitária, eu procurava um meio de falar sobre isso. E, mais importante que falar, fazer algo.

Anônimo disse...

Lola estive lendo os comentários.
Com relação à moça (Mariana,acho), que contou o caso do velho da banca de revista, causa muita revolta na gente ao pensar que um menino ou uma menina poderão ser vítimas de constrangimentos desta natureza.Talvez a maternidade e a paternidade não sejam necessárias para que adultos tenham imenso respeito pelas crianças. Para mim, entretanto, creio que a maternidade trouxe um sentimento forte de responsabilidade para com a vida de todos. Tenho certeza que passei a amar o próximo, os animais, o planeta, muito mais. Eu era completamente desligada até que passei a me importar com o mundo.Li muita coisa importante aqui hoje e estou gostando de ver que muitas pessoas contribuem com nosso aprendizado, ao opinarem com clareza e sinceridade na defesa de suas idéias. Fatima.

Anônimo disse...

OBS: Débora, nunca parei para olhar este assunto, pensava que poderia ter um ser neutro, sem ser machista ou feminista, para mim, machista era o homem que só defendia os direitos dos homens e feminista a mulher que somente defendia os direitos das mulheres.
Acreditava que uma pessoa sem rótulos era aquela que brigava pelos direitos de quem estava certo, independente de ser homem ou mulher.
Se machista é um homem que defende os homens, como se chama o homem que defende as mulheres? Não estou sendo irônica, estou frisando minha "ignorância" sobre o assunto em questão.
Beijo.
:)

Gisela Lacerda disse...

Serge, eu imagino a dor. Meu comentário foi meio ferino por conta de algumas amarguras minhas, não repare. Mas é claro que me coloco no lugar dessas pessoas que se separam de seus filhos. Meu falecido pai envelheceu uns 3 anos em 5 meses quando me afastei pela primeira vez dele (e por longo tempo) quando tinha 26 anos. Depois foram mais 7 meses de angústia, depois mais 3 meses e hoje estou eu sem pai e com a certeza absoluta de que ele está bem, mas eu tô mal à beça aqui nessa terra sem a presença dele e, o que é pior, pra sempre! A separação a qual me refiro foi mais quando o pai diz "venham pra cá, porque não posso bancar um aluguel de três quartos pra vocês aí"; foi mais nesse sentido prático.

Meu namorado mora a algumas quadras dos filhos (todos já crescidos, a não ser um de 14 anos, aborrecente) e fica todo sem entender porque não o procuram, todo mal. Oras, lá vai eu dizer pra consolá-lo que é a fase.. é a fase.. Se bem que as cri-ONÇAS (como dizia a estimada escritora Hilda Hilst se referindo aos pimpolhos) de hoje em dia são muito mal-ensinadas; eu sempre fui meiguinha, toda queridinha de vó, papi, todo mundo. Sempre fui carinhosa, nunca procurava ninguém por interesse e hoje vejo o contrário; jovens frios e ambiciosos ao extremo. Socorro! Estou ficando velha ou é meu Saturno em Câncer na casa 11! ;-)

Anônimo disse...

Lola, já viu aquela frase: " quem nunca comeu melado, quando come se lambusa"? Pois é, acho que estou me lambusando nos comentários. :)

Fui ler a postagem novamente e concordo também que foi puro machismo o juíz ter perguntado se o beijoqueiro era bonito. Nesta hora demonstrou desprezo pelo sexo feminino. Ele devería ter julgado o caso em questão e não a moça. O meu comentário a respeito de ela não dever ter falado o que falou seria válido se este comentário tivesse partido somente dela.
Mas, acredito que existam juízes que não são machistas e tomem suas decisões com seriedade e justiça.

Quanto o que a GI falou, acredito que muitas mulheres ficam com os filhos por amor, ainda que umas fiquem por interesse na pensão, mas, acredito que a maioria seja por amor, coisa de quem é "mãe de verdade". E acho certo que o homem ajude sim, afinal, são filhos dos dois e os dois devem contribuir para um bom desenvolvimento das crianças. (e que essa contribuição também não seja só com dinheiro)
Quanto ao que o Serge Renine disse, ahei lindo! Pois quando citei "mãe de verdade", esqueci de dizer que também existem "pais de verdade". Talvez pelo fato da GI não ter tido um filho ainda, não consiga sentir que a saudade de um filho não dá para suportar... (Não estou gulgando a GI, apenas expondo o sentimento de uma "mãe de verdade")
Parabéns! Serge Renine , por ser um pai de verdade...

Beijos,
:)

Lola vai pensar: " Porque ela começou a comentar? Ela não pára!" :)

Anônimo disse...

Eka,rs! Tagarelei tanto que escrevi lambuza com "S". Eka! Mas, esse eka é só para "meus erros"!
Beijos,
:)

Gabriela Martins disse...

Só esclarecendo um ponto levantado pela Gi: em caso de divórcio, não é que as mulheres achem que "filho tem é que ficar com a mãe e ponto final". No grosso dos casos o homem não quer a guarda, visitinha de fim de semana já está ótimo e paga a pensão chorando, dizendo que "aquela vagabunda vai gastar tudo em cerveja pros machos que vão lá comê-la".

Eu inverteria a pergunta: porque não há interesse de muitos homens em assumir seus filhos, integralmente, não apenas mandando o dinheiro mensal e achando que está ótimo? Que vincula o amor que sente pelos filhos ao sentimento que tem pela mulher? Que não quer ver os pimpolhos nem pintados de ouro, mas faz até reversão de vasectomia quando se casa de novo? A guarda compartilhada tá aí, aprovada há pouco tempo, vamos ver no que vai dar.

E observação que acedito desnecessária, já que a turma que comenta aqui é inteligente, mas não estou desmerecendo os pais carinhosos e que realmente se preocupam com as suas crias. Que muitas vezes são obrigados a ficar distantes por motivos de força maior.

lola aronovich disse...

Gi, se vc limita tanto suas opções a ser sustentada pelo pai ou pelo marido, fica difícil. Eu e muita gente (homens e mulheres) adoraríamos ter pais que nos deixem uma boa herança ou casar com parceiros ricos, mas existem poucas pessoas ricas no mundo. Então a gente tem que trabalhar mesmo. Concordo que casamento envolva contrato (mas também amor, na maior parte dos casos, pelo menos no mundo ocidental). Eu não tenho filhos, mas acho egoísmo da sua parte dizer algo como “se as mulheres querem ficar com os filhos, que arquem com o problema”. Filho é problema?! Na maior parte dos casos, os homens não querem ficar com os filhos. Não há problema nenhum que o pessoal se divorcie e se case novamente. O que não dá pra fazer é abandonar a primeira família, principalmente abandonar financeiramente. Isso é desumano. Vc está confundindo direitos (de se divorciar, de começar uma nova família) com deveres (de sustentar os filhos). Vou escrever um post sobre isso, porque esse assunto rende.


Anônimo, pois é, o machismo ainda tá longe de acabar... Concordo contigo: nós mulheres precisamos estudar muito. E nos educarmos a nós mesmas pra não aceitar tudo quietas.

lola aronovich disse...

Serge, existem muitos pais assim, sem dúvida, que não conseguem ficar sem os filhos, que choram de saudades. Amor aos filhos está longe de ser privilégio de mãe apenas.


Lila, então é mais ou menos 30%?

lola aronovich disse...

Feliz, sem dúvida, tem muita coisa ruim que acontece com a gente que acontece independentemente da gente ser homem ou mulher. Mas também tem muita coisa que acontece por ser mulher. Vou publicar uma longa lista de privilégios masculinos na segunda.
E sobre os gordinhos, ou melhor, as gordinhas, não conheço quase ninguém que tente emagrecer, não consegue, e diga “estou feliz do jeito que sou”. Aliás, conheço pouquíssimas mulheres (magras e gordas) que estão satisfeitas com seu corpo. Vc conhece muitas?
E sobre a frase da moça, o juiz perguntou se o beijoqueiro era bonito, e ela respondeu que, se fosse o Gianechini, sua reação teria sido outra. Não acho que ela devia ter respondido isso, mas acho, antes de tudo, que o juiz não tinha nada que ter perguntado sobre o que achou do cara que tentou beijá-la. Ela o repuliu - isso já não é suficiente?


Claudiamay, que bom que vc está aprendendo, e reagindo mais. E vc é jovem ainda! É como eu disse, pra mim demorou bem mais. Acho muito importante falar sobre isso, porque a gente tende a achar que é só com a gente, e sente-se culpada.

lola aronovich disse...

Fátima, talvez pra muitas pessoas a maternidade/paternidade as torne mais responsáveis, mais conectadas com o mundo. Eu não sei. Eu me sinto bastante conectada mesmo sem filhos. E também, infelizmente, não dá pra esquecer que muitos dos abusos infantis são cometidos pelos próprios pais. Esse pedófilo da banca de jornal provavelmente tinha filhos também! E nem por isso ele percebeu que o que fazia era totalmente errado. Fico revoltada com esse caso da Mariana. Revoltada mesmo.


Anônimo, vc é a Feliz? Agora estou confusa. Que tal começar a assinar os seus comentários (super bem vindos)? Acho que vc está confundindo as coisas. Um homem não precisa defender os direitos dos homens. Um branco não precisa defender os direitos dos brancos. Um hétero não precisa defender os direitos dos héteros. Porque eles são o padrão dominante. Eles já têm os direitos (e os privilégios também). São as minorias, quem está fora do padrão dominante, quem é discriminada, que precisa exigir direitos iguais. Então machismo não tem nada a ver com com “defender os direitos dos homens”, inclusive porque ninguém tá tirando direito algum deles. Machismo envolve negar direitos iguais a mulheres. Assim como há muitas mulheres machistas, há também homens feministas. Homens que defendem que mulheres devem ganhar os mesmos salários que os homens, que devem ter poder, que devem poder não sofrer com uma ditadura da beleza etc etc. Veja este post meu, Feminismo pra quê?. E pra ter alguns exemplos de machismo radical, leia este também.

lola aronovich disse...

Gi, sinto muito pela morte do seu pai. Eu sofri demais quando o meu morreu, há quase 16 anos. Antes que ele morresse, eu pensava que não iria sobreviver sem ele. Mas a gente sobrevive. É muito triste, mas a gente aprende. Life goes on.


Pois é, Gabriela: muitos pais divorciados acham que, se o casamento acabou, acabam-se também as obrigações com os filhos. Muitos querem punir a ex, e acabam punindo os filhos no processo. Ai ai, preciso escrever um post sobre isso...

lola aronovich disse...

Anônimo, que bom que vc está se lambuzando com os comentários! Quanto às mães ficarem mais com os filhos, é porque vivemos numa sociedade em que as mães geralmente ficam mais com os filhos DURANTE o casamento, então é normal que continuem com eles após um divórcio. Durante o casamento, se alguém tiver que abdicar da carreira pra cuidar dos filhos, raramente é o pai. Ainda são as mulheres que têm que arcar com o trabalho doméstico nesta sociedade (mesmo quando trabalham fora), e cuidar de filho é considerado trabalho doméstico.

Anônimo disse...

Pois é Lola, conheço muitas mulheres que nunca tiveram filhos e são super amorosas com crianças.
Creio que para mim foi necessária
a maternidade porque eu nem sabia
me aproximar de uma criança.
Eu nunca fui abraçada nem beijada
quando criança, e não sabia abraçar
uma criança, e nem gostava que elas se aproximassem de mim.
Viu só como as pessoas são estranhas? Por outro lado, eu jamais teria coragem de agredir alguem, antes de ser mãe. Agora eu matarei alguem, que maltrate uma criança perto de mim. Fatima.

Gabriela Martins disse...

"é porque vivemos numa sociedade em que as mães geralmente ficam mais com os filhos DURANTE o casamento, então é normal que continuem com eles após um divórcio. Durante o casamento, se alguém tiver que abdicar da carreira pra cuidar dos filhos, raramente é o pai."


Lola, há pouco tempo lançaram no Brasil o livro de uma francesa que lista 40 razões pra não ter filhos. Postaram o link em uma comunidade q eu frequento no orkut, de gente aparentemente de cabeça mais aberta, e todo mundo ficou chocado quando a autora diz com todas as letras "filho afunda a mulher". Acharam a dona uma insensível, uma víbora que não merecia os dois filhos que tinha, deveria ter nascido com o útero seco (tá, não disseram exatamente isso, mas era o que transparecia)...

Tá, como se constatar isso fizesse dela uma mãe pior... ou fazendo um paralelo, como se uma mulher que tivesse gravidez indesejada fosse amar essa criança menos...

Mas na "tese" da autora em si, do grosso do encargo com as crianças sobrar em cima dos ombros das mulheres, ninguém falou nadica de nada. Do contrário, ainda vieram com abobrinha de "relógio biológico das mulheres apita depois dos 30 e blá blá blá"

Link sobre o livro aqui:
http://diversao.terra.com.br/interna/0,,OI1747064-EI3615,00-Bestseller+na+Franca+lista+razoes+para+nao+ter+filhos.html

Gabriela Martins disse...

A propósito, seus tópicos sobre histórias de horror me motivaram a criar uma postagem sobre o assunto em uma comunidade feminista.

Está sendo ótimo, principalmente porque várias mulheres tiveram coragem de abrir a boca e contar histórias escabrosas pelo qual passaram e nunca haviam desabafado com ninguém (ou foram reprimidas quando fizeram isso).

Anônimo disse...

Também acho que isso dificilmente vai mudar lola com as novas gerações. Nós homens, desde pequenos somos martelados com exemplos massivos de como se tratar uma mulher. Os homens em geral acham muito normal tratar a mulher como inferior, como objeto, como muitas coisas... não conseguem ver muito além de rótulos, e o facto de serem advogados, juízes ou professores não faz com que eles sejam pessoas melhores não é? Um pedreiro pode saber tratar melhor as mulheres, não porque possue uma profissão humilde, mas porque é uma pessoa melhor.
E as mulheres sempre foram educadas com exemplos massivos de que é assim que as coisas são, tipo "vai se acostumando minha filha", principalmente porque antigamente a mulher sempre "dependia" do marido. Hoje há um outro ponto de vista sobre isso, as mulheres precisam sim dar as caras aos sujeitos que as ofenderem e as quiserem humilhar, para os colocar em seus lugares e principalmente para que saibam que estão errados. Pois eles acham que o que fazem é normal. Só tem que se ter cuidado para não lidar com um louco capaz de matar.
Por mais que eu procure me cercar de bons amigos e pessoas boas, algumas coisas dessa vida me fazem desejar ir viver no campo sem muita companhia humana.

Anônimo disse...

Oi Lola,

passei aqui pra lhe desejar um FELIZ NATAL e um LINDO 2009! Vou ficar fora por quase 3 meses mas blogando sempre que possível : )

Serge Renine disse...

É Aronovich:

Mas o eu quis dizer a Gi é que é muito difícil para a mãe deixar o filho com o pai como ela, a Gi, sugere no seu comentário.

Tina Lopes disse...

Lola, sei que a coisa aqui tá meio encerrada já (neste post) mas vou contar minha experiência mais próxima: o cunhado separou e ficou com os dois filhos - a mãe não os quis. Uma situação bem triste, difícil de fazer as crianças NÃO entenderem como uma rejeição (e é). Pois bem. Ela não trabalhou durante os 15 anos de casamento; os filhos só nasceram na metade desse período - o mais velho tem 8, o novo tem 5 - e ela já está namorando outro. Ela ficou com a casa, por enquanto (está à venda) e eles fizeram um acordo para ela receber uns R$ 1500 por 3 anos. A idéia é que, como ela não trabalhou e virou dona-de-casa, precisa de um tempo para se tornar independente. De fato, agora a fulana está fazendo um curso. Enquanto eles discutiam o acordo, o cunhado pensou que teria de pagar 30% do salário caso ela ficasse com os filhos, mas o advogado foi bem claro: pode ser esse percentual, pode ser bem mais, ou bem menos. O que interessa é que as crianças e a mulher não tenham uma queda abrupta no nível de vida. Se as crianças têm aula de inglês, escola particular, depois da separação devem mantê-las. Então o percentual pode ser bem maior. O que quero dizer é que, independente dela ser uma vaca, a lei permite que não seja simplesmente jogada na rua, ainda mais tendo ficado sem os filhos. E quer saber? Acho justo. Não pessoalmente, pq nunca gostei da guria em questão e tenho motivos para desprezá-la totalmente, mas acho justo em tese.

Gisela Lacerda disse...

Ai, que maravilha quando as pessoas são gente boa como aqui nesse blog. Eu venho de um passado-trauma, afinal de contas já fui "amordaçada" várias vezes. ;-)

Ao anônimo que não sei se é anônimo: essa questão de "mãe de verdade" é um pouco relativa, como tudo na vida. Não é só porque um filho nasce do corpo da mulher e que ela o amamenta que depois necessariamente fique tão assim dependente dessa relação a ponto de abdicar de uma coisa melhor pra si e para os filhos e viver sem poder renovar aluguel porque o marido, apesar de ter grana, não consegue ter renda fixa, que comprove timtimportimtim. Mas esse marido já ofereceu para as duas filhas morarem com ele, a nova mulher e uma nova filha (com quem essas duas se dão bem) mas elas (mãe e as duas) não querem abdicar da vida em tal lugar. Então, não reclame! Foi avisada pela mãe que morreu, foi avisada pelo padrasto e teve duas filhas ainda com 20 anos. Foi boa mãe? Foi, mas fica amargando essa situação só separada, sem divórcio pois quer morar bem, não quer ir para um quarto e sala e vive tendo que sair dos lugares alugados por conta das enrolações do ex. Desculpem, apesar de me considerarem enrolada, sou prática nesse sentido. Como tive um pai maravilhoso que substituiu quase que perfeitamente minha mãe e supriu a ausência dela (até porque ele era um tremendo homem da casa e mestre cuca!), então não acredito muito nessa coisa de "amor materno". Agora tenho vontade de ter filhos, mas nunca pensei nisso. Comecei com essa história depois que voltei da França, com 28 anos. E por pura pressão na minha cabeça e instinto, porque vontade de criar, fundar uma família mesmo nem era o ponto principal. E simmporque queria ver uma pessoa nascendo de mim. Só que curiosidade não paga conta! Tem de ter marido, casa, lar bom e dinheiro pra babá dar uma ajudadinha. ;-)

Gabriela, realmente na maioria dos casos o homem não quer a guarda. Verdade, mas isso não exclui as aproveitadoras. Eu acho que tem muita mulher por aí bem folgada. As sinceras que pagam o pato, já disse.

Lola, nunca fui rica. Só deixando claro. Meu pai teve uma filha antes de mim e essa herança foi dividida, apesar dele ter criado as minhas irmãs que sempre viveram comigo. Sobre limitar as minhas opções: não é bem isso, muito pelo contrário até. Tenho-as em larga escala; sou bem camaleoa. Mas percebi como funciona o mundo faz tempo.

Não sabia que vcê tinha perdido seu pai também. Sabe que tem uma coisa que percebo há anos? Tem muitas mulheres na blogosfera que perderam o pai mas ainda tem mãe e têm um comportamento, uma "psique" parecida. Pode ser tema de pesquisa. Eu como perdi a mãe antes e bem pequena, fui rodeada por mulheres (minha família é quase que exclusivamente composta por elas) e enchi o saco. No caminho oposto às pessoas, cresci livre e quase completamente sem limites. Não ouvi "não pode". Ouvi críticas, muitas críticas e meu pai, coitado ouviu muita coisa... A Katherine Hepburn dizia algo interessante: "engraçado, antes das feministas eu não sabia que era do sexo frágil". Isso tem muito a ver comigo, porque eu nunca me contive pra agradar ninguém. Meu caminho é sempre o oposto, por isso minha bronca com muitas opiniões das feministas. Quanto aos direitos adquiridos, meu Deus, só temos a agradecê-las! Mas na prática tudo é sempre igual.

Sobre homens e mulheres, divórcio, guarda de filhos: cada um aqui tem uma experiência diferente pra contar. Diferentemente do que você afirmou aí acima, eu nunca disse que o homem tem de abandonar a primeira família. Falei exatamente o contrário: que pais devem dar de tudo aos filhos. Eu fui criada assim, mas uma ex não pode privar um homem (através de manipulações e chantagens sutis) de ter uma outra vida. A não ser que seja o próprio desejo deste homem! ;-)

Na minha família há vários tipos de caso em se tratando de divórcios e, apesar da minha desconfiança em relação a algumas mulheres, a experiência me mostra que tem muito homem sacana. Posso falar dos casos de duas primas, uma irmã, e duas tias, mais minha mãe. Essa então sofreu muuuuuuito até conhecer meu pai. Claro, tinha seus defeitos, mas era um homem de bom caráter. Tendo isso já é o suficiente pra não dar galho.

Anônimo disse...

Lola considero bem interessante esta discussão da "mãe verdadeira", da mulher que se separa, da mulher solteira que deseja ser mãe, da esposa-carrasco, do homem-vítima, da esposa-vítima, do marido pilantra, dos filhos da santa e dos filhos da outra, enfim dessas personagens que existem nas famílias de todos nós. Casei-me em idade próxima dos 30 anos. Decidi que deveria engravidar só depois de curtir a vida a dois.Felizmente SEMPRE transei ÙNICAMENTE quando eu estava com vontade. Felizmente não sei o que é sexo sem orgasmo. Quando meus familiares já estavam com peninha de mim por eu "não conseguir engravidar" (pois eles achavam que eu não tinha filhos porque não conseguia engravidar)
decidi que ficaria grávida.
Quanto a filhos:eles precisam ser educados por adultos saudáveis que os respeitem e tenham competência. Aqui pode-se incluir dois homens ou duas mulheres. Há um livro recentemente lançado que diz que a família do futuro serão 3
ou seja, duas mulheres e um homem, ou dois homens e uma mulher. O que precisa ficar muito claro é:
A CRIANÇA é mais importante do que tudo.
P.S.: Ah, eu sou a anônima que, à exceção de uma única vez, num outro post, SEMPRE me identifico. Só para esclarecer, sou a Fatima.

kelly marciano disse...

ontem fui sai com meu marido e uma amiga. minha amiga é bonita e chama atenção. durante a noite, vários caras tentaram "chegar" nela, mas ela não estava a fim. a gente saiu pra dançar, se divertir. mais no fim da noite veio um cara agarrando mesmo, tentando beijar minha amiga de qualquer modo. meu marido, que é baixinho e magrinho, chegou pra cara e falou apenas: cara, na boa! ela não quer! o cara parou imediatamente e foi se sentar em um canto. meu marido ficou absurdamente indignado com a atitude do cara e com a reação do cara quando ele falou com ele. em todo o caminho de volta a nossa casa repetia o quanto achou tudo absurdo e como o cara desistiu na hora que um homem falou com ele, como se mulher falar não importasse.
tudo que consegui responder foi:você está assustado porque nunca foi mulher. vida de mulher é sempre assim... e é por isso que eu grito e dou chute no saco...

lola aronovich disse...

Fátima, eu conheço bastante mulher que não é mãe e é carinhosa com crianças. Eu não acho que eu seja. Não que eu seja hostil nem nada, mas eu não me derreto toda quando vejo um bebê. E nem senti vontade segurar no colo um bebê. Então normalmente sou considerada uma anomalia da natureza (homem pode passar a vida toda sem segurar um bebê que não tem problema), e evito ficar em lugares onde o papo gira apenas em torno disso.


Gabriela, bom, eu não acho que “filho afunda a mulher”. Ter filhos deve ser uma experiência maravilhosa, tanto pra mães quanto pra pais, deve dar um novo sentido na vida, redefinir prioridades, tudo. Sou completamente a favor (senão nem teria nascido). Mas não há dúvida que um filho vai afetar mais a carreira e outros aspectos da vida da mãe mais que da vida do pai, porque a sociedade está estruturada pra que isso aconteça, e é muito difícil, senão impossível, fugir desse esquema. Quer dizer, eu conheço várias mulheres que têm filhos pequenos e trabalham normalmente, trabalham muito, inclusive. A diferença que eu vejo é que elas se sentem muito mais culpadas que os maridos por não poderem ficar todo o tempo que gostariam com as crianças.
Que legal que vc começou um tópico na sua comunidade feminista pra falar de histórias de horror. É importante isso. Essa comunidade é fechada?

lola aronovich disse...

Cavaca, pois é, hoje mesmo vi uma notícia (do mês passado ainda) revelando coisas incríveis sobre... a Austrália! Eu pensava que a Austrália era um país rico, civilizado, avançado. Aí a gente vê que uma em cada 7 meninas australianas entre 12 e 20 anos já sofreu abuso sexual ou estupro. E que um terço dos meninos não considera um grande problema bater em meninas. E acham normal forçar uma menina que eles acham que está flertando com eles a transar. Chocante, né? Na Austrália!
Mas não fique abatido, Ca! Se a gente fizer a nossa parte, as coisas podem melhorar. Eu acredito nisso.


Isabella, feliz natal pra vc também! Vc vai me abandonar durante 3 meses?!

lola aronovich disse...

Serge, ah tá, entendi agora.


Tina, eu também acho justo. Preciso escrever um post sobre isso (divórcio, pensão etc) pra gente discutir melhor esse assunto.

lola aronovich disse...

Pois é, Gi, aqui todo mundo é da paz. Sei que vc não é rica! Se fosse, não estaria reclamando por não ter um marido que te sustente. Mas o que ainda não entendi é o que impede vc mesma de se sustentar. Vc diz que percebeu “como funciona o mundo faz tempo”. Acho que vc não está percebendo que milhões de mulheres são independentes e não dependem de pai nem marido pra viver.
Sobre isso de muitas blogueiras terem essa característica, pra ser franca, nunca reparei. Mas estou na blogosfera há muito menos tempo que vc. Acho normal mulheres na minha faixa etária, não sei, entre 30 e 45, não terem mais pai. Homem morre mais cedo mesmo. E lembre-se que, em muitos casos, os pais são mais velhos que as mães. Então pode muito bem haver uma diferença de 20 anos entre a morte do pai e a da mãe. O meu pai morreu quando eu tinha apenas 26 anos, acho que muito jovem pra perder um pai.
Não acho que na prática seja tudo sempre igual. Muitas coisas continuam as mesas, mas muitas mudaram.
Não conheço uma só ex que tenha privado um homem que se separou dela de ter uma outra vida, uma outra família. Há alguns homens que fazem isso - geralmente matando a ex.

lola aronovich disse...

Oi, Fá, é que teve uma outra anônima aqui no mesmo post, daí fiquei confusa. Que legal que a sua experiência de vida tem sido tão boa, com tantas opções e liberdade de escolha. Seria ótimo se todas as mulheres tivessem a sua sorte.


Kelly, muito interessante que isso tenha acontecido, porque ilustra bem o que estamos discutindo. Incrível, né? Até o seu marido ficou chocado com a atitude do rapaz! Mas é isso mesmo: muitos homens consideram mulher inferior, sem opinião, um ser não-pensante, que está no mundo apenas pra satisfazer o homem. E se ela está recusando um homem, ele deve insistir, porque no fundo ela não sabe o que quer. E também, quem mandou a sua amiga ficar dançando? Isso é provocação! Aposto que estava usando roupas hiper sedutoras também. Se ela não quisesse homem ela nem teria saído de casa. Onde já se viu uma mulher sair pra se divertir?! E o que é isso de poder se divertir sem a presença de um homem? Onde esse mundo vai parar?

Anônimo disse...

Lolinha,
Estou aprendendo bastante!!!
Essa anônima que é "Feliz" Sempre assina com um :).
Beijo,
:)

Anônimo disse...

Todo ano, eu e meu namorado vamos na festa agropecuária de Formosa, cidade em que meus pais moram. Quando começamos a namorar, teve um show da Cláudia Leite, como era o único show razoável daquele ano, resolvemos ir. O show tinha muito mais homens que mulheres. Pois bem, me senti literalmente avaliada por todos, todos os homens que me olharam, me olhavam de cima para baixo, como que me desnudando com os olhos, ouvi gracinhas, levei esbarrões.
Isso porque estava acompanhada de um homem de 1,85m de altura e mais de 100 kg. Acho que só por isso não fui agarrada ou levei puxões de cabelo e tentativas de beijo forçados (o que costuma acontecer, se vc for a shows e baladas solteira). Nem sei como seria se estivesse só com amigas. Resultado: com menos de meia hora de show, fomos embora, não valia a pena.

lola aronovich disse...

Feliz, agora entendi o seu código. Abração!


Lila, puxa, incrível isso. Eu não sei, porque faz MUUUUITO tempo que não vou a uma balada, e mesmo quando eu era jovem eu já não ia muito, mas não me lembro disso de agarração. É que no meu tempo não tinha isso de ficar. Claro que cantada acontecia direto, mas rapaz já chegar agarrando e querendo beijar? NUNCA! Mas é incrível que nem com homem do lado eles respeitem. Eu me senti assim em Buenos Aires, 15 anos atrás. Eu tava lá com o maridão, que na época era só namoradão, e os homens passavam e grudavam os olhos, acho que até falavam alguma coisa. E eu lá, de mãos dados com o namorado... Depois vem gente falar que mulher provoca, né?

Gabriela Martins disse...

Lola, no caso da escritora que disse que "filho afunda mulher", ela usou uma palavra bem forte. Mas acho que foi adequada, já que a vida da mulher fica atrelada à do filho bem mais que a do homem. Não acho que ela quis dizer que filho é só coisa ruim; considero a reação dela normal numa sociedade onde casais (e principalmente mulheres) que optam por não serem mães são tão cobrados.

A comunidade não é fechada, não, tá aqui o endereço dela:

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26646467

Fique à vontade pra participar, se quiser. O pessoal que lê o blog tb tá convidado.

Anônimo disse...

E se fosse um homem beijando outro na van?
O beijo homo eria direito a isonomia? Está aberto o precedente?
Gostaria de ver como reagiriam os celerados que acham que não foi nada, principalmente esse juiz.
Justiça é como saúde, tem que previnir para não ter que tratar depois. Se o imbecil beijoqueiro tomasse uma penazinha por leve que seja, um serviço comunitário, estaria tomando também um fica esperto e nem tenta fazer pior que aí a cana é dura.
Ao absolver o estupido, o juiz sim fez o judiciário perder tempo.
Tenho mãe, irmã, tias, primas, avó, esposa e muitas amigas, onde esses caras vivem? No mundo de Malrboro? Nasceram de chocadeira?

Vanessa disse...

Quando eu estava na 7ª série um rapaz do 3º ano veio por trás de mim no recreio e me deu um beijo no rosto. Ele era lindo, mas isso não era motivo para ele aparecer e me beijar assim de surpresa. Revoltada fui reclamar com a coordenadora da minha escola e imediatamente ela foi falar com ele. Apontou-lhe o dedo e gritou como uma mãe faz, que ele não pode beijar meninas sem a permissão delas e que isso é uma falta de respeito. Ele tentou se justificar dizendo que foi só um beijo no rosto, mas a coordenadora manteve sua posição e seu discurso. E eu fiquei muito mal acostumada com essa coisa de querer ser respeitada...