quarta-feira, 16 de julho de 2008

O COMERCIAL DO SHYAMALAN

Devo reconhecer que nunca tinha ouvido falar, muito menos visto, este comercial de dois minutos. É de 2006 e passou nos States pela primeira vez durante o Oscar de dois anos atrás. Agora voltou à tona porque, com o segundo fracasso consecutivo do M. Night Shyamalan (o outro foi Dama n'Água), tá na moda falar mal do diretor, do seu ego gigante, de como ele ousou comparar-se a Hitchcock etc etc. Eu fico com um pouco de pena, porque não achei Fim dos Tempos o pior filme que já vi na vida. Pode ser que esse gênero de suspense apocalítico me atraia mais, mas eu assistiria Fim novamente umas três vezes antes de ter de encarar uma nova sessão de Agente 86, por exemplo. Ou mesmo antes de rever Sinais, se é pra falar do mesmo diretor.
Mas vamos ao comercial. Perdão se todos vocês já o conheciam, menos a lerdinha aqui. Ele faz parte de uma grande campanha publicitária da American Express chamada “My Life. My Card”, que já contou com a Ellen DeGeneres, Tina Fey, Martin Scorsese e Robert De Niro, entre outros. Deve custar os tubos não apenas contratar uma personalidade desse nível pra ser garoto(a)-propaganda da marca, como também pra fazê-la dirigir o comercial. Então neste do e com o Shyamalan vemos o canastrão que ele é como ator num restaurante, observando pessoas e imaginando coisas meio sinistras acontecendo, como um carinha engasgando, uma mulher imitando um sapo pra pegar uma mosca, um carrinho de bebê indo parar na frente da mesa de um casal (casal sem filho não pode, segundo o Shya. Ele vem sendo bastante pushy – insistente? - nesse quesito). Tem um bom clima, com a musiquinha e tal, se bem que acho a garçonete no final mal-dirigida. Ela quebra o clima. Tá, talvez essa seja a intenção, mas não dá pra continuar macabro até o fim? Só não sei se um comercial assim faz alguém virar cliente do American Express, ou faz alguém gastar mais. Você consegue imaginar um espectador vendo o Shya vendo as tatuagens de um homem encapuzado pensar: “Opa! Preciso de um cartão de crédito urgente!”? Pessoalmente, eu não gostaria de ir comer num lugar e ser observada por um sujeito estranho que vai ou me ver enforcando o maridão ou vai empurrar um carrinho de bebê pra nossa mesa. Bom, do jeito educado que eu como – por algum mistério, toda comida sempre pára na minha camisa -, ele provavelmente iria fantasiar um molho de tomate com vida própria dando piruetas no meu queixo.

12 comentários:

Anônimo disse...

ok... Shya, pode-se dizer, só tem um grande sucesso até agora, o sexto sentido. Embora tenha outro filme dele, acho que um dos primeiros, sobre um menino que acaba tendo contacto com o avô que morrera que é emocionante também. Para além disso eu gostei muito de Sinais quando vi, tive grandes sustos. Acho que o que ele não conseguiu depois de o Sexto foi um final com impacto, surpreendente, porque é isso que ele se dispõe a mostrar nos filmes. E não consegue.
Ele se daria melhor em deixar essa "fórmula" de lado. O Acontecimento tem um bom mote, mas a bola esvazia quando a explicação não convence e aí perde a graça. Se calhar seria bom se ele começasse a buscar umas histórinhas em outros cantos. Eu torço para que ele volte a fazer um grande filme porque adoro o genero, e nos últimos tempos ele foi quem se saiu melhor. mas não dá para ficar batendo sempre na mesma tecla. Tem muitas coisas na literatura como o Nevoeiro a espera de um bom diretor.

Anônimo disse...

Adoreeeeii!

Poutz Lola... Se vc estivesse comendo o molho eu que iria imagina-lo dando piruetas e tal! sou quase igual esse doidinho ai! XD

Adorei tudo!

E achei ele com um clima meio Tim burton... Não?!?

Beijo

lola aronovich disse...

Cavaca, estou preparando o post sobre gorjetas (aquele que vc escreveu). Vou publicá-lo amanhã. Será que vc teria uma foto sua "à caráter" (servindo clientes ou falando com garçons) e alguma foto da fachada do restaurante pra eu colocar junto? Se tiver, por favor, mande-as já!

Sobre o seu comentário sobre o Shya, acho que isso de depender de um final surpresa o atrapalhou bastante. Todo mundo esperava isso dele nos próximos filmes, depois de Sexto Sentido. Mas em Fim dos Tempos não tem final surpresa. Como eu disse na minha crítica a Sexto Sentido, eu "saquei" o final surpresa bem antes d'ele acontecer (o que é raríssimo pra mim), mas adorei o filme mesmo assim. E adorei por causa do clima - que deve ser o principal componente num filme de terror, mais do que as atuações, a história, os efeitos, a música, as imagens... O clima é tudo num filme de terror (e suspense).
Também torço pra que ele volte a fazer um grande filme. Gosto dele. Gosto do gênero. E nem achei Fim tão ruim assim.
Mas o que é isso que vc falou no final sobre O Nevoeiro?! O Nevoeiro é um grande filme! Tô louca pra escrever sobre ele, só tô esperando estrear no Brasil (pelo jeito em dvd). E é do Frank Darabont, que já fez o ótimo Um Sonho de Liberdade, o legalzinho À Espera de um Milagre, e O Nevoeiro. Dois grandes filmes, ambos baseados em histórias do Stephen King, o que o coloca como... melhor adaptador de histórias do King pro cinema?


Bobby, ih, me lembra de nunca ir jantar com vc! Sou um escândalo comendo. Por isso gosto de jantar com quem não leva a etiqueta a sério. É, o comercial é interessante. Clima meio Tim Burton? Pode até ser, não vi muito isso não... O Tim é mais gótico.

Liris Tribuzzi disse...

Eu tenho uma simpatia pelo Shya, acabo vendo tudo o que ele faz. Pra mim, o comercial funcionaria.

ju k disse...

putz adoro o shyamalan,inclusive seu nome q acho o máximo. adorei dama n'água (é esse o nome?), gostei de todos (não vi o fim ainda) e meu preferido é a vila (o meu menos preferido é sinais). tá certo q não entendo nada de cinema, mas gosto mesmo. é feio gostar de filme ruim?

ah, esse é meu método para gostar (ou não)de filmes: nunca espere nada de um filme, nunca leia ou veja nada sobre um filme antes de assistí-lo, qd for possível entre no cinema sem saber q filme vai ver (guiado por alguém q conhece seu gosto, q se alguém me fizer ver Beowolf de novo eu mato). é assim q eu faço, geralmente dá certo.abçs

Nita disse...

que comercial macabro

Anônimo disse...

Ih lola, as fotos eu tenho, mas não é o tempo todo que passo por aqui (apenas uma vez por dia), como você já publicou o post acho que não vale mais a pena. Aliás gostei muito do post, estou a espera de você dizer qualquer coisa.
E se ainda quiser as fotos como mando?

lola aronovich disse...

O comercial funcionaria pra vc, Li? Como assim? Faria vc virar cliente do cartão por causa do Shya? Isso que é fã!


Ju K, vc não é a única pessoa que conheço que adorou Dama n'Água. Mas não são muitas. Nem posso falar desse filme porque nao o vi. Mas gosto bastante de A Vila. Sinais não gosto nem um pouco. Ah, pode gostar de filme ruim à vontade. Aliás, o que é ruim pra um não é pra outro, e existem poucos filmes universalmente ruins como, ahn, Espartalhões. Não, brincadeira, até pra esse deve ter gente dizendo "é o melhor filme que já vi na vida!".
Puxa, que fé cega nos seus amigos! Entrar pra ver um filme sem saber o que vai ver?! Comigo não daria! Mas de resto concordo com vc. Também prefiro saber o mínimo possível sobre um filme. Pra mim basta saber os atores, talvez o diretor, se for famoso, e às vezes o gênero. O resto eu descubro na hora. Só que saber tão pouquinho do filme está cada vez mais difícil. Geralmente passam o trailer, e a maior parte deles conta demais da história.

lola aronovich disse...

Macabrão, né, Nita? Também achei.


Cavaca, é, imaginei que vc não iria ler o meu outro recado. Tudo bem. Não, não precisa mandar as fotos. A menos que, talvez, eu possa usá-las pra um outro post sobre gorjetas? Vamos ver. Manda sim. É:
lola@lost.art.br
Que bom que vc gostou do post, espero que o pessoal comente. Minha idéia era falar mais já no post, mas ficou tão grande que achei melhor fazer um só com o seu comentário.

Anônimo disse...

Oh e sim, o nevoeiro é um grande filme! Muito melhor que o conto que eu já havia lido muitos anos antes, numa coletânea de contos do stephen King que se chamava "Tripulação de esqueletos". O filme ficou melhor porque eles mudaram o fim. Aliás, como aquele personagem pode seguir em frente com a sua vida depois daquilo? Acho que se um final daqueles não convencer alguém de que a vida não é justa nada mais pode fazê-lo.
Mas o que quis dizer foi que histórias como aquelas estão aos montes na literatura a espera de um director. Você provavelmente já deve ter ouvido falar de José Mauro de Vasconcelos...ele é o autor de meu pé de laranja lima...mas não só! Tem um livro dele em particular que se chama "As confissões de Frei Abobóra" que é uma das melhores coisas que li. Não tem nada a ver com terror e suspense, mas é uma grande história. Espero que algum dia o cinema se interesse por ela, em especial o cinema brasileiro, que deveria ter aprendido alguma coisa com Cidade de Deus e se iniciado a fazer cinema de verdade ao invés das comédias açucaradas e globais.
E porque nenhum dos livros de Sidney Sheldon nunca foi transformado num grande filme? As personagens dele, que são na maioria mulheres enganadas e abandonadas pelos noivos no altar que sempre dão a volta por cima, são muito interessantes. "Se houver amanhã" é mesmo ótimo e engenhoso! E daria um ótimo filme também.
stanley K. sempre buscava suas histórias na literatura e fez coisas grandiosos e ainda há muita coisa na fila de espera.

Vitor Ferreira disse...

Ele já perdeu o tino. Tá na hora de começar a diversificar suas produções e tentar menos fazer dos seus filmes suspenses densos com finais inesperados e imrpessionantes. Desde o Sexto Sentido ele vem tentando isso sem sucesso. Não gostei do Fim dos Tempos mas também não achei péssimo. Esperava bem menos porque quem viu antes de mim esculachou o filme.

Também nunca tinha visto esse comercial. Gostei dele, interessante a idéia, mas acho que nada ali se associa a cartão de crédito. E ele é péssimo ator mesmo... Acho que a garçonete pra quebrar o clima talvez foi uma tentativa de fazer tudo parecer um comercial de cartão de crédito. Senão o povo ia ficar com medo de pegar no cartão e acontecer alguma daquelas coisas da propaganda com eles. Mas pra mim não funcionou do mesmo jeito.

lola aronovich disse...

Concordo totalmente, Cavaca. O Nevoeiro, o filme, é muito melhor que o conto. Adorei todas as alterações que o Darabont fez. Não conheço "As Confissões de Frei Abóbora". E também nunca li Sidney Sheldon. Mas é estranho sim como obras de alguns autores não rendem bons filmes. Que eu saiba, mais de 75% dos filmes são roteiros adaptados de livros, peças, videogames, quadrinhos etc. Apenas 25% são roteiros originais, escritos diretamente pro cinema. Ou seja, o cinema está SEMPRE de olho pra buscar boas histórias pra adaptar.


Vitor, imagino que o Shya já sofreu bastante com essa exigência de sempre bolar um final surpreendente. Mas acho que essa não é a maior pressão pra ele, pelo menos, não mais. É que, com O Sexto Sentido, ele foi jogado às alturas, comparado a Hitchcock, e isso deve afetar o ego, né? E quando os filmes seguintes não deram muito certo (porque até agora só o Sexto Sentido foi bem de crítica E público), o pessoal caiu matando. Desde Dama n'Água há uma hostilidade aberta contra ele. E isso deve doer. Espero que ele consiga se reerguer. Talvez o negócio seja "recomeçar" a carreira, fazendo filmes menores, que não gerem muita expectativa.