quarta-feira, 19 de março de 2008

O FUTURO DAS LOCADORAS DE VÍDEO

Pra quem mora nos EUA será lugar comum, mas eu nunca tinha ouvido falar da Netflix antes de vir pra cá. E, infelizmente, nem foi imediatamente depois de chegar aqui que esse nome foi sussurrado pra mim. Foi só em dezembro, mais ou menos. Quisera eu ter sabido antes! Bom, a Netflix é uma locadora de DVDs, mas não uma locadora de verdade, com espaço físico e tudo. Que eu saiba, é uma rede. Você vai na internet, decide o plano que vai adotar (antes pode ter dez dias grátis pra testar), procura no catálogo deles os filmes que gostaria de assistir, e faz uma lista. E aí eles começam a mandar os DVDs pra você, em casa, pelo correio. Chega em um dia. Pode ficar quanto tempo quiser com o filme. Quando for devolver, é só pôr de volta no envelopinho e colocar em qualquer caixa de correio, sem selar nem nada. Eles avisam quando receberem (geralmente em um dia), e enviam o próximo da lista.
Eu optei pelo plano de ter três filmes por vez. Isso permite ver, aproximadamente, uns 4 ou 5 DVDs por semana (se eu vir no dia em que recebo o filme e devolver no dia seguinte). Pago 18 dólares por mês, o que sai muito mais em conta que TV a cabo ou que pagar por cada filme numa locadora. Mas se você não for de ver muitos filmes, pode fazer o plano de um por vez. Custa 5 dólares mensais. Agora acabei de cortar a TV a cabo, que é cara (uns US$ 40 mensais) e via cada vez menos, desde que me filiei a Netflix, e aumentei meu plano pra 4 filmes por vez (US$ 25).

Além disso, mesmo um dos planos mais básicos, que custa uns 9 dólares, dá direito a ver filmes do catálogo que estão disponíveis online. Só aí são 6 mil filmes pra escolher. Eu e o maridão vimos as três primeiras temporadas completas de “The Office” desse jeito. Você vai no site, baixa o filme em menos de 30 segundos, e assiste no seu computador.

Pra cinéfilos, é o paraíso na Terra, principalmente por causa do catálogo completo, que tem mais de 75 mil títulos. Até agora há pouquíssima coisa que eu não encontrei. “Pixote” foi um deles. Aliás, filme brasileiro pré-anos 90 é raridade. E “Ano Passado em Marienbad”, um clássico francês, também não tá lá. Eles têm uma espécie de lista de espera. Se o filme acabou de estrear no cinema, dá pra ir a Netflix e já colocá-lo na sua lista. Quando o filme for lançado em DVD, meses depois, você o recebe. Mas com 75 mil títulos é possível encontrar a maior parte do cinema americano. Creio que a maior locadora brasileira não tenha 30 mil títulos em seu acervo (tô chutando). Tem locadora brasileira que diz ter 50 mil filmes, mas isso inclui cópias. Duvido que haja 50 mil títulos disponíveis no Brasil.

Claro que há desvantagens nesse sistema da Netflix. Como todos os negócios virtuais, ela emprega muito menos gente que se tivesse sedes de verdade, e isso é péssimo pra sociedade. Vai ficar cada vez pior. Suponho que logo a Neflix não mandará mais filmes pra casa via correio. Todos estarão prontinhos pra download. Por que isso não funciona no Brasil? Pra começar, porque nossa internet, além de cara, é uma lesma.

Esse é meu sonho de consumo – que todo o conhecimento da humanidade esteja disponível na internet. Eu quero ler um livro, encontrar um artigo acadêmico, ver qualquer filme? É só clicar e ele aparece. Não me incomodaria pagar uma taxa mensal (baixa) por isso. Mas ainda vai demorar pra acontecer. Os e-books já existem, só que são caros (15 dólares pra download?!). Artigos acadêmicos online, nem na Biblioteca do Congresso! A pioneira a passar teses do papel pro computador é a University of Michigan, aqui pertinho. Não tem nem 10% online ainda. Qualquer artigo ou filme com mais de doze anos é quase impossível de encontrar.

Mas, voltando à Netflix, pelo jeito ela não é a única a usar esse sistema. Wal-Mart e Blockbuster também fazem algo parecido, só que, a julgar pelos comentários de clientes, não são tão bons (custa mais caro, demora mais pra chegar, acervos menores). Com a popularização da internet, as locadoras tradicionais de vídeo não têm um futuro promissor. Qual o tempo de vida que elas ainda têm no Brasil? Dez anos? Se você ficou curioso(a), já já comento os filmes que vi recentemente através da Netflix.

17 comentários:

lola aronovich disse...

Viram que eu consegui copiar a imagem do computador sem fotografar a tela?! Mas nao tem jeito pra acertar a fonte e o tamanho das letras. O computador muda tudo sem eu pedir!

Leo disse...

Fantástico esse sistema, hein?!
Aqui continuamos refém da Blockbuster e da NET.
Apesar de cara, não tenho muito a reclamar da NET não... acho que bem ou mal ela oferece uma penca de opções... às vezes repete um pouco, mas é bom isso quando não temos tanto tempo pra ver tv, pois conseguimos ver o que queremos enventualmente.
Dessa forma tenho "O ano passado em Marienbad" em VHS. Gravei do Telecine Cult há um tempo! hahaha
De vez em quando eles ressucitam um ou outro filme desses! hehe

Suzana Elvas disse...

Leo, você pode usar o NetMovies se mora no Rio, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Campinas, Niterói e mais algumas cidades. O sistema parece com esse que a Lola falou - eles estão menos desenvolvidos.

Tem na home deles (http://www.netmovies.com.br/Default.aspx) uma matéria da Folha com o presidente da empresa falando do que vai ser implantado - incluindo download de filmes. Eles têm um acervo de 11 mil títulos e o plano mensal mais barato sai a R$ 28 - um filme por vez em casa.
O acervo está disponível para consultar pelo celular.

Eu usei algumas vezes, e acho o serviço muito bom. A home é fácil de navegar e a lista de clássicos é legalzinha, assim como a oferta de filmes estrangeiros. Todos recentes, mas quase nada encontrável em locadoras reais.
Bjs

Suzana Elvas disse...

Hum, fui lá no seu blog e vi que você é do Rio. Então. Aproveita rapaz! E eu não li seu blog ainda, ma não sei por que pensei em alguém pra te apresentar... :o)

lola aronovich disse...

Su, acabei de ver esse endereco que vc recomendou, o do NetMovies. Parece copiado passo a passo da Netflix (tipo, as instrucoes parecem traduzidas!), mas ha algumas diferencas fundamentais: a) acervo de 10 mil filmes? Nao parece muito! (netflix tem 75 mil!); b) tem que ter alguem em casa pra receber os filmes - isso pode ser bem inconveniente; c) tem que agendar data de coleta - colocar numa caixa de correio eh muito mais tranquilo; d) nao parece ter o "Watch Instantly" do Netflix, que tem 6 mil titulos pra ver na hora, downloaded em questao de segundos no computador; e) o preco eh caro! 55 reais por mes pra ter 3 filmes por vez?! Isso da quanto, 33 dolares? Compare com os 18 dolares por mes. Quase o dobro!
Eu vi rapidamente o site deles, mas nao pareceu ter o sistema de recomendacoes da Netflix, que eh muito bom. Vc da notas (estrelinhas) pra cada filme, e, baseado nessas avaliacoes, eles recomendam uma serie de filmes. Olha, so sei que vou ter dificuldade pra me adaptar as locadoras normais de novo! Mas essa NetMovie pode ser uma opcao pra quem mora em algumas cidades... Ah, Su, e apresenta quem vc ta querendo apresentar pro Leo! (eu tenho uma lado cupido muito forte).

lola aronovich disse...

No Brasil eu nao tenho TV a cabo. Acho caro, passa montes de filmes que ja vi, e acho que a gente fica passivamente esperando o que eles vao passar, e acaba assistindo qualquer besteira so por preguica. Eh muito diferente de poder escolher os filmes pra ver (o pay per view eh carissimo, e tem poucas opcoes).
Vou sentir saudades da Netflix. Ir a locadoras convencionais eh complicado. Semana passada vi o adoravel Ghost World, e tinha uma conversa numa locadora. Um cliente chega procurando 8 1/2 do Fellini, e o atendente fala pra ele: Ta na secao de eroticos! (logico que ele ta falando de 9 1/2 Semanas de Amor).

Suzana Elvas disse...

Oi, Lola;

A locadora que eu vou aqui perto cobra em média R$ 4,50 por filme de catálogo. E o Blockbuster cobra mais.

Claro que o Netflix is the Paradise e que o NetMovie ainda tem muuuuito feijão pra comer (como você mesma disse, quase Copy&Paste) mas acho bacana que alguém tenha trazido isso pra cá. Quem sabe melhora com o tempo, né? Pelo menos pra mim acabou-se aquela história de pagar multa em DVD atrasado.

Ah, sim, vou apresentar - mas tenho que ver se o meu amigo já não está de olhos verdes em outro, né?
:o)

lola aronovich disse...

Eh verdade, Su. A locadora convencional ficou muito cara! Em Joinville tem uma locadora na esquina de casa, e acho que eh mais barata, cobra uns 3 ou 3,50 por filme (acho que 4,50 por lancamento), e mesmo assim eu ia pouco, porque tinha pouquissima coisa que eu ja nao tinha visto e queria rever. Mas ate pra procurar filme era uma droga. Ficar vendo prateleira... Na Netflix eu vou me lembrando de um filme, ou de um diretor, ou de um ator, e pronto, coloco na lista. Ontem coloquei o ultimo do Minghella e tb "Night of the Living Dead", porque vi um documentario sobre filmes de terror. E mesmo o sistema de recomendacoes do Netflix eh muito bom (pelo menos ate agora eles nao recomendaram nada muito nada a ver). Com esse preco de 55 por mes da NetMovies pra ficar com 3 filmes por vez, considerando assim, que de pra ver 16 filmes por mes (nao da muito mais que 4 por semana), numa locadora sairia 72. A diferenca nao eh tao grande. E o problema eh que na Netflix ou NetMovies vc paga de qualquer jeito, mesmo que nao veja nem um filme naquele mes. Claro que um acervo com 10,000 titulos ta bem melhor que o da locadora na esquina de casa, mas falta muito ainda... Anyway, esse eh o futuro das locadoras.

Liris Tribuzzi disse...

Nossa! Que sonho!
Downloads em segundos de 6 mil títulos?! Eu demorei umas 5h pra baixar 'Ed Wood' outro dia (ok, minha internet funciona a lenha, máx de 30 kb/s).
Você vai precisar de terapia quando voltar ao Brasil.

Juliana disse...

é isso ae, aprendeu a fazer screen shot com print screen =) hahaha

mas então, eu peguei só as 2 semanas de teste da netflix e AMEI!!!

E "O ano passado em Marienbad" eu tenho baixado, se quiser depois te faço uma cópia qdo vc voltar (e se ainda souber por onde ele anda aqui)

Andie disse...

"Artigos acadêmicos online, nem na Biblioteca do Congresso!"
Eh, mas pelo lado bom, podemos pedir bolsa pra viajar pra Washington, Chicago ou Inglaterra pra poder ler um artigo IMPORTANTISSIMO pra nossa tese!!! :)
E, na, verdade, esse progresso esta indo muito mais facil do que parece. Quando eu peguei a materia sobre manuscritos do sec XVI-XVII descobrimos um absurdo de material online. A maioria das bibliotecas ainda nao digitalizou todo o seu acervo, mas o que falta eh grana, e nao technologia..

Julio Cesar disse...

Lola, como é o combate à pirataria por aí? Você sai pelas ruas de Detroit e é parada por algum "comerciante autônomo" que lhe oferece os sucessos atuais do cinema? Porque o problema aqui já começou antes da era dos netflix, netmovies, etc. Os filmes chegam às bancas dos camelôs meses antes das locadoras. Não existe mais locadora nova surgindo, só fechando. É triste mas nossa sociedade acha este comércio uma maravilha.

Eu não tenho o que reclamar da TV a cabo então ainda estou salvo.

Anônimo disse...

Lola, Netflix é realmente um paraíso! Aqui, minha tv à cabo é pouco mais de U$60 e ainda tenho TiVo! Falando assim parece que sou uma viciada em TV, o que não é o caso (por falta de tempo), mas simplesmente não consigo me desvincilhar. Quanto aos empregos acho que ao mesmo tempo que algumas profissões se perdem, outras áreas aumentam sua demanda ou simplesmente passam a existir, não acho que seja necessariamente uma ameaça. Mas o que achei legal foi ver o "Easy Riders, Raging Bulls" na sua lista, lembro que você tinha me falado do livro há muito tempo atrás quando começamos a conversar e fui atrás só que consegui ver o documentário e só fui ler o livro bem depois.

lola aronovich disse...

Ju, talvez eu pegue a cópia de Marienbad com vc, se eu ainda tiver vontade de ver...
Liris, nao é bem que dá pra download todos os 6 mil títulos de uma vez. Vc escolhe um, download em segundos, assiste. Nao sei nem se dá pra gravar (não tentamos). Mas esse é realmente um dos grandes problemas: nossa internet no Brasil ainda tá muito devagar.
Claro, Andie, tecnologia pra colocar tudo na internet tem de sobra. Ah, mas um país rico como os EUA podia financiar mais universidades pra que colocassem tudo online. Podia pegar uma porcentagenzinha minúscula do 1 trilhao de dolares que essa guerra ta custando e investir nisso, ne? Os beneficios seriam muito maiores!

lola aronovich disse...

Julio, essa é uma discussão antiga. Comecei a te responder mas me empolguei, então ainda hoje publico um postzinho sobre isso, ok?
Pois é, Ale, ouço falar tanto em TiVo, mas até agora mal sei o que é. É um sistema que grava os programas na TV que vc quer, é isso? Sobre o negócio do desemprego, acho que o comércio online acaba com vários postos de trabalho. Pense em quantos empregados uma locadora de carne e osso precisa ter, e compare com quantos empregados uma Netflix precisa. Precisa de um bom sistema de computação pra recomendar filmes, efetuar os pagamentos, mandar email avisando que o filme chegou... Talvez ainda precise de gente pra separar o filme e colocá-lo no envelope, ou nem isso? Imagina quando for tudo na base do download? Infelizmente, esses confortos que a gente gosta tem um efeito colateral. É como comprar livro pela Amazon. Muito bom, mais barato, chega rápido e tal - em compensação, milhares de livrarias pequenas têm que fechar as portas. Com a Netflix não é diferente.
Ah, eu vi o Easy Riders, Raging Bulls, e gostei bastante, mas sabe que achei o livro muito melhor? É mais gostoso, mais divertido, porque tá muito bem escrito. É bom ver as pessoas em carne e osso, e ver clipezinhos dos filmes, mas o livro é mais saboroso. Livro de referência mesmo!

Anônimo disse...

Quase todas as grandes locadoras aqui do Brasil já estão começando a se mexer para esse sistema de locação com mensalidade e pela internet ser implementado. A rede em que eu trabalho, a Videoteca, já tem o ClubeFácil desde o início do ano. Infelizmente acho que muitas delas estão despreparadas, clusive a Videoteca. O acervo não é maior doque o acervo físico da loja, e muita gente reclama pela falta de mais cópias de filmes. Eu acho que esse sistema de locadora online realmente vai funcionar com um sistema estilo pay-per-view das TVs a cabo, sem o DVD/Bluray físico. Acho que realmente o download é o futuro do mercado de homevideo. Não que as locadoras físicas desaparecerão por completo, mas acho que uma reestruturação é necessária pra ainda atrair clientes as locadoras. Eu trabalho com mais 6 pessoas numa loja, e nenhuma delas sabem nem sequer quem é, por exemplo, Wim Wenders! Acredito que só sobreviverão locadoras que ofercerem outros serviços, sendo assim uma espécie de "Central de Cultura", ou algo assim. Não vai ser de uma hora pra outra, mas como vc disse, em 10 anos, somente 1 em cada 20 locadoras físicas estarão abertas ainda. Sorte que eu vou mudar de emprego! rsrs..

Abração Lola!

Anônimo disse...

nao vejo futuro nas locadoras , o blue ray sera o funeral com musica funebre . A POLITICA dos empresarios no ramo de video no brasil . é atrasada , arcaica ....adeus locadoras