quarta-feira, 27 de novembro de 2002

CRÍTICA: INFIDELIDADE / Vinde a mim os infiéis

As outras opções eram "Blade 2" e "A Rainha dos Condenados". Me poupe! Logo, fui ver "Infidelidade", que pelo menos é um drama adulto. Será que adolescente vai ver o Richard Gere em filme sem explosões e pegas de carro? Acho que não. Já vou entrando no tema para maiores de 18 anos: a Diane Lane é casada com o Richard, um sujeito bonitão e bem de vida, com quem tem um menino. No meio de uma ventania, ela tromba com um jovem galã, sobe ao seu ap pra pegar um curativo, e em alguns dias os dois se adoram ardentemente. Lógico que a gente sabe que tudo acabará mal, pois o matrimônio é uma instituição sagrada, a família é o fundamento da sociedade, o sexo não deve prevalecer sobre a harmonia conjugal, e o cachê do Richard é maior. Minha primeira dúvida foi: alguém que dorme com o Richard Gere precisa de amante? Pra quê, pelamordedeus?

Outras dúvidas vieram, estas de caráter mais pessoal. Fui até o maridão e indaguei: se você descobrisse que eu tenho um amante, o que você faria? E ele: eu diria rua! Pegue suas coisas e caia fora! Os cds do Chico ficam! Pois é, não haveria perdão. O Richard também fica muito chateado quando descobre a traição da Diane. Tanto que vai ao ap do carinha conversar com ele, numa seqüência altamente suspeita. Imagino que o maridão iria igualmente tirar satisfações com meu virtual amante. Sobre o que eles falariam? Futebol, talvez. Mas o amante é francês, e discutir futebol em plena desclassificação da França na Copa não produziria um bate-papo ameno.

Um motivo pra Diane conseguir um amante, mesmo tendo o Richard à disposição, é a questão da variedade. Aquele negócio: picanha é ótima, mas quem quer comer apenas picanha pro resto da vida? Seguindo a tradição do diretor Adrian Lyne, o galã francês leva a Diane pra transar no banheiro de um bar, no corredor do prédio, e num cinema, o que me levou a perguntar pro maridão em que lugar público ele deseja fazer amor comigo. Sua resposta foi "No Havaí". Não ligo pra ele, mas as taras do Adrian merecem atenção. Ele dirigiu "9 1/2 Semanas de Amor" que, se não me engano, ficou dois anos em cartaz em SP. Dois anos! Inúmeras moçoilas foram ver aquela lambança... e hoje ninguém sabe quem foi Mickey Rourke. Fora isso, o Adrian fez "Atração Fatal" e "Proposta Indecente". Como ex-publicitário, ele conhece o metiê. Coloca casais chegando às vias de fato em elevadores e metrôs e, na categoria "utensílios domésticos", na porta da geladeira, na pia, em cima do fogão e em outros locais confortáveis que mantêm acesa a chama da paixão. Claro que o ápice de sua sutileza veio quando dois pombinhos se amaram em cima de uma cama coberta de dólares. Mas, pô, dentro de um cinema é sacanagem! Note a engrenagem: "Infidelidade" é baseado num filme francês, do Chabrol. A Diane e o galã vão a um Festival do Cinema Francês. E a sala está vazia! Nem uma alma! Não percebi o filme que passava enquanto a Diane tava tendo um orgasmo. Era "Zero de Conduta"? A mensagem do diretor é clara – os franceses fizeram um filme que ninguém viu, agora vamos refilmá-lo com o Richard e faturar.

Serei justa e confessarei que "Infelicidade" é bem menos pior do que eu podia supor. Claro que tem seus lapsos. A Diane tá lavando louça e de repente bate na porta do galã com uns docinhos. Imagino que eles perderam alguns fotogramas na sala de montagem, pois aquilo pareceu um sonho e, nisso, evaporou-se todo o encanto da sedução. E não achei o latin lover grande coisa, não, se bem que estou aberta a qualquer homem que esbarre comigo na rua. Ah! Tem uma cena absolutamente nojenta da Diane tirando um chiclete da boca do filho e colocando-o em sua boca. O que foi aquilo, transplante de chiclete? Filme de terror? Argh. O amor é lindo, mas cada um com sua escova de dente, por favor.

Finalmente, o Richard revela a Diane que sabia de tudo desde o começo, porque a conhece. Questionei o maridão se ele, me conhecendo tão bem, saberia o exato momento em que eu arranjasse um amante. E o verme: "Quem é você?".

13 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, não adianta ser Richard Gere se deixa ( literalmente) a desejar como marido. Richard Gere patético, achando que ser provedor é o bastante... Esposa carente, aguentando esse fardo; honesta porém vulnerável...sucumbe. Daí, um erro após o outro nos leva a reflexões, e o final é coerente.

Anônimo disse...

Existem pormenores que levam a outras conclusões.O filme é de tal forma fabuloso que a partir de um determinado pormenor ela engana o próprio público que vê o filme.Porque saiu ela a correr e depois deixa-lhe a msg no atendedor,aliás ouvida pelo marido.A partir daqui o arrependimento mais parece um pseudo-arrependimento.

Anônimo disse...

Se analizarmos o filme de forma inocente e conforme fomos estruturados ou formatados este apenas se trata de mais um filme com pontos de intensidade variável.Agora se levarmos ao limite a arte de mentir,enganar e a capacidade de dissimulação da figura central do filme chegamos a outras conclusoes,ou seja a sra carente de afeto,rodeada por um homem de família cabecudo e um jovem com artes quase extraterrestres,verificamos que num determinado ponto do filme ela engana ou pelo menos deixa o espectador na dúvida.Porque saiu ela do prédio a correr?será que viu o marido?a seguir rompe telefonicamente a relação...continuando a dissimulação até ao fim...sentir-se entalada.O filme é fabuloso.

Anônimo disse...

Revejam...existem poucos filmes assim,cuja intensidade se eleva para além das estrelas.Contudo Richard gere foi uma figura demasiado passiva,talvez para não monopoliza-lo .Rompeu da figura de gala para descer a terra.Entre o bem e o mal qual prefere? O "plaisir" ou o "sofrimento".Neste filme encontra-os ao mesmo nível.Depois depende dos neurónios de cada um...fabuloso ou treta.

Anônimo disse...

Desculpem estar a escrever no vosso blog mas após ver o filme pesquisei interpretacoes...podem não acredirar mas está situação faz-me lembrar o filme "o inocentes".Quando saímos do cinema eu estava atónito e fiquei com uma ideia diferente dos meus amigos que consideram o filme uma trampa.Este saiu dos cinemas por falta de aceitação.Regressou em força após os Óscares.Se me permitirem gostaria de continuar a escrever no vosso blog sobre os grandes filmes que pareciam que eram o erro mas são a solução.Se me permitirem apresentar-me-ei como Cfm em vez de anónimo. Cfm

Anônimo disse...

errata,onde está "o inocentes" por favor leia-se silêncio dos inocentes.cfm

Anônimo disse...

Unfaithfull...quando ela apaga a luz,quando o beija em sofrimento após dançar com o filho e O marido,a resposta rápida enquanto queimava fotos.O carro é o tempo parado no sinal.O poder da traição retratado na reação na biblioteca .A dissimulação perfeita e aprendida quando encurralada em determinados princípios verdadeiros.Esta na solução que conforta a mentira e o engano,ao ponto que nem sequer se teve na sua reação ao problema foi começar a mentalizar o marido.O jipe parado e um recomeço para alguém que normalmente aparenta ser coerente.Trai mas reage mal a traição.Uma mulher doentia mas não doente,senão nunca deixaria que a sua vergonha fosse mais importante que a verdade.O medo pode reduzir caracteres mas nunca a verdade.Parabens a Richard Gere,um actor que as mulheres só de olhar para ele conseguem 33 orgasmos e meio em meia hora e 15 segundos e faz um papel terra"a"terra.Um dos melhores filmes que vi....fabuloso.

Anônimo disse...

E impossível pugnar pela verdade sem conhecer a mentira,está até pode ser mais verdadeira que a verdade.Ambas coexistem na realidade como se fossem o burro e a mula.A prevalecer uma verdade que seja a do burro porque uma mula despreza a verdade do burro.Este filme vai muito além..quem gosta de cinema tem de o analizar fragmento a fragmento para não "falar" como um burro ou uma mula.Fabuloso" Richard Gere dispensou O Jack Nicholson".

Anônimo disse...

Já agora ninguém fala do gala francês...olhem que 90% do francês e caviar é o resto do mundo tem 90% de cachaca,red Wine e cerveja.Frances é mesmo assim,não tem respeito.Lembro-me de uma vez em Lisboa a minha companheira derreteu-se toda pelo Claude de Paris...sinceramente pensei nesse momento"porra pa,este gajo vai-me comer a mulher".O vidding e assim mesmo...

Anônimo disse...

Que tal a interpretação do filme"terapia de choque".com J.Nicholson...a interpretação que pesquisei,em várias áreas deixou-me estúpido.Se calhar até sou...mas vou tentar se feliz.Obrigado" quando me quiserem despejar do vosso conhecimento basta...desligar com um obrigado".

Anônimo disse...

Peço desculpa por alguns erros ortográficos.Deixei de ter a minha avó a corrigir-me os textos..Infelizmente.

Anônimo disse...

Atenção que este filme não se baseia na ficção mas sim na realidade...existem muitas mulheres que são mulas e cuja engrenagem as leva a tocar piano para gaudio e divertimento do reino da psicologia e da sociologia.Caso esteja nesta situação abstenha-se e comforte-a sem ela saber..compre-lhe bolinhos com natas para adoca-la.Nunca a trate com ciúmes,nem a trate como se ela fosse uma mula...elas não gostam que as dispam assim,podem ainda ter pelos.Lembre-se perante a mula você é o burro.

Anônimo disse...

Richard Gere desce até ao planet Hesrth para salvar uma burrinha...is wife....as mulheres burras sao sempre uma grande chatice.