sábado, 29 de novembro de 2003

CRÍTICA: LARA CROFT TOMB RAIDER 2 / As relíquias têm dono

Angelina Jolie contempla o mundo à sua disposição

Na primeira das 258 vezes que vi o trailer de “Lara Croft Tomb Raider: A Origem da Vida”, olhei pro maridão horrorizada e perguntei: “Foi impressão minha ou eles acabaram de destruir um dos guerreiros chineses de terracota?!”. O maridão respondeu: “Não se preocupa que tem mais”. Já na 145a exibição do trailer, minha mãe teve preocupações mais singelas. Escandalizada com a bocona da Angelina Jolie, ela comentou, muito séria: “Essa moça tem um defeito nos lábios”. Eu tive de dizer: ”Chama-se plástica, mãe”.

Apesar do título gigantesco – oito palavras, pelas minhas últimas contas –, “Bomb Raider 2” segue o mesmo tema de Lara do primeiro. É tudo pretexto pra mostrar a super-heroína inglesa do videogame com armas potentes e roupa colante que realce seu sutiã tamanho 50. Mas devo admitir que tenho quase certeza que esta seqüência é menos pior que o filme de 2001. Ainda assim, me deu um soninho... Fiquei lembrando de um dos terroristas de “Cecil Bem Demente”, que aponta uma pistola pra um produtor de cinema e pergunta: “Quantos projetos baseados em videogame você liberou esta semana?”. Aí ele dispara, o que soa bastante justo.

Imagino que o público-alvo deste tipo de aventura seja o pré-adolescente que desliga o videogame por algumas horas e corre pro cinema, sem ligar pra história. Mas é bom advertir que o subtítulo “A Origem da Vida” não se refere às abelhinhas e às flores, e a como papai plantou uma sementinha na mamãe, e sim a um lugar que guarda a caixa de Pandora. O espectador-mirim deve estar pensando: “Pandeiro? Que mané pandeiro?!”, mas “Bomb Raider 2” explica tudinho. É aquela caixa, sabe, que Pandora não deveria abrir de jeito nenhum mas acaba abrindo, liberando desgraças. A gente já viu algo parecidíssimo em “Caçadores da Arca Perdida”, mas o garotinho do tal público-alvo não sabe que o cinema já existia em 1981, então não considera a Lara plágio de Indiana Jones. O vilão de “Bomb” quer a tal caixa pra varrer o planeta, e Lara quer impedi-lo. Quem você acha que ganha?

Logo no começo de “Tomb Ryder – Dê férias para o seu cérebro”, Lara ajuda a demolir um templo submerso de Alexandre, o Grande. No caminho, um tubarão tenta comê-la (não no sentido das flores e abelhinhas), mas na hora h ela dá um soco na fuça do bicho. Sem trocadilhos, essa foi difícil de engolir. Os surfistas de Recife precisam aprender essa técnica de auto-defesa. Em seguida, descobrimos que a Muralha da China foi construída apenas para que Lara corra por ela com sua motocicleta, como se fosse sua estradinha particular. Mais tarde, ela duela com um sub-vilão no meio dos guerreiros de Xi’an. Se no trailer ela só destrói um, aqui ela se encarrega de explodir o exército inteiro. E pensar que, quando os soldados de terracota foram exibidos em SP, havia um vidro em volta pra protegê-los. Digamos que o filme não teve o mesmo cuidado.

Lara dá sua voltinha ao mundo imitando o Tio Patinhas, aquele pra quem tesouro achado não é roubado. Ela visita Shangai, Hong-Kong e Kilimanjaro, trazendo destruição em massa a cada parada. Diversos grupos étnicos são exterminados, inclusive. Isso me lembrou a fala de um dos soldados de “Nascido para Matar”. Perguntam pro cara por que ele se alistou no exército, e ele responde: “Ah, eu sempre quis viajar, conhecer culturas diferentes – e destruí-las”. Me parece uma síntese abrangente do cinema americano.

Ah sim, o tubarão não é o único que não come ninguém em “Bomb” – a Lara também não. Ela tem um projeto de namorado que ressalta como eles se dão bem antes de declarar: “Você pode quebrar meu pulso, mas ainda vou te beijar”. Uma eterna lua-de-mel. E mais inverossímil que o soco no tubarão, só a cena em que Lara invade uma residência, interrompe o desenho animado de uma família inteira, e pede pra usar a TV. E a família fica toda sorridente, enquanto a filha mais nova fita a Lara com admiração, provavelmente pensando: “Quando eu crescer, quero ter peitões que nem ela”. Meninos, larguem o joystick. Vão ler um livro.

3 comentários:

Anônimo disse...

Você realmente não é perfeccionista porque a única coisa que você quis dizer com o seu texto foi: Eu ODEIO Angelina Jolie! Ah se toca vai!Ela é famosa não fez porcaria de plastica nenhuma e eu nem li o texto até o final porque falei: Tabom que ue vou ler uma pessoa que não teve sucesso na vida criticando uma Famosa atris Americana!!!
ksoaksoaksoako Sem critcas, ela é ótima!

❛Mιợпə disse...

Concordo com o comentário abaixo. Desculpa, mas antes de fazer uma crítica, a pessoa deve conhecer os atores e os diretores, correto? Pois bem, você falhou drasticamente nisto. Angelina Jolie com plástica na boca? Não me faça rir, seus lábios, sim, aqueles carnudos mesmo, são naturais! Isso mesmo, NATURAIS. Sobre sua crítica nem irei comentar, pois só concentrar-se em negligenciar Jolie, e esqueceu-se de seu talento e o restante do elenco.

Anônimo disse...

Até curto a AJ, mas a cena dela socando o tubarão, é de doer o cérebro.